Trevor

– Ei, está tudo bem? – perguntei.

Mackenzie rompeu em soluços. Ela me abraçou forte.

– Os... Os Mundos Trevor.

– O que têm eles Mack?

– Alguns anjos querem juntar os Mundos, outros querem deixar como está. Uma guerra está acontecendo agora mesmo.

Não sabia o que dizer. Meu coração ficou acelerado, com o desespero que me consumia. Mackenzie pareceu perceber, mas nada disse, só se aconchegou mais em meu peito.

– Nós temos que fugir – murmurou ela.

– Mas fugir para onde? – perguntei, levantando seu queixo para cima.

Mackenzie me olhou confusa, mas determinada ao mesmo tempo.

– Para algum lugar. Não podemos deixar que nos peguem, Trevor. Se você morrer eu morro.

– O mesmo se acontecer com você – falei.

– Justamente. Então... Por que me trouxe para uma rua deserta?

– Porque alguns anjos negros se refugiam aqui, e eles não mexem com ninguém – falei – É fácil passar por eles, e você vai ficar segura lá. Fique atrás de mim.

Mack assentiu, segurou minha cintura e passou por trás do meu corpo. Estava nervoso. Eu tinha que combater. Eu tinha que ir para o local da guerra. Eu... Eu tinha que deixar a Mackenzie.

Passamos por um prédio cinza escuro, e por uma casa azul. Encontramos uma praça com muitos anjos negros, mas só eu podia reconhecê-los. Eles conversavam calmamente entre si; dois sorriram quando me viram. Eram amigos antigos.

– Fique aqui – pedi a Mackenzie, que assentiu.

Fui até os dois que sorriram, e sorri também.

– Trevor, quanto tempo! – disse Liam, um deles.

– Oi – o abracei – Preciso da ajuda de vocês.

– Pode dizer – falou Jonas, com olhar preocupado.

– Podem cuidar daquela garota ali pra mim? – perguntei, apontando para Mack.

– Claro, mas... – Liam arqueou uma sobrancelha – Ela é mortal? Não parece anjo negro.

Cocei a nuca, pensando em como dizer que Mackenzie era um anjo branco.

– Ela... Não é nem um dos dois.

Jonas se levantou raivoso. Eu esperava que ele me desse um soco, mas em vez disso, só falou num tom mais alto:

– Anjo branco Trevor?! O que deu na sua cabeça garoto?

Abri um sorriso simpático.

– Na minha cabeça nada, mas no coração, amor. É sério, por favor, preciso que cuidem dela. Eu tenho que combater.

Liam revirou os olhos.

– Só porque você é meu amigo Trevor. Se não fosse, já teria te estrangulado por ter trazido uma anjo branco aqui.

– Obrigado – falei, colocando a mão no ombro de Liam.

– O mesmo digo eu – falou Jonas.

Assenti, virei as costas, e fui até Mackenzie. A abracei.

– O que houve? – perguntou ela, se soltando.

Respirei fundo; uma lágrima percorreu meu rosto.

– Quero que fique aqui Mack.

– O quê?! Por quê?!

– Porque... Porque eu tenho que combater.

Os olhos de Mackenzie se encheram de lágrimas. Ela começou a soluçar.

– Por que nunca me disse? Por que não me perguntou antes de começar a combater? Trevor não vá, por favor!

Foi a minha vez de começar a soluçar.

– Mack, foi a minha escolha. Eu tenho que ir, é a minha obrigação.

– Tre-Trevor...

– Ei – abracei-a –, eu vou voltar meu anjo. Vou conseguir voltar, vou voltar vivo.

– Em meio a uma guerra dessas, ficar vivo é impossível – Mackenzie se soltou dos meus braços.

É claro que era impossível, sempre foi. Mas eu tinha que voltar, por ela.

– Me prometa Mack. Me prometa que vai ser feliz e continuar a sua vida se eu morrer.

Mackenzie soluçou mais.

– Não posso! – ela berrou – Não posso viver feliz sem você!

Abri um sorriso fraco.

– Claro que pode Mack. Mas não esquente, eu não vou morrer.

Nããão, claro que não Trevor, pensei.

Mackenzie sorriu, e me deu um beijo.

– Boa sorte.

– Vou precisar – resmunguei.

Mackenzie riu.

– Vá logo. E volte pra mim.

Dei-lhe um beijo.

– Com certeza.

Virei de costas, respirei fundo, e fechei os olhos. Quando os abri, já estava no campo de batalha. Aquilo estava realmente um caos. Corpos ensanguentados jogados no chão, tanto de anjos brancos como o de anjos negros. As coisas para o lado negro estavam mais complicadas. Estávamos em desvantagem. A cada cinco segundos tinham mais anjos negros mortos no chão. Sério, não estou brincando.

Deixei minhas asas à mostra, peguei minha lança, e pisei dentro da área. Um congelamento percorreu meu corpo; meu coração acelerou. Já era tarde para voltar. Suspirei, e, adentrando mais aos conflitos, murmurei:

– Adeus, Mackenzie.