Entre conflito e tristeza e amor escrita por Lulu Tril


Capítulo 5
No banco do hospital


Notas iniciais do capítulo

Voltei genteeee!!! uhuuuu! Finalmente consegui postar o capítulo....
Acharam que conseguiram se livrar de mim? Aham! Mas estou aqui! Bem, já vou avisando que este capítulo está em ponto de vista do pai do Takao. Sim, aquele desgraçado que vocês - e eu - xingamos no primeiro capítulo.
Porém... o Takao Kazunari precisava herdar esse "apegamento exagerada" de alguém, não acham?
Vou deixar vocês lerem. Boa leitura e se estiver alguma coisa errada me avisem. Ok?



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Meu nome é Takao Yoshiaki. Sou um homem bem sucedido com o cargo importante na polícia. Eu amo muito a minha família. A minha mulher, Takao Kazuha, é uma deusa em si que veio para terra. Desde que a conheci, penso que o sol só existe para iluminar ela e eu só nasci para casar com ela e faze-la feliz (e eu não estou brincando). E também tenho três filhos, um filho no colegial e duas gêmeas na creche, e com o nascimento deles, o sol precisa iluminar mais três. As duas, Takao Mika e Saki, são anjos. Claro que elas são anjos. Nasceu de uma deusa, como não nascer algo sagrado e santificado? Mesmo que tenha metade do meu DNA, ainda continua tendo nascido da Kazuha. E o meu filho, o primeiro que nasceu e fiquei chorando de felicidade desde que quando que descobri que a minha mulher estava grávida dele, e até quando ele entrou no colegial esses dias atrás. O meu lindo filho. Lá em casa tem um armário só de álbuns de família e vídeo, tirando os cinco HD externo que precisei comprar porque não posso imprimir todas as fotos. Que pena. E em todos os lugares que você vê lá em casa, tem o retrato de família.

Como pode ter observado, eu amo muito a minha família. Claro que eu não posso estar mole vinte e quatro horas por dia – bem que eu queria – para dar exemplo no meu serviço e para o meu filho.

Só que... Só que... Eu... Eu... Bati nesse meu querido filho.

– mamãe, mamãe! – uma criança puxou a ponta da blusa da mãe. – Olhe aquele tio! Ela não está parecendo bem.

– Chip! Não aponte para as pessoas que é feio! Vamos logo! E pare de olhar! – a mãe tentou afastar a filha de mim, que estava com a cara tão depressiva e morta que até parecia que tinha matado alguém.

Acho que se tivesse atado alguém não estaria tão ruim assim. Pensei vagamente.

Suspirei profundamente e olhei para o céu, que por sua vez estava incrivelmente azul como sempre.

Ganhei uns dias de folga por causa que eu estou com o corpo tudo doendo: a cabeça dói tanto que fico zonzo, o estômago pesa, os músculos estão tudo duros, e para piorar, comecei a ter febre. Que beleza.

E então eu estava indo para o hospital para pedir uns medicamentos e atestado médico, mas decidir dar uma paradinha no parquinho que costumava brincar com Kazunari quando era pequeno – agora somos eu e ele que brinca com as gêmeas – para organizar a minha cabeça.

Já faz uma semana que o Kazunari saiu de casa. UMA SEMANA! SETE DIAS! 168 HORAS sem o meu filho!

E o sorriso triste da Kazuha então? Dói-me tanto o coração de vê-la entristecida... A culpa não é dele. A culpa é totalmente minha de ser um mero mortal temperamental e imbecil a ponto de dar um soco no meu lindo filhote só por causa que ele namora... um homem. Tudo bem que não é uma coisa supernormal. Nunca pensei que o meu filho era gay. Foi um susto, pois ele me pegou de surpresa. Foi um choque momentâneo. Mas só isso. Não tinha a necessidade de bater nele ou mesmo gritar com ele. Se pensasse um pouco melhor ao respeito, não tinha nada para se alterar. As minhas crianças são anjos, certo? Então para eles não importa o sexo. Quem se importa com isso somos nós meros mortais hipócritas (e muito dos casos homofóbicas também). Eu não deveria ter me agida daquela maneira, mas sim aceitado, já que eu fiz o pacto com uma deusa (= casei com a Kazuha). Colocando em meu lugar, mesmo se eu fosse mulher ou a Kazuha homem, eu teria me apaixonado da mesma forma.

Mas olha só no que deu o meu ato idiota: o meu filho está fora de casa, Kazuha triste, e a Saki e a Mika com medo e preocupado. Palmas para mim. De preferência na cara.

Bem. Ele deve estar na casa do namorado. Como é que se chamava mesmo? Ah, sim, Midorima Shintarou. Cujo Kazunari o chama de Shin-chan. SG do colégio Shutoku e lançador número um da Geração Milagrosa. Acredita muito no horóscopo e seu signo é câncer, aniversário dia sete de julho. Carrega os seus itens da sorte do programa Oha-asa e é bem sistemático de vez em quando. Ele é de uma boa família e o próprio é muito decente. Não há perigo de o meu filho sofrer algo. Maravilhoso perfil.

Eles devem ter começado a namorar alguns tempos atrás. Porque quando ele falou do Shintarou-kun bem no segundo dia de aula, só tinha esses dados.

Mas voltando ao assunto principal. Estou com o corpo tudo dolorido, e o meu coração ainda mais por causa dos devidos fatos, nem sabendo o que poderia ser feito.

Porém, é claro que a resposta não poderia estar no céu azul, nem o remédio cairá de lá. Então decidir ir para o hospital, arrastando os pés sem força.

Eu estou péssimo.

X

Bem, sempre pode piorar, não é mesmo? Fui do péssimo para pior.

A atendente era mal educada (deve estar em TPM), o meu cartão do hospital não estava funcionando direito, o meu médico ficou preso no trânsito e demorou vinte minutos para me consultar, e assim foi indo.

Quando finalmente consegui pegar o medicamento, sentei num banco embaixo da árvore no quintal enorme do hospital. Bebi o remédio ali mesmo e esperei a dor passar, que não demorou mais de quinze minutos. Olhei novamente para o céu. Ele continuava azul.

O que é isso Deus? Você está bravo porque mal tratei o filho de uma das suas santificadas servas? É por isso? Se eu precisar me ajoelhar em cima da agulha o dia inteiro, eu faço.

Amo tanto o meu filho. Cuidei com tanto amor e carinho durante dezesseis anos, e “tchun”! Um soco na cara e tudo deu errado. Como eu sou um filho da puta. Kazunari deve estar me odiando (ah vá). Ele me olhou tão furioso...

Olhei para o redor, e vi uma criança e os pais andando de mãos dadas. Me lembrei nitidamente quando precisou vim aqui no hospital para tomar um injeção. Foi tão fofo ele tentando não chorar dizendo: “eu som um bom menino. Eu não vou chorar”. Foi nesse momento que pensei seriamente por que no olho do ser humano não há função de gravação.

Fiquei mais ou menos meia hora lembrando as maravilhosas lembranças de família envolvendo o Kazunari. E cada vez mais fiquei depressivo pensando na minha inutilidade de ter estragado tudo isso.

Por favor. Implorei. Me diga o que fazer para voltar...

– Com licença.

Dei um grande salto no banco assustado. Estava tão mergulhado no meu mundo, que nem percebi uma pessoa se aproximando. Deve ser um dos médicos, pois estava com o longo jaleco branco. E tenho que admitir que o seu físico era de se invejar: alto, forte, cabelos pretos e os olhos incrivelmente verdes. Mas por que me parece familiar? Será que eu já o encontrei em algum lugar?

– Sim. – respondi, e ele se sentou do meu lado. – O que posso ajudar Doutor?

– Creio que é o Senhor Takao Yoshiaki, o pai do Takao Kazunari. – disse ignorando a minha pergunta.

– Eu sou sim. Mas por quê?

– Oh, que falta de educação pela minha parte. – falou calmamente. – Sou Midorima Toushirou, o pai do Midorima Shintarou. Se é que o senhor já o conhece.

Deus, você me ouviu?

Fiquei olhando para ele inacreditado. Acho que tem alguém por ai que consegue ler a mente dos outros ou sei lá o quê.

– Por favor, me escute sem se irritar. – ele olhou nos meus olhos, e foi direto ao assunto. – Eu sei que não é algo totalmente cotidiano o seu filho gostar de outro homem. – parou, ficou analisando a minha reação, e logo continuou. – Mas isso não significa o fim do mundo. Sabe, eu amo o meu filho mais do que nada, e acredito que o senhor também. E, mesmo pensando no preconceito que possam sofrer, não consegui imaginar outra maneira de eles serem tão felizes quanto estão juntos.

Ele não disse, mas na sua expressão estava escrito: “Estavam totalmente felizes juntos até que o senhor resolveu dar um soco”.

– Eu não estou pedindo para aceitar ou perdoá-lo por ter escondido isso para o senhor, mas eu quero que pelo menos converse com o seu filho e tentar entender. Ele estava muito abalado com a negação do senhor.

– Por favor, pode me chamar de Yoshiaki.

– Tudo bem Yoshiaki. Pelo menos pense no assunto. Tudo bem? Eu sempre estarei aqui no hospital e...

– Você. – cortei a sua fala. – Você não sentiu nada? Quero dizer... Não pensou no que isso poderia acarretar?

– Na felicidade do meu filho, claro. Foi isso que eu pensei. – fitou nos meus olhos seriamente. – Yoshiaki. Eu gosto muito do meu genro como se fosse o meu próprio filho. Ter partido para a agressão física não foi algo agradável. Mas para o seu filho , a sua negação doeu mais do que inchaço do dia seguinte.

Foquei olhando que nem um bobo para o Dr. Toushirou, não, acho mais certo chama-lo somente de Toushirou. Pois quem está na minha frente não é um doutor importante, mas sim um pai preocupado.

Ele me fitou por mais uns segundos, e suspirou impaciente.

– Deixo ser mais direto Yoshiaki. – continuou. – Eu quero arrastar você e mandar fazer as pazes com o Kazurari-kun. Não aguento mais ver o mais entristecido.

Vi o raio ilumina-o por trás e os anjos voando ao seu redor.

Era isso que deveria estar esperando.

O senhor é o salvador? É você Jesus?

Sem perceber, agarrei as suas mãos e os meus olhos começaram a lacrimejar. Tinha várias coisas que queria conversar e perguntar, mas a única coisa que conseguir dizer foi:

– O Kazunari... O meu filho. Como está?

Toushirou deve ter percebido o desespero na minha voz, pois voltou para o seu tom calmante.

– O seu filho está bem. Só um pouco depressivo.

O seu olho esverdeado dizia: “E você sabe muito bem por que”.

Meu Deus. O meu filhinho depressivo, triste! E por minha causa!

– Será que... Será que ele vai me perdoar? – disse baixinho entre os lábios trêmulos.

– Como?

E então comecei a contar tudo: de que não tinha a intensão, de que estava totalmente arrependido, e muito mais.

Quando terminei de contar tudo, o sol já estava se pondo.

– Me desculpe. Eu tomei o seu tempo de mais.

– De jeito nenhum. Não se preocupe. O meu horário hoje é só na parte de manhã. Quando vim aqui já tinha terminado o meu horário. – deu um sorriso tímido. – Bem. Se foi isso que aconteceu, não há motivos para qual precisamos esperar nem por um segundo.

Toushirou levantou-se da cadeira. Só que eu fiquei lá piscando rápido por um bom tempo sem entender.

– O quê?

– Você vai para a minha casa e se desculpar para o Kazunari-kun como um bom pai. – disse como se estivesse falando com um dos seus pacientes crianças recusando a tomar remédio.

Porém, ele tinha toda a certeza. Eu tinha que me desculpar.

Liguei para a Kazuha, e falei para ela que iria busca-la mais tarde.

X

– NÃO. – a mulher com os cabelos longos esverdeados estava em pé na minha frente cruzando os braços irritada. O incrível que ela só era 2 cm menor do que eu. Puta merda. Que família gigante. – Eu não vou acenar com a cabeça dizendo “Que ótimo. Agora está tudo resolvido”. Mas nunca! NUNCA. Está me ouvindo?NUNCA! Você sabe o que essa sua agressão “não intencionada” causou? – ergueu umas das sobrancelhas me fuzilando com o olhar.

E eu, estava no chão fazendo seiza com medo da esposa do Toushirou e ao mesmo tempo mãe do Shintarou: Midorima Mikoto. Acho que nem os criminosos eram tão pressionadores dessa maneira. Algo em nela me faz sentir um tremendo perigo de existência. E não tinha como me defender, já que ela tinha toda certeza.

– Amor, não seja tão durona com ele. – Toushirou tentou acalmá-la.

– Como não posso ser dura com a pessoa que deu seco no seu filho por causa de um motivo besta, brigou com ele, fez o chorar (e tenho certeza que o Shintarou também chorou por causa disso), e não veio atrás dele durante uma semana? E você ainda quer que eu seja gentil com ele?

– Ele tem as suas explicações e

– Foda-se as explicações dele. – cortou furiosa. – O fato é que toda esta triste tragédia foi causada por ele. E não foi pouca. Não vai ser um “me desculpe, eu fui um completo imbecil” que vai resolver tudo.

– Mas isso já é um começo querida. Shintarou e Kazunari-kun vão entender.

– Eu sei que eles vão entender e tudo voltará a ser um conto de fada para eles.

– Então por quê... – parou até aí e parecia que ele já sabia a resposta da esposa.

E com certeza Toushirou deve ter acertado.

– É porque eu não quero aceitar que uma simples desculpa vai compensar uma semana que o meu querido filho e amável genro passaram entristecidos.

Eu não tinha palavra para retrucar. Ela acompanhou todos esses tempos, para ser mais exato sete dias, aconselhando e acolhendo o meu filho. Enquanto eu estava inutilmente depressivo e sem saber o que fazer.

Como uma desculpa de um homem assim pode compensá-los?

– Não seja teimosa querida. Deixa ele se desculpar. – insistiu Toushirou.

– Mas ele vai se desculpar. – forçou. – Só que...

Antes de ela completar, a campainha tocou. Meu coração saltou e o batimento cardíaco estava a mil, pensando que eram o Kazunari e o Shintarou-kun voltando da escola. Eu olhei para o relógio, porém ainda eram apenas seis horas. Será que hoje não tinha treino?

– Com licença. – só que quem chamou tinha uma voz delicada. A voz doce de anjo que eu ouço todos os dias. – Oi. Tem alguém em casa? Eu me chamo Takao Kazuha. Acho que o meu marido está aqui. Olá?

Mikoto franziu a testa e estralou a língua mostrando-se irritada por causa que foi interrompida. Toushirou voluntariou-se ao abrir a porta para a minha esposa, já que a sua mulher estava muito ocupada me encarando e lançando um olhar ameaçador para mim.

– Amor? – a minha deusa apareceu timidamente pela porta, de uma forma tão fofa que deu vontade de chorar. – Oh, meu deus. O que está acontecendo?

– Minha senhora. – Mikoto falou no meu lugar. – A gente estava só discutindo como resolver essa situação que está acontecendo com os nossos filhos.

Na verdade. Pensei. A gente, ou melhor, ela estava me fuzilando com toda forma possível (tanto verbalmente quanto corporalmente). Mas tudo bem. Vou me manter calado.

Kazuha arregalou os olhos e tentou entender o que exatamente estava acontecendo aqui. Aparentemente, surgiram inúmeras perguntas na sua mente, mas, como eu, somente perguntou:

– Kazu-kun está bem? Quero dizer, ele me ligou e me disse que estava bem. Mas ele realmente está bem? Onde ele está? – olhou de um lado para o outro procurando o filho.

Epa, como assim ele te ligou? Eu não estava sabendo disso.

– Acalme-se senhora.

– Kazuha.

– Tudo bem Kazuha-san. Acalme-se. Os nossos filhos estão na escola. Sã e salvos.

Ela suspirou de alívio, e depois disse:

– Então vocês são os pais do...

– Namorado do seu filho. Se for isso que você quer saber. – Mikoto deu os ombros.

– Oh, por favor. Não me entenda mal. Eu não queria...

– Eu sei. – disse firmemente, diferente da Kazuha que ainda estava um pouco perdida. – O Kazunari-kun me contou que você, Kazuha-chan, não teve uma reação dramática, diferente de alguém.

Nossa. Essa mulher pegou o dia para me odiar.

Kazuha sorriu sem jeito, e de repente foi para a estante. Andando fofamente como sempre, é claro.

– Esse é o seu filho? – perguntou para a Mikoto apontando para um dos retratos em cima da estante. Lá na foto maior, estava o meu filho, Shintarou-kun, Toushirou, Mikoto e um bebê no colo dela. Todos sorrindo alegremente.

– É. O nome dele é Shintarou. – ela foi até o lado da minha esposa sorrindo gentilmente.

Kazuha franziu a testa, como se procurasse algo no fundo da memória.

– Shintarou... Esse nome não é estranho. Não é desses tempos... Faz mais... – colocou a mão embaixo do queixo tentando lembrar algo. – Onde mesmo? Eu... Ah! Lembrei! Eu já vi ele numa reportagem de revista de basquete que o Kazunari compra! Ele jogava basquete no fundamental. Não jogava? – perguntou toda alegre.

– Sim. E se você quer saber se foi o meu filhote que ganhou do Kazunari-kun no último jogo do fundamental. Foi ele mesmo.

– Eu sabia! – virou para ela ainda mais alegre por ter reconhecido. – Nossa. Ele vivia treinando dizendo que iria ganhar de um menino. Mesmo quando saiu do time do fundamental e entrou de férias. TODOS OS DIAS! – fez gesto com a mão enfatizando a vontade do filho.

Chegou a ser engraçado. Pelo menos, ajudou para melhorar o ambiente. Estava quase me sufocando.

– Isso porque você não viu o que virou hoje. – começou a falar entre risadinhas. – Eles vão à escola juntos, estuda na mesma sala (um, na frente do outro), treinam juntos e vão embora com rickshaw. Bem que nunca vi o Shintarou pedalar aquela bicicleta. E ainda mais! No final de semana jogam basquete juntos também! – riu junto com a Kazuha que estava impressionada, e concluiu. – Eles realmente não desgrudam.

Que inveja. Nem eu quando estudava na mesma escola com a Kazuha, passei tanto tempo com ela. E nem com o meu filho deste jeito desde que ele nasceu.

– Nossa... – voltou a olhar para o retrato. – Nunca vi Kazu-kun desse jeito... – ficou observando bom tempo para a foto, e depois virou-se para mim – Querido, eu sei que você... não aprova muito a... a relação do nosso filho. – deu uma pausa, como se escolhesse cuidadosamente as palavras para serem pronunciadas. Ela pegou um retrato da estante e trouce até mim que ainda estava sentado no chão. – Mas olhe. Eles parecem tão felizes...

Olhei para o retrato em que estava o meu querido filho e o Shintarou-kun do lado. Tudo bem. Vou ter que admitir. Ele estava com a expressão tão feliz quanto o momento em que casei. E olha que quase morri de felicidade heim.

– Sim. Ele parece muito feliz. – acabei dizendo.

Com essa palavra. Kazuha abriu um enorme sorriso. Já fazia uma semana que eu não via esse seu sorriso celestial. Consegui até ver corações e flores voando no ar.

Não sei por quê. Mas me deu vontade de chorar pela segunda vez no dia emtão pouco tempo de espaço.

– Bem. Voltando ao assunto. – disse Mikoto voltando a minha mente na realidade com isso. – Nossos filhos só vão voltar lá pelas dez horas.

O relógio ainda continuava apontando às seis horas.

Que ótimo. Tem mais quatro horas para ela me torturar.

– Então precisamos decidir algumas coisas. – continuou Toushirou sorrindo calmamente. Me pergunto como ele consegue manter tanto a calma nessa situação.

– Decidir o quê? – perguntou Kazuha.

– Não se apresse Kazuha-san. Sente-se primeiro. – olhou para mim. – Você também Yoshiaki. Venha para mesa.

Entreolhamos sem entender. Mas acabamos obedecendo, pois não havia alternativa. O que eles estão pretendendo fazer?

– Tudo bem. Vamos começar desde o início. Bem que eu ainda queria trocar algumas palavras com você. – ela me lançou um olhar ameaçador antes que eu sentasse. – Eu me chamo Midorima Mikoto. Sou escritora e fico a maior parte dos dias no escritório e gosto de expressar o meu amor judiando de leve. – sorriu sadicamente.

– Eu sou o Midorima Toushirou. – disso logo após da sua mulher. – Sou médico do hospital da região e...

– Espera. O quê vocês estão falando? – perguntei cortando a fala dele, confuso.

– Nos apresentando, ora. – responderam juntos e me olharam como se eu fosse um idiota.

– Apresentando... – repeti a palavra ainda não conseguindo digeri-lo dentro de mim.

– Claro. É a primeira coisa que se faz para se conhecer.

Mikoto disse como se fosse a coisa mais obvia do mundo. De fato seria. Mas agora? Tipo, na nossa situação?

Olhei para o meu lado. A minha esposa estava pedrificada tentando ver se estava com problema de audição. Não minha querida. Foi isso mesmo que a gente escutou.

– Yoshiaki. Kazuha-san. – Toushirou nos fitou. A voz dele era tão gentil e calma que desta vez me perguntei se um dia ele já se alterou dramaticamente. – Nos não queremos brigar ou questionar ou até mesmo culpa-los pelo que aconteceu. Tudo bem que foi algo constrangedor, e até traumatizante pelo ponto de vista da medicina. – deu uma pausa. Que bom. Ele decidiu acompanha a sua mulher. – Sabemos que não é fácil. Mas só queremos o melhor para o nosso filho. E acredito que vocês também.

Olhei para Kazuha pelo canto dos olhos. Ela estava olhando para o chão com a expressão de culpa. Deve estar se sentindo muito por não ter conseguido fazer nada naquele momento em que bati no Kazunari. Suas mãos em cima do joelho estavam cerradas e levemente tremendo. Os seus lindos olhos faziam esforço para não derramar as lágrimas acumuladas no canto. Eu estendi a mão por baixo da mesa e toquei na sua mão acariciando tentando dizendo que ficaria bem.

A culpa não é sua. É toda, toda, toda minha.

Ela pareceu ter entendido a minha mensagem. Pois respirou fundo e ergueu a cabeça devagar.

O casal a nossa frente estavam esperando pacientemente a gente falar.

– Me-Meu nome é Takao Kazuha. – começou tímida. – Sou professora e gosto muito de crianças. Dou aula para fundamental e de vez em quando substituo dos colegiais, se precisar.

Após ter terminado a sua breve apresentação – que era o máximo que conseguia agora –, suspirou aliviada e direcionou o olhar para mim. Lá estava escrito: “por favor, não estraga tudo.”

O desejo da minha deusa é uma obrigação para se cumprir.

Claro que não vou estragar tudo Kazuha. Não vou cometer o mesmo erro.

Inspirei fundo antes de começar.

– Me chamo Takao Yoshiaki. Sou sargento da polícia e nos horas vagas gosto de passar com a família e organizar os álbuns.

Tentei ser o máximo gentil o possível. Porém a Mikoto estava com cara de nojo. Por quê? O que eu fiz de errado?

Virei para a Kazuha, mas ela também parecia não entender.

– Não entenda mal Yoshiaki. Ela não está assim por causa da sua apresentação. É que ela tem certos problemas com a polícia. – deu os ombros.

– A-hã. Sei. – tentei concordar. Mas normalmente não se tem uma boa imagem de uma pessoa que não gosta de polícia, e ainda mais ter uns problemas com eles. Porém decidir ignorar essa parte.

– A questão mais importante agora não é isso. Não é mesmo? – Mikoto bateu palma para chamar atenção. – Tudo bem. Agora que estamos oficialmente apresentados um ao outro, vamos para o assunto principal.

Com essa palavra, algo parecido com eletricidade percorreu todo o meu corpo dos pés até a cabeça. Engoli a saliva, esperando a próxima palavra da mulher com cabelos. Kazuha também estava tensa, apertando a minha mão. E como resposta, apertei a dela de volta.

– Você disse que não é contra. Mas até que ponto você permite exatamente? – perguntou com uma expressão muito séria olhando para mim.

Hm? Permitir? Olha, se eu falasse a verdade que nem tinha pensado nisso, acho que vou ganhar uma bela voadora dela. Então tentei formular uma resposta o mais rápido possível. Já que está perguntando até onde eu permito a relação do Kazurari com o Shintarou-kun... Hm? O que eu devo falar quando é assim? Tipo, que nem aqueles sogros típicos dizendo “Só vou aceitar sexo depois do casamento”, ou “Se levar para sair, tem que estar em casa antes das dez”? É isso que tenho que falar?

Tentei responder antes que a Mikoto percebesse no silêncio, mas quem abriu a boca foi a Kazuha.

– Está falando comigo, não é? – ela parecia muito confusa.

– Como? – Mikoto ergueu uma das sobrancelhas, e depois voltou para mim. – Você ainda não contou para ela?

Claro, eu tive muito tempo para conversar com ela desde que cheguei aqui.

Mas quem me defendeu foi o Toushirou, que estava quietinho até agora só escutando.

– Ele não teve muito tempo querida. Tudo está acontecendo numa confusão, e em tão pouco tempo... Que nem deu tempo para tomar algo. Não é mesmo? – direcionou um sorriso gentil para nós. – Que mal-educado da minha parte. O que vão querer beber?

– Um chá, por favor. – pedi agradecido com a sua bondade.

– Para mim também. – disse Kazuha baixinho.

Toushirou levantou-se da cadeira e tocou no ombro da Mikoto antes de sumir para a cozinha. Não sei o que aquilo significava, mas com certeza ela deve ter entendido a mensagem. Pois suspirou, não sei por quantas vezes já, e viltou-se para a gente.

– É que é assim Kazuha-chan. – começou a explicar. – O seu marido, apesar do escândalo que fez, ele não é contra a relação dos nossos filhos. Na verdade, está arrependido e veio aqui arrastado pelo Toushirou para se desculpara para o Kazunari-kun.

É sério que ela vai ficar o dia inteiro tacando na minha cara desse jeito?

Porém, parece que a explicação um pouco insensível da Mikoto bastou para a Kazuha.

– Verdade? – ela virou-se bruscamente para mim com o olhar lacrimejando.

O que será que ela estava pensando? Que eu iria expulsar o Kazunari de casa? Tá, tudo bem. Ele saiu de casa porque eu bati nele... Nossa, cada vez que eu penso nisso, piora a minha situação e a coragem de me desculpar. Que droga.

Mas será que ela realmente achava que eu não gostava mais do meu filhinho por causa disso?

Será que o Kazunari também penando assim?

Se for, precisarei fazer de tudo para poder tirar isso dele. Nem se precisar viver em alguns meses ou anos em um pouco de “estado de alerta” por ele.

Porém, primeiramente, precisarei tirar essa ideia da Kazuha.

– Verdade Kazuha. Eu estou muito arrependido e vim aqui me desculpar. Para ele, e para todos que envolvi. Foi tudo culpa minha. Eu não deveria ter feito aquilo. Foi pura burrice minha.

A minha deusa começou a juntar as lágrimas nos olhos até que as gotas saltarem dos seus lindos olhos um atrás do outro.

– E... Então... Kazu-kun po-pode voltar para casa? – sua voz saiu muito baixinha, parecendo até murmuro. Porém, era o bastante para poder ouvir da onde eu estava.

Mas é claro que...!

– Mas é claro que pode Kazuha! Claro que o nosso filho pode voltar para casa dele.

– ... !? Yoshiaki-san! – prendeu a respiração e se aproximou perto de mim. E eu abri os braços prontos para ela pular nos meus peitos e abraça-la fortemente.

“Pow!!”

– ...Hm? – Kazuha paralisou-se.

– ... Quê? – e eu pisquei rápido sem entender o que aconteceu.

Parecia que o tempo paralisou. O quê? Como? Hm? O que acabou de acontecer?

Viramos o pescoço para a Mikoto, que estava entre nós, tão confusos e mecanicamente, que deu até para escutar um barulho parecido com ferramentas enferrujadas.

– Foi mal. – disse ela com a mão ainda no ar. E tenho certeza que ela não estava se desculpando de verdade. Só por questão de hábito. – E que... Sei lá. Me irritou.

Legal o argumento. Gostei muito.

Foi então que percebi: ela acabou de dar uma tapa na minha cara. E pensei por final: Caralho. O que eu fiz agora? Será que essa mulher não pode avisar antes de fazer? Não, acho que não consegue. Olha, eu não tenho uma escrita ótima paraficar descrevendo essas suas ações repentinas e sem explicações, sabia?

Ninguém me culparia se xingasse mentalmente nesse momento. Não é mesmo?

– Opa. Acho que demorei um pouco. – apareceu Toushirou da porta da cozinha com quatro copos de chá em cima da bandeja. – Deixo adivinhar. Você se irritou e não conseguiu mais se controlar, e bateu nele. – esperou alguma resposta, mas como não obteve, deduziu que estava certo, e suspirou. – Eu já falei para sermos pacíficos, querida. Eu sei que desde o dia em que o Takao-kun veio em casa chorando, você estava pensando em como acabar com a vida da pessoa que causou tudo isso.

Ei, como assim? Eu estava (ou estou) passando por uma ameaça? Sério? É isso que acabei de ouvir?

– Mas...

– Mikoto. – chamou-a antes mesmo de ela continuasse. Acho que é a primeira vez que vejo chama-la pelo nome. – Sei que você culpa o Yoshiaki, e não que isso seja errado. Mas você não pode proibir ele de tentar concertar tudo isso.

– Toushi...

– Por favor. – cortou de novo. – Por nosso filho. Por eles.

Eu sabia que “eles” não se referiam a nós, mas sim para o Shintarou-kun e o Kazunari.

Mikoto somente mordeu o lábio inferior e abaixou a cabeça.

Me senti culpado – mais do que já estou – por causa disso (que ótimo, mais uma para a coleção). Se fosse eu no lugar dela, iria atrás do desgraçado até lá no inferno se for preciso e fazê-lo arrepender de ter nascido neste mundo. E além do mais, a tapa nem doeu tanto!

Dar para ver que a Mikoto quer resolver essa situação, mas o coração não a deixava. O sangue dela fervia a cada momento que lembrava. Como alguém poderia perdoar um sujeito que causou mal para o que é mais importante para ela, de uma hora para outra?

Eu sou homem, não sou? Não posso deixar isso continuar desse jeito. Que pena que ela parece ser um pouco forte. Quantos metros será que vou voar?

Eu não sou muito inteligente, e nem boa de conversa para poder arranjar um bom argumento para resolver ou amenizar. Então, só tinha uma coisa para fazer. A única maneira que eu sei de acertar as contas nesses momentos.

– Um soco. – falei enquanto o Toushirou ainda explicava para a Mikoto sobre como ser calmos e a importância de não violência.

– O quê? – ele e a Kazuha perguntaram confusos com a minha fala espontânea.

Não respondi de imediato. Tirei o casaco e me levantei preparando se fisicamente e emocionalmente. E depois continuei:

– Um soco com toda força, em qualquer lugar. – Mikoto ergueu a cabeça, virando para a minha direção. – Sei que isso não é o bastante para compensar o seu ódio. Mas se pode diminuir, nem que seja um pouco, pode mandar a ver.

Kazuha arregalou os olhos espantada ao ouvir isso e tentou me impedir, mas falei para ela que era preciso. Toushirou, desta vez um pouco abalado, estava me olhando como se eu fosse um louco.

– Tem certeza? – Mikoto ergueu uma das sobrancelhas.

– Tenho.

Ela pareceu pensar um pouco no assunto, porém logo se levantou da mesa também.

– Pode ser chute?

Legal. Só porque a força das pernas é naturalmente maior do que dos braços.

Mas isso não impediria nada agora.

– Pode.

– Então vamos fazer assim: eu dou um chute em você, só uma vez, e não vamos ter mais rancor. Nem da minha parte, nem da sua.

Sério?

– Fechado.

É muita bondade da parte dela deixar tudo isso para trás só por um chute.

– Então vai se preparando Yosshi-. – prendeu o cabelo em rabo de cavalo no alto e começou a se alongar.

– “Yosshi-”!?

– É. Não gostou? – estralou o pescoço.

– Eu...

– Bom apelido querida. Gostei. Acho que vou começar a te chamar de Yosshi- também. – sorriu Toushirou.

Eh... Com licença Dr. Midorima. O que é essa caixa de primeiros socorros na sua mão?

– Ele vai ficar bem? – Kazuha estava pálida.

– Não precisa se preocupar Kazuha-san. Tem médico aqui. – continuava sorrindo de um jeito ingênuo.

Por que eu precisaria de médico?

– Pronto? – perguntou Mikoto.

– Bem, eu estou, mas...

Dois segundos e 4,5m. Foi o tempo que demorou para ela me dar um roundhouse kick (chute circular, ou mawashigeri, como se diz em karate), e a distância que fui fortemente atirado até a estante. Puta merda. Isso doeu pra caramba. Devo ter quebrado umas costelas. E com certeza amanhã isso vai piorar.

Fiquei zonzo e com vontade de vomitar. O mundo girava ao meu redor como se eu estivesse em uma montanha russa. Meu Deus, eu estou vendo alguém lá no outro lado do lago... vovó, é a senhora?

Tentei voltar para a realidade ignorando a miragem que acabei de ver. Olhei um pouco para a direita, onde estavam os inúmeros troféus e certificados. Mas tinha demais para o meu gosto. O Shintarou-kun ainda estava no colegial. É impossível que ele já tinha recebido tudo isso. Observei melhor e percebi que, não eram para os troféus de basquete do garoto, mas sim da Mikoto. SEIS troféus com a foto acompanhada dela jovem vestida de kimono do karate. Isso explica tudo essa dor das costas.

Kazuha deu um gritinho e se aproximou de mim perguntando se eu estava bem. Para falar a verdade, apesar da dor imenso que estou sentindo dos ossos provavelmente quebrados, estou me sentindo muito bem. Virei-me para a direção da hexacampeã, que por sua vez também parecia se sentindo bem, pois estava sorrindo satisfeita.

– Belo chute. – estiquei a mão fechada.

– Bela queda. – ela deu um soco de leve na minha mão. – Desculpe Kazuha-cha, mas era preciso. Agora sim podemos nos conversar sem me preocupar com o braço do Yosshi- quebrado. – sorriu de um jeito tão brilhante que nem parecia que ela acabou de dizer algo horripilante.

Porém eu a escutei claramente.

– Você estava pensando em quebrar o meu braço todos esses tempos?

– Ah, já passou. – continuava sorrindo.

– Claro. – ironizei. – E você tem certeza que continuar me chamando assim?

– De Yosshi-? Mas é claro! Não é fofo e amigável? Tipo o Monstro do Lago Ness. – disse orgulhosamente.

– Nossa. Acho que o dicionário mudou e eu mão fiquei sabendo. O que significava mesmo “fofo e amigável”?

– Eu achei legal. – Toushirou chegou perto de mim e começou a examinar o meu corpo. – Não é a toa que você é sargento. Bom físico e amaciou muito a queda. Pelo visto não tem nenhum osso quebrado, mas recomendo a ir para o hospital amanhã para tirar raios-X. E tomar anti-inflamatória, porque isso vai doer mais ou menos durante uma semana.

– Então é melhor você tirar mais uns dias de descanso querido. Pode piorar.

– Vou conversar amanhã amor. – coloquei a mão na cabeça dela e acariciei de leve.

Ela sorriu, e logo foi levada pela Mikoto dizendo que iriam ter umas conversas femininas. O caminho mais rápido para se enturmar uma com a outra, ou seja, vão falar do Kazunari e Shintarou-kun. Olhei pelo canto dos olhos, e vi que em questão de minutos elas já estavam rindo juntas.

– Você poderia ter me avisado sobre isso. – apontei para os troféus perto de mim.

– De quem você achava que o Shintarou puxou o dom esportivo? – deu uma risada. – Não que eu seja péssimo em esporte. Só que sempre fui mais fã de intelecto do que ficar soando embaixo do sol. Se é que me entende.

Ele deu os ombros, e pegou as coisas da caixa para começar o curativo.

– Pela anatomia mais próxima, achava que o Shintarou-kun tinha puxado o... seu dom de você.

– Aí que você se engana Lineu*.

– Com certeza Kevin**. Eu vi – e senti – que não é. Que pena que ela é só uma escritora.

– Uma boa escritora.

– Não foi isso que eu quis dizer. – sorri sem jeito. – Acho que nem lá no exército deve ter uma pessoa com tanta habilidade. Foi tudo tão rápido e violento que...

– Yosshi-. – cortou a minha fala. – Seria uma pena se eu precisasse colocar algumas coisas na sua bebida, não acha?

Ele continuava sorrindo, porém o seu olhar estava congelante, causando calafrio em todo o meu corpo.

– Ok, ok, doutor. Eu só estava pensando. – levantei as mãos em sinal de bandeira branca.

– Que bom. – com isso, voltou para o seu estado natural e terminou de fazer os curativos.

E depois achava que eu era um pouco exagerado quando a questão envolve a família.

Foi quando estava prestes a ir até a mesa, onde as duas falavam das histórias dos filhos quando eram bebê, e continuar com o assunto dos problemas atuais. Pois nem tínhamos começado a discutir sobre isso.

A campainha tocou.

– Mãe, você está em casa? Eu esqueci a chave. Abre para mim?

Prendi a respiração.

– Mikoto-san! Shin-chan está estressado comigo só porque hoje precisamos vim embora mais cedo por causa que a caixa de eletricidade da quadra deu problema e não podemos ter ficado até mais tarde treinado. E quem precisou arcar com a consequência do querido ás-sama? Eu dou uma chance para acertar!

Paralisei completamente.

Minha pressão abaixou momentaneamente, e tive vontade de cair para trás e ficar por lá mesmo.

Precisava ser agora? A maldita eletricidade precisava dar trabalho justamente hoje? Onde está o maldito técnico nesses momentos?

– Já estou indo filho. – respondeu normalmente, e deu um copo de água para a Kazuha que ficou nervosa com a chegada antecipada do filho.

E ela estava andando em direção da porta.

– Espera, espera, espera! Você está maluca!? O que você acha que está fazendo? – impedi-a segurando no seu braço de uma forma desesperado. Ah! Foda-se! Eu estou desesperado!

– Eu só vou lá abrir a porta para eles. – me olhou, novamente, como se eu fosse louco e ela estivesse fazendo algo supernormal.

– Mas a gente ainda não decidiu nada! – estava quase gritando.

– E você quer que eu faça o quê? Eles não podem esperar fora de casa para sempre. Confie em mim. Vai dar certo. – mostrou o dedão como sinal de joinha. É para eu quebrar aquele dedão? É pra isso que ele está levantado?

– Da onde surge tanto otimismo Mikoto!? – ainda estava indignado.

– Pode deixar querida. Eu abro a porta. – Toushirou voluntariou-se e andou em direção da porta também.

– Espere Toushirou! Por favor!

Ele não parou.

– Por favor, espere! Vamos Toiushirou, faz isso por mim. Eu te dou três reais! – implorei.

– Rá, rá, rá. Yosshi-, essa não cola nem com o outro Toushirou.

Tentei pegar o seu braço para impedir, porém ele se desviou facilmente duas vezes seguidas. Eh, claro que o Shintarou-kun não pode ter puxado você. Percebi que o senhor tem um péssimo reflexo Dr. Midorima.

Olhei para a Kazuha, mas não estava em um estado que eu poderia pedir alguma coisa. Ela já estava muito ocupada tentando acalmar o seu coração querendo saltar da boca.

O meu coração deve ter já até pulado a janela e atropelado na rua a essa altura. Eu estava me sentindo zonzo. E tenho certeza que não é por causa do golpe que recebi da hexacampeã de karatê.

Eu já estava ruim ultimamente, esqueci até de almoçar enquanto estava conversando com o Toushirou no bancos do hospital, cheguei na casa dos pais do namorado do meu filho e fui fuzilado com olhar durante duas horas seguidas, recebi tapas, e depois um chute que quase perdia consciência, fui ameaçado de quebrar os braços e ser drogado...

– Pai!? – Kazunari arregalou os olhos espantando e ficou pálido a me ver.

Será que agora eu posso desmaiar?


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Notas finais do capítulo

* Lineu ou Carolus Linaeus foi importante para biologia elaborando o conceito de um nome duplo ou binômio para os seres. Porém, ele definia a espécie de acordo com a sua anatomia (aparência).
**Kevin de Queiroz, foi o principal idealizador do PhyloCode (“código filogenético”) que denomina e classifica as espécies por grau de parentesco, e não somente pela anatomia.

E aí? Sugestões ou opiniões sempre são bem-vindos! Tentei judiar o máximo do Yosshi-, e pretendo continuar judiando dele. Por que nem eu gostei da atitude dele. Até estava pensando: "Isso mesmo Mikoto! Acaba com a raça dele!!". kkk
Bem, até o próximo capítulo!



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