Cartas Para Quinn escrita por lovemyway


Capítulo 6
Capítulo 6 — Siga Em Frente


Notas iniciais do capítulo

Hey pessoal!

Acho que estou mal acostumando vocês; tô postando os capítulos quase sempre antes das duas semanas uahuahuahua. Não sei se isso vai continuar acontecendo, mas espero que sim ^^. É melhor pra vocês, e faz bem pra mim, também :)

Esse capítulo, ao contrário de todos os outros, não será em forma de carta. "Mas por que não, lovemyway?". Apesar da temática central ser esse relacionamento faberry por intermédio de cartas, a fanfic não vai girar sempre em torno disso. Vai haver outras formas de comunicação entre elas, e haverá capítulos de narrativas, também. Então vamos começar com esse.

Reviews são sempre muito bem vindos! Fico sempre muito animada para saber o que vocês estão achando, se gostaram ou não, então não sejam tímidos! Sou legal, sério :p. Sempre respondo aos comentários, e sempre procuro ser o mais simpática possível. Então qualquer dúvida, qualquer coisa que queiram falar, sou toda ouvidos :D

Espero que gostem de mais esse!

Boa leitura :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/494449/chapter/6

Rachel Berry soltou um longo suspiro. Pelos últimos quinze minutos, seus olhos estiveram fixos em um pedaço de papel, ao qual ela dedicou sua total atenção. Ela sabia que deveria estar prestando atenção à explicação da professora, como a aluna exemplar que era (ou costumava ser), mas não conseguia se concentrar em nada a não ser na folha que tinha em mãos.

A última carta enviada por Quinn.

Ela a recebera naquela manhã, quando estava saindo de casa às pressas, das mãos de um de seus pais. Não tivera tempo de lê-la no primeiro período por causa de um exame surpresa, então resolvera fazê-lo no segundo, enquanto a professora discursava sobre a economia americana no século XX. Rachel não estava interessada em ouvir sobre a Grande Depressão, então tirou a carta de sua mochila, e começou a ler. O que, obviamente, mostrou-se ser um terrível engano. Ela não deveria ter lido na sala de aula. Não quando havia tantos olhares sobre si. Não quando ela não poderia expressar as emoções que ela sentiu ao ler, na caligrafia de Quinn, sobre sua história de vida. Rachel podia entender perfeitamente, agora, o porquê de sua correspondente ser tão reservada acerca de si mesma. Melhor do que ninguém, Rachel conhecia a sensação. Ela sabia como era perder alguém em um atentado terrorista. Ela sabia como era se sentir sem rumo, sozinha, assustada. Ela sabia de todas essas coisas, mas, ainda assim, não conseguia compreender. Ela não conseguia compreender o quão difícil deve ter sido para Quinn e seu irmão mais novo ter que lidar com tudo isso. Rachel conhecia sua própria dor, suas próprias reações, mas não conseguia imaginar quais teriam sido as de Quinn, porque as duas eram tão diferentes quanto poderiam ser. E porque duas pessoas dificilmente reagem da mesma forma diante de situações similares. E havia muitas similaridades entre elas.

Recostando-se na carteira, Rachel limpou discretamente as lágrimas que caíram de seus olhos. Ela tomou algumas respirações profundas, procurando acalmar seu coração, que batia agitado em seu peito, os olhos vagando ao redor da sala de aula. Assim como ela, a maioria dos estudantes parecia não prestar atenção. Alguns jogavam em seus celulares; outros conversavam pelo What’s app, e outros simplesmente dormiam sobre seus livros. A professora continuava sua explicação, inabalável pela completa falta de interesse de seus alunos, seus olhos fixos em um ponto qualquer da sala.

As mãos de Rachel tremiam enquanto ela, cuidadosamente, dobrava a carta de Quinn e a colocava de volta na bolsa. Ela não sabia como responder a isso. Não sabia o que dizer, ou como se sentir, ou o que fazer. Sua mente era um redemoinho de confusões, ao qual ela estava começando a se acostumar. “Não é certo”, ela pensou para si mesma, infeliz, “não é certo que algumas pessoas possam ter tudo com facilidade, quando outras precisam se esforçar tanto para conseguirem. Para sobreviverem a cada dia. Para ao menostentarencontrar felicidade”.

Não, ela constatou para si mesma, ajeitando sua postura e virando as páginas do seu caderno até chegar a uma folha em branco, a vida nunca é justa. Isso não significa que não devemos tentar vivê-la. Por mais doloroso que seja. E o fazemos — seguimos em frente — porque temos a esperança de que o amanhã seja melhor. Provavelmente não será. Mas talvez, só talvez, seja. E então, tudo terá valido a pena. Ela sorriu para si mesma, satisfeita. Inclinou-se na direção do caderno, uma caneta em mãos, e escreveu a próxima carta.


26 de janeiro de 2012

Querida Quinn,

Siga em frente.

Da garota que também teve um passado difícil,

Rachel Berry.



Eram poucas palavras, ela sabia. Mas, em seu coração, ela sentia que era o suficiente. E ela esperava que Quinn sentisse, também.








O resto do dia foi tão normal quanto poderia ser. Piadas sobre seus pais entre o segundo e terceiro períodos; raspadinhas em seu rosto na hora do almoço; os jogadores de futebol empurrando-a contra seu armário antes do final das aulas. Nada ao qual ela não estivesse acostumada a lidar. Claro, o comportamento dos colegas a incomodava, mas ela procurava sempre manter a cabeça erguida, fingindo que eles não conseguia atingi-la. Fingindo que estava tão alto que nem mesmo seus insultos eram suficientes para derrubá-la. Era mais fácil fingir quando ninguém estava olhando. Quando não havia ninguém por perto para realmente analisar as emoções por trás de seus olhos — e doía. Doía como o diabo saber que alguém só se aproximaria perto o bastante para notar quando ela já estivesse em casa.

Rachel deixou um longo suspiro escapar por entre seus lábios enquanto caminhava para a sala do clube do coral. Seria, provavelmente, apenas mais um dia de treino improdutivo. Alguém possivelmente reclamaria de seu solo; alguns fariam birra em relação a coreografia, e outros xingariam pelo simples prazer de xingar. Ao passar pela porta da sala, e se dirigir ao seu lugar costumeiro — a cadeira central da primeira fila —, contudo, ela sentiu que nada poderia incomodá-la naquele dia. Não quando ela ainda tinha a carta de Quinn em sua bolsa, fazendo-a se sentir melhor consigo mesma. Lembrando-a de todas as coisas que, às vezes, ela esquecia. Fazendo-a focar na única coisa que realmente importava: seu canto.

À medida que os minutos foram passando, a sala começou a encher. Primeiro, Kurt, Tina e Mercedes, juntos, provavelmente fofocando. Depois Mike e Puck, os dois garotos do time de futebol que haviam sido recrutados por Finn — este, por sua vez, entrou logo em seguida, de mãos dadas com Sasha, a capitã das líderes de torcida e sua namorada. Depois, vieram Ryder e Jake (o irmão mais novo de Puck), seguidos por Anne, Marley e, por último, Kitty.

Kitty Wilde era, também, uma líder de torcida. Ela foi uma das primeiras a se juntar ao grupo, assim que Sasha entrou, e não fazia questão alguma de esconder a sua paixão pela dança — Rachel desconfiava, também, que a garota nutria uma paixonite por Marley Rose, a nerd do grupo —, o que a tornava diferente de Sasha e Anne, que estavam ali por causa de seus namorados (Anne e Puckerman estavam juntos, e este era, provavelmente, o relacionamento mais duradouro que ele teve desde o começo do Ensino Médio). Quando Kitty entrou, logo atrás de Marley, lançou um olhar esquisito na direção de Rachel, e, no lugar de se sentar em seu lugar de costume — um dos bancos de trás —, escolheu se sentar ao lado da garota.

Rachel estranhou a atitude da líder de torcida. E não foi a única. Todos da sala lançaram olhares estranhos na direção da loira, que os ignorou e manteve sua cabeça virada para frente, esperando o senhor Schuester entrar. Assim que ele o fez, batendo palmas para chamar a atenção de todos, Kitty aproveitou o momento de distração dos restantes e colocou, discretamente, um papel no colo de Rachel. A morena se virou em sua direção, de olhos arregalados, mas Kitty sequer virara para ela. Continuava olhando para frente, como se nada tivesse acontecido.

“Estranho”, Rachel pensou para si mesma, pegando o pequeno papel em suas mãos e o abrindo. Nele, havia escrito apenas uma frase:

Encontre-me sozinha no auditório depois do clube.

~x~

— É alguma piada? — perguntou Rachel, cruzando os braços sobre o peito. — Uma emboscada, talvez? Deixe-me adivinhar: vieram jogar ovos em mim novamente, não é? Bem, se for isso, faça logo. Meu pai vai chegar em breve, e preciso de tempo para me limpar e inventar uma desculpa por estar com roupas diferentes das quais saí de casa. Não que ele vá acreditar. Ultimamente, ele parece cada vez mais desconfiado… Mas não é como se eu pudesse fazer alguma coisa sobre isso. Não que você se importe… De qualquer forma, onde eles estão? Cadê os ovos? Vá em frente. Faça o que você veio aqui para fazer.

Havia uma garota loira sentada em uma das cadeiras do auditório. Ela usava o uniforme das líderes de torcida, um rabo de cavalo apertado, e seus lábios estavam fechados numa linha rígida.. Kitty Wilde não fez nenhum esforço para se defender das acusações de Rachel — ela estava ocupada demais, encarando o teto como se ele fosse, repentinamente, a coisa mais interessante do Universo. Rachel bateu o pé o chão, impaciente, e deixando escapar um longo suspiro, Kitty abaixou a cabeça para encarar a garota.

Lentamente, adiando o momento ao máximo, a garota loira se levantou e deu alguns passos até ficar frente a frente com Rachel, que lhe lançava um olhar desconfiado, como se esperasse que um ovo aparecesse por mágica em suas mãos. Kitty sentiu seu coração afundar no peito. Ela sabia que não era certo o que fazia — os apelidos, os banhos de raspadinhas, as violências verbais (e físicas, às vezes). Entretanto, estar no topo da cadeia alimentar sempre fora a coisa mais importante para ela. Ser uma líder de torcida; ter a escola toda em suas mãos; fazer o que bem entendesse, e nunca se meter em problemas por causa disso. Ela gostava da sensação da poder.

Contudo, nos últimos tempos, alguma coisa havia mudado. Ela soube o momento exato em que isso aconteceu: foi quando percebeu que, mesmo sendo uma aluna exemplar, e uma ótima líder de torcida, ela ainda não era ninguém. Não sabia o que faria quando deixasse o colegial. Não sabia a quais faculdades se inscrever. Não sabia o que queria — se é que queria alguma coisa. Então, todo o resto começou a parecer estúpido. Ela só queria encontrar sentido em algo. Só queria conversar com alguém que pudesse ouvi-la sem julgamentos. Alguém que não a odiasse pelo que fazia. Alguém que, talvez, até mesmo compreendesse.

Kitty não sabia o que esperar quando se inscreveu no “Cartas Para Soldados”. Mas, quando começou a se corresponder com uma mulher chamada Santana Lopez, ela se sentiu livre. Pela primeira vez desde que podia se lembrar, ela não precisava fingir ser alguém que não era. Ela podia simplesmente falar — e Santana, para sua surpresa, não a julgava. Ela compreendia. E elas conversavam. Sobre tudo. Sobre nada. Sobre o colegial, e como as duas eram tão parecidas. Assustadas. Com medo. E acabam descontando em cima dos outros para desviar a atenção de si mesmas, das suas próprias dores. Kitty a considerava uma amiga. E, por causa disso, ela se sentiu tão mal ao saber de sua história. E ao saber que, se continuasse trilhando o mesmo caminho, estaria fadada a repeti-la. Kitty não queria isso. Portanto, quando Santana falou sobre Rachel, Kitty sabia que precisava fazer alguma coisa. Mas, diante a garota, ela não tinha ideia do que.

— Então? — indagou Rachel, irritada. — Vou ter que esperar o dia todo?

— Não é uma emboscada — Kitty sussurrou, desviando o olhar e abaixando a cabeça. Rachel franziu o cenho.

— Eu não escutei. O que você disse?

Kitty respirou fundo e ergueu a cabeça. Rachel deu um passo para trás, assustada e surpresa, observando de boca aberta as lágrimas que desciam pelo rosto da garota que tornava sua vida escolar um inferno. Kitty mordeu o lábio inferior, insegura, e estendeu a mão, segurando a de Rachel, que estava tão chocada que sequer se afastou. Ela apenas encarou a loira, sabendo que aquela não era uma pegadinha. O olhar tão vulnerável de Kitty era a confirmação disso. Instintivamente, Rachel apertou a mão dela, tentando tranquilizá-la. Entretanto, a atitude de Rachel teve o efeito contrário — Kitty começou a chorar abertamente, soluçando. E, então, ela tirou a mão da de Rachel, só para depois se jogar em cima dela, envolvendo os braços ao redor de seu pescoço em um abraço desajeitado, mas forte.

— Eu sinto muito — Kitty disse, entre soluços. — Eu sinto tanto, Rachel. Por favor, por favor, eu sinto muito. Desculpa. Eu sinto muito.

Rachel passou os braços pela cintura de Kitty, abraçando com a mesma intensidade, sentindo as próprias lágrimas descerem de seu rosto. Ela deu tapinhas nas costas de Kitty, como se dissesse “Está tudo bem”, e suspirou quando sentiu o corpo da garota tremer contra o seu. Rachel não tinha ideia do motivo de Kitty estar se desculpando; mas, honestamente, ela não se importava. Ela nunca realmente sentiu nenhum rancor pela outra — raiva, às vezes, mas não ódio. E por mais que Rachel não entendesse os motivos de Kitty, ela sentia que a garota estava sendo sincera.

— Por favor — implorou Kitty, sua voz soando rouca —, me perdoa, por favor, me perdoa, por favor, me perdoa, por favor…

— Shii — Rachel murmurou. — Está tudo bem. Eu te perdoo. Está tudo bem.

Elas permaneceram mais alguns minutos abraçadas, até que Kitty parou de chorar e se afastou. Olhos verdes encontraram os castanhos, e Rachel sorriu, tímida, estendendo a mão para Kitty, que prontamente a segurou.

— O passado fica no passado, certo?

— Não — Kitty negou, respirando fundo. — Não fica. Não posso apagar as coisas que fiz, e você não pode esquecê-las. Mas eu prometo que, a partir de agora, eu vou tentar. Vou tentar merecer o seu perdão. Vou tentar compensá-la pelas idiotices que fiz.

Rachel acenou com a cabeça, sorrindo gentilmente na direção da loira. Kitty retribuiu o sorriso, limpando o resto das lágrimas. Ela mordeu os lábios novamente.

— Amigas?

Rachel riu, puxando a loira para outro abraço.

— Amigas.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Surpresos com quem é a correspondente da Santana? UHAUHAUHAUHAU. Sei que alguns de vocês esperavam outra pessoa, mas tenho planos pra ela em mente. E a amizade da Rachel com ela é algo que eu sempre achei que seria interessante abordar, então veremos como será :)

É isso, pessoal! Espero que tenham gostado! Não esqueçam dos reviews :P

Até o próximo!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Cartas Para Quinn" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.