The Forest City escrita por Senjougaha
Notas iniciais do capítulo
Me desculpem pela demora :(
Respirei fundo e me apoiei na pia para encarar meu reflexo no espelho. Pálida como sempre.
Fechei os olhos com força e tentei ignorar Seth deitado em minha cama. Daniel insistira que o alvo do ataque surpresa dos vampiros era eu, mas não vejo um motivo para isso.
Aquela era a explicação pra eu ser escoltada por Seth por três semanas consecutivas.
Já era o início da quarta.
– Pare de batucar! - rangi os dentes, irritada.
– Isso não é modo de falar com seu cunhado - ele provocou e sorriu de lado.
Corei, mas isso não me impediu de partir para cima dele com um travesseiro, determinada a matá-lo sufocado.
Antes que eu conseguisse, a porta se abriu e uma lufada de ar quente entrou no meu quarto.
– SEL, ESTOU DE FÉRIAS DE PRINCESA, FICAREMOS JUNTAS UM TEMPÃO! - Solara gritou e se jogou para cima de mim, num abraço dramático.
Engasguei tanto com a notícia quanto com o abraço. Princesas tinham férias? Então eu estava aposentada antes de a minha carreira começar… Não que eu quisesse ter uma carreira.
– Certo, me solte - consegui dizer.
Ela me encarou decepcionada. O que ela esperava? Uma recepção calorosa? Revirei os olhos.
– Fique o tempo que quiser irmãzinha - resmunguei.
Ela sorriu de orelha à orelha e se jogou na cama ao lado de Seth. Mas quando pensei que ignorariam um ao outro, eles começaram a conversar como velhos amigos.
– Que explicação deu ao meu pai pra você estar aqui? - ela perguntou em dado momento.
– Que estamos fazendo um projeto escolar - ele deu de ombros.
– Mas as aulas já estão pra acabar - ela disse cética - ele acreditou mesmo nisso?
– Ele sabe que algo está acontecendo, então ele nem questiona - interrompi.
Era verdade. Ele sequer questionava mais quando eu chegava tarde em casa, suada, suja e cansada pelos treinamentos árduos de Daniel (que parecia ser outra pessoa quando lecionava) ou quando eu sumia sem explicação.
– Ele provavelmente sabe de tudo - Solara concordou meneando a cabeça - quero dizer… ele é Ele.
Arqueei uma sobrancelha. Sempre foi claro como a luz do sol que Solara sabia o que nosso pai era, de que raça pertencia. Mas ela nunca tocara no assunto antes.
– “Ele”? - perguntei.
– É - ela respondeu mordendo o lábio - eu não posso falar sobre isso, o que posso fazer é te dar pistas sobre ele.
Dei de ombros, fingindo não me importar.
– Eu sei que você quer saber, Selene - ela suspirou - ele é uma lenda, poderoso demais pra ficar entre os imortais comuns, por isso foi exilado no mundo humano.
O rosto de Seth se iluminou em compreensão e sua boca se abriu, mas antes que ele pudesse dizer algo, Solara lhe fuzilou com o olhar.
– Ela vai descobrir sozinha - ela disse - se nem isso conseguir, nunca será uma princesa digna de elfos.
E saiu do quarto, brava.
Por que diabos Solara estava brava?
– O que deu nela? - perguntei à Seth.
Ele deu de ombros e fez sinal de cadeado na boca. Revirei os olhos e o arrastei para fora do quarto. Onde se encontrava a chamada privacidade?
Descemos as escadas aos protestos de Seth, mas paramos quando chegamos nos ultimos degraus.
Meu pai encarava Solara com uma expressão nada amigável.
– O que você está fazendo aqui? - ele perguntou num tom de voz que nunca o vi usar.
– Vim passar um tempo com minha irmã e aquele que deveria ser meu pai - ela respondeu no mesmo tom.
– Não me provoque, garota - ele rosnou e esmurrou a mesa de centro da sala.
– Acredite ou não, estou aqui para passar um tempo com Selene - ela bateu o pé e cruzou os braços.
Desci os ultimos degraus insistindo em fazer o máximo de barulho possível.
– Solara pode ficar no meu quarto - eu disse em tom de que acabava com a conversa e arrastei Seth para a cozinha.
Meu estômago roncou de decepção ao me lembrar de que naquele dia, quem fazia o café da manhã era eu.
– Querida… Tem certeza? - meu pai perguntou, preocupado e com cara de “diga que não a quer aqui, por favor”.
Me virei para ele com o cenho franzido. Qual era o problema dele com Sol?
– Solara não tem nada a ver com meus problemas com Adalind - respondi - é claro que ela pode ficar.
Solara apareceu do nada ao meu lado e me agarrou num abraço de urso. Seu sorriso era radiante e ia de orelha à orelha. Se possível se alargaria mais. Seth resmungou algo inaudível e ela riu alto.
– Vocês se merecem - resmunguei e arrastei os pés indo para a geladeira.
O silêncio de constrangimento que caiu sobre os dois foi palpável. “Impossível Seth se sentir constrangido”, era o que eu pensava.
Tudo o que eu pude concluir é que havia algo ali. Sorri de lado e me virei para eles com os ingredientes para panquecas.
– Vocês fazem o café hoje - empurrei tudo para os braços de Seth e Solara, que se entreolharam confusos e assentiram.
– Sabe fazer panquecas, Seth? - Solara perguntou sem saber o que dizer, enquanto arrumava tudo em cima da bancada da cozinha e piscava tonta.
Cruzei os braços e observei a cena encostada no batente da porta.
– Bom, eu vejo Daniel fazendo - ele respondeu a contragosto - e já fiz algumas vezes.
Os dois suspiraram e se puseram a fazer o que deveria ser panquecas. No fim de tudo, acabei com um prato cheio do resultado passado do ponto e uma boa dose de chocolate, mas os risos dos dois eram contagiantes, então comi de bom grado.
Era bom ver Seth sorrir daquela forma. Eu não sabia o que tinha acontecido com eles no passado, mas o importante era o momento. E naquele momento, eu me sentia uma Yukina ao shippar Solara com Seth.
Algo tinha que dar certo entre aqueles dois.
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Peço desculpas também pelos erros de português e pelo capítulo pequeno, mas olha só: TEM SOTH!