Jake DarkShadow

Angeles apagou em meus braços. Eu entrei em pânico, e se aquele maldito tivesse colocado alguma droga que vai reagir mal com o corpo dela fazendo com que aconteça algo bem mais grave que um apagão?

Aquele filho da puta do Derek não estava com ela? Ele não era amiguinho dela? ELE NÃO DEVERIA CUIDAR DELA? Cadê aquele imbecil?

Respirando fundo, eu chequei o corpo da Chi para ver se ela estava tendo alguma reação mais grave, mas ela parecia estar apenas dormindo. Colocando ela no chão, eu percebi que tínhamos atraído a atenção de algumas pessoas.

Dentre elas, Chester e Derek.

— Faça-se útil e leve-a para meu carro — disse deixando Angeles nos braços do Derek-o-inútil.

— Tudo bem, mas o que aconteceu?

— Só espera um segundo, tenho que resolver uma coisa — disse andando em direção ao babaca que drogou Angel e empurrei ele para um quarto que tinha do lado da cozinha que eles usavam como dispensa e tranquei o quarto.

Provavelmente Chester e Derek ficaram sem reação porque com certeza a única coisa que dava para ser ouvida era os gemidos de dor do desgraçado e o som dos meus chutes e socos no corpo dele (dando graças a Deus por eu ter tido aquelas aulas de artes marciais).

Decidindo que eu já o havia espancado o bastante e que ele já havia aprendido a lição, eu abri a dispensa e o deixei lá.

— Hey, Chester, acho que você deveria chamar uma ambulância, aquele cara com certeza não vai conseguir ser capaz de andar sozinho por enquanto.

Chester estava atônito, mas assentiu. Lembrando-me de um ser de um metro, acelerei o passo para ir pro meu carro. Derek estava lá, ajeitando ela no banco de trás.

— Pode ir agora — eu disse arrogantemente. Eu estava furioso com esse idiota. Ele não deveria ter deixado ela sozinha.

— Ah...Ok, se você precisar de qualquer coisa para ajudar Angeles...

— Não vou ligar para você.

Ele parecia surpreso pelo meu tom grosso. Rolei os olhos.

— Você é um completo inútil, como pôde ter deixado ela sozinha?!

— Hey, não é como se eu soubesse que ela ficaria drogada se não e você também estava lá! Por que você não ficou de olho nela?

Suspirei fortemente, sabendo que discutir com ele não iria me levar em lugar nenhum, e ele tinha um pouco de razão. Eu deveria ter cuidado mais dela. Não dizendo mais nada, eu fechei a porta do meu carro e acelerei para a faculdade. Pelo menos eu cursava faculdade de medicina, isso iria me ajudar a cuidar dela.

Chegando à faculdade eu a carreguei até o dormitório. Mandei uma SMS para o Allan esperando que ele visse rápido. No nosso quarto, eu engoli seco, sabia o que eu precisava fazer. Suspirei, já tinha visto muitas mulheres nuas, mas nunca pensei que tivesse que ver Angeles nua.

Então tive uma ideia. Com ela de roupas mesmo, coloquei o chuveiro no mais gelado possível e liguei ele, colocando ela na banheira. Ela acordou num salto e começou a gritar e a me bater.

Ótimo, terei várias mordidas, porém ao invés de terem sido feitas por uma mulher com prazer foram feitas por uma troglodita.

— Chega, Chi, você precisa tomar banho.

Ela estava totalmente desorientada, eu apenas rezei dela poder tomar banho.

— Olha, eu vou deixar a porta encostada, você toma banho em cinco minutos e eu venho te pegar, ok?

Ela murmurou uma resposta que eu pensei ser afirmativa.

Cinco minutos depois, eu bati na porta.

— Chi? Está pronta? Vou entrar. Se enrole numa toalha que eu vou te buscar.

Ela murmurou outra resposta que eu pensei que era de afirmação. Quando eu entrei no banheiro, me deparei com Angeles nua, ensopando o banheiro todo, meio atordoada, usando meu creme de barbear como shampoo.

O QUE?

— CHI, PARA COM ISSO, MEU CREME DE BARBEAR NÃO É SHAMPOO.

— ÃH? O que? Ah... HAHAHAHAHA.

É, o chuveiro não estava resolvendo muita coisa. Eu precisaria esperar mais um pouco, mas agora... Eu precisava limpar Angeles.

— Que saco viu. Só você para me fazer esse tipo de coisa.

Depois de alguns protestos da criatura, eu consegui fazê-la deitar-se na banheira, deixando seus cabelos fora para que eu os lavasse. Tinha tanta coisa dela ali, potes de creme hidratante, esfoliante, shampoo, condicionar e sabonete líquido que eu nem conseguia saber qual que era qual porque alguns estavam sem rótulos.

Angeles gostava de comprar os produtos dela de uma lojinha de umas velhinhas que vendiam tudo Bionatural e caseiro, então não tinha rótulos. Só ela para saber qual era qual.

Suspirei, iria que usar o meu shampoo e condicionador. Enquanto eu limpava seu cabelo, ela começava a rir.

— Hihihihi, sua massagem no meu cabelo é gostosa.

— Não estou massageando seu cabelo, Chi — rolei os olhos.

— Mesmo assim é bom.

Depois de lavar seu cabelo, eu tinha que limpar seu corpo. Engolindo seco eu fingi que estava numa aula de anatomia e que ela era um cadáver que eu tinha que estudar.

A diferença era que cadáveres eram frios, não tinham a pele macia e não riam enquanto eu passava a esponja pelo corpo. Seu sabonete tinha cheiro de lavanda. Era realmente muito bom.

Depois de passar por essa parte que me envergonhava, eu enrolei ela na toalha e carregando ela como um bebê eu levei ela pro quarto e separei um pijama. Eu fui pegar uma calcinha e comecei a gargalhar pelo que tomou minha visão.

— HAHAHA EU NÃO ACREDITO QUE VOCÊ USA CALCINHA DE CRIANÇA.

Seu rosto ficou vermelho. E ela me bateu.

— NÃO É DE CRIANÇA.

— É sim, olha isso, é uma calcinha rosa clara de ursinhos.

Ela começou a me bater e eu desviando de seus golpes mandei ela se vestir. Ela vestiu a calcinha de ursinhos e um sutiã rosa claro que imaginei ser o par. Então ela pegou a toalha e fingindo que era uma capa começou a correr pelo dormitório.

— Angeles, chega! Volta aqui, você só está de roupa íntima.

— Wiiiihh!!!

— ANGELES!

— EU SOU SUPERMAN COM A MINHA CAPA E TODOS DEVEM ME TEMER, MUAHAHAHA!

— O Superman é do bem, criatura de Deus e desce AGORA do sofá.

Ela mostrou a língua para mim. Então começou uma corrida de gato e rato pelo dormitório. Depois de um curto tempo eu consegui alcançá-la e a joguei pelo meu ombro. Peguei o pijama azul claro composto de um shorts azul claro e uma blusa azul clara escrita “Sleep is good” em branco com umas nuvenzinhas.

Logo depois que eu pus o pijama, ela subiu na cama e começou a pular feito uma doida. Então seu telefone começou a tocar.

Robert ligando.

Dizia. Franzi o cenho, quem seria Robert?

— Angeles, tem um tal de Robert ligando para você.

Ela se virou para mim, com uma cara emburrada.

— Não atende.

— Por quê?

— Porque ele é meu pai.

— E...?

— Não me dou bem com ele. Ele foi malvado comigo.

Arqueei uma sobrancelha pra ela. Mas não seria o pai dela que pagaria a faculdade? A menos que...

— Angeles, você é bolsista?

— O que é bolista?

— BOLSISTA!

— Não sei o que é bolista.

Balancei a cabeça negativamente, era inútil tentar falar com ela nesse estado.

— Tem certeza que não quer que eu atenda?

— Sim...

— Sim o que?

— Eu não quero que você fale com ele.

Joguei o celular dela num canto tentando ver se o toque abaixava, estava me dando nos nervos. Quando me virei vi que ela tinha lágrimas nos olhos.

— Chi? — perguntei suavemente — o que foi?

— M-Meu p-pai...

— Hm?

— E-ele não gosta de m-mim...

— Claro que gosta — disse, puxando ela para deitá-la na cama — não tem como não gostar de você.

— M-mas...

— Shhh, eu vou preparar alguma coisa para você comer — disse colocando ela protegida nos cobertores — tente não dormir antes de comer.

Ela balançou a cabeça afirmativamente. Ajeitei o cabelo dela e fui para a cozinha. Fiz um sanduíche natural e separei um pouco de água, pois sabia que ela odiava sucos artificiais.

Dei o sanduíche para ela, e percebi que o efeito da droga tinha quase passado. Ela estava esgotada, então apaguei as luzes e percebi que eu mesmo estava cansado.

— Boa noite, Angeles — disse suavemente e beijei sua testa.

Ela abriu um sorriso pequenininho e caiu no sono naquela hora mesmo.

Eu fiquei ouvindo um pouco de música no meu Iphone e depois decidi dormir mesmo sendo cedo, eu tinha a leve impressão que no dia seguinte, teria que ajudar um certo alguém e eu precisaria de todas as minhas energias para isso.