I Wanna Be Yours escrita por Julieta


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Ai, meu Deus, me desculpem pela demora. Devo explicar que minhas aulas começaram e agora eu estou na maior correria, mas vou fazer o meu melhor pra postar mais rápido, eu prometo! Well, esse capítulo não tem uma música porque eu ainda não pensei em nenhuma, e como é um capítulo com luta... SIM! FAÇAM SUAS APOSTAS! NICO E MATT ENTRAM NO PENTÁGONO HOJE! Em quem vocês estão apostando? Então, aproveitem!



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Olivia definitivamente odiava viajar pelas sombras.

Além da falta de luz (o que era algo que ela não apreciava muito) a rapidez que viajavam era nauseante. Quando chegavam ao outro ambiente, a mudança de clima era imprevisível. Poderiam estar em um ambiente frio e chuvoso e de repente chegarem a um lugar quente e ensolarado. Resumindo: viajar pelas sombras era horrível.

Eles apareceram na Colina Meio-Sangue, e Nico esperou até que ela finalmente se recompusesse. A princípio, ela sentira vontade de vomitar. Mas, depois de alguns minutos, a sensação se dissipara.

Nico abraçou a cintura de Lily sempre a mantendo perto dele enquanto eles entravam a passos largos no acampamento. Ela percebeu que o filho de Hades olhava feio para cada campista que passava por eles e os encarava, surpreso por estarem ali. De fato, talvez todos pensassem que a conselheira chefe do chalé de Apolo estivesse morta, visto que sumira do nada. Lily tinha uma enorme vontade de deixar as coisas assim; todos pensando que ela havia morrido. Um pouco dramático, é claro, mas pelo menos assim ninguém a procuraria. Com o tempo seria apagada da memória de todos ali.

Contudo, Olivia tinha responsabilidades. Não podia simplesmente jogar tudo para o alto e sumir. Pararam um pouco distantes da Casa Grande, e Nico a encarou. Dava para ver Quíron e o Sr. D jogando cartas na varanda, mas eles não podiam vê-los.

— Me espere aqui, certo? Não arrume confusão.

Nico assentiu. Ela teve que retirar delicadamente a mão do garoto da cintura dela, porque ele não parecia ter a intenção de tomar a iniciativa. Ele parecia inseguro. Talvez estivesse com medo de que alguém fizesse Lily mudar de ideia. Mas ela já sabia o que queria. Aquele não era mais o seu lugar.

Deu uma ultima olhada para Nico antes de se aproximar da Casa Grande. Quíron desviou rapidamente a atenção para a garota que se aproximava, e quando percebeu quem era abriu um grande sorriso. Ela o conhecia desde que era uma garotinha, e Lily poderia ousar dizer que ele era como um pai para ela; o pai que Apolo nunca seria.

— Olivia! — Ele se levantou, e Lily pode ver pelo canto do olho que Dionísio revirou os olhos. Ele abriu uma lata de Coca Diet e ficou encarando as cartas, como se esperasse que Quíron voltasse logo.

— Quíron, é bom te ver — ela sorriu. Não tinha percebido como estava com saudades do centauro até reencontrá-lo.

— Achamos que você estava… Você sabe… Morta — Quíron disse, desconfortável. Lily riu e deu de ombros.

— Eu estou bem. Só precisava de um tempo para pensar e… saí do acampamento. Na verdade, eu… — ela respirou fundo. — Eu vim me despedir. Eu vou embora.

Quíron franziu as sobrancelhas, sem entender.

— Lily, tem certeza do que está dizendo? Você nunca saiu daqui porque não tem ninguém lá fora.

Lily mordeu o lábio, odiando o rumo que aquela conversa estava tomando. Ela sempre fora vista como uma garota solitária por todos a sua volta, sem família nem amigos fora do acampamento. As vezes tinha a sensação de que morreria naquele lugar, sem ter feito nada útil na sua vida.

— Mas eu encontrei alguém. Uma pessoa que se importa comigo e que me ofereceu uma vida nova — ela sorriu, sem perceber. Quíron suspirou.

— Então, se é assim que deseja… — ele sorriu amigavelmente. — Samantha poderá substituir você no cargo de conselheira chefe. Você pode nos visitar quando quiser.

— Claro — ela assentiu, embora não estivesse muito animada com a ideia. Não tinha intenções de voltar para lá, a menos que fosse necessário. — Vou pegar minhas coisas. — Quíron assentiu e voltou a sentar-se na mesa, sem tirar os olhos dela. — Foi bom vê-lo, Sr. D.

Dionísio resmungou algo que Olivia não entendeu, sem desviar o olhar de suas cartas. Ela fez uma careta para Quíron e se virou.

Quando não encontrou Nico no lugar onde o deixara, seu alarme interno de problema disparou, e Lily sentiu seu corpo gelar. Caminhou rápido até o chalé de Apolo, entrou e o encontrou vazio. Foi até sua cama no canto do chalé e tirou com pressa as poucas roupas de seu baú, largando-as na cama. Se abaixou e pegou uma mala que costumava guardar debaixo da cama. Guardou as roupas de qualquer jeito e a fechou, correndo. Pegou seu arco e aljava que estavam ao lado da cama e os colocou no ombro.

Temia que Nico estivesse fazendo algo que não deveria. Por uma fração de segundo, um pensamento ocorreu em sua cabeça; e se Nico tiver pensado bem e desistido da ideia de me levar com ele, viajando nas sombras e me abandonando? Caso fosse isso, ela não o culparia. Sabia que ele tinha todas as razões do mundo para não querer ser tão gentil com ela. Mas era doloroso pensar que ele poderia deixá-la, então balançou a cabeça afastando tais pensamentos.

Ela deu uma ultima olhada no chalé e saiu, batendo a porta atrás dela. Olhou em volta e percebeu, estranhando, que a área estava completamente vazia. A quadra de vôlei onde seus irmãos e ela costumavam passar o tempo jogando estava deserta. Lily não via uma alma viva sequer. Sua mão se apertou com tamanha força em volta das alças da bolsa que segurava que os nós de seus dedos ficaram brancos. Ela só queria achar e Nico e ir embora daquele lugar o mais rápido possível.

Ela saiu da área dos chalés e foi em direção ao arsenal, na esperança de que talvez Nico apenas quisesse dar uma olhada nas espadas. Mas, quando passou pela Arena de Combate e viu o aglomerado de campistas ali, seu coração parou. O barulho da torcida era alucinante, como se um grande jogo estivesse acontecendo ali.

Lily largou sua mala no chão e correu até lá. Empurrou vários campistas sem se preocupar com os xingamentos que vieram deles em seguida. Seu coração acelerava, e aquele mau pressentimento em seu peito crescia um pouco mais a cada passo que dava, se espremendo entre a multidão.

Quando Lily finalmente chegou a linha de frente da torcida, estava ofegante e suada. Seu cabelo estava mais bagunçado que nunca. Se sentiu paralisada ao perceber, horrorizada, o que estava acontecendo ali.

Nico e Matthew estavam frente a frente, poucos metros de distância um do outro, espadas em punho. Ambos pareciam concentrados e Lily conseguia sentir o ódio que emanava dos dois garotos. Eles se encaravam de olhos cerrados, como se estivessem socando a cara um do outro mentalmente. O maxilar de Nico estava contraído, e Lily se sentiu culpada por pensar que ele ficava extremamente sexy daquele jeito.

Mas a voz do filho de Hades foi o que a fez sair do transe.

— Você não vai convencê-la a ficar! Agora ela é minha, Matthew.

Matt rosnou.

— Isso é o que veremos!

Nico não deu tempo sequer para que Matt terminasse a frase e desferiu um golpe no garoto. Porém Matt era rápido, e o barulho das espadas se chocando foi ensurdecedor, quase tão alto quanto o barulho da torcida. Lily queria gritar para que parassem, mas seu corpo não a obedecia; ela só conseguia assistir a luta enquanto sentia suas mãos tremerem.

Os minutos seguintes foram cada vez piores. Os dois garotos se golpeavam com tanto ódio que aparentemente a luta só terminaria quando um fosse morto. Nico era bom; porém Matt era filho de Hermes, e era um dos melhores esgrimistas do Acampamento Meio-Sangue. Podia dizer que os dois estavam no mesmo nível. Cada ataque e defesa era impecável, e eles se moviam em perfeita sincronia, como em uma dança. Uma dança mortal.

Matt fez um movimento circular com a espada, entrelaçando ferro estígio em bronze celestial. Puxou com força e, assim, a espada de Nico voou da mão do garoto e foi parar do outro lado da Arena. Matthew aproveitou a distração e o empurrou. Todos se calaram. Então eles ficaram apenas se encarando; Nico apoiado em um joelho e cabeça erguida enquanto Matthew apontava a espada para o pescoço dele. Ambos pareciam cansados e machucados. O nariz de Nico sangrava.

— Acha mesmo que Lily iria querer alguém como você? — Matt riu com desdém, passando a mão livre pela testa onde escorria sangue de um pequeno machucado que Nico fizera. — Um filho de Hades mulherengo que não se importa com ninguém além dele mesmo?

Nico estava ofegante, e dava para ver pelo seu maxilar que ele estava trincando os dentes. Lily temia que ele não estivesse ofegante apenas pela luta; mas que o ódio também fosse o motivo pelo pesar em sua respiração.

— Pelo menos eu não a traí — Nico virou o rosto e cuspiu no chão. Cuspiu sangue. — Você é tão merecedor quanto eu, filho de Hermes — ele sorriu com desprezo.

— Eu vou acabar com você — Matthew ergueu a espada.

Lily gritou, desesperada. O chão tremeu. Pequenas rachaduras se formaram no solo, e mãos cadavéricas surgiram, tentando se reerguer de seja lá onde fosse. Matthew olhou para as duas caveiras que emergiam do chão, e Nico sorriu, entretido com o desespero de seu adversário. Matt parecia estar entrando em pânico; sua mão, antes segurando a espada firme e confiantemente, agora tremia, de modo que ele não conseguia mantê-la apontada para o pescoço de Nico.

Quando as caveiras finalmente se ergueram por completo na superfície, Olivia percebeu com horror que as duas estavam vestidas com farrapos da camiseta laranja do Acampamento Meio-Sangue. Eram semideuses. Talvez tivessem morrido ali, na Arena, durante um combate. Mas aquilo, junto ao fato de estarem com alguns ossos quebrados, só deixava a coisa toda mais assustadora.

As duas caveiras seguraram firmemente os braços de Matthew, o colocando de joelhos no chão, o deixando imóvel. Campistas assustados deram passos para trás na tentativa de se afastar, cochichando entre si. Nico sorriu; não um sorriso normal, não o sorriso que Lily tanto adorava. Sorriu com um brilho insano no olhar, como se tivesse sua presa na palma de suas mãos. Ele caminhou até onde sua espada e calmamente tomou-a em mãos. Parou em frente a Matt e o encarou com desprezo. Uma das caveiras havia arrancado a espada do filho de Hermes e a lançado longe, enquanto o seguravam.

Nico apontou a espada para o peito de Matthew. Lily entrou em pânico. Por mais que estivesse se corroendo de raiva de Matt, não podia deixar que Nico o matasse, e aparentemente ninguém naquela Arena parecia disposto a impedi-lo. Ela precisava pensar rápido, ou aquele garoto louco com olhar insano — que não era o Nico que Olivia conhecia — poderia fazer algo muito ruim. Mas ela não podia intervir, não tinha uma espada e sabia que era loucura tentar conversar com Nico naquelas condições.

Então ela se de lembrou que, apesar de não ter uma espada, nem uma adaga ou uma faca, ela tinha sua arma favorita em mãos: seu arco. Nico ergueu a espada para dar o golpe final, e Lily se moveu com a rapidez de um arqueiro. Sacou seu arco e puxou automaticamente uma flecha da aljava. Suas mãos já estavam programadas para fazerem aquilo, o que facilitou o processo. Ela não queria machucar nenhum dos dois, precisava apenas chamar a atenção deles. Então mirou no alvo mais seguro.

A flecha se soltou do arco e, como sempre, foi exatamente para onde Olivia mirava. O que ela não tinha de habilidade com a espada compensava no arco. A flecha passou cortando o ar pela Arena, até se alojar no crânio de uma das caveiras, que desabou em uma pilha de ossos. Lily sacou outra flecha e atirou novamente, acertando na outra caveira que no mesmo momento se resumiu a uma pilha de ossos secos e uma camiseta laranja esfarrapada.

Todos ali olharam para ela — inclusive Matthew e Nico —, e os únicos sons possíveis de ouvir eram os passarinhos cantando nas árvores e o vento suave que rodopiava pelos cabelos dos campistas. Olivia se sentiu corar, e colocou o arco de volta no ombro, concluindo que aquilo seria o suficiente.

Lily se arrependeu de ter tirado conclusões precipitadas quando Matt aproveitou a distração de Nico para avançar e lançar novamente a espada dele no chão. Agora os dois garotos se enfrentavam sem armas, apenas com as mãos, e a atenção foi voltada para a briga.

Matthew socou o rosto de Nico com tanta força que ele perdeu o equilíbrio. Mas, quando se levantou novamente, ele revidou, utilizando o braço direito para dar um gancho no estômago de Matt, que urrou enquanto se dobrava de dor. E Nico o socou mais uma vez, e mais uma vez. Matt caiu, mas Nico não parecia disposto a parar, e começou a chutar a barriga do garoto.

Lily correu até eles, lutando contra suas próprias pernas, que tremiam freneticamente.

— Nico! Para! — ela gritou, tentando segurar os braços do garoto. Mas Nico não parecia estar ouvindo, pois ignorou e continuou a chutar.

Lily usou toda a sua força para empurrar o filho de Hades. Conseguiu que ele se afastasse alguns centímetros de Matthew, que gemia de dor no chão, e o fez olhar em seus olhos. Só agora Olivia percebeu que estava a beira do choro. Ver Nico agindo daquele jeito desumano era apavorante. Ele não parecia ser ele.

— Não precisa disso — ela apertou os braços dele e sentiu os músculos rígidos. Os olhos de Nico pareciam os olhos de um louco. — Vamos embora, por favor — ela implorou com a voz trêmula.

Nico deu mais uma olhada para Matthew e engoliu em seco, como se tivesse acabado de perceber o que havia feito. O filho de Hermes não se mexia mais, mas Lily sabia que ele ficaria bem; pelo menos ela torcia por isso. Nico pegou sua espada do chão e a guardou. Lily suspirou, aliviada. Segurou a mão do garoto e o puxou, abrindo caminho em meio aos campistas que os olhavam e murmuravam. Eles saíram da Arena e Lily encontrou sua mala intacta onde havia deixado. Antes de qualquer campista sair de lá para fazer alguma pergunta, Nico a segurou pela cintura e os dois sumiram em sombras.


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Notas finais do capítulo

Alguma ideia de alguma música legal pro capítulo? Estou aberta a sugestões. Deixem reviews, amo vocês ♥️