A Saga de Ares - Santuário de Sangue escrita por Ítalo Santana


Capítulo 63
Capítulo 58 — Aquele nascido do sangue da medusa


Notas iniciais do capítulo

Um touro corrompido surge para impedir o avanço do grupo com exceção de Seiya, que estranhamente tem permissão para passar. A tourada dourada cruza o terreno obscuro do Tártaro e colide com uma defesa que se compara a uma grande parede ferro, quase impossível de atravessá-la. No interior do palácio, Seiya se depara com uma mulher que está decidida a para-lo. Em Jamiel, a deusa celestial Suzaku surge para transmitir a vontade de Shiryu.



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Capítulo 58 — Aquele nascido do sangue da medusa

— O castelo está bem na nossa frente! — Anunciou Alkes, que corria logo atrás de Seiya que liderava o grupo seguido por Shun, Eros e Henry.

Eles estavam correndo as margens de um rio vermelho e aparentemente denso, parecido com lava derretida, mas ao mesmo tempo tão fluida quanto água. O rio cortava uma planície de pedras negras e grandes rochedos espalhados como se tivessem caído ali após uma longa chuva de meteoros, castigando a área que voltou a ser plana com o passar do tempo.

— Um rio de lava? — perguntou Henry.

— É sangue e fogo. — respondeu Shun. — Esse é o Rio Flegetonte. O rio da punição. Sua nascente era no submundo de Hades, na sétima prisão, alimentando os vales e fossos. Mas parece que mesmo após a destruição do submundo, o rio não secou e continua a fluir.

Seiya olhou por cima do ombro para observar o amigo, estranhando por Shun saber tanto sobre o submundo. Nem mesmo ele, que um dia esteve no reino de Hades junto com Shun, sabia de tantos detalhes.

No céu, as nuvens negras e vermelhas estavam ficando cada vez mais densas. Na medida em que se aproximavam do castelo, elas se misturavam e giravam acima da fortaleza com um aspecto tempestuoso.

No horizonte apenas se via altas montanhas, templos em ruínas e florestas mortas e retorcidas. Mas a frente deles o castelo do deus da escuridão surgia cada vez mais imponente. Havia uma alta e extensa muralha negra à frente do palácio e que se estendia até as montanhas que circundavam o castelo latero-posteriormente. Parecia que o palácio havia sido esculpido da própria montanha cor de ébano.

Os archotes pendurados na muralha e as bacias de fogo espalhadas no topo ardiam com um fogo vivo bastante avermelhado. Diferente do fogo comum do mundo humano.

A entrada para o castelo era um portão metálico escuro de aparência pesada fundido na muralha, com mais de oito metros de altura. O portão estava entreaberto e havia um grupo de harpias guerreiras protegendo a entrada.

Eram mulheres magras vestindo surplices que valorizavam seus corpos formosos. Os braços e pernas eram cobertos por penas aparentemente negras, mas dava para notar que as penas emitiam outras cores como roxo, violeta, índigo, cinza, azul escuro e vermelho sangue. Mesmo cobertas por penas, dava para ver que eram coxas grossas e musculosas. Do joelho pra baixo as pernas eram literalmente de pássaro. Pele amarela e rígida. As garras dos pés eram longas e cobertas por peças afiadas de surplice.

— Vocês demoraram. — disse a harpia que liderava o grupo.

Era uma mulher de longos e volumosos cabelos azuis e a íris dos olhos pareciam estar em chamas. Em seus braços haviam asas retraídas com penas escuras em diferentes tons de azul e verde escuro, sendo longas e lindas. Assim como ela, as demais mulheres eram incrivelmente lindas, com lábios volumosos, peles de todos os tons estando a mostra nas partes do corpo que não eram cobertos por penas, como os seios, ombros, pescoço e rosto.

— Onde está Atena? — perguntou Seiya, parado no meio da escadaria que dá para o portão principal.

A harpia manteve uma expressão dura no rosto.

— Está lá dentro. Nas masmorras. Acorrentada junto com o Grande Mestre. Eu mesma a capturei e joguei lá.

— Me leve até ela. — disse Seiya, ignorando o comentário provocativo da harpia.

— Claro. — disse ela se afastando, deixando o caminho livre. — Mas apenas você. Os demais terão que ficar e morrer. Não tem permissão para entrar.

— Como assim não temos permissão para entrar? — questionou Alkes.

— O Senhor Oberon nos deu ordens bastante claras. Vocês estão impedidos. Não vão resgatar Atena. Apenas o pégasos pode entrar.

— Isso me deixa entediado. — disse Henry. — Logo depois vem “Vocês não vão dar mais um passo se quer”. “Vocês serão derrotados aqui, Cavaleiros de Atena”. “Vai me enfrentar? Acha que é capaz?!” — ele passou por Alkes e Seiya, elevando o cosmo. — Eu sinto o nível do cosmo de vocês, e é tão medíocre que chega ser ridículo ficarem se achando capazes de nos deter.  

Uma das harpias grunhiu.

— Você é bastante tagarela, rapaz. — disse ela.

— E vocês são bastante estúpidas. — correntes negras brotaram do chão abaixo de Henry e serpentearam ao seu redor, se erguendo como najas prestes a atacar. — Uma pena que essa mistura meio mulher e meio pássaro não me atiça tanto.

Henry estalou os dedos e as correntes negras avançaram. A harpia que liderava o grupo saltou para trás, se esquivando, enquanto as demais abriram as asas e saltaram, planando acima deles e sorrindo.

— O que foi que você disse sobre nós? — perguntou uma das harpias desdenhando.

— Eu disse... — Henry olhou para elas e sorriu. — Que vocês são estúpidas.

Ele estalou os dedos novamente e dezenas de correntes se materializaram presas ao corpo delas, enroscando braços, pernas e tronco.

— Mas... Mas... Como?! Nós desviamos das correntes. — disse outra harpia.

— Meninas, não sejam tolas. Aquilo foi só para “tanger” vocês. É como quando jogamos pedra para os pombos voarem e depois abatemos eles. Conseguem me compreender? Enquanto vocês blefavam, as verdadeiras correntes estavam sendo presas a vocês. E mesmo se não estivessem... — todas as correntes se uniram na mão de Henry. — Eu teria capturado vocês antes mesmo de abrirem as asas.

Henry apertou as correntes com força e seu cosmo dourado se espalhou por elas até chegar nas harpias. Em poucos segundos a aparência delas começou a mudar. A pele, os olhos, o cabelo e as penas perderam o brilho da vida. Estavam envelhecendo. Ficando enrugadas. Definhando.

— O que você está fazendo? — perguntou outra harpia, assustada vendo as penas se soltarem.

— Corrente da alma. De forma bastante resumida, estou drenando o cosmo de vocês para mim. Mas vocês são tão fracas que a vida de vocês está sendo drenada também. Acho que já é suficiente.

Henry agarrou as correntes e desceu com elas com toda a força contra o chão, provocando um estrondo e abrindo uma cratera na escadaria.

— Me empolguei. — disse ele sorrindo maliciosamente para a harpia restante que liderava o grupo. — E então... Vai nos deixar passar?!

A harpia cerrou o punho. 

— Cavaleiro desgraçado...

— Já chega, Henry! — disse Seiya, passando pelo companheiro. — Vamos!

A harpia sorriu e abriu os braços com asas, elevando o cosmo. Os cavaleiros pararam subitamente. Seus olhos em chamas ficaram mais acesos e em resposta ao seu cosmo as chamas dos archotes aumentaram, se tornando pilares de fogo, desenhando sombras no chão.

— Vocês não vão passar daqui! Não vamos deixar! — disse ela, e Henry olhou para Eros com uma expressão debochada de “Eu disse que ela iria falar isso”. — Vigília das sombras! Harpias! Apareçam!

Das sombras das rochas, e até das pequenas pedras, surgiu um grupo de harpias. Dezenas delas armadas com diversos tipos de armas afiadas e protegidas por surplices. Elas voaram ao redor do grupo, cercando eles em uma cúpula de garras, armas e pernas.

— Se quiséssemos interceptar vocês, teríamos feito a partir do momento em que pisaram aqui. — disse a harpia. — Estamos vigiando cada passo de vocês. Eu sou Aelo, a tempestuosa. Sou uma das três comandantes do exército do senhor Oberon. Somos equivalente aos juízes do inferno.

— Nunca enfrentei um juiz do inferno. — comentou Henry, falsamente pensativo. — Isso quer dizer que ela é fraca?

— Não. — respondeu Seiya. — Quer dizer que é uma oponente poderosa.

— Isso mesmo. — disse Shun, atrás do grupo, concordando com Seiya. — Até o cosmo dela é diferente das demais harpias. Seu poder de ocultação foi capaz de esconder seu exército de subordinadas por todo esse tempo sem que vocês percebessem.

Aelo ergueu a sobrancelha.

— E você por acaso percebeu?

Shun ergueu o braço esquerdo, mostrando a corrente de defesa.

— Claro que sim. Sempre que um inimigo hostil se apresenta, a minha corrente de defesa me informa sobre a sua presença e o seu desejo de matar. Quanto mais agitada ela ficar, maior a ameaça.

— Se sabia que estávamos espreitando vocês, então porque não atacou?

— É simples. Nem suas harpias, e nem você, são ameaças para nós. — disse Shun

A harpia sorriu.

— Não somos?! — O cosmo de Aelo se intensificou e acendeu os cosmos das harpias subordinadas que flutuavam acima do grupo de Seiya, fechando um cerco. — Veremos! Que suas almas sejam devoradas!! Arrebatadora de sepulcros!!

As harpias giraram em conjunto, batendo suas asas com força e provocando poderosos ventos de tempestade. A cúpula então se abriu em um círculo, e nele avistava-se apenas riscos roxos e vermelhos das surplices e dos olhos flamejantes das harpias girando no turbilhão que estava sendo formado. Era uma velocidade espantosa. Tão rápidas que sumiam, restando apenas um poderoso redemoinho tempestuoso que atraia as densas nuvens.

— Chegaram tão longe para serem mortos antes mesmo de pisarem no castelo. Morram, cavaleiros de Atena!!

O turbilhão caiu ao redor deles rasgando o solo, com exceção de Seiya que foi poupado e arrastado para trás. Dentro do redemoinho o cerco estava se fechando cada vez mais, encurralando Shun e os outros três no centro. E aumentava com bastante intensidade a sensação de estarem sendo sugados. Era como se a força do vento estivesse puxando não apenas o corpo, mas também a alma. Henry, que assim como os outros sentia seu corpo e alma sendo puxados, fez menção a pular contra o turbilhão ou atacar, mas Shun ergueu a mão pedindo para que ele parasse.

— Uma investida tão direta assim não vai adiantar contra elas. — disse Shun. — Essas harpias são diferentes. Seus golpes espirituais não vão funcionar. Elas não são reais como as outras que você derrotou. É uma projeção cósmica criada a partir de Aelo. Na primeira brecha que você der para ataca-las, Aelo terá uma visão compartilhada pelos olhos das harpias e irá lhe ferir mortalmente em um ponto cego antes mesmo que você possa se defender.

— Incrivel. — pensou Aelo — Sozinho ele compreendeu minha técnica. Vamos ver o que acontece seu eu mandar elas... 

— Ficar sem fazer nada também é arriscado. — disse Eros, apontando para três harpias armadas que saíram da formação e avançaram como feixes de luz.

O grupo desviou, mas Alkes ainda foi ferido no abdômen por uma das lâminas.

— Alkes! Você está bem?! — perguntou Shun.

— Estou bem. Foi superficial. Mas não podemos nos descuidar. Através das harpias ela consegue disparar múltiplos golpes na velocidade da luz. — disse o Cavaleiro de Prata de Taça. — E talvez possa aumentar o número simultâneo de ataques.

— Compreenderam agora, cavaleiros? — perguntou Aelo, que se divertia vendo o grupo encurralado. — É uma técnica perfeita. Se ficarem presos, terão suas almas drenadas e seus corpos retalhados pelas minhas meninas. Se atacarem, minhas harpias irão atacar antes mesmo que possam se defender. Não tem escapatória.

— Não é bem assim. — disse Seiya.

— O que disse? — perguntou Aelo. — Acha mesmo que eles têm alguma chance? O tempo é precioso, Seiya. Chegará um momento que não terão mais forças para lutar e serão presas fáceis. Serão retalhados no meu próximo ataque.

— Não se encurrala dois cavaleiros de ouro assim tão fácil. Talvez por nunca ter enfrentado um, você esteja fazendo pouco caso deles. Mas está subestimando ainda mais o poder de Shun. Deveria ter atacado com todo o poder que tem. Mas agora você perdeu essa oportunidade.

Shun ergueu o braço direito e seu cosmo se elevou. Sua corrente pontiaguda se agitou e se multiplicou, circulando ao seu redor formando o espiral da nebulosa com ele no meio emanando um cosmo poderoso.

...


Tártaro - Interior do Castelo (Grande Salão)

— Tem um cosmo poderoso se erguendo no lado fora do castelo. — disse Oberon, sentado na grande mesa de mármore escuro, olhando para a alta porta como se estivesse esperando que o dono daquele cosmo fosse entrar ali a qualquer momento. — Será o cosmo do Pégasos?

— Não. Esse cosmo poderoso pertence ao Andrômeda. — disse a alma de Hades.

O deus estava contemplando a própria imagem diante do grande espelho emoldurado pendurado na parede de fundo do grande salão.

— É por isso que a alma do senhor está tomando a forma dele? Do seu receptáculo mortal?!

— A corrente que liga a minha alma ao corpo daquele homem nunca foi rompida, apesar dos esforços de Atena para arranca-lo de mim. — disse Hades. — Yours ever...

— Para sempre seu...  disse Oberon, traduzindo.

— Quanto mais perto ele estiver da minha alma, mais ela irá demonstrar interesse em se ligar ao corpo dele. 

Uma forte pressão cósmica abalou as estruturas do castelo e apagou as velas que flutuavam no alto teto, lançado o solão em completa escuridão. A alma de Hades voltou a sua forma normal, tornando-se um rosto obscuro de barba negra e comprida, emanando um cosmo vermelho.

Ainda sentado na mesa, os olhos de Oberon se acenderam com cosmo vermelho, iluminando fracamente o seu rosto.

— Parece que Aelo está enfrentando o Andrômeda. — disse Oberon.

— Ordene que ela recue. — disse Hades. — Ela não terá a menor chance. Perderá uma das suas maiores subordinadas. 

Oberon olhou para um dos pilares onde havia um homem escondido nas sombras. A única coisa que podia ser visto dele era sua forma alta e forte.

— Ouviu o que vossa majestade disse?! Vá até lá e assuma a batalha. Ordene que Aelo recue. 

— Sim senhor. — disse o homem se retirando.

...


Tártaro – Entrada do castelo

— O que vai fazer Andrômeda? — perguntou Aelo, receosa.

— Para cada situação a minha corrente pode desenvolver uma nova técnica. Não precisaria de tudo isso para detê-la, mas não quero fazer pouco caso de alguém como você. Vou lhe responder a altura. Com a minha nova técnica... Redemoinho estelar de Andrômeda!!

O cosmo de Shun se espalhou pelas correntes e elas brilharam e avançaram, se erguendo ao redor dele como uma chuva de estrelas cadentes em espiral. Eram duzentos bilhões de estrelas cortando o redemoinho de harpias, atacando-as simultaneamente. Era muito mais do que seria necessário para dissipa-las. O espiral da nebulosa se tornou tão espesso ao redor de Shun, que formou uma barreira inviolável.

O cosmo de Shun então explodiu violentamente, desprendendo até mesmo o chão ao redor do grupo. A formação das harpias foi desfeita de uma vez por todas e Aelo foi arremessada contra a muralha, formando um buraco.

— Que poder é esse?! — pensou ela, espantada e cuspindo sangue. — Com um só golpe ele desfez a minha técnica, abateu as minhas subordinadas e ainda conseguiu me arremessar danificando a minha surplice. Mas ele não passa de um cavaleiro de bronze. Por acaso... Ele supera o poder de um cavaleiro de ouro?

— Por que está espantada, Aelo? — perguntou um homem que caminhava atrás da harpia. Ele estava vindo do castelo e dava passos bastante pesados. — Não o subestime pela cor da armadura. Shun de Andrômeda é um dos cavaleiros lendários. Um dos mais poderosos a serviço de Atena. Dizem que ele é um homem que alcança o nível de um deus.

O homem tinha mais de dois metros de altura e também estava trajando uma surplice. Ele abriu os braços e afastou o pesado portão de ferro para poder passar.

Ele era alto e bastante forte, pele parda, olhos vermelhos e longos cabelos negros com duas mechas brancas caindo sobre o peito.

— Ápis de Asmodeus, a Estrela Celeste do Ódio. — disse Aelo. — O que faz aqui?

— Ápis?! — disse Seiya e Shun, surpresos.

— O Touro?! — perguntou Henry, igualmente surpreso.

— O Senhor Oberon ordenou que eu assumisse a luta. — respondeu Ápis. — A senhora deve se recolher agora para junto da senhorita Cileno.

Aelo cerrou o punho e olhou para Shun.

— Adoraria continuar nossa luta, Andrômeda. Se for tão forte quanto ele diz, nos veremos lá dentro.

A comandante passou por Ápis e desapareceu.

— Ápis?! O que faz aqui? O que aconteceu com você? — perguntou Seiya. — Por que seu cosmo caiu nas trevas e está trajando uma surplice? Ápis... O que houve no Santuário após a nossa saída?

Ápis encarou Seiya por um momento antes de responder.

— Na noite em que a porta da morte foi aberta, também houve a ascensão de Ares com a segunda lua de sangue no Santuário. Fênix e eu tentamos derrota-lo, mas foi em vão. Fênix foi morto.

— Meu irmão enfrentou Ares... e morreu?! — pensou Shun, espantado.

Seiya e Alkes olharam para Shun.

— Ares nos derrotou e declarou guerra contra Atlântida. — continuou Ápis. — Eu estava prestes a ser executado quando o Senhor Oberon intercedeu e me deu uma nova chance como guerreiro.

— Oberon não lhe deu uma segunda chance. Ele maculou você. — disse Seiya, em tom severo. — Ser executado teria sido um ato mais honroso do que se tornar um espectro. É melhor perder a vida do que se converter em um súdito do submundo. Você já não é mais o mesmo homem que eu conheci. Essa surplice não combina com o tipo de homem que você era. E agora como espectro, pelo o que você luta?

— Por um mundo sem Atena, onde a dinastia do Senhor do Submundo irá governar. Atena fracassou, e seus cavaleiros também se mostraram incapazes. Nesse momento a Terra deve estar um pandemônio. Ares não é um deus ideal para comandar a Terra. Nove dias já se passaram e...

Todos arregalaram os olhos surpresos.

— Nove dias?! — perguntaram.

— De acordo com o Senhor Oberon, o tempo que se leva para chegar no Tártaro através das Portas da Morte são nove dias. Muita coisa aconteceu na superfície durante esse tempo. Inclusive outro lendário, amigo de vocês, morreu a alguns dias atrás. Morto por Éris, pelo que fiquei sabendo.

— O que?! — disse Seiya espantado.

— Shiryu ou Hyoga? — perguntou Shun. Sua voz estava um pouco embolada. Como se o choro estivesse preso em sua garganta.

— Eu não sei. — respondeu Ápis, friamente.

— Agora, mais do que nunca, eu tenho pressa. — disse Seiya, caminhando em direção a Ápis.

Assim como Aelo, Ápis se afastou abrindo caminho para Seiya.

— Passe. Você já deve saber que tem permissão para entrar. Diferente dos seus amigos.

Seiya parou e olhou para Shun, que assentiu, pedindo para o amigo e ir.

— Daremos um jeito de acompanhar você.

— Estarei esperando, junto com Atena.

O elmo de sagitário se materializou na cabeça de Seiya através do cosmo, e então ele correu e entrou no castelo.

— Agora que o Pégasos já foi, eu posso finalizar vocês. E então, quem será o primeiro? Ou será que preferem atacar todos juntos de uma vez só?!

— Se tornar um espectro fez você se tornar presunçoso? — perguntou Eros, caminhando até Ápis. — Enfrentar outro cavaleiro de ouro já é uma batalha acirrada. Mas você quer sozinho nos enfrentar ao mesmo tempo? — o cosmo de Eros se elevou e uma rosa vermelha apareceu em sua mão. — Por respeito ao que você um dia já foi como cavaleiro, lhe colocarei para dormir em um sono profundo.  

Ápis deu alguns passos pesados até parar diante de Eros de forma intimidadora.

— E como fará isso? Já olhou para a sua preciosa rosa vermelha?

Eros enrugou o cenho e olhou para a sua mão. A rosa, que antes era vermelha, estava escurecida e seca. As pétalas se soltaram e voaram, se despedaçando até não sobrar um mínimo resquício.

— A minha rosa... morreu? — pensou Eros.

— Sim. — respondeu Ápis. Eros olhou ainda mais surpreso para ele. — E sim, eu posso ler a sua mente. É uma habilidade que eu herdei do meu mestre. E sobre a sua rosa... Você já deve saber que o tártaro rejeita qualquer forma de vida que não tenha permissão para estar aqui. Apesar da rosa ser materializada através do seu cosmo, ela se torna uma forma de vida separada de você. Para você mantê-la viva e útil, terá que fornecer mais cosmo, mas isso acabará lhe custando a vida com o passar do tempo. Em outras palavras... Se você lutar, você morre. Está vulnerável, pois não pode usar suas técnicas. Mesmo que você crie um jardim de rosas, ele morrerá antes mesmo que você mencione o nome do golpe.

— Se acha que eu dependendo apenas das minhas rosas para lutar, está enganado.

Ápis sorriu e elevou o cosmo.

— Vejamos!

O antigo cavaleiro de touro desferiu um soco, mas Eros desviou e avançou, cerrando o punho e desferindo um soco de baixo pra cima contra o queixo de Ápis. A cabeça do touro foi jogada para trás, tendo seu elmo arrancado, e Eros deu mais um passo à frente para aplicar mais um golpe, mas Ápis foi mais rápido e o atingiu com um forte soco na barriga.

O golpe foi tão forte que fez Eros cuspir sangue imediatamente.

— Luta corporal não é um dos seus melhores atributos, Peixes. Não deveria ter vindo para um ambiente hostil como esse onde não tem vantagem alguma.

 Outro soco foi aplicado, mas agora no rosto de Eros, arrancando o seu elmo e fazendo ele cuspir mais sangue.

 — Por que... Eu não consigo... me mexer? — perguntou Eros, cuspindo sangue.

Ele tentava tomar espaço para se afastar de Ápis, mas seu corpo não lhe respondia. Estava pesado e sendo pressionado. Enquanto isso Ápis não parava de golpeá-lo.

— Eros está com problemas. — disse Shun para Henry, que olhou para ele como se o Andrômeda tivesse falado algo obvio demais. — É uma habilidade que soma poder psíquico e gravitacional. Ele usou contra Seiya quando o enfrentamos na saída do santuário. Ápis pode deter os movimentos do oponente apenas com a sua força de vontade, alterando a gravidade ao redor. Isso também pode torna-lo mais rápido quando ele altera a própria gravidade.

— Droga Eros!! — gritou Henry, correndo concentrando sua técnica na ponta do dedo. — Saia daí!!

— Não, Henry!! — gritou Shun. — As Ondas infernais não vão...

— Eu não terei a mesma misericórdia que Eros teve com esse desgraçado!! Veremos o que acontece com a sua alma aqui no tártaro!! Mandarei você para o yomotsu e despedaçarei a sua alma!! Ondas do Inferno!!

Um espiral de rajadas brancas foi disparado contra Ápis, mas o golpe colidiu em sua surplice e se desfez.

Henry olhou espantado sem entender.

— Mas que merda é essa?! Por que minha técnica não funcionou?

Os olhos vermelhos de Ápis brilharam e ele sorriu, largando Eros e avançando em direção a Henry como um rápido feixe de luz.

— Moleque inexperiente!! — a mão de Ápis cobriu o rosto de Henry segurando-o pela cabeça, e em seguida o empurrou contra o chão, abrindo uma cratera e partindo o elmo de câncer ao meio. — Seu mestre não lhe ensinou que as Ondas do inferno não funcionam contra um portador de surplice? Temos permissão para transitar no mundo espiritual. Seus truques não funcionam comigo!!

Atordoado com o impacto, Henry sentiu sua cabeça latejar. Ápis o ergueu com brutalidade, ainda o segurando pela cabeça, e correu com extrema velocidade em direção a muralha do castelo.

— Henry!! — gritou Eros, retomando os movimentos.

— Não faça isso, Ápis!! — gritou Shun.

Mas o Touro não se importou e seguiu seu percurso. Sua brutalidade estava fazendo jus a sua estrela celeste. Ele estava dominado pelo ódio e pela agressividade.

Ápis colidiu Henry na muralha e seguiu pressionando e arrastando contra o muro. Em seguida ele lançou o cavaleiro de câncer quase inconsciente para o alto e cruzou os braços elevando o cosmo.

— Sou eu que vou mandar você para o Yomotsu, Henry. Deseje que um golpe seja suficiente para evitar o prologamento da sua dor. Morra! Grande Chifre!!

— Henry!! — gritou Shun e os outros dois.

Ápis descruzou os braços na velocidade da luz e cruzou novamente, e ao movimentar seus braços uma densa e poderosa rajada de cosmo em forma de um touro negro de olhos vermelhos foi disparada, atingindo o alvo em cheio e arremessando, provocando em seguida uma explosão que brevemente iluminou a área.

Henry caiu em rápida velocidade rasgando o solo. Alkes correu até ele, expulsando a armadura do seu corpo enquanto corria para formar a armadura de Taça.

— Henry!! Henry!! Você está bem?!

— Então essa é a armadura de Taça capaz de curar qualquer tipo de ferimento?! — perguntou Ápis, surgindo próximo a Alkes através das sombras. — Você não fará mais uso dela. — Ápis estendeu a mão para a armadura e elevou o cosmo espectral. — Irei pulveriza-la.

A água da armadura de taça ondulou e disparou lanças de gelo contra Ápis, que desviou saltando para trás, a tempo de sair apenas com alguns arranhões. Uma das lanças raspou sua surplice, revelando um brilho dourado por baixo, mas logo o brilho da surplice surgiu cobrindo o fulgor dourado.

— Não toque nessa armadura. — disse Alkes, em tom de ameaça. Seus olhos estavam tomados por cosmo. — Se fizer algo... Terei que mata-lo.

— Já chega!! — disse Shun, com o cosmo elevado. Ele passou por Ápis carregando Eros apoiado no ombro e o deixou ao lado de Henry. — Alkes, cure os dois. Irei protege-los enquanto isso. — a corrente circular e a corrente pontiaguda se moveram, circulando Shun e os outros, formando uma nebulosa de correntes. — Enquanto estiverem aqui, Ápis não poderá chegar até vocês. Não tenha pressa, Alkes. A Nebulosa de Andrômeda vai protege-los.

— Está tentando ganhar tempo, mas é tolice!! Partirei essas suas finas correntes, Shun. Grande Chifre!!

O touro negro foi mais uma vez disparado como uma poderosa e devastadora rajada de cosmo, rasgando o solo durante seu percurso, mas ao se aproximar da nebulosa, uma barreira de cosmo em forma de cúpula surgiu interceptando o golpe. A rajada foi dividida ao meio e passou pela lateral da barreira.

— Meu golpe se quer trincou a barreira. — pensou Ápis.

— Pare Ápis. — disse Shun, segurando com força a corrente pontiaguda que se agitava querendo atacar. — A corrente possui vida própria. Se ela quiser machuca-lo, eu não vou conseguir impedi-la.

Ápis deu um sorriso abafado.

— Tem razão. É tolice minha bater de frente com a defesa mais formidável que é aplicada por você. — Ápis começou a caminhar em direção as correntes. — Não preciso ativar a defesa da sua corrente se eu não ataca-lo, correto?

— Pare onde está! — disse Shun, com tom de aviso. — Se der mais um passo e entrar em contato com a nebulosa, você recebera uma poderosa descarga elétrica que com certeza o matará.

Ápis parou.

— Entendo. Ataque e defesa em um só. Formidável Andrômeda. Mas qualquer técnica possui uma brecha.

O corpo de Ápis se dissolveu em sombras e ele desapareceu.

— Senhor Shun... — disse Alkes, em alerta, enquanto fornecia a água da armadura de Taça para Henry.

— É loucura. Não se pode burlar a defesa da nebulosa com um truque desse. — disse Shun. As correntes se agitaram e a ponta pontiaguda se ergueu e desceu contra uma mancha na sombra que se movia em direção a Shun no centro da nebulosa. O espaço se distorceu e Ápis foi arrancado de dentro da escuridão a força em volta por um turbilhão de descarga elétrica. — Agora nebulosa! Ataque!!

Uma potente descarga elétrica purpura acompanhada por dezenas de correntes pontiagudas foi descarregada de baixo pra cima, subindo como um pilar e em seguida girando em um turbilhão, prendendo Ápis no centro e provocando ataques simultâneos de correntes que o rodeavam em alta velocidade, levando-o cada vez mais alto.

Quando o golpe começou a ceder, o touro não se deu por vencido. Ápis agarrou uma das correntes, cerrou os dentes para suportar a dor, e desceu para dentro da nebulosa, ficando frente a frente com Shun, que mantinha uma expressão tranquila.

— Precisará de muito mais que isso para me tirar de campo, Andrômeda.

— Solte a corrente, caso contrário perderá os braços. — disse Shun pacificamente, mas Ápis não soltou.

Pelo contrário. Ele agarrou com ainda mais força. O cheiro de pele queimada subia no ar. A corrente elétrica estava ficando mais potente, mas mesmo assim Ápis tentava avançar. Seus olhos vermelhos estavam brilhando com mais intensidade na medida em que seu cosmo também aumentava.

— Senhor Shun, tome cuidado. — alertou Alkes, que agora cuidava de Eros. — Ele tentará alterar a sua gravidade também!

— Não seja tolo, garoto. — disse Eros, repreendendo Alkes. Ele observava Shun com uma pontada de admiração. Eros entendeu que o poder daquele homem era tão grande que justificava a morte do seu irmão. — Shun não irá se submeter a isso.

— Se realmente estiver tentando alterar a gravidade ao meu redor, está perdendo seu tempo. — disse Shun. — Essa sua habilidade não vai funcionar comigo.

— Como não?! Até mesmo Seiya já foi afetado!! — disse Ápis, disparando um soco.

— Você precisaria alterar a pressão do meu cosmo, mas isso... — Shun estendeu a palma da mão, interceptando o soco do touro, e explodiu seu cosmo em uma rajada arremessando Ápis. — não é algo que você seja capaz de fazer. — Ápis foi jogado contra a muralha, provocando um forte estrondo seguido pelo desabamento. — E não seja ingênuo. Naquele dia em que você enfrentou o Seiya, ele estava se contendo. Pessoal... — chamou Shun. — Vão atrás de Seiya e deixem que eu cuido do Ápis. Eu assumirei essa luta. — As correntes recuaram, desfazendo a formação da nebulosa. — Lá dentro vocês devem tomar bastante cuidado. Sinto cosmos poderosos nos esperando.

— Sim senhor! — disse Alkes, vestindo a armadura de Taça.

Os três correram em direção ao portão enquanto Ápis se levantava.

— Por que não seguiu com eles, Andrômeda?

— Preciso conversar com você.

—...—


Arashiyama, distrito de Kyoto — Japão — Madrugada do 5º dia

Desde o momento em que Seika deixou June para trás na Ponte Togetsukyo bridge enfrentando Clown de Pennywise, ela não parou de correr nem por um segundo. Ela subiu a pequena ladeira de casas e templos budistas no pé da montanha, e entrou na floresta escura de bambus.

Sua respiração estava ofegante e seu coração batia cada vez mais rápido. Descalça, pisar no chão frio fazia seu corpo se arrepiar a cada passo. Sua roupa estava suada e grudada ao corpo, mas nada lhe deixava mais incomodada e assustada do que aquele ambiente.

A luz da lua estava quase totalmente obstruída pelas longas árvores que estralavam de forma inquietante, se balançando com o vento, o qual assobiava quando passava pelos bambus. As sombras das árvores projetadas a sua frente lhe davam calafrios. Era como se alguém fosse surgir através de uma delas. Assim como Clown surgiu das sombras em Kyoto.

Aquilo só aumentava seu desespero. June havia pedido para ela não ter medo, que isso só atraia os berserkers, mas não dá para controlar o medo. É algo natural de todo ser vivo. É algo que sempre vem à tona em momentos críticos da vida, quando somos postos a prova daquilo que mais tememos. Seja para superar as dificuldades, para nos alertar do perigo ou para sermos informados sobre os nossos limites.

O caminho estava ficando cada vez mais inclinado, estreito e com uma cúpula de árvores ainda mais densa. Tão densa que o balanço dos bambus era restrito e mais assustador. O vento frio assobiava como um fino grito distante e castigava a pele. Até que o caminho se abriu para um penhasco. Seika se assustou.

Era uma queda mortal que dava para uma vasta continuidade da floresta rodeada por um conjunto de montanhas no horizonte. Para chegar ao topo, onde havia um templo budista, ela precisaria se esgueirar pelo caminho estreito na beira do penhasco. Mas aquilo lhe lembrou um dos seus piores dias. O dia em que ela tentou andar nos caminhos estreitos da montanha que dá acesso ao santuário para poder se encontrar com Seiya. Naquele dia ela acabou caindo e perdeu a memória, e por sete anos ela morou no vilarejo de Rodorio sem saber quem era e o que estava fazendo ali.

Estar diante de um abismo novamente fez seu desespero sair do controle. Seu corpo estava tremendo e seu coração batia tão forte que ela conseguia senti-lo. Sua cabeça começou a pulsar de dor e logo uma tontura escureceu sua visão.

“Não precisa ter medo. É só dar um passo de cada vez. — disse uma voz sussurrando em seu ouvido. — “Acredite em si mesma. Um passo de cada vez. Não precisa ter medo. Acredite. O templo está perto. Assim que você chegar lá, nenhum mal chegará até você. Apenas acredite. Pesadelo corpóreo.

Orientada pela voz sussurrante, Seika deu alguns passos cambaleante. Seus olhos haviam perdido a cor. Estavam totalmente brancos. Em transe. Seu corpo agora respondia ao que a voz citava em seu ouvido. Faltavam poucos centímetros para ela cair quando um chicote estralou e a segurou pelo braço.

— Seika!! — June a puxou e segurou nos braços, dando leves tapas no rosto de Seika para acorda-la. — Você está bem?! Seika!!

Atordoada e assustada, a irmã de Seiya despertou em um pulo.

— Eu estava... O caminho havia mudado de repente e...

Elas olharam para o que antes era um penhasco, mas que agora estava se distorcendo e voltando a ser uma simples trilha da floresta.

— Mas o que...O que aconteceu? — Perguntou Seika, assustada.

— Isso é obra de algum berserker. — disse June.

— Você me atrapalhou, amazona. — disse Dolos, com sua voz ranhosa, se materializando alguns metros a frente delas, com uma postura torta e curvada.

Sua fisionomia ficava ainda mais assustadora em meio a floresta escura. Dolos era um homem alto, magro, torto, e de braços tão longos que passavam dos joelhos, e as mãos tinham dedos longos, contorcidos e unhas afiadas. Ele estava apoiado de forma contorcida e inclinada em um cetro de Onyx que parecia usar como bengala para sustentar seu corpo.

Seu rosto estava coberto por uma máscara escura, presa com peças negras de Onyx que circundavam sua cabeça lisa e acinzentada. Não havia fissuras para ele olhar ou para respirar. Apenas uma larga boca, com um sorriso malicioso e doentio repleto de dentes afiados.

— Pensei que a quisessem viva. — disse June

Dolos sorriu.

— Não pensei que o maior medo dela fosse um penhasco. O meu golpe Pesadelo corpóreo faz com que o pesadelo do meu alvo se torne real, distorcendo até mesmo a própria realidade. Fiquei curioso para ver se ela se jogaria. — disse sorrindo. — Talvez eu tenha passado dos limites um pouco.

— Miserável. Como conseguiu passar por Lino e chegar aqui tão rápido?

— Eu me movo na velocidade da luz. Basta dar um passo. Coloquei aquele cavaleiro de prata em sono profundo após ele derrotar Clown.

— Droga!! Dessa vez eu não vou...

Dolos levou o dedo até a boca sinalizando silêncio, e imediatamente a voz de June sumiu.

— Silêncio, mocinha. Você fala demais. Sabia que diante de um grande medo, a perda da voz é um dos sintomas?! Prefiro o silêncio que vem logo após os gritos. Então fique caladinha e não me atrapalhe.

Sem poder falar uma palavra se quer, June estalou o chicote e avançou. Ela girou o cabo do seu chicote na mão e o segurou como uma faca, apontando a ponta afiada do cabo em direção a Dolos. O berserker desviou, deixando June passar direto por ele.

A amazona girou e pousou, pegando impulso e avançando novamente. O chicote foi disparado contra Dolos, mas o flagelo teve seu percurso interrompido pelo cosmo do berserker.

— Mulher ingênua. Ainda não percebeu... — de forma desajeitada e amedrontadora, Dolos se moveu e atingiu o queixo de June com o cajado, lançando a cabeça da amazona para trás. —... que você não é páreo para mim? — um segundo golpe foi desferido na barriga, fazendo ela se inclinar de dor e cuspir sangue. — Saia daqui mulher!

— Até parece que irei me acovardar uma hora dessa. 

— Não me importo em mata-la. Mas deveria aproveitar a oportunidade quando um inimigo não a mata de imediato.

— Cale-se!

— Desapareça do meu caminho, amazona de bronze!

A moeda dourada de Dolos surgiu flutuando entre os dois e emitiu um brilho dourado que se transformou em rajada e atingiu June despedaçando sua armadura e arremessando direção a floresta, deixando um rastro de destruição.

— É estupidez deixar uma pessoa tão importante como a irmã do pégasos nas mãos de uma mulher fraca. Não é verdade, senhorita?! — disse ele virando-se para Seika. — Agora vamos. Vou leva-la até o Santu...

Uma pétala branca tomada por cosmo passou flutuando frente ao rosto de Dolos. Ela se aproximou do seu pescoço e o tocou, cortando-o.

Ao olhar ao seu redor, toda a floresta estava tomada por pétalas flutuantes. Aos poucos a trilha de terra estava sumindo, se transformando em um tapete de pétalas. O caminho de pétalas então ondulou como se fosse um rio, sinalizando a chegada de um homem.

— Estive esperando por você, senhorita Seika. — disse um homem velho, descendo a trilha, vestido com um Kimono preto e cinza. Seu cabelo longo era branco devido a idade avançada. E sua expressão era bastante rígida, como a de um velho exigente. — Era disso que estávamos tentando proteger você, senhorita. Deveria ter vindo para Kyoto assim que foi ordenado.

— Mas quem é o senhor? — perguntou Seika.

— Meu nome é Takeshi. Sou um ex-combatente do Santuário, e hoje presto serviços quando me é solicitado. Agora afaste-se, senhorita.

— Um velho combatente?! — disse Dolos curioso. — Já não é mais um cavaleiro de Atena?

— Um cavaleiro nunca deixa de ser cavaleiro. Nem mesmo depois de morto.

— E mesmo com esse corpo velho e caquético se julga capaz de lutar comigo?

A imagem translucida de uma armadura prateada surgiu momentaneamente cobrindo o seu corpo e depois desapareceu.

Dolos sorriu.

— Admirável. Seu corpo já nem suporta usar a armadura. Só lhe resta uma imagem fugidia da sua época de glória. Pois bem, irei aposentar de vez esse seu corpo velho e cansado.  

Dolos girou o cajado na mão e avançou de forma desajeitada. Takeshi saltou no momento em que o cajado desceu e abriu uma cratera onde ele estava, pousando em seguida em cima da arma do berserker.

— Você é bastante agressivo. — disse Takeshi.

— Ora, ora... Será que encontrei alguém que consiga me proporcionar um bom combate? Ou...

Dolos se teletransportou e surgiu atrás de Takeshi, mas ele não foi rápido o suficiente para escapar do próximo ataque do berserker. Apesar de Dolos ser desengonçado, ele tem maestria em um combate corporal.

— Ou será que não?!

O cajado negro desceu para golpear o velho cavaleiro no peito, mas a arma foi interceptada pela mão de Takeshi. Em seguida Dolos girou sua perna magra e torta em direção ao rosto do ancião, mas o golpe foi interceptado por um aglomerado de pétalas brancas que queimaram ao toque de Dolos.

Chamas brancas romperam em forma de flor de lótus e o berserker se afastou, sentindo o calor das chamas em sua perna.

— Essas chamas brancas... É o seu cosmo em chamas.

— Senbonzakura! Mantra da pureza e da glória! Um homem impuro sedento por sangue já não pode mais me tocar tão facilmente.

— Do que está falando, velho?!

— Passei anos da minha vida tentando alcançar a iluminação. Inclinando minha alma para o desapego carnal e a sabedoria sobre a vida e sobre a morte, mas... eu falhei. Então o máximo que eu consegui foi alcançar a pureza da mente e do espirito. Mesmo estando a um passo da iluminação, não tenho conhecimento sobre o pós vida. E em meio a esses anos de meditação... — o caminho de pétalas brancas ondulou a sua frente, e da distorção surgiu uma espada katana translucida de cabo e lâmina branca envolvida por chamas brancas. — O meu espirito de espadachim se partiu e se converteu em uma katana lendária chamada Hojo Masamun.

— Então você é protegido por ela... A lendária espada cortadora de impuros. — disse Dolos, surpreso. — Dizem que ela não corta nada que seja puro. Nem mesmo o vento. Mas você tem ideia velho do quanto é arriscado tê-la consigo? Se um portador impuro tocar até mesmo em seu cabo, a katana fará com que a lâmina se volte contra o seu peito. Tê-la em seu espirito exige bem mais do que tê-la fisicamente presa em sua cintura. Exige que você viva eternamente em penitência. Vigiando sua mente, olhos, boca, ouvidos e coração. Nem mesmo a sombra de um pensamento ruim pode passar pela sua mente. Se quer pode desejar em seu coração a morte de seu oponente. Mas velho... — o cosmo de Dolos se elevou e ele deu um sorriso ranhoso e psicótico. — Mente vazia é uma armadilha ardilosa que pode joga-lo no mais pavoroso inferno. Como pode ir para um campo de batalha sem desejar a morte do seu inimigo? Pesadelo corpóreo!!  

O cajado negro brilhou e os olhos de Takashi se tornaram brancos, assim como os de Seika ficaram. Dolos bateu o cajado duas vezes no chão e então o espaço se distorceu. Eles agora não estavam mais na floresta de bambu. Estavam em um local totalmente branco e sem fim. Não havia céu ou paisagem no horizonte. Havia centenas de lótus brancas espalhadas pelo chão, o qual parecia ser sólido, mas ele ondulava a cada mínimo movimento como se fosse um lago, e as flores de lótus brancos seguiam os movimentos das pequenas ondulações.

Dolos era o único ponto preto ali. Até mesmo as ventes de Takeshi haviam mudado e se tornado brancas e cinza claro.

— Que lugar é esse?! Que tipo de pesadelo é esse?! — perguntou Dolos, espantado. — Isso é... Um pesadelo vazio? Impossível. Todos os seres vivos possuem medo. Até mesmo aqueles que alcançam a iluminação e vigiam para que nenhum pensamento iníquo o arraste do paraíso para o inferno. Como pôde manter a sua existência afastada do medo?!

— Mas que tipo de pesadelo uma espada poderia ter? — a aparência de Takeshi também havia mudado. Ele agora estava mais jovem. Com a aparência de quando ele tinha dezoito anos. No auge da sua vida juventude. — Meu nome é Hojo Masamun.

— O que...?! A espada se personificou nesse espaço?! — pensou Dolos. — Você possui vida própria?!

— Possuo. Não sou apenas uma técnica. Sou uma existência sagrada. Criado para expurgar o mal. Já não possuo mais uma katana sólida para habitar, hoje só resta a minha essência, e por isso Takeshi me concedeu uma parte do seu espírito, para que a minha essência pudesse se ancorar a ela e habitar em seu corpo. Graças a isso tomo uma forma semelhante a ele.

— Então estamos dentro da consciência dele?!

— Não. Eu trouxe você para dentro da minha. — respondeu Hojo. — Quando você lançou o seu golpe, eu ofereci a minha consciência. Não poderia correr o risco de permitir uma invasão na mente dele. Como humano, ele é frágil em suas emoções. Mesmo se esforçando para ser forte, ele pode falhar. E isso é algo que ele não pode fazer enquanto eu estiver ligado a ele. Mas aqui não há medo, angústia ou sofrimento. Sua técnica não tem poder algum sobre mim.

— Não vai ser um espírito submisso e parasita que vai me deter. — Dolos ergueu o cajado elevando o cosmo e desceu curvado contra o chão. — Cantiga da tormenta.

O tilintar metálico ecoou junto com uma poderosa rajada cósmica negra que se espalhou por diferentes direções afim de romper aquele espaço e acertar Hojo. O chão ondulou fortemente e a imagem de Hojo oscilou por um momento, mas logo se estabilizou.

— Subestimei a maldade desse homem.  pensou Hojo. — Por pouco ele quase apagou a minha consciência, me lançando em uma zona escura e inerte. Alguém assim não pode andar livremente pela Terra. Berserker!! Irei detê-lo!!

O chão ondulou novamente e uma katana branca se ergueu envolvida em chamas. Hojo a segurou apontando para o berserker.e

— Chamas brancas purificadoras! Consumir!

As chamas brancas se acenderam, giraram e a avançaram em um turbilhão. Indiferente, Dolos estendeu seu cajado e elevou o seu cosmo criando uma barreira negra em volta. As chamas colidiram e estremeceram a estrutura. A barreira estava sendo tomada pelas chamas que cresciam cada vez mais.

— Não adianta. As chamas vão se alimentar da impureza da sua existência. Até mesmo o seu cosmo faz parte de você e vai servir como lenha para que minhas chamas cresçam cada vez mais.

— Ele é forte.  pensou Dolos.  Ele é uma deidade criado a partir do desejo de justiça de um ferreiro e das orações dos monges. É uma ferramenta que precisa ser quebrada por completo. Espada e espírito! — gritou o berserker.

O cosmo de Dolos se elevou dentro da barreira em forma de cúpula. Desajeitado, ele estendeu as duas mãos, concentrando seu cosmo em um único ponto, e então disparou uma rajada negra contra o turbilhão de chamas.

As técnicas colidiram em um choque de pureza e iniquidade. Duas concentrações opostas oscilando para uma explosão eminente.

— Impossível! Ele conseguiu deter o avanço das minhas chamas mesmo enquanto elas se alimentam da iniquidade dele. Esse homem... Ele ainda tem capacidade para segurar minha técnica por um tempo. Isso pode lhe dar chance para investir em um contra-ataque. Não vou permitir. — pensou Hojo.   Se minhas chamas não são suficientes... — ele avançou junto com seu turbilhão, cortando-o ao meio, e seguiu seu trajeto rompendo o cosmo negro de Dolos. — Vou parti-lo com o fio da minha lâmina!!

— Tolo!!

Gritou o berserker. O cajado brilhou e se modelou em uma espada de lâmina negra desgastada. Desajeitado, Dolos atacou colidindo as duas espadas, mas o choque não durou muito. A lâmina branca partiu a espada negra, e o movimento curvo da espada rasgou o peito da onyx de Dolos espirrando jatos de sangue escuro.

— Minha Onyx?! — urrou o berserker, levando a mão ao corte e cambaleando para trás. — Como pode causar danos ao meu traje?!  

— Seu traje é tão maligno quanto você. — a voz de Hojo mudou. Ela se tornou mais grossa e rouca, e a aparência jovem deu espaço para a velhice. — Desculpe-me por ter ocupado o seu tempo, Hojo Masamun. Eu assumo daqui.

— Deveria ter ficado longe daqui. Eu iria atrás de você depois que acabasse com ele. — Dolos se inclinou para avançar, mas antes disso o cosmo de Takeshi se elevou e se espalhou.

— Pouco tempo atrás você me perguntou como eu posso ir para um campo de batalha sem desejar a morte do meu inimigo... A resposta para essa sua pergunta é simples, berserke. Apenas vou para aplicar aquilo que eu me empenho em defender... A justiça.

 As flores de lótus que estavam espalhadas pelo chão brilharam e se desfizeram em dezenas de pétalas. Cada uma se tornou o núcleo de uma katana branca que se materializou através do cosmo. Eram dezenas de lâminas se erguendo em chamas brancas.

— Está mentindo, velho. Você chama "matar" de "fazer justiça". Mude as palavras para enganar a si mesmo, mas a intenção do discurso não muda. Aceite que você também é um assassino!

— Não cairei nas suas palavras. Hojo Masamun! — gritou Takeshi, erguendo a Katana rente ao seu rosto. — Pétalas retalhadoras!!

As lâminas voaram como feixes de luz em direção a Dolos, mas o berserker não se deu por vencido, e usando a velocidade da luz ele passou a desviar da chuva de lâminas e a avançar em direção ao antigo cavaleiro.

Uma das lâminas atingiu o braço de Dolos, transpassando o seu membro. Sangue negro espirrou, manchando o chão branco. O berserker ignorou a dor e continuou a desviar do máximo de lâminas que podia. Mas uma segunda, e depois uma terceira lâmina transpassaram o seu abdômen e perna. Ferido, sua velocidade oscilou, mas mesmo assim ele não parou e continuou a avançar mesmo sendo atingindo incontáveis vezes.

— Cantiga da tormenta!!

— Incrível! A cada lâmina que atravessa o seu corpo, sua força é reduzida pelo dano, mas ele continua a avançar e atacar fervorosamente. — pensou Takeshi. — Sendo assim...

O antigo cavaleiro também avançou segurando a projeção cósmica de Hojo Masamun nas mãos. E unindo-se ao golpe, ele se converteu em um feixe de luz, desviou da rajada cósmica lançada por Dolos e aplicou incontáveis golpe de meia-lua que rasgou a onyx em inúmeros cortes. Até mesmo o elmo e a mascara foram cortados, caindo no chão e revelando um rosto maligno e doentio, com esclera negra, iris vermelha e uma pele enrugada desprovida de pelos.

— Terminamos, berserker.

Takeshi girou a katana e a fincou no chão. Rachaduras escuras se espalharam pela imensidão branca e então tudo se partiu em pedaços, voltando a realidade no meio da floresta escura. Hojo Masamun sumiu das mãos do seu portador, regressando para o interior do seu corpo.

— Que humilhação. — disse Dolos, com a cabeça inclinada para frente. — Fui derrotado sem conseguir matar um velho.

Seus braços longos e tortos estavam caídos na lateral do seu corpo. Sua postura era de alguém que não tinha mais forças para se manter de pé. Sua onyx estava bastante danificada, repleta de perfurações e cortes. Seu sangue negro escorria das suas feridas e manchava as pétalas brancas que ainda cobriam o caminho.

— Como posso voltar ao santuário de mãos vazias? — Dolos abriu as mãos, espalhando seus longos dedos. Unhas negras, longas e afiadas cresceram ainda mais. — Não. Eu não posso. — Lentamente ele deu um passo desajeitado para frente e elevou o seu cosmo. — Velho!! — gritou ele, partindo desjeitoso pra cima de Takeshi com as garras afiadas erguidas. — Eu vou arrancar a sua cabeça e leva-la ao santuário!!

Takeshi permaneceu imóvel. Dolos já estava em cima dele, prestes a arrancar a sua cabeça, quando linhas prateadas surgiram se enroscando no braço do berserker e detendo as suas garras afiadas a poucos centímetros do pescoço do velho cavaleiro.

— Hoje não, berserker. — disse Lino, que segurava sua lira no braço. — Senhor Takeshi, me perdoe pela demora. Cometi um deslize ao cair na técnica dele.

Dolos virou-se furioso.

— Cavaleiro de Lira!! Como conseguiu sair da minha hipnoterapia das trevas?

— Percebi que a sua técnica é do tipo mental. Ela remove o sentido da consciência, induzindo o indivíduo a dormir em um tormento constante de pesadelos, quebrando em pedaços a mente e o espirito, mas... Eu sou imune a esse tipo de técnica graças a um golpe diabólico que recebi em meu treinamento.

— Para um cavaleiro de prata, você é bastante habilidoso. Mas eu já estou cansado de ficar sendo detido por vermes inferiores. — o berserker moveu o braço com força, rompendo a linha. E mesmo perdendo bastante sangue e com a vida prestes a se extinguir, Dolos elevou cosmo intensamente, provocando uma pressão ao redor.  — Se eu não pude levar a irmã do pégasos comigo, então só me resta matar todos vocês!!

A moeda dourada foi lançada pra cima e brilhou, liberando rajadas de cosmos em várias direções. Uma das rajadas foi em direção a Seika, mas Takeshi se jogou na frente e parou o golpe cruzando os braços. Apesar do esforço, ele estava sendo arrastado para trás. Seu corpo e cosmo estavam cansados.

— já chega!! — Lino soltou a lira no ar, que permaneceu flutuando, e elevou o cosmo chamando a atenção de Dolos para si. — Mande lembranças minhas para o seu companheiro no outro mundo. — Lino ergueu os dois braços, concentrando um cosmo denso e flamejante entre as mãos. — Erupção solar.

Com os braços estendidos, Lino disparou uma rajada cósmica de chamas que atingiu Dolos e explodiu, subindo ao céu como uma devastadora coluna de chamas.

— Senhor Takeshi... Senhorita Seika, vocês estão bem?!

A fumaça foi dissipada, revelando uma barreira erguida por Takeshi para proteger Seika.

— Estamos bem. — respondeu o velho. — Irei leva-la para o templo. Pegue a amazona que está ferida e traga-a para que eu possa cuidar dela. Acredito que não tenha mais nenhum berserker nessa região.

— Sim senhor.

—...—


Jamiel — Fronteira entre a China e a India — Manhã do 5º dia

— Por favor Marin, a senhorita não pode se levantar agora. — pediu Kastor, gentilmente.

Ele estava com o cabelo amarrado e com as mãos sujas de ervas que estavam sendo preparadas para colocar nos ferimentos de Marin.

Marin, que havia ficado seriamente ferida após a batalha contra Tourmaline, estava tentando se levantar da cama sob os protestos de Kastor que pedia para que ela não fizesse esforço e descansasse. Seu tronco, braços e pernas ainda estavam enfaixados.

— Eu não vou ficar na cama... Ai! — uma dor pontiaguda lhe afligiu no ombro e no peito.

— Escute Kastor, Marin. — disse Kiki, entrando no quarto. — Não é aconselhável que você se levante. Ainda está com alguns ferimentos em processo de cicatrização.

— Não se preocupem comigo. Eu sstou bem, Kiki. Mas e os outros? Como estão? Kastor me contou o que houve depois que eu fui nocauteada.

— Todos estão bem, com exceção de Johan. A perda dos olhos afetou um pouco a autoestima dele. Ele não sai do quarto desde aquele dia e só aceita a visita de Miguel.

— Ele deve se recompor. — disse Marin, duramente. — Quando a última batalha começar, ele precisa estar com a cabeça no lugar.

— Vamos dar um tempo a ele. — disse Kastor. — A perda dos olhos vai afetar os outros sentidos dele. Ele agora precisa se adaptar a como ele vai “enxergar” as coisas com os sentidos que ainda lhe restam.

Kiki enrugou o cenho.

— Algum problema, Kiki? — perguntou Marin.

— Temos visita. — disse Kastor, olhando para Kiki, que assentiu concordando e se retirou do quarto.

Kiki desceu as escadas e chegou a sala principal do palácio, onde havia uma mulher parada na entrada, acompanhada por Shalom e Láthos, o cavaleiro de prata de Sagita.

Ela vestia um longo Kimono vermelho com bordas mais escuras. A estampa branca trazia símbolos chineses e a imagem de uma grande ave de longas asas e cauda. Em sua cintura havia um largo laço preto que prendia o Kimono de forma justa na sua cintura, e atrás do traje havia mais sete laços de cores distintas como uma longa cauda. Seus longos cabelos eram brancos nas raízes e iam mudando de cor até se tornarem em um vermelho intenso nas pontas. E seus olhos eram como ouro em chamas.

A mulher tinha uma postura imponente e um cosmo quente e poderoso. Algo totalmente diferente de qualquer berserker ou deusa aliada a Ares. Ela estava acompanhada por três Taonias, que se mantinham afastados e ajoelhados alguns metros atrás dela.

— Eu já ia chama-lo, senhor. — disse Láthos para Kiki.

— Ela disse que veio de Senkyou. — disse Shalom.

— Pela forma de tratamento que eles têm por você... Suponho que seja o mestre de Jamiel. Correto? Kiki de Áries.

— Isso mesmo. E a senhora é...?

— Meu nome é Suzaku.

— Uma das quatro divindades de Senkyou. — disse Kiki. — E em que posso ajuda-la?

— Apenas vim aqui cumprir um pedido de Shiryu. — disse Suzaku

— Do meu pai? — perguntou Ryuho, entrando na sala.

— Isso mesmo. Ao que parece, Hóu de Macaco, um dos taonias de Byakko, esteve aqui em Jamiel e fez uma proposta ao seu pai.

— Por acaso está se referindo ao meu treinamento em Senkyou? — perguntou Ryuho.

— Exatamente. Seu pai, assim como também é seu mestre, ordenou que você venha comigo para Senkyou.

— E com isso ele irá me afastar da batalha que se aproxima, eu presumo. — disse Ryuho, se sentindo ofendido por achar que o pai lhe considera inútil.

— Está enganado. Ele quer que você receba um treinamento especial para lhe prepara-lo para a batalha. De acordo com ele, você deve ter suas habilidades aprimoradas. Receberá um treinamento direto com os melhores taonias. É uma oportunidade única para explorar o que você tem de melhor.

— Entendo. Bem... Se é isso o que ele quer... — Ryuho olhou para Kiki, que concordou com a cabeça indicando que seria o certo a ser feito. — Eu irei.

— Mais uma coisa... — disse Suzaku. — Shiryu comentou a respeito de um cavaleiro e uma amazona que foram gravemente feridos no combate. E como Senkyou possui excelentes curandeiros, ele ordena que os dois sejam levados para receberem um melhor atendimento. Mas acho interessante que... — Suzaku olhou para Kiki. — O dragão de Rozan dê ordens para o Mestre de Jamiel. Isso é comum?!

— Assim como o senhor Mu respeitava o velho Mestre Ancião de Libra por ser um antigo cavaleiro, eu respeito e sou subordinado as ordens de Shiryu porque acima de tudo ele também foi meu mestre na minha formação de cavaleiro. — respondeu Kiki. — Quanto a levar Johan e Marin para serem tratados em Senkyou...

— Não acho que Johan vá concordar com isso. — disse Miguel, parado no último degrau da escada. — Ele está bastante recluso.

— Senhorita Suzaku, permita-me falar com ele. — pediu um dos taonias, se levantando. Ele tinha longos cabelos castanhos claros e olhos dourados. Seu traje, que se chama tatuagem, era branco com adornos dourados e trazia uma capa presa na ombreira. — Eu, Ghost de Carneiro, talvez consiga convence-lo.

— Miguel! — chamou Kiki. — Acompanhe-o até o quarto de Johan.

— Sim senhor. — disse Miguel.

Miguel estava subindo as escadas escoltando Ghost quando um lapso de cosmo chamou sua atenção e dos demais ali presentes.

— Isso é uma distorção dimensional. — disse Kiki. — E foi bem próximo daqui.

— Esse cosmo... — disse Miguel. — Eu conheço esse cosmo... 

— Veio do outro lado de vale. — falou um dos Taonias que estava do lado de fora. Seu traje era branco com detalhes vermelhos, e seus cabelos eram longos e loiros.

— São quatro cosmos. São... Cavaleiros. — Disse o outro Taonia. Seu traje era branco com detalhes azuis, e seus cabelos eram curtos e pretos. Ele carregava o elmo em um braço e segurava uma espada na outra mão.

Kiki avançou pela sala, pedindo licença a Sukazu, e foi seguido pelos demais. Do lado de fora, ele avistou o grupo de Asterion se aproximando.

— Kiki... — disse Shina.

— Precisamos conversar. — disse Asterion.

—...—


Tártaro — Palácio de Oberon

— Onde pensa que está indo, cavaleiro? — perguntou uma das harpias que se agruparam para interceptar o caminho de Seiya.

— Guardem suas armas e esforços. — disse Seiya, que corria em direção a elas no longo corredor de colunas altas. — Qual o caminho que leva até as masmorras?

— Não lhe diremos nada!! — gritou a harpia e atacou, sendo acompanhada pelas demais.

Seiya concentrou cosmo em seu punho.

— Se não vão me dizer... Então não me atrapalhem!! Meteoro de Pégasos!!

Centenas de bilhões de socos foram disparados e cruzaram o corredor nocauteando as harpias enquanto Seiya avançava entre elas.

— Nove dias já se passaram na Terra. Não podemos demorar aqui no Tártaro. — pensou Seiya. — Atena... Aguente só um pouco mais. — Seiya desceu um espiral de escadas, indo para a parte mais profunda do castelo. — Não permitirei que afastem você de mim novamente.

Após descer uma longa e estreita escada de pedra negra, o caminho a sua frente era um longo corredor estreito escavado em rocha bruta. A parede e o teto eram úmidos, a temperatura era fria se comparado ao lado externo do castelo e o corredor era iluminado por chamas roxas. 

— Deve ser aqui. — disse Seiya parando diante de uma grossa porta de ferro quadrada fundida na rocha. Não havia ninguém protegendo a entrada e a porta estava entreaberta.

 Seiya passou, e do outro lado da porta o corredor continuava, mas agora com celas de ambos os lados e no lugar de grades haviam estreitas portas de ferro marcadas com símbolos antigos criados por diferentes deuses primordiais. Cada símbolo possui uma função diferente, como restringir cosmo, drenar cosmo e aumentar a resistência de contenção.

Ele caminhava atento, olhando para os lados. As celas pareciam estar vazias. As portas estavam abertas, como se a muito tempo alguém não tivesse frequentado aquele lugar. Apenas uma porta estava fechada. A última cela.

Seiya se dirigiu até ela e a empurrou. A porta rangeu e se abriu, mas ao entrar nela ele constatou que Atena não estava lá. Nem Atena e nem Delfos. Havia uma outra mulher extremamente linda. Estava usando um vestido longo e preto, de tecido fino e adornada com pulseiras e colar de ouro. Era uma mulher de pele clara, cabelos longos e verdes em várias tonalidades. Seus olhos eram dourados e seus lábios vermelhos.

— Onde está Atena? — perguntou Seiya.

— Atena foi levada daqui poucos minutos depois que você caiu no Tártaro. Oberon a levou para outro lugar do castelo.

— Então eu preciso ir. — disse ele, virando-se para sair.

— Espere! — a mulher cruzou a cela prestes a toca-lo, mas se deteve. — Seiya...

— Você me conhece?! — perguntou Seiya, com estranheza. — Eu... — havia algo naquela mulher que Seiya não conseguia entender. Ele não conseguia vê-la como inimiga, algo que talvez ela fosse por estar ali. Mas ele se questionou sobre como poderia sentir algo por alguém que ele acabou de conhecer. — Eu lhe conheço?! Quem é você?!

— Meu nome mortal usado nessa era eu já não me lembro mais. Mas o meu nome verdadeiro é.... Medusa.

— Medusa?! — disse Seiya com espanto, desviando os olhos. — A medusa da mitologia?

— Exatamente. — disse ela, caminhando até Seiya. — Eu sou aquela que foi injustamente punida por Atena, assassinada por Perseu e que deu vida ao Pégasos e a Chrysaor na era mitológica. — Medusa estendeu as mãos até o rosto de Seiya e o fez olhar para ela. — Eu sou aquela que está destinada a se tornar uma mortal a cada duzentos anos para dar a luz a esperança. Eu sou a sua mãe, Seiya, e por isso você não precisa ter medo ao olhar nos meus olhos.

— Minha... Mãe?! Isso é... Impossível! Minha mãe está morta. A fundação Kido me disse que ela morreu durante o trabalho de parto.

— Sim! É verdade. Quando eu escutei o seu choro, a minha visão ficou turva e eu voltei ao Tártaro. É quase sempre assim. Poucas foram as vezes em que eu pude passar um tempo com você. O destino me puniu dessa forma.

— Se tudo isso for verdade, então o que faz aqui?

— Para abrir os seus olhos a respeito de Atena. — disse Medusa, se afastando. — Ela não é uma deusa tão boa quanto você pensa.

— Do que está falando?! Atena é a deusa da justiça! — disse Seiya, indignado.

— Mas ela não é tão justa assim. A deusa que você conhece, não é a verdadeira deusa Atena. Pelo menos, não como ela era na era mitológica. Ela pode até ser a deusa mais justa se comparada com os demais deuses do Olimpo, mas ela também teve seus momentos de injustiça, discriminação, impunidade e abusos.

Seiya balançou a cabeça, negando.

— Não. Essa não é descrição da deusa que eu conheço.

Medusa deu um sorriso abafado e caminhou pela cela.

— Você sabe porque eu fui punida?

— Bem... — disse Seiya, pensativo. — Teve algo a ver com você ter se relacionado sexualmente com Poseidon no templo de Atena...

— É... Essa é a história resumida que as pessoas contam hoje em dia.

— Sim, mas o que isso tem a ver? Eu tenho pressa!! Tenho que se salvar Atena! Enquanto eu perco tempo aqui, a Terra...

Medusa estendeu a mão, sinalizando para Seiya parar.

— Tenha calma. Primeiro me escute e depois tome a decisão que você quiser. Como eu estava dizendo... Contam uma história resumida sobre o que aconteceu comigo. Na era mitológica, eu era uma sacerdotisa de Atena. — Medusa estendeu a mão para baixo e fez um bloco de pedra se desprender do chão e se modelar, convertendo-o em areia negra e fluida, pairando entre eles na altura do peito. — Hoje em dia vocês chamam de “saintias”. Uma classe de meninas escolhidas a dedo para acompanharem a deusa virgem. Era essa a minha função. — Enquanto ela falava, a areia encenava com réplicas das cenas. — Contudo, eu era extremamente bela e isso acabou atraindo a atenção do deus dos mares. Poseidon abusou de mim sexualmente, me forçando a ter uma relação com ele no chão do templo de Atena. Eu gritei por socorro, por ajuda, até que Atena apareceu e flagrou a cena. Poseidon foi expulso do templo, mas nunca foi punido pelo crime que cometeu. Mas eu, a vítima, fui punida. Atena me acusou alegando que a culpa não era de Poseidon, mas sim minha, pois por ser tão bela acabei atraindo a atenção do deus. E então ela me transformou em um monstro para me punir e para punir todos os homens que olhassem para mim me cobiçando.

A areia mudou novamente. Agora modelava uma mulher com cabelos de serpentes enfrentando um homem armado com espada e escudo.

— Furiosa, eu tentei me vingar, mas Atena me sentenciou a morte. Ela orientou Perseu a me matar, cortando a minha cabeça, a qual mais tarde foi dada a Atena como tributo, e a deusa a usou convertendo em um escudo. Perseu foi chamado de herói e ficou eternizado como uma “constelação segurando a cabeça da medusa”. Então eu fui lançada ao tártaro, mas dois séculos depois eu acordei como uma humana mortal. Tentei levar uma vida comum e me apaixonei por um rapaz, com quem eu casei e engravidei, mas só depois eu percebi que estava gravida do bebê que seria a reencarnação do pégasos. Descobri que o destino havia me condenado a reviver a cada dois séculos para conceder a vida aquele que viria a ser um dos cavaleiros de Atena.

Os bonecos se modelaram novamente. Agora havia um templo grego cercado por estruturas semelhantes e um vasto exército reunido em um pátio diante do templo. E subindo as escadas havia uma mulher. Ela parou diante de um homem alto e forte acompanhado por dois jovens alados. O homem segurava uma lança e um escudo, e usava um elmo emplumado e trajes de batalha.

— Eu procurei alguém que pudesse me ajudar. Alguém que odiasse Atena tanto quanto eu. Foi então que eu fui até Ares, que estava montando um exército. Eu não contei a ele que estava grávida ou sobre a maldição que o destino havia lançado sobre mim. Eu apenas jurei lealdade a ele, prometendo que o ajudaria a derrotar Atena caso ele me concedesse uma onyx e me tornasse uma berserker. Dessa forma, Seiya, eu poderia voltar a vida mais de uma vez a cada dois séculos. Uma séria como mortal para cumprir o destino como a mãe do pégasos, e a outra seria como o monstro que Atena um dia me tornou, e assim eu teria uma oportunidade para me vingar.

— Então você é uma berserker a serviço de Ares? Está me fazendo perder tempo para garantir a vitória dele!! — Seiya passou a mão na modelagem de areia, desfazendo a imagem que voltou para o chão como um amontoado de areia. — Ou foi enviada para me deter?!

— Não estou aqui como uma berserker. Apesar de ter recebido ordens de Ares para matar você, eu não estou aqui para fazer isso, pois eu não posso. Ares estava enganado ao achar que eu poderia fazer isso. Eu não posso matar o meu filho, pois como mãe, eu jamais faria isso. Seguir em frente ou não vai depender apenas de você. Quero que saiba, que eu não fui a única pessoa vítima das injustiças de Atena. Vocês condenam os deuses por fazerem guerras baseadas em interesses próprios, mas Atena faz o mesmo. Lembre-se que ela destronou Troia apenas por que Páris escolheu Afrodite para dar o pomo de ouro em uma aposta criada pela própria Atena. Ela já matou e amaldiçoou pessoas pela eternidade por que feriram seu orgulho.

— Por que... Por que está me dizendo tudo isso?

— Eu quero que você abra os olhos, Seiya. A Atena que você conhece é uma Atena falsa. Quando ela decidiu passar a reencarnar em uma forma humana, sendo esse talvez um dos poucos momentos sensíveis dela, com a desculpa de que assim poderia entender mais a humanidade, ela começou a ser influenciada pelas emoções dos mortais. Ela se tornou mais maleável, amorosa e mais frágil até se tornar uma deusa-humana donzela pronta para ser resgatada. A Atena dessa era não se parece em nada com a Atena que eu conheci na era mitológica. O coração impiedoso de um deus já não bate mais ali, pois foi substituído pela benevolência dos mortais. A única coisa divina que resta nela é a graça e a imortalidade. E você, o pégasos, acabou sendo enganado por essa deusa traiçoeira com o passar do tempo, se apaixonando pelo lado mortal. Você se apegou a uma falsa personalidade.

Medusa caminhou passando por Seiya e parando de costas para ele.

— Mas talvez isso mude nessa guerra.

— Como assim? — perguntou Seiya, virando-se.

— Soube que o Grande Mestre dessa era é um crítico conservador fervoroso desse lado tão humano de Atena, pois a torna frágil e vulnerável. E por isso ele parece querer que a deusa volte a ser como era antes. Uma mulher impiedosa e de pulso forte. Livre de todo esse sentimentalismo. E para isso ele vem investindo em uma disciplina mais rígida enquanto é o seu auxiliar.

— Não vou permitir que ele faça mal a Saori.

— Talvez seja tarde demais. Eu não quero que você continue sendo iludido. Será que você lutaria por Atena mesmo depois dela abandonar seu lado humano?

— Enquanto eu for um cavaleiro, eu sempre lutarei por Atena.

Medusa virou-se para Seiya.

— Pense bem. Pare de lutar por uma deusa que não merece todo esse respeito que você nutre por ela. Pense nas barbaridades que ela já fez. Nada de bom veio da parte divina dela, mas sim do seu lado humano. Seiya, Atena só quer você do lado dela porque você é a esperança. Sem você não existe vitória para ela. Você se tornou a lança da esperança capaz de combater os deuses. Ela conserva você do lado dela porque tem consciência disso.

— Por que você quer que Atena seja derrotada? Para Ares lançar o mundo em caos e sangue?

— O mundo já se encontra nessa situação. A Terra precisa ser entregue aos deuses do Olimpo novamente. Uma nova Era de Ouro precisa ser estabelecida. Atena vem impedindo isso por puro egoísmo, e não por bondade. Ela é a deusa da guerra, ela se alimenta de conflitos diplomáticos.

— Já chega! — Seiya passou por ela e saiu da cela. — Você está equivocada. As pessoas mudam. Atena mudou.

— Os deuses nunca mudam. Sempre serão os mesmos.

— Já perdi tempo demais. Mãe... Gostaria de tê-la conhecido em um outro momento, em uma situação diferente e em um lugar mais confortável para conversarmos, mas agora não é oportuno. Eu tenho que ir.

— Compreendo. Então se é isso o que você quer, vá em frente. Suba as escadas e corra até o final do corredor. Haverá uma escada bifurcada. Suba pela direita e siga em frente até chegar diante de uma grande porta negra de ferro. Atena está do outro lado. Mas vou logo lhe avisando que se trata de uma armadilha. Ela está sendo guardada por alguém que deveria estar morto.

— E o que vai acontecer com você por ter me ajudado? — havia uma ponta de preocupação em suas palavras.

— Ares não tolera traidores. Provavelmente serei punida por isso.

— Então... Me perdoe pelo o que eu vou fazer agora. — Seiya concentrou cosmo em seu punho e disparou uma rajada de meteoros que acertaram Medusa e a arremessaram para dentro da cela. — Fique ai por um tempo. Finja que foi derrotada por mim e me perdoe por isso.

Deixando-a caída na cela, Seiya deu as costas e correu.

— Atena... Espere por mim, Saori!!

—...—

Eae galera, vamos conversar?

Muitos leitores me pediram e eu acabei atendendo ao pedido de elaborar desenhos dos personagens da fanfic. Eu procurei uma profissional e já comecei a encomendar algumas artes dos personagens e acho que isso é algo bacana tanto pra mim, como criador, quanto para vocês leitores que durante anos só imaginaram os personagens através das minhas descrições amadoras, mas que agora poderiam vê-los.

A primeira personagem a ser desenhada foi Tourmaline de Capricórnio 

Mas pagar sozinho essas artes fica um pouco pesado para mim, pois dependendo da imagem ela pode sair entre 120 e 280 reais, e a minha vontade seria encomendar pelo menos uma ou duas por mês. E como o trabalho tem qualidade, eu vejo que é um bom investimento.

Sei que vocês não pediram algo tão aprimorado assim (mas eu não queria fazer qualquer coisa), e tão pouco estou cobrando isso de vocês, mas também é só uma ideia, pois estou pensando em abrir uma vaquinha para quem tiver enteresse em ajudar com valores simbólicos de até 5 reais. É apenas para colaborar. Também vou investir, afinal é a minha história. Primeiro eu apenas quero saber se alguém tem interesse. Se tiverem, a gente trabalha juntos nisso. Se não, eu compreendo e vou investindo aos poucos na medida em que puder.

Já encomendei uma segunda arte, a de Ápis de Touro, e estou bastante animado para vê-lo pronto. Até agora já podemos conferir o busto dele (clique aqui para conferir.)

O próximo talvez seja um berserker, um Cavaleiro de Ouro ou o Lino de Lira.

Espero que não levem isso a mal.

Quem tiver interesse, fala comigo no chat do meu facebook ou avisa nos comentários daqui do capítulo. Só para eu ter uma média. Aos que estão se inclinando para ajudar, podem ter certeza que eu darei prestação de contas lá no grupo do facebook.

 

Um abraço a todos e até o próximo capítulo.


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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Grupo da fanfic no facebook: https://www.facebook.com/g roups/562898237189198/

Nesse grupo você acompanha o lançamento dos capítulos e ainda tem acesso ao perfil e histórico de alguns cavaleiros.

Contato: 81 97553813

Próximo capítulo: Capítulo 59 (indefinido)

Sinopse: indefinido

Data de publicação: indefinida

Olá galera!! Tudo bom com você?! Espero que sim. Esse capítulo saiu mais rápido porque as ideias para o Tártaro estão fresquinhas, prontas para serem alinhadas. É interessante parar para ler as minhas anotações sobre o arco do Tartaro, pois eu venho fazendo desde o inicio da fanfic, mas agora eu vejo o quanto as coisas mudaram. Só para vocês terem uma ideia, inicialmente a ideia seria os 5 lendários no Tártaro com armadura divina enfrentando deuses primordiais para libertar Atena do deus Erebos (risos).

Amém Atena por não permitir que eu fizesse uma coisa dessa (risos).

Como vocês já sabem, a critica de vocês é sempre bem vinda e fundamental para a história. Motiva bastante a escrever e caprichar. Estou bastante empolgado com esse novo e ultimo arco.

Beijos e abraços.



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