Após alguns minutos de espera, a mulher saiu do quarto com a cabeça baixa, Estevão já soube que o pior já aconteceu, ele caiu de joelhos no chão e chorou muito, seus olhos pareciam cachoeiras, ele não quis acreditar, foi correndo para o quarto e viu Nataly já coberta com um pano branco, ele a abraçou, não aguentou perder a mulher amada por causa de uma regra estúpida do palácio, o ódio subiu a sua cabeça, dividia o coração com dois sentimentos que não desejo a ninguém, o ódio e a dor.

Estevão voltou para casa ainda chorando, não sabia como contar tal noticia para seus filhos, principalmente para Anabeth que só tinha sete anos. Ele chegou em casa e Jhonn e Anabeth estavam sentados no sofá, ela estava dormindo no colo do irmão, Jhonn pela cara do pai começou a chorar, Anabeth acordou e foi abraçar o pai, ela perguntou pela mãe, Estevão se agachou e falou que sua mãe não estava mais entre eles, Anabeth aguentou alguns minutos calada, mas logo desabou e chorou no colo do pai.

No dia seguinte, os guardas reais foram à casa de Estevão levando uma ordem de chamada, essa ordem era obrigatória aos guardas de todo o palácio, todos os chamados deviam ir a fronteira proteger o reino, e sua família receberia uma renda extra. Mesmo Estevão de luto pela morte de sua esposa, aceitou, pois sem a mãe as necessidades da casa estavam maiores e era muito difícil manter as despesas. Teria que partir em duas semanas, foi o tempo necessário para mostrar para Jhonn a rotina que ele deveria ter para administrar a vida da irmã e a seus treinos para o exercito.

Após duas semanas Estevão partiu para a fronteira, o clima entre as duas províncias estavam tensas. Anabeth passava a maioria do tempo pensativa, deixou de visitar a tia. Estava desolada. O irmão não era muito carinhoso, parecia mais um robô. Depois de um tempo, ouviram a noticia que Merlênia travava uma guerra com o país vizinho e que muitos soldados já foram mortos. Isso foi o caos, a vila ficou agitada e revoltada, ouve invasões no palácio e tudo mais. Em uma dessas invasões o príncipe Daryl foi ferido no mesmo dia em que Anabeth passou mal. No posto médico, Daryl e Anabeth estavam lado a lado, o que incomodava os responsáveis por ele, a garota estava suja e ele como herdeiro do trono não era apropriado se aproximar da camponesa. Daryl logo foi tratado e levado para o palácio, já Anabeth teve que ficar lá a noite toda, angustiada pelo pai e por ela. Jhonn estava sobrecarregado por causa da irmã, do pai e do exército, logo seria chamado e com quem deixaria Anabeth? Sua família saiu da vila por causa de falta de pagamento dos tributos.

Era uma quinta pela manhã quando Jhonn e Anabeth foram chamados no palácio.

– Sr. Jhonn e pequenina Anabeth – chamou-lhes o rei – Infelizmente o pai de vocês o Senhor Estevão faleceu essa madrugada e... – ouviu muitos choros – bom... Não conseguimos entrar em contato com seus parentes e precisamos tomar uma providencia quanto a isso... Oh, desculpe, meus pêsames, ele era um soldado excelente e um ótimo pai creio que sim. Eu e a corte decidimos umas coisas, já que o caso de vocês é diferente de todos os outros que já me ocorrera, Sr. Jhonn, tenho uma proposta para você, sei que ainda está chocado para decidir qualquer coisa, sei também que já passou pelos testes de se tornar soldado, então, se continuares a servir nossa pátria e dedicar-se, abrigarei tua irmã até ela completar a idade certa para trabalhar, então, o que me dizes?