Soul Hunter - A Restrição escrita por Redhead Wesley


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, estava sem tempo/inspiração para escrever :/

Espero que gostem desse capítulo.



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– Brandon? - Carol falou ao meu lado, observando o meu estado. A noite parecia mais sombria, as estrelas cintilavam e piscavam como pequenos pontos de tinta branca derramada em uma tela preta. Gotas de suor caíram no chão, mesmo estando frio, levantei e respirei um pouco. Puxei minha manga e verifiquei o horário em meu relógio, alguns minutos antes da meia-noite.

A Ascensão deles estava próxima.

– Carol, vamos - Falei puxando seu braço. Ela olhou em meus olhos e soltou seu braço do meu. Ela deu duas piscadas fortes, e seus olhos se acostumaram com a luz, ficaram azulados. Ela percebeu algo.

Então eu senti.

Senti aquela mão gélida tocando meu pescoço nu. Tremi ao sentir sua presença. E então um turbilhão de pensamentos se seguiu em minha cabeça. Rapidamente peguei minha Katana e virei, cortando o ar. Ela havia sumido.

Estava tudo negro, o chão abaixo de mim havia sumido, Carol também havia desaparecido. A minha espada era agora apenas um borrão naquela escuridão. Então me vi caminhando naquelas ruas vazias, observei ali no canto um restaurante, em um beco. Andejei até ali e adentrei nele.

Não sabia por que eu estava ali, mas continuava agindo, mesmo sem pensar.

Sentei-me em uma mesa e observei o ar ao redor, ninguém parecia perceber a minha presença, exceto por uma menina de pele esbranquiçada, ela tomava um café fumegante e as pequenas fumaças se ondulavam de acordo com o ar, ela tomou mais um gole e saiu do restaurante. Novamente, minhas pernas não obedeciam meu corpo. Ela andava pelo beco e olhava para trás, como se me pedisse para segui-la, o que fiz sem hesitar. Aquele beco parecia a descrição de um livro que eu havia lido. Éramos apenas nós dois, ela parou no final e encostou-se na parede. Cheguei perto dela e minhas mãos se dirigiram para sua cintura, ela colocou os braços ao redor de meu pescoço e se aproximou de meu rosto.

– Sua vida... É minha agora. - Ela sussurrou em meu ouvido.

De repente senti um estado horrível, seu beijo era algo sufocante, eu sentia dor. Sentia-me vazio. Era como se alguém literalmente colocasse a mão em minha barriga e puxasse meus órgãos para fora de meu corpo.

Então tudo sumiu. Vi-me jogado no chão do prédio, uma dor lancinante percorria em meu pescoço, Carol lutava bravamente contra a menina pálida, e vi que caí em um dos piores truques de um Devorador, a ilusão.

Levantei-me e peguei a espada, eu estava fraco, sentia dores por todo meu corpo, então, ao invés de ir até a Devoradora, fui até Carol, eu sentia fome, eu precisava daquela alma.

Então um ataque em minhas costas me fez voltar à realidade. Parado ali estava mais um Devorador, que um dia chamei de amigo. Era Richard.

– E aí Brandon. - Ele falou levantando suas garras, sua aparência estava totalmente desfigurada, só o reconheci pela marca em seu braço esquelético. Ele tinha dentes afiados e seu corpo era um esqueleto revestido por pele preta, seus olhos estavam fundos e almas saíam pela sua boca, gritando horrorizadas. – Vamos jogar um pouco.

Ele deu um chute que me fez voar até outro prédio, senti algumas costelas quebrando ao tocar no chão. Levantei-me com o braço apoiado em minhas costelas. Senti o líquido quente em minha mão e vi que era meu sangue.

Observei Carol de longe e ela lutava com dificuldades, a Devoradora parecia estar brincando com ela. Richard surgiu em minha frente e me levantou pelo pescoço, sua força era descomunal.

– Ora, parece que você ficou fraco desde a última vez que nos vimos. – Ele olhou para minha Katana e a segurou. – Ainda mata esses devoradores com essa espada? Saiba que estamos mais fortes, metais e armas negras não nos matam mais.

Ele me jogou contra uma caixa d’água ali perto, fiquei preso nela, ele pulou e olhou em meus olhos.

– Devoradores são melhores Brandon, desista.

– Eu... Nunca vou desistir – Falei com as únicas forças que me restavam. Então ele fez uma coisa que me surpreendeu, pegou minha espada e simplesmente cravou em minha barriga.

Então minha espada quebrou.

– Você não tem opção Brandon. – Ele falou sorrindo, tocou em meu pescoço e transferiu sua alma de devorador para mim, eu estava imobilizado, aquela força me preenchia conforme o tempo ia passando. – Agora você é um de nós.

Uma fome terrível se alojou em minha barriga, eu tinha garras, meus dentes cresceram, um manto negro cresceu em minhas costas e um capuz cobriu meu rosto, eu estava com a aparência do Ceifador. Voei até Carol.

Ela era tão linda... E tão saborosa.

– Brandon... – Ela falou antes de ser atacada pela Devoradora, cujo nome eu soube assim que pus os olhos nela. Seu nome era Emily.

– Saia. – Falei empurrando-a. Ela saiu de minha frente e peguei Carol pelo seu pescoço.

– Brandon... Seus olhos. – Ela falou, pude ver meu reflexo em seus olhos. Meus olhos estavam completamente negros, meus dentes agora pareciam os dentes de um devorador totalmente esfomeado. Eu salivava, passei a língua pelos beiços. – Quem é você?

– Eu... Sou um devorador. Desculpe Carol. – A joguei no chão, o concreto quebrou-se e minhas garras prenderam-se em seus ombros, os fazendo sangrar, ela gritava de desespero, meus lábios tocaram os seus, senti uma coisa gelada passear pela minha boca, o gosto era saboroso, como se eu estivesse tomando estrelas. Suas pupilas giravam pela órbita, seu medo se esvaziava assim como seu corpo, continuei sugando sua alma, sentindo agora uma sensação boa descendo pela minha garganta, e quanto mais eu sugava mais seu corpo se esvaziava, e sua vida se ia. Sua pele ia ficando pálida e morta, ao terminar de sugar toda sua alma, um ponto brilhante de Caçadores saiu de sua boca, a marca dela sumiu. Mordi seu lábio ao terminar o beijo da morte.

– Fechamos seus olhos quando eles morrem. – Emily falou, ela se ajoelhou ao lado de Carol, e fechou seus olhos. Fez uma prece e seu corpo começou a sumir, alguns pontos brilhavam e subiam para o céu, assim era a morte de um Caçador. Seu corpo se dissolveu em milhões desses pontos brilhantes e sumiu.

[Quebra de Tempo, Mudança de Narrador]

Caminhei naquela rua, fazia tanto tempo que eu não visitava meu antigo lar, minha espada estava presa em minhas costas, o símbolo dos Caçadores de Almas saía pela minha blusa preta, um pouco abaixo de minha clavícula. O fiz no peito, de um modo bem grande. Um triângulo estava localizado no meu antebraço, foi minha primeira tatuagem, e em meu pulso minha segunda tatuagem, o Yin-Yang.

Caminhei colocando minhas mãos nos bolsos de minha calça jeans preta desleixada, passei pelo Estúdio e em seguida entrei no estabelecimento ao lado.

– Pessoal? Falei entrando na segunda porta a direita, do meu local de trabalho. Após alguns anos fora, finalmente voltei de minha missão. O local onde eu estava chamava-se Delegacia. Vou dar uma descrição detalhada. Na parte de fora tinha uma coloração preta, letras desconexas brilhavam na cor dourada, como antigas escrituras dos primeiros Caçadores de Almas. Na parte de dentro tinha um corredor longo, com as paredes brancas descascadas, e várias portas que seria impossível uma mesma pessoa ir a todas elas, acreditem, eu já tentei.

Na sala onde eu estava, era minha antiga área de trabalho, muitos documentos estavam espalhados e meus companheiros tomavam café, espalhados pelas poltronas de couro. Eles olharam para mim com os olhos surpresos e jogaram o café para o alto, ainda bem que o assistente conseguiu pegar o café com uma jarra vazia.

– Daniel! – falou um amigo meu, de pele morena e bem maior que eu, ele me abraçou e me levantou do chão.

– Ok cara, você tá quebrando meus ossos. – Falei rindo.

Antes que eu pudesse falar com mais alguém daquela sala, uma luz entrou por um tubo que estava conectado ao teto, onde todos sabiam que mais um caçador havia morrido. Uma ficha foi impressa assim que a luz chegou.

– O que é isso? – Falei puxando a folha.

– Ah, era uma estudante, recém-formada. – Minha colega falou, observei a ficha e vi ali um nome. Brandon White. Ele foi um companheiro de sala de aula, o segundo melhor. Apesar de dizer que era o primeiro.

– Uau, Brandon White virou um devorador. – Falei com um tom surpreso, porém nem tanto. – Muitos devoradores o perseguiam, ele arranjava encrenca por tantos lugares.

– Vai pegar esse caso? – Me perguntaram, e mesmo cansado de tantas missões fora, eu assenti.

– Pegue uma ficha do Brandon, eu preciso de todas as informações dele. Quero que pesquisem também os principais devoradores com quem ele lutou e não matou. – Falei. – Estou indo para casa, vejo vocês amanhã.

Saí pelas ruas observando a foto da tal Carol, pena que ela teve que morrer com a alma devorada.

Segui por uma estrada que levava a uma cabana grande. Ali era minha casa, adentrei e pude ver a sala espelhada de treino, que meus pais geralmente me mandavam utilizar três vezes por semana.

Olhei-me no espelho, eu estava com uma aparência terrível. Arrumei meus cabelos castanhos e movi meus olhos castanhos escuros por todo o local, ele parecia estar mais desarrumado do que o normal. Meu corpo estava mais magro e eu tinha olheiras.

– Preciso dormir... Mas preciso pesquisar também. – Puxei um documento em uma gaveta que eu tinha em meu quarto, após subir algumas escadas de madeira.

Recebi um FAX de um colega, ali tinha os dois últimos devoradores que estavam com Brandon.

Uma devoradora bem procurada, Emily... E meu irmão mais velho, Richard.


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Notas finais do capítulo

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