Cartas Para Quinn escrita por lovemyway


Capítulo 7
Capítulo 7 — Perdão


Notas iniciais do capítulo

Hey pessoal!

Aqui estamos depois de duas semanas, como o combinado, com mais um capítulo para vocês. Muita gente ficou calada no anterior; se não gostarem, não tenham medo de falar! Críticas construtivas serão sempre bem vindas! :D. Sempre fico curiosa para saber a opinião de vocês, seja ela qual for. Então comentem sem medo o/

Espero que curtam o capítulo!

Boa leitura :)

P.S.: Leiam as notas finais, ok? Recadinho importante.



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29 de janeiro de 2012








Querida Quinn,



Eu sei que você provavelmente ainda não deve ter lido minha carta anterior, e aqui estou eu, alguns dias depois, escrevendo-lhe novamente. A verdade é que tentei esperar até ter uma resposta sua para contar — só que estou tão animada, tão ansiosa, que sinto que não vou conseguir me segurar por muito mais tempo. Eu preciso falar com você. Simples assim. Não sei como (ou quando) aconteceu, mas é com você que sinto vontade de conversar, seja sobre coisas boas, seja sobre as ruins. (Acho que essa é a parte, como você disse logo na primeira carta, que escrever uma para a outra se torna esperado; não sei se é como você se sente, mas é, definitivamente, como me sinto).



Quando essa semana começou, eu pensei que seria igual a todas as outras. Estava preparada para que fosse igual a todas as outras. Os mesmos abusos, as mesmas humilhações, os mesmos xingamentos. Ou, talvez, alguns novos, já que eles estão sempre renovando o estoque. E muito embora essas coisas tenham realmente acontecido, algo foi diferente.



Eu sei que há um dedo seu nisso. Seu, e de sua amiga de boca suja, Santana. O que posso dizer a vocês, então? Acho que apenas um sincero e pequeno “obrigada”. Mesmo estando fisicamente longe de mim, vocês fizeram o que ninguém ao meu redor fez. O que ninguém nunca tentou fazer.



Vocês me deram esperança.

De todas as coisas, você vê, não há nada mais poderoso que a esperança. É o que nos permite continuar andando, mesmo quando as pernas doem; mesmo quando estamos cansados demais para continuar; mesmo quando queremos parar. Mas não paramos. A esperança nos faz permanecer inteiros. E admito que, nos dias que se passaram, a minha vinha desaparecendo. Eu estava tão cansada de tudo. Tão exausta. Sabia que ainda havia uma chama queimando em meu peito, só que ela estava se tornando cada vez menor, apagando-se com rapidez. E eu estava indo junto, também. Perdendo-me lentamente. Esvaindo-me. Mas isso me trouxe de volta. Um gesto tão pequeno. Um significado tão grande. E eu despertei.



Kitty Wilde veio me procurar depois do clube do coral, alguns dias atrás. Ela me pediu perdão. Desculpou-se por todas as coisas que fez. Chorou nos meus braços. E eu chorei, também. Até aquele momento, não tinha percebido o quão perdida realmente estava. O quanto tudo o que passo todos os dias estava realmente me afetando. Eu só costumava levar o baque, erguer a cabeça, e seguir em frente. Eu não parava para pensar em como isso fazia eu me sentir. Eu só ignorava a dor. O que foi um erro, porque ela acabou me consumindo. Apagando todo o resto. Nublando minha visão.



Eu sou eu mesma, agora. Ou o que quer que isso signifique. Não que eu não estivesse sendo eu mesma antes, mas… Bem, acho que você me entendeu. É como se o peso esmagador sobre meus ombros tivesse desaparecido, só porque eu tenho agora alguém a quem chamar de amiga. Que coisa, não é? Tudo o que eu precisava esse tempo todo era de um amigo. E eu ganhei dois logo de uma vez. Kitty, e você. A mulher que serve no exército, num lugar distante, cuja aparência desconheço, a voz nunca ouvi, e o sorriso nunca vi. A mulher que tem me ajudado mais do que eu jamais poderia esperar. Sem pedir nada em troca. Só por se preocupar.



Veja bem, estou agradecida a Santana. Depois de me pedir desculpas, Kitty e eu nos sentamos e conversamos muito. Contamos uma a outra sobre nossas correspondentes — vocês —, e dividimos pequenos fragmentos de nossas vidas. Lembranças (boas e ruins). Lágrimas. Risos. Acho que nunca me senti tão leve. Tão tranquila. Ela me explicou um pouco mais sobre si mesma. Contou-me porque agiu do jeito que agiu (e porque as outras garotas o fazem), contou-me como ela se sente sobre Lima (incrivelmente, ou nem tanto assim, da mesma forma que eu), contou-me sobre o seu passado. E eu só escutei. Nunca pensei que apenas escutar fosse tão bom. Logo eu, que estou acostumada só a falar. A gritar. A me fazer ser ouvida, porque ninguém nunca quis me ouvir antes. Mas ela quis. E você também.



Então, sim, eu estou agradecida a Santana, mas é a você que minha mais profunda e sincera gratidão é dirigida. Obrigada por se preocupar. Por ter tirado uma parte do seu tempo, que é tão precioso, para ajudar uma garota que só sabe reclamar da vida e dos problemas. Talvez eu seja mesmo egoísta. Só falo sobre mim mesma, e há tantas mais pessoas por aí. Pessoas que passam por coisas piores do que eu. E há você. Você, a quem tão pouco escuto. Você, que me ouve mesmo quando não estou falando. Você, que se tornou minha amiga assim, tão facilmente. Então, você vê, Quinn?, foi ter o seu apoio, foi ler as suas palavras, foi ter esse pequeno refúgio ao qual me dirigir que me permitiu continuar inteira. Ou tão inteira quanto eu poderia estar. E agora, no lugar de viver com os dois olhos focados no futuro, eu estou ansiosa pelo presente. Para descobrir um pouco mais todos os dias. Para aproveitar e viver cada um deles, porque são tão únicos quanto eu e você.



Senhorita Fabray, nesses poucos meses que nos conhecemos (e que passaram tão depressa), você mudou minha vida. Pode ter certeza de que, quando minha autobiografia sair, haverá um capítulo inteiro dedicado a você. Quem sabe até dois. Ou mais. Acho que vai depender de até onde nossa história vai, porque eu sinto, neste coração que encontrou ânimo novamente em bater, que nossa jornada está apenas começando. Sinto que há ainda muito pela frente, tanto para você, tanto quanto para mim. Espero que haja, mesmo. E talvez seja audacioso de minha parte dizer isso, mas espero que, um dia, eu possa te ver. Seria incrível conversar pessoalmente com essa pessoa maravilhosa que conheci através de um programa de cartas.



Lembro-me de ter dito, logo na primeira que lhe escrevi, que apenas um dia pode mudar toda a sua vida. Acredito que a minha mudou no dia em que escrevi para você. E espero que eu tenha causado alguma mudança positiva na sua, também. Nada me deixaria mais feliz do que saber que sou tão importante para você quanto você é para mim. E talvez você não se sinta dessa maneira; se for esse o caso, não me preocupo. Temos tempo. Ou tanto tempo quanto se pode ter quando o futuro é desconhecido.



Até a próxima, então!

Da garota que descobriu um pouco sobre perdão e gratidão,

Rachel Berry.




03 de fevereiro de 2012






Querida Rachel,



Mal posso descrever em palavras o tamanho de minha felicidade por saber que você está indo bem. Desde que nos conhecemos, eu sempre senti que havia algo em você. Como uma nuvem negra pairando sobre sua cabeça, tempestuosa, prestes a desabar uma impiedosa tempestade. E eu sinto que é desse modo que você tem vivido — cautelosa, prevenida, assustada. É como ter um peso sendo tirado de meus ombros, também, porque não há sensação pior do que saber que alguém está sofrendo, e não poder fazer absolutamente nada para ajudar.



É engraçado, não é? Como a confiança cresce assim, tão rapidamente, entre duas pessoas que mal se conhecem. Como passamos a ter essa sensação de familiaridade, criada com base em comunicações regulares, apesar de não serem diárias. Não sei explicar como isso acontece. Não sei dizer se acontece com todo mundo. O que eu sei é que, por algum motivo, gosto de você. Gosto de receber suas cartas, e ler sobre seus problemas adolescentes, porque é como respirar novos ares. Nesses momentos que dedico exclusivamente à você, não tenho em mente as coisas ruins que vivencio ou vivenciei — tenho apenas em mente a imagem de uma garota (de um metro e cinquenta e sete de altura) tentando lutar contra o mundo. E eu sei como é estar nessa posição. Eu sei como é grande o peso de ter todo o seu futuro nas palmas de suas mãos. Sei como é sentir como se tudo estivesse escorregando por entre seus dedos.



Portanto, Rachel Berry, se você é egoísta por me contar seus problemas, então eu sou egoísta, também, ao escutá-los. Sou egoísta, porque os escuto por motivos altamente mesquinhos. Sou egoísta, porque os seus problemas fazem com que eu me esqueça dos meus. Sou egoísta, porque me comunicar com você traz uma paz de espírito que há muito tempo eu não experimentava. Fico feliz que eu a faça se sentir bem, Rachel Berry, porque você faz o mesmo por mim. E é estranho. Muitas pessoas talvez não entenderiam. Como nosso relacionamento avançou assim, tão depressa. Como nós construímos uma relação simples e aberta do nada em um tempo tão curto. Nem eu compreendo, para ser sincera. Só que há muito deixei de tentar entender. Por vezes, o melhor é simplesmente se deixar levar.



Então, sim, você me mudou tanto quanto mudei você. É uma troca. Você está errada quando pensa que não me escuta — você o faz, e eu percebo através de suas palavras. Às vezes, escutar não é sempre ouvir. Às vezes, é simplesmente compreender. E você me entende. Entende que há coisas sobre mim que ainda não estou preparada para falar. Entende que há coisas dolorosas em meu passado, porque também há no seu, e não me pressiona por respostas. Isso faz com quem eu me sinta segura, eu acho. Saber que há alguém por mim que não vai me julgar, porque conhece tanto da dor quanto eu. Claro, Santana é minha melhor amiga, e eu posso conversar com ela sobre tudo — mas há coisas que Santana não é capaz de compreender, e você sim. E ter esse conhecimento, saber que, quando eu precisar, você estará aí para me escutar, é o suficiente no momento.



Eu também espero que um dia possamos nos conhecer. Confesso que estou mais do que curiosa para encontrá-la pessoalmente, e descobrir mais sobre essa Rachel Berry, uma garota sábia demais para os seus dezesseis anos, e, ao mesmo tempo, tão adolescente quanto pode ser. Fico bastante feliz que você vá dedicar a mim um capítulo em sua autobiografia. Espero que você escreva coisas boas sobre mim (risos).



Por falar em escrever… Acho que há algo que você precisa saber. Eu segui seus conselhos, Rachel Berry. Eu comecei a escrever. Não é nada importante, realmente. Na maior parte do tempo, são apenas crônicas, contos, poesias — coisas que preciso tirar do meu peito, e o faço através da escrita. É incrivelmente terapêutico. E pretendo continuar fazendo, até ter uma ideia para algo maior. Um livro, talvez? Nunca se sabe. Pode ser que em alguns anos você entre em uma livraria, e encontre “O livro de poesias da incrível Quinn Fabray”. É um título maravilhoso, não acha? Há, há! Mas, falando sério, se algum dia acontecer — se algum dia você entrar numa livraria, e encontrar um livro com o meu nome, então o abra na primeira página. Elas são sempre as minhas favoritas. Sinto como se elas tivessem muito mais história para contar do que o próprio livro em si, embora elas permaneçam um mistério. Ao menos, para aqueles que não as conhecem. Não vou dizer o que você poderia encontrar nessa primeira página, seria como estragar a coisa toda; só quero que mantenha isso em mente, para o caso improvável de acontecer. Ou nem tão improvável assim, porque, como você mesma apontou, o futuro é desconhecido. Imprevisível. Cheio de mistérios. Como se ele fosse nosso próprio livro, esperando para ser escrito.



Falando em imprevisibilidade… Santana pediu que eu mandasse uma mensagem a você. Estranho, eu sei, já que vocês não se conhecem, e tudo. Mas ela pode entender algumas coisas pelas quais você está passando muito mais do que eu. Não sei se você se lembra, mas na primeira carta, quando me contou sobre seus pais, eu disse que tinha visto pessoalmente e de perto como é o preconceito. Eu o vi através de Santana. Ela sofreu durante todo o colegial com perseguições por causa de sua sexualidade. Por sorte — ou talento, se você perguntar a ela —, Santana conseguiu se tornar uma líder de torcida. E desde então, ninguém ousou a mexer com ela. Isso não significa que eles a aceitavam, apenas que aprenderam a fazer as coisas em segredo, sem serem pegos. E embora a situação tenha sido uma droga, isso a fez mais forte. Ou talvez ela desconte sua raiva atirando nos inimigos, mas essa é só uma suposição.



De qualquer forma, Santana quer que eu lhe diga para não se preocupar. Nem todo mundo é assim. E, um dia, você vai encontrar alguém. Alguém que te faça feliz. Alguém que te faça sorrir. E você vai se sentir feliz por ter sido corajosa o suficiente para enfrentar tudo de cabeça erguida, porque o amor dela vai fazer valer a pena.



Acho que Santana está muito melosa hoje (risos), mas suas palavras são verdadeiras. Acredite.

Sempre acredite.



Da mulher que também pode ser bastante egoísta,

Quinn Fabray.



P.S.: Estou seguindo em frente.


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Notas finais do capítulo

Então gente, eu vou fazer uma cirurgia (nada muito sério) semana que vem. Não é 100% de certeza ainda, mas provavelmente vai acontecer. E nos primeiros dias de julho, eu tenho uma prova da faculdade pra fazer (recém-operada, que "legal"). Nessa fanfic, acho que fica tudo ok, vai depender de como for a recuperação da cirurgia, e tudo. Em CM, eu queria postar outro capítulo esse mês (já postei um bem no comecinho), mas acho que não vai rolar. Então quem acompanha essa história, não se assuste se não aparecer atualização. É por causa da cirurgia + faculdade.

E é isso. Espero que tenham gostado do capítulo!

Até o próximo :)



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