Angeles NightWalker

Minha cabeça latejava e meu corpo parecia ser feito de gelatina. O que diabos aconteceu?

Eu me lembro de estar na festa do Chester, me lembro de eu tomar água... Que não era água. Um babaca colocou alguma coisa na minha água. Eu chamei o Jake. Eu comecei a bater no cara que mexeu na minha água.

Estou orgulhosa de mim mesma por isso.

Lembro-me também de estar sendo levada para um carro... O carro de Jake e de eu estar indo para o dormitório. E...

— Ah, você finalmente acordou.

Virei minha cabeça na direção da voz. Jake estava de pé encostado na parede entre a sala e o quarto e vestia uma calça jeans e uma blusa regata branca. Ela deixava seus músculos a mostra. Ele também estava descalço.

— Sabe, se continuar a me encarar eu posso começar a cobrar.

Corei e desviei meus olhos de seu corpo esculpido para seus olhos. Eles tinham um brilho de divertimento o que me deixou com raiva.

— Você se lembra do que aconteceu ontem?

— Vagamente...

— Bem, pra resumir você foi idiota o suficiente para tomar bebidas de estranhos, essa bebida te deixou mais idiota ainda – mesmo eu pensando que era impossível – e você começou a agir pior que uma criança, começou a correr só de roupa íntima pelo dormitório, me acordou no meio da noite para avisar que o bicho-papão não estava debaixo da sua cama...

— EU O QUE?

— Pois é, se quiser eu tenho provas...

Ele me deu seu Iphone e eu vi um vídeo onde eu estava com o meu cobertor como capa e segurava uma panela em mãos. Eu ficava falando para ele coisas como “Vamos revistar o local” ou “O bicho-papão não sabe que nós estamos esperando por ele”.

Dizer que eu corei é um entendimento.

Eu acho que deveria estar saindo fumacinhas pela minha cabeça de tanta vergonha que eu passei.

— Eu nunca vou a nenhuma festa de Chester.

Jake tirou o Iphone da minha mão e sorriu.

— Assim eu espero.

Jake DarkShadow

Eram onze horas da noite e eu senti alguém me acordar. Eu fuzilei o ser com o meu olhar. Angeles estava de pé na minha cama.

— O que você quer, Chi?

— Quero te avisar pra tomar cuidado com o bicho-papão.

Os efeitos ainda não passaram?

— Vamos, vamos temos que nos proteger.

Ela pegou seu cobertor e colocou como se fosse uma capa e pegou uma panela.

— Vamos revistar o local, o bicho-papão não sabe que nós estamos esperando por ele.

Coloquei uma roupa rápida e liguei para meu professor. Eu precisava da ajuda de um profissional mais qualificado. Meu professor de Química seria uma escolha ótima já que eu o conheço muito bem.

Peguei Angeles e afirmando que “Nós estaremos mais seguros com o caçador de bicho-papão” segui para o laboratório de Química onde meu professor, Antony, esperava.

— Qual a emergência, Jake?

Expliquei a situação rapidamente. Ele ficou ouvindo com atenção.

— O senhor é um caçador de bicho-papão? — perguntou Angel.

Ele olhou para mim com divertimento e eu dei de ombros.

— Bem, Jake, pelo que você está falando parece ser a causa de duas drogas. Uma para acelerar a vinda de efeitos da outra e a segunda, que é a principal, é uma droga chamada ‘mescalina’, uma droga alucinógena com diversos efeitos, positivos e negativos – dê graças aos céus por ela ter a maioria dos positivos – e que só passa o efeito após aproximadamente 10 horas ou um pouco mais. Que horas ela ingeriu a droga?

— Umas duas e meia.

— Então em breve o efeito passará. Até lá, é só cuidar dela.

Assenti e depois de agradecer fui para o dormitório me preparar para colocar uma criança para dormir.

De novo.

— Eu espero que eu seja bem recompensado, você estragou meu dia E minha noite — disse enquanto caminhávamos para o refeitório.

Olhei de soslaio para Angeles e vi que ela estava muito desconfortável. Suspirei suavemente enquanto pensava em alguma coisa para deixá-la melhor. Não consegui pensar em nada então caminhamos em silêncio até as mesas.

Allan estava com Yuki e Ash conversando, por incrível que pareça Derek e Chester estavam lá também.

— Hey, caras, o que estão fazendo aqui? — perguntei.

— Ah, só checando como Angel está — Derek disse, sorrindo para Angeles.

Revirei os olhos, se ele estava tão preocupado que ele tivesse ido até o quarto me ajudar. Gente inútil é foda.

— Claro — disse sarcasticamente.

Sentamos na mesa e começamos a conversar. Chester era o típico garoto bobo da turma. Ele era lerdo, engraçado e simpático.

— Hey, Pernil — disse Angeles sorrindo enquanto comia seu bolo de banana.

— Pernil? — todos perguntaram em uníssono.

Ela deu um sorriso maior. Era engraçado e fofo ao mesmo tempo o sorriso de Angeles, porque lembrava o de uma criança feliz.

— Bem... O nome dele é Chester o que me lembra Pernil, então vou chamá-lo assim.

Angeles estava se dando muito bem com Chester, um brincava com outro.

É, eles realmente tinham idades mentais parecidas. Parecia até que eles tinham voltado a serem crianças.

Depois que fui para a aula recebi um bilhete de uma garota me pedindo pra encontrar com ela num dos bancos do pátio. Rolei os olhos, se ela quisesse alguma coisa de mim o mínimo que ela tinha que fazer era vir até mim e não me pedir para ir até ela.

Como a curiosidade era imensa e a falta do que fazer também decidi ir.

A menina que estava me esperando era alta, loira dos olhos azuis. Reconheci ela das minhas aulas de zoologia. Ela sorriu timidamente para mim e eu fiquei olhando para a cara dela, esperando ela dizer alguma coisa.

— Oi, Jake, é não sei se você sabe, mas eu sou...

— Crystal Destres da minha aula de zoologia. Sim, o que você quer?

Ela sorriu ao perceber que eu me lembrava dela. Isso não era bom, eu não estava sendo gentil com ela, eu só queria que ela me falasse o porquê eu estava lá.

— É... Eu queria saber se você queria s-sair comigo amanhã e...

Ah, não, isso de novo não.

Não era que eu odiava ela ou coisa do tipo. Eu simplesmente usava a minha atração como um combustível. Quando eu precisava “alimentar” esse combustível, eu saia na noite e - deixando que era caso de uma noite só, é claro – bem... Passava a noite com a garota.

Mas não sair como um casal feliz.

Desnecessário.

Pelo canto do olho, vi que Angeles estava vindo na minha direção sem tirar os olhos de seu livro. Ela estava lendo “Peter e os catadores de estrelas”. Ela parecia dispersa e provavelmente já teria caído no chão se o solo do campus não fosse muito bem cuidado e sem buracos.

Ela também estava com os fones de ouvido e batucava seus dedos pequenos que estavam segurando o livro. Ela estava bem perto de mim e mesmo assim não tinha me notado.

Então eu tive uma ideia.

— Eu não posso sair com você, Crystal, porque — eu disse puxando Angeles que tencionou sob meus braços em choque — eu já vou sair com a Angeles.

— O QUE? — as duas perguntaram em uníssono. Crystal em espanto e chateação e Angeles em choque por ter sido puxada por mim do nada e não ter prestado atenção em nada por causa do livro e dos fones. Sorri.

Ah, amanhã vai ser interessante e você não me escapa, Chi.