A Saga de Ares - Santuário de Sangue escrita por Ítalo Santana


Capítulo 64
Capítulo 59 — Aquele que alcança o nível de um deus


Notas iniciais do capítulo

Enquanto Hyoga é sepultado ao lado de sua mãe, a deusa Eos revela a Hilda uma profecia incerta que provavelmente escreverá os próximos capítulos da humanidade. No Tártaro, Shun assume a batalha contra Ápis de Touro, disposto a liberta-lo da estrela maligna que o força a ser um espectro, mas o confronto vai além do que esperavam e um poder antigo e poderoso é novamente despertado por Shun. Faltam 4 dias para a grande batalha final.



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Capítulo 59 — Aquele que alcança o nível de um deus


Grécia — Santuário — Manhã do 5º dia

O céu se distorceu abrindo uma fenda que cuspiu um corpo envolto em água e luz e aterrissou no centro do coliseu com um forte impacto, dispersando os aspirantes a combatentes que estavam treinando naquela manhã. Ao irem checar o que havia causado aquela colisão, viram um corpo caído tentando se erguer em uma cratera. Assustados ao reconhecerem o recém chegado, alguns recuaram para as arquibancadas, e outros se escolheram nos cantos da arena.

Ares estava lá, ferido, arfando, com dificuldade para se levantar e derramando seu sagrado ikhor diante dos soldados, cavaleiros e berserkers curiosos. A lança sangrenta em sua mão direita vibrou, mas o deus da guerra a segurou com firmeza.

— Não. — sussurrou entre os dentes. — Não se revele aqui diante deles. — E parecendo compreende-lo, a lança voltou a ficar inerte.

O deus tentou se levantar, cambaleante, e um dos soldados, talvez querendo se aproveitar da situação para bajular o deus, correu até ele para ajudá-lo a se levantar, mas o cosmo de Ares o repeliu no momento em que o deus proferiu um grito de fúria, ódio e indignação, despedaçando o corpo do soldado em carne e sangue, e arremessou todos os outros contra as arquibancadas e paredes do coliseu.

Ele se ergueu apoiado na lança, emanando um cosmo tenebroso e violento, deixando todos paralisados e aterrorizados. Seus músculos tremiam com espasmos, e seus cabelos colados em sua testa estavam sujos de suor, água e sangue. A expressão do rosto de Ares era uma mistura de enraivecimento e frustração. Ele se sentia humilhado. Esteve tão perto de conseguir o seu objetivo, mas foi impedido e cuspido para fora de Atlântida.

Ele levantou o rosto para o céu, mas a luz do sol o cegou. Sua mente logo o levou para o Olimpo. Apolo com certeza estava observando aquela cena. Ele sentia o deus do sol inclinado, sentado no trono, rindo do seu fiasco. Isso o enraiveceu ainda mais. Segurando a lança com firmeza, o deus cortou o ar e um ataque em meia lua foi disparado contra um grupo que o observava. Os combatentes, alguns do seu próprio exército, foram partidos ao meio e tombaram mortos. Assustados e despertos, alguns berserkers e cavaleiros conseguiram correr antes do deus desferir novamente um segundo ataque de fúria, matando outro grupo que não conseguiu sair da mira do deus a tempo.

O Coliseu agora estava quase vazio. Só restava Ares, os mortos e poucos curiosos que o olhavam de longe, escondidos atrás das colunas. O Santuário agora já se encontrava em alerta. A notícia de que o deus da guerra havia regressado de Atlântida e estava tendo um excesso de fúria, rapidamente se espalhou.

Instantes depois um raio rubro desceu próximo a ele, e surgiu Dionísio, que carregava Draco ferido apoiado em seu ombro. O deus do vinho soltou o deus dragão e foi até Ares, observando os corpos despedaçados espalhados pela arena.

— Você precisa se controlar. — disse o deus, expelindo do seu cosmo uma fragrância embriagante que entorpeceu o deus da guerra.

— Me deixe, Dionísio! — protestou Ares, agora quase sem forças.

— Para você sair por ai matando todo mundo até se acalmar? Não mesmo. Você logo terá outra batalha. Deve se recompor e se preparar. E vai precisar de um exército inteiro. — o deus estendeu a mão. — Vamos para o templo.

Ares tocou na mão do amigo, e eles sumiram se teletransportando, voltando a aparecer no centro do Grande Salão. Phobos, que descansava no trono após os acontecimentos na Dinamarca, saltou do trono ao avistar o deus da guerra ensanguentado.

— Chamem Afrodite e as damas de companhia! — ordenou Dionísio para os soldados berserkers que faziam a guarda do salão.

Uma das portas laterais se abriram e Anteros apareceu andando apressado.

— Senhor Ares!

Ao avistar Anteros, o deus da guerra se desvencilhou de Dionísio e avançou contra o deus, agarrando-o pelo pescoço e o encurralando suspenso na parede.

— Seu verme covarde!! Você abandonou o campo de batalha sem a minha autorização!! Quem ordenou que você recuasse?! QUEM ORDENOU?!

— Senhor...

— QUEM ORDENOU?! — gritou o deus. Sua mão estrangulava Anteros sem piedade.

— Nin-Ninguém... Senhor. Mas... Eu... Não tinha... Chances. Poseidon... ajudou... Tri-Tritão.

— Você se acovardou!! Teve medo de morrer e por isso recuou! Seu mal exemplo foi seguido pelos berserkers que logo depois também recuaram! Deveriam ter ido até Atlântida no meu primeiro sinal de invasão!! Deveriam ter parado de brincar com os marinas!! DEVERIAM TER MATADO TODOS ELES SEM MISERICÓRDIA!! Agora Poseidon e seu exército devem estar zombando de nós!! O OLIMPO ESTÁ ZOMBANDO DE NÓS!! Agora devem estar apostando na vitória de Atena. Se você não consegue atuar como um deus a serviço da guerra, então talvez eu deva rebaixa-lo a um espirito da guerra assim como eu fiz com Pólemo. — com a outra mão, Ares encostou a ponta da lança no peito do deus.

Os olhos de Anteros se arregalaram, tomados por medo.

— Senhor... A-Ares... Eu lhe peço... Pi-Piedade!!

— Você já falhou demais comigo, Anteros!! Ainda maculou o meu exército para seguir os mesmos passos medrosos que você.

— Você já deve ter esquecido do tipo de deus que Anteros foi no passado, Ares. — disse Dionísio calmo, apesar do momento de tensão. — Rebaixa-lo a um Espírito da Guerra não vai mudar a natureza interior dele.

— Tem razão. Talvez ainda tenha resquícios da sua antiga essência. — disse Ares com repugnância. — Vestir uma Onyx e ocupar uma posição na corte da guerra não foi suficiente. Fui tolo em achar que seria. Devia ter expurgado essa parte da sua existência. Essa fraqueza.

— Mas agora é tarde. — disse Phobos, pela primeira vez. Ares olhou para ele como se tivesse percebido a sua presença naquele momento. — O senhor poderia acabar danificando a alma ele permanentemente.

— Uma punição deve ser aplicada para servir de exemplo para os demais!! — disse o deus ainda furioso

— Então puna os seus bersekers. — disse Afrodite, entrando no salão.

A deusa tocou na mão em que Ares segurava a lança apontada para o coração de Anteros, e a abaixou.

— Afrodite!!

— Anteros me contou o que houve lá. Não tinha como ele vencer Tritão, que estava contando com a ajuda dos oceanos e do próprio Poseidon. — disse a deusa, com expressão passiva e de beleza esculpida. — Já os seus bersekers, eles recuaram porquê perderam as marcas que davam a eles acesso a Atlântida sem sofrerem com o ambiente. Agora, solte-o Ares. Não canalize a sua ira para um dos seus mais importantes subordinados.

Relutante em dar razão a deusa, seus braços tremiam tentando conter a sua raiva. Percebendo essa relutância, Afrodite tocou em seu braço com um pouco mais de pressão, até que o deus relaxou o braço, soltou Anteros e se afastou.

— Eu estive perto, Afrodite. — disse indignado. — Perto de obter uma arma que não só iria me garantir uma vitória contra Atena, mas também contra qualquer outro exército que se levantasse contra mim.

— Mas você não obteve. E agora tem que se preocupar com o retorno de Atena. — disse a deusa.

— Quantos dias faltam? — perguntou Ares.

— Quatro dias. — respondeu Phobos.

— Ordene então o início da fase de “seleção” .

— Vai mesmo fazer isso?! — perguntou Dionísio com tom de reprovação. — Será um derramamento de sangue sem limites. Eles... Não terão chances.

Ares virou para o deus.

— Eu sei!! E é isso o que eu quero. Phobos!

— Darei a ordem agora mesmo, senhor.

— Não faça isso Ares...

Mas o deus ignorou os protestos de Dionísio.

— Enquanto isso irei descansar. — disse caminhando para o corredor na lateral do grande salão. Afrodite o acompanhou e fechou a porta, deixando para trás Dionísio, Phobos e Anteros, que permaneceu no mesmo lugar em que Ares o largou.

— Qual o intuito de recrutar jovens agora? — perguntou o deus do vinho.

— Em uma guerra, jovens são recrutados para formarem as primeiras fileiras. Isso também irá diminuir a morte dos bersekers e soldados originais. — respondeu Phobos. — E Dionísio... Talvez você queira visitar a prisão do Santuário depois. Temos um novo hospede lá. E ele conhece você.

O deus do medo saiu do grande salão, fechando a porta com ímpeto.

— Um novo hospede? Mas quem?

— O Cavaleiro de Ouro de Leão e um Cavaleiro de Bronze. — respondeu Anteros, retomando a postura. — Phobos os capturou hoje de manhã. Estavam escondidos com outros cavaleiros que conseguiram fugir.

— Jake...

Anteros lançou um olhar de desconfiança ao ver um filete de preocupação nos olhos do deus do vinho.

— Você realmente é apegado aos humanos.

— Assim como você um dia também foi. Antigo deus do amor não correspondido, a contraparte de Eros. Você foi um dos quatro principais Erotes a serviço de Afrodite.

A face de Anteros se moldou em ira.

— Não respondo mais por essa posição!!

— Eu lembro que antes de você se tornar apenas o deus da manipulação, você tinha um belo par de asas e era armado com arco e flecha.

— Já chega!! — os olhos prateados de Anteros brilharam.

— Se engana quem acha que as faces do amor são belas. — o deus deu as costas e se retirou do salão.

—...—


Sibéria — Geleiras eternas do Oceano Ártico — Manhã do 5º dia

Um pilar de luz azul desceu sobre a grossa camada do mar congelado e dele surgiu um homem de longos cabelos rosas e olhos dourados, trajando a escama dourada de Lymnades e carregando o corpo morto de Hyoga nos braços. Ao lado dele, flutuando, estavam a armadura de ouro de Aquário, que emitia uma ressonância de baixa frequência, e a armadura de bronze de cisne, mas ela estava incompleta. Lhe faltava o elmo.

Breda, o general marina do Oceano Antártico, percorreu os olhos por toda a extensão branca e fria. Estava tudo coberto por uma grossa camada de gelo e neve. Uma forte tempestade de neve o empurrava e agitava seus cabelos. Com passadas fortes e firmes, ele caminhou alguns metros até chegar em uma área rodeada por gigantes geleiras, que juntas, formavam uma extensa muralha de gelo.

— A arma de Libra me orientou a traze-lo aqui, e por algum motivo as suas armaduras me acompanharam e parecem lamentar a sua morte. — disse Bedra — Você possui armaduras fieis, Hyoga. Companheiras até mesmo depois da sua morte. Talvez tenha algo nesse lugar que sirva de razão para ter que traze-lo aqui.

— É onde a mãe dele descansa. — disse um homem que caminhava esforçadamente lutando contra a tempestade congelante.

Ele estava fortemente agasalhado com um grosso casaco de pele marrom que o cobria da cabeça aos pés. Ao se aproximar, ele abaixou o capuz com a mão livre, revelando olhos azuis, cabelos curtos avermelhados e o nariz rosado devido ao frio. Na outra mão ele trazia o elmo da armadura de cisne.

— E quem é você? — perguntou o general.

— Jacob. Sou um velho amigo do Hyoga. — disse com uma expressão triste, vendo o amigo sem vida nos braços do general.

Os olhos de Bedra avistaram o elmo de cisne.

— Apareceu diante de mim. — adiantou Jacob, antes que o general formulasse alguma pergunta. — Eu estava no meio de uma refeição com a minha família quando... O elmo apareceu. — Jacob olhou para a peça da armadura e seus olhos se encheram de lagrimas. — Na mesma hora o meu coração ficou apertado. Eu entendi de imediato porque o elmo estava ali diante de mim. Em um rápido instante, eu tive a impressão de senti-lo chorar. E quando eu o toquei... Apareci aqui e vi você chegando com o corpo dele.

— Você é um ex-cavaleiro ou um aspirante?

— Não senhor. Eu... Eu sou apenas uma pessoa comum. Amigo de Hyoga. O senhor... — Jacob olhou para o traje dourado de Bedra. — É um dos doze cavaleiros de ouro?

— Não. Eu sou um dos sete generais do mar a serviço do Imperador Poseidon. Sou Bedra de Lymnades. — Jacob deu um passo para trás quando o general citou o nome de Poseidon. — Vejo que apesar de ser uma “pessoa comum”, você conhece um pouco sobre o mundo dos cavaleiros e reconhece que naturalmente eu seria um inimigo. Mas não se preocupe, rapaz. Não estou aqui como inimigo e tão pouco fui o executor. O Hyoga... Ele não morreu lutando contra o meu imperador. Ele morreu enfrentando uma deusa maligna.

— E ele venceu? — perguntou Jacob entre lagrimas.

— De forma gloriosa, pelo o que fiquei sabendo. Ele deu tudo de si pela humanidade. Foi um grande cavaleiro até o seu último suspiro. — disse o general, olhando para o rosto sereno de Hyoga. — Você disse que as armaduras me acompanharam até aqui por causa da mãe dele... Mas porquê?  

— Ela morreu exatamente aqui, quando ele era criança. O navio em que eles estavam afundou. Ele foi salvo, mas ela...

Bedra deu alguns passos, se distanciando, e elevou o cosmo. O calor da sua energia varreu a camada de neve ao seu redor, revelando a grossa camada de gelo debaixo dos seus pés.

— E o corpo dela permanece aqui?

— Sim. O navio costumava ficar no topo de um penhasco submarino, mas o mestre do Hyoga afundou o navio até as profundezas para que ele não voltasse a visitar a mãe, e assim pudesse se desapegar dela.

— Compreendo. Então talvez... Talvez eu deva leva-lo para junto dela.  Ele... Ele merece isso. Você sabe em que parte do navio ela está?

— Apenas sei que ela está em um quarto. Deitada. Graças a temperatura da água e o cosmo de Hyoga, o corpo da senhorita Natássia ficou conservado por todos esses anos. Ele não quis tira-la de lá para que pudesse manter a beleza da mãe.

Bedra olhou para Hyoga com admiração.  

— Darei a ele esse regalo. — o gelo se despedaçou e se desfez abaixo de Bedra, mas o general permaneceu flutuando sob as águas geladas. — Irei sepultá-lo pessoalmente.

Lentamente o general imergiu, afastando a sensação térmica da água com o calor do seu cosmo. Nem mesmo a forte correnteza, a qual um dia quase arrastou o jovem Isaak para a morte, era obstáculo para ele. Com tranquilidade e suavidade, ele passou pela poderosa corrente marítima, a qual desviava dele devido a sua autoridade como general do reino de Poseidon. Bedra desceu até as profundezas do oceano, onde encontrou um velho navio castigado pelo tempo em meio a escuridão da fenda onde ele caiu.

Através de uma abertura lateral no casco, Bedra adentrou na embarcação e seguiu por um longo corredor, até que avistou uma porta aparentemente mais conservada que as demais. Havia algo ali. Um pequeno resquício de cosmo que preservava o lugar.

Com seu poder psíquico ele abriu a porta e entrou no quarto, avistando uma linda mulher, de longos cabelos loiros, deitada na cama com seu vestido branco ‘esvoaçante’ devido ao movimentar da água. Ao redor dela emanava um singelo cosmo. O mesmo fraco cosmo que Bedra havia sentido antes de entrar. Aquilo era resquício de amor. O cosmo pertencia a Hyoga, que por tanto amar a sua mãe deixou um pouco da sua energia após incontáveis visitas para lhe trazer flores, as quais também permaneciam conservadas através do cosmo.

— Vejo que você realmente cuidou dela após se tornar um cavaleiro. Um humano comum jamais passaria pelas correntezas ileso. Isso é admirável, Hyoga.  pensou o general. — Você não esqueceu da sua mãe mesmo após ter alcançado um grande nível de poder. Honrar os pais, em dias de tristeza e em dias de gloria, é o certo a se fazer. Mesmo não sentindo mais o abraço caloroso dela...  um filete de lagrima se misturou com a água gélida e salgada. — Você não a esqueceu, e continuou a ama-la cada dia mais.

O cosmo de Bedra se elevou e envolveu o corpo de Natássia, afastando-a um pouco, e o corpo de Hyoga que foi posto deitado ao lado da mãe.

— Hyoga... O pouco de cosmo que aqui restou, cedo ou tarde irá se apagar devido a sua morte. Contudo... — Bedra ergueu o braço direito elevando seu cosmo, e um fino manto de cosmo caiu sob Hyoga e Natássia. — Enquanto eu viver, conservarei você dois. Descansem em paz.

Na superfície, Jacob contemplou o cosmo de Bedra brilhando debaixo da água e subindo ao céu, misturando-se com a aurora que estranhamente dançava próxima demais das geleiras.

Minutos depois o general emergiu e viu duas urnas de armadura ao lado de Jacob.

— As urnas vieram até elas. — explicou Jacob, chorando, com a cabeça erguida para a aurora. — Devem ter sentido que as armaduras estavam danificadas.

— A armadura de ouro de Aquário... Ela não para de emitir essa ressonância.

— É mais do que uma despedida. É um lamento que está chegando para todos os amigos. Os asgardianos no extremo norte... — disse apontando para a aurora enviada por eles. — e os guerreiros azuis no leste da Sibéria... — Jacob estendeu a mão e um floco de neve em formato de cristal perfeito pouso em sua palma. — Todos eles estão ouvindo essa lamúria e participando da despedida.

— E quanto as armaduras... O que fará com elas?! — perguntou Bedra.

 Levarei a urna de cisne até topo da geleira de onde um dia ela foi removida. Ela precisa voltar ao seu lugar de origem até que outra pessoa qualificada surja para usa-la.

— E quanto a armadura de ouro?

— O correto seria leva-la ao Santuário, mas...

— Eu cuido dela. — respondeu outro homem, de longos cabelos negros, surgindo em meio a um turbilhão de vento e neve.

Ele não parecia ser da região. Seus trajes eram impróprios para aquele lugar. Ele usava uma roupa casual chinesa e trazia uma espada dourada na mão. E assim como Jacob, ele estava com os olhos inundados em lagrimas.

O general estreitou bem olhos para ver que não se tratava de alguém presente de corpo e alma, mas sim de uma projeção cósmica muito poderosa.

— Você o trouxe até aqui... — disse com os olhos marejados. — Não imagino um sepultamento mais adequado para ele.

— Você é um cavaleiro? — perguntou Bedra.

— Sou Shiryu, o Cavaleio de Ouro de Libra.

Houve um toque de surpresa na expressão de Bedra.

— Meus pêsames pelo seu companheiro. Suas armas de libra me orientaram a trazer o Hyoga para junto de sua mãe. — disse o general, olhando para a espada dourada que havia levado o espirito de Shiryu até ali. — Você disse que ficará com a armadura de ouro. Quer que eu a leve até você?

— Não precisa. Guiarei ela até onde estou. General... Apesar de sermos guerreiros de lados opostos, admiro a sua conduta e seus esforços por trazer Hyoga até aqui. Poseidon ajudou os cavaleiros de Atena na última guerra santa contra Hades, e ainda somos gratos ao seu Imperador por isso. Agradeço por sua consideração.

— Não precisa agradecer, Libra. — disse o general. — Mas já que está aqui, vou lhe informar sobre o que houve em Atlântida. Você precisa saber. — após alguns minutos de conversa, Bedra terminou seu relatório, que foi pacientemente ouvido por Shiryu. — Agora tenho que ir. Sinto que brevemente iremos nos ver. — disse elevando o cosmo.

— Mais uma vez, obrigado.

— Até a próxima.

— Até!

Seu cosmo subiu ao céu e ele desapareceu.

— E você... Você deve ser o Jacob, correto? — a projeção cósmica de Shiryu começou a desaparecer, ficando cada vez mais transparente. — Hyoga me falou de você. Cuide do tumulo dele e proteja a armadura de bronze. Ela também o protegerá.

A projeção de Shiryu desapareceu e a urna de Aquário subiu ao céu como uma estrela cadente indo até Rozan.

...


Palácio de Asgard — extremo norte da Sibéria

No terraço superior do palácio, a deusa Eos estava encostada no parapeito com os longos cabelos dourados esvoaçantes e a mão estendida para o alto. Da palma da mão fluía um jorro de luz que subia ao céu como um véu e dançava no alto formando uma aurora que se espalhava por todo o extremo norte, se misturando com a ressonância tristonha da armadura de ouro de aquário que chegava até ali.

— Os ventos de Asgard castigam a pele, senhora Eos. — disse Hilda se aproximando. Ela vestiu a deusa com um casaco de pele de urso por cima do vestido de seda violeta. — Tem certeza que a senhora não quer ir até lá?

Eos balançou a cabeça afirmando.

— Não seria uma atitude inteligente. Os olhos do Olimpo devem estar voltados para lá. Eles estão cada vez mais atenciosos com o que está acontecendo na Terra. — a deusa alisou a barriga. — Não posso correr o risco. Se Apolo ou qualquer outro Olimpiano souber... O nascimento de um semideus ultimamente é visto como um mal presságio devido a uma recente profecia. Desde então Apolo se tornou mais cauteloso.

— Mas porque isso preocuparia Apolo? Ele também não é o deus da profecia?! Não teria sido ele o próprio autor dela?!

— Apesar de Apolo ser o deus da profecia, ele não tem controle sobre todas. Entenda que uma profecia não surge apenas porque Apolo quer. É algo muito mais natural e involuntário, como o batimento cardíaco. Por trás de tudo isso existe uma força maior chamada de “destino”, e é essa força que lança essas profecias de acordo com o que vem acontecendo no mundo. Tudo para poder estabelecer um equilíbrio. Os deuses se gabam por terem o poder de controlar o destino da humanidade, mas se tem uma coisa que a maioria não admite, é a de que as vezes a ordem natural do universo também sentencia os deuses a um destino através das profecias, e eles tentam de tudo para mudarem o destino sentenciado.

“Apolo é apenas um canal dessas profecias para o mundo. Dele sai a mensagem bruta e cabe as pitonisas, que são suas sacerdotisas, a traduzirem essa mensagem. Apolo está tentando esconder a profecia referente ao nascimento de um semideus. Poucos sabem a respeito. E eu sou uma entre esses poucos. A profecia diz que:

“Da união proibida nascerá aquele capaz de destronar a ordem e erguer a harmonia. O sol se apagará e as árvores não mais sussurrarão a brisa de um futuro incerto. Sangue quente como brasa será derramado para que sirva de pilar de uma nova era de ouro. Nesse dia se ouvirá apenas melodias sendo tocadas em uma carruagem escaldante."

— E o que exatamente isso quer dizer? — perguntou Hilda, confusa. Para ela as palavras não tinham significado coerente.

— As profecias não são exatamente claras quando são transcritas.  Cada palavra ou frase remete a algo, alguém ou a algum acontecimento isolado. Inicialmente as profecias são como uma joia bruta que precisa ser lapidada, até se tornarem compreensíveis. Caso contrário, a profecia terá cada vez mais significados dúbios, levando a uma interpretação totalmente errada que culmina em um desastre. — explicou Eos. — Mas Apolo se quer permitiu que as pitonisas trabalhassem na profecia. Ele mesmo se encarregou disso e agora tem sua própria interpretação.

— A situação então é bem mais grave do que eu poderia imaginar. Talvez tenhamos que enfrentar uma guerra maior e mais dura do que essa contra Ares. — disse Hilda, reflexiva. — Mas a senhora sabe que pode ficar aqui o tempo que precisar.

— Agradeço pela sua hospitalidade Hilda, mas Asgard é a terra dos deuses nórdicos. Minha presença prolongada aqui afetaria minhas condições.

— E para onde a senhora vai? — perguntou Hilda, preocupada.

 Chamei um dos meus filhos. Irei para o extremo Oeste. Para o palácio de Zéfiros. O deus do vento Oeste. Ele é o único dos cinco principais deuses dos ventos que não é subordinado de Apolo ou do Olimpo. Eolo e toda a Eolia respondem as vontades do deus do sol.

— E quanto a criança? A barriga já está em avançado estado de gestação. Mesmo a senhora estando grávida apenas a poucos dias.

— A gestação de um deus é diferente da dos mortais. Podemos passar anos, meses, dias ou apenas horas. Assim como o crescimento após o parto também pode ser diferente. De qualquer forma, serei bem cuidada por Zéfiros. Agradeço por sua preocupação, Hilda.

—...—


Jamiel — Fronteira entre a China e a India — Manhã do 5º dia

— Senhor Asterion?! — disse Miguel, o cavaleiro de prata de Cães de Caça, surpreso ao ver seu mentor.

— Olá Miguel! Faz tempo que não nos vemos. Vejo que concluiu com sucesso o seu treinamento. A armadura lhe caiu bem.

— Obrigado, mestre.

— Asterion... — interrompeu Kiki, analisando-o com estranheza. — Ele está vivo... — pensou Kiki, que até então não sabia sobre Asterion estar vivo, muito menos que havia sido o mestre de Miguel, então concluiu que isso fosse mais um dos segredos do Grande Mestre. — Acho que temos muito o que conversar.

— Com certeza. Podemos entrar?

Kiki olhou bem para o grupo. Alec, Jabu e Shina estavam logo atrás. Então ele se afastou, sinalizando que Asterion e os demais poderiam passar. Shina foi a última.

— Onde está Marin? — perguntou ela, ao notar a ausência da companheira entre os rostos curiosos que haviam ido recebe-los.

— Está lá em cima. Descansando. Infelizmente ela ficou bastante ferida no combate que teve aqui em Jamiel. Com certeza ela vai querer vê-la... Miguel! Cumpra a minha última ordem e vá até Johan. Convença-o a descer. Aproveite e acompanhe Shina até Marin.

 — Sim senhor.

Shina e Miguel, acompanhados por um dos Taonias e por Marcel de Perseu, atravessaram a sala e subiram as escadas, deixando para trás o início de uma longa e minuciosa conversa entre Asterion e os outros. Asterion revelou e explicou, em um resumo superficial, tudo o que eles deveriam saber. Contou como sobreviveu depois de lutar contra Marin, explicou uma parte do que o Grande Mestre arquitetou e narrou o que houve na Dinamarca com a infeliz chegada de Phobos.

Ao terminar de falar, todos os observaram com uma expressão de assombro. Era um plano muito meticuloso sendo resumido da forma mais coerente possível. Eram tantos detalhes que algumas vezes Asterion se perdia e pausava para explicar outros pontos importantes que ele havia deixado passar, ou se interrompia quando estava prestes a falar algo que não deveria.

Por fim, o assunto colocado como urgente era o que envolvia Phobos.

— De acordo com o seu relato, ele demonstra traços de impaciência, insanidade e agressividade. — disse Suzaku, uma das quatro deidades de Senkyou.

— Ele é um dos filhos de Ares. O que esperavam?! — disse Jabu, com a voz aborrecida.

Ele ainda sofria pela “morte” de Nachi de Lobo. Apesar do amigo ter se sacrificado para salvar o grupo, ninguém prestava condolências. Não pareciam se importar. Nem com Nachi e nem com Plancius de Coroa Boreal, que foram totalmente esquecidos por Asterion ao relatar o ocorrido das últimas horas. Como não eram cavaleiros de ouros ou lendários, ninguém se importava.

Do seu grupo, ele foi o único que restou. Ichi, Geki, Ban e agora Nachi. Todos mortos. Seus olhos queimaram e se encheram de lagrimas. Discretamente, achando que ninguém estava lhe observando, ele enxugou os olhos antes que as lagrimas rolassem e o denunciassem, mas havia alguém atento a ele. Ali, encostado na parede, olhando sigilosamente, Shalom o compreendia e o acompanhava silenciosamente em sua dor.

— Mas ele não costumava ser assim. — disse Alec de Lagarto. — Eu conheci Phobos pessoalmente e garanto que ele está mudado. Ele era um deus mais pacífico se comparado aos demais que acompanham Ares. Também era minucioso e astuto. Aquela atitude dele se assemelha muito ao seu irmão, Deimos. Ele foi demasiadamente impulsivo e violento.

— Talvez... — começou Shalom, em tom sugestivo. — A atual situação tenha feito o deus perder a postura. Até agora as investidas de Ares vem sendo frustradas. Uma após a outra. Isso causaria inicialmente um desconforto, mas chegaria a um ponto, como agora, que bateria o desespero por causa da constante falta de sucesso. Diante disso, manter a cautela talvez não seja mais conveniente. Ele está partindo pra força bruta.

— Faz sentido. — concordou Kastor. — Ares não conseguiu qualquer vitória plena até agora. E apesar do Grande Mestre ter previsto que o esconderijo da Dinamarca poderia ser encontrado pelo exército de Ares, a forma como o exército agiu quase resultou em uma conquista concreta. Talvez ele passe a tomar decisões semelhantes de avanço. É preocupante. Não acho que ele vá descansar até captura-lo. — disse olhando pra Asterion. — Se Ares colocar as mãos em você... Todo o plano de Delfos será revelado. Não conseguirá bloquear os seus pensamentos para sempre. Phobos arrumará meios de tirar as informações de você.

— Se Phobos está tão decidido assim a tê-lo, não é arriscado mantê-lo aqui também?! — perguntou Suzaku.

— Não se preocupe quanto a isso. Tenho meios para manter tudo o que eu sei guardado na minha cabeça. — garantiu Asterion.

— Mesmo assim... — disse Suzaku, pensativa. Ela virou-se para Kiki, que estava perdido em seus pensamentos. — Kiki?! O que acha?! Não seria melhor leva-lo para Senkyou também?!

Sendo puxado de volta para a realidade, Kiki se viu rodeado por olhos curiosos por uma resposta. Apesar de estar com o pensamento longe, cada palavra estava sendo absorvida e calculada em sua mente, mas antes que ele pudesse falar alguma coisa, Jabu passou por ele furioso.

— Então está dizendo que o Nachi se sacrificou em vão? — perguntou ele para Asterion, entrando no círculo e ficando frente a frente com o antigo cavaleiro de prata, para a surpresa de todos. — Está dizendo que tem “tudo sob controle” e que poderia ter sido você e não ele a se sacrificar? Você é um covarde! Eu já estou cansado disso! Jake pelo visto tinha razão. Você e Delfos estão abusando da gente. Você principalmente. Se acovardou atrás da importância de conhecer todos os planos, e agora se acha mais importante que os outros. Mas deixa eu lhe dizer uma coisa... — disse segurando na camisa de Asterion agressivamente. — VOCÊ NÃO É!! VOCÊ NÃO É MAIS IMPORTANTE QUE NENHUM DE NÓS AQUI!! AGORA ME DÊ UM BOM MOTIVO PARA NÃO DAR UM SOCO NA SUA CARA, SEU COVARDE!!

— Jabu... — Kiki segurou no braço do cavaleiro de unicórnio, mas ele encarou Asterion por mais alguns segundos, até que se afastou e depois saiu do palácio.

Os olhos de Kiki miraram Shalom, que compreensivelmente acenou com a cabeça e saiu para ir atrás de Jabu. Ficou um clima constrangedor e pesado, até que Kiki falou.

— Bem... Sobre manter Asterion aqui ou em Senkyou... Antes de eu retornar para Jamiel, o Grande Mestre me disse que: “um dia Jamiel servirá como refúgio, mas não apenas para as armaduras”. Talvez ele estivesse se referindo a esse momento. Todos estão chegando aqui procurando um abrigo seguro para poderem esperar pelo retorno da deusa. Sendo assim, vamos proteger a todos que aqui chegarem. Iremos reforçar as defesas e vigílias. Até o grande dia, é provável que outros cavaleiros cheguem aqui.

— Mas também está disposto a mandar três cavaleiros para Senkyou. — disse Marin, arisca, descendo as escadas acompanhada por Marcel de Perseu e Shina, que haviam ido buscar a amazona de águia. — Asterion...

O antigo cavaleiro de prata se afastou do grupo e deu alguns passos à frente para cumprimentar a antiga companheira.

— Vocês são situações diferentes, Marin. — disse Kiki. — Você precisa se recuperar. Senkyou poderá lhe fornecer uma recuperação adequada. Acredito... — ele fez uma pequena pausa ao ver que um dos Taonias estava descendo as escadas acompanhando Miguel e Johan, que foi convencido a descer. O cavaleiro de corvo estava com os olhos vendados com faixas encardidas por ervas. — Acredito que vocês estarão em boa forma para lutarem ao lado de Atena. Você e Johan precisam se recuperar, e Ryuho precisa se aperfeiçoar com um treinamento. Não vejo razão para mantê-los aqui se posso oferecer algo melhor aos três. É o que desejo.

— Com certeza é o que todos nós desejamos. — disse Suzaku. — Kiki... Reforço que se precisar de algo, saiba que pode recorrer a nós. Os Taonias não se negarão a ajuda-lo.

— Obrigado.

—...—


Tártaro — Entrada do Castelo de Oberon

— Você ficou pra trás para poder conversar comigo?! — perguntou Ápis, recobrando a postura. — Não me faça perder tempo com diálogos, Andrômeda. Eu...

— Como, exatamente, o meu irmão foi morto por Ares? — perguntou Shun, firme.

Ápis enrugou o cenho, cerrando os olhos.

— E isso importa?!

— Apenas responda.

— O Fênix teve a cabeça arrancada e foi reduzido a cinzas pelas próprias chamas.

— Compreendo. — disse Shun, com um singelo tom de alívio.

Ele sabia que desde que os pontos estelares da constelação de fênix não fossem atingidos, Ikki voltaria a se erguer das cinzas quantas vezes forem necessárias.

— Mais alguma coisa que você queira saber?! — perguntou Ápis.

— Por acaso não consegue ler a minha mente?!

A pergunta de Shun pegou o antigo Touro desprevenido. De fato ele não conseguia. Havia um forte bloqueio, mas não era habilidade psíquica propriamente dita. Shun estava bloqueando a sua mente com o próprio cosmo, em sua forma bruta.

— É uma habilidade bastante rara e eu conheço apenas dois cavaleiros com tal capacidade. — continuou Shun. — Um deles teve o treinamento concluído por mim. O outro acreditava-se estar morto, mas na verdade esteve o tempo todo escondido e servindo o santuário secretamente. Ápis, assim como Miguel, você é discípulo de Asterion?!

— Bastante perspicaz, Andrômeda. Mas porque esperou seus amigos saírem para poder perguntar isso?!

— Se a existência de Asterion permaneceu em segredo por tanto tempo, então assim deve continuar até que o Grande Mestre diga o contrário. Nem mesmo Miguel me revelou sobre a existência do seu mestre. Apenas suspeitei devido a habilidade dele e depois tive a confirmação pelo próprio Grande Mestre. Ele só não me contou que Asterion também estava treinando um Cavaleiro de Ouro.

— Parece que até mesmo você também viveu períodos de omissão. — disse Ápis com tom de sacarmo. — Eu via o Grande Mestre chegar e sair quase todos os dias, mas eu não sabia quem ele era. E meu mestre nunca me falava do que se tratava aquelas constantes visitas. Sempre era um “assunto sigiloso do Santuário”. Quando terminei meu treino e recebi a armadura de ouro, fui enviado ao santuário com apenas uma orientação: “Seja lá quem for que esteja sentado no trono, veja como se fosse a própria justiça e obedeça sem duvidar. Não se rebele, faça o que mandar, até que seus olhos flagrem o retorno da deusa.”

— Mas você se rebelou antes. Não seguiu a orientação do seu mestre. Teimosia, falta de compreensão ou um aguçado senso de justiça?! Não importa. E na verdade eu fiquei aqui para liberta-lo desse mal que foi plantado em você.

Ápis riu.

— Você talvez se superestima demais, Andrômeda. Acha que consegue tirar de mim a benção imposta pelo senhor Oberon?! Para fazer isso, você precisaria ser um deus, mas apesar de alcançar o poder de um, você não é um.

O cosmo de Shun voltou a se elevar.

— Ser convertido em uma estrela maligna não é uma benção. Pelo contrário. É uma maldição. Você não consegue ver isso, pois a escuridão de Oberon cegou você.

— Não me venha com sermões, Andrômeda!!

O cosmo espectral de Ápis também se elevou, intensificando o brilho vermelho dos seus olhos, e ele avançou contra Shun de punho cerrado. Andrômeda se esquivou para o lado para que Ápis passasse direto, mas ainda assim o punho do Touro raspou em seu rosto, provocando um fino corte. Quase imperceptível se não fosse a sensação formigante do cosmo.

— Eu acertei você. — disse Ápis, virando-se com um ar de provocação.

Shun ficou surpreso.

— Ele conseguiu me acertar. Mas como?

Shun tinha certeza de que havia se movido tão rápido quanto Ápis. Rápido o suficiente para poder desviar sem ser tocado, mas algo aconteceu de errado.

Ele não sentia seu corpo pesado, então não era a pressão gravitacional gerada pelo Touro retardando seus movimentos como fez com Eros e Henry. Ápis também não podia ler sua mente para prever seus movimentos. Shun então desconfiou de que talvez fosse o ambiente do Tártaro interferindo em sua integridade.

— Esse golpe de raspão em seu rosto foi intencional. É apenas uma alerta para não me subestimar, Andrômeda. Mas o próximo golpe irá acerta-lo em cheio. Não tenha dúvida. — Shun virou-se para Ápis ainda sem entender o que havia acontecido. — Apesar da nossa diferença de poder, espero que você não se engane achando que não poderá ser derrotado.

Em resposta á Ápis, Shun segurou firme em suas correntes e elevou o cosmo. 

— Então venha! Defes-...

— Tarde demais!!

Nem se quer deu tempo para Shun erguer sua defesa. Ápis já estava diante dele e o acertou na barriga com bastante força, torcendo o punho e arremessando Shun contra a muralha, fazendo ele cuspir sangue.

Apesar do impacto, Shun se levantou de imediato em uma explosão de energia e partiu pra cima de Ápis. Ele o atacou com a corrente pontiaguda, mas o Touro desviou.

— Tolo! Ninguém pode fugir da minha corrente! Vá Onda relâmpago!

A corrente pontiaguda seguiu seu trajeto em ziguezague perseguindo Ápis, que desviava das investidas através da sua habilidade de caminhar nas sombras. Para surpresa de Shun, Ápis surgiu diante dele, cara a cara, mas a corrente pontiaguda brotou da fenda sombria em seguida. O Touro ofereceu seu braço esquerdo, onde a corrente se enroscou e ele a segurou, mantendo Shun preso a ele. E com o braço direito ele aplicou fortes socos consecutivos no rosto do Cavaleiro de Andrômeda, e por fim um soco em seu estomago, que o jogou para cima, Ápis então girou e chutou.

Shun foi arremessado, mas ele recobrou o equilíbrio ainda no ar e aterrissou sendo arrastado para trás pela força do golpe até parar cambaleando. Vendo que a corrente pontiaguda ainda estava presa no braço do Touro, Shun segurou na corrente com firmeza e puxou violentamente, trazendo o corpo de Ápis em sua direção, ao mesmo tempo em que cerrou o punho e avançou. Os punhos do Touro e de Andrômeda colidiram no ar, trincando a armadura na colisão e repelindo eles para trás, rasgando o solo.

— Olhando bem... Você não é grande coisa. — disse Ápis, pressionando os pés no chão para parar. — Mas talvez fosse mais interessante lutar contra o seu irmão. Apesar de ser forte, você não é tão bom em luta corporal. Assim como o Cavaleiro de Peixes. Quantos anos você passou treinando, Andrômeda? Todo esse tempo aprendendo técnicas de combate para depois se tornar um pacifista de armadura que vive na defensiva. Você apenas desperdiçou o tempo do seu tolo mestre que achou que seria prudente dar a você a poderosa armadura de Andrômeda. Você deveria ter passado a sua armadura para um dos seus discípulos.

Os olhos de Shun miraram Ápis.

— É verdade que eu não gosto de lutar. Prefiro não levantar meu punho contra o meu oponente. — disse ele, tirando as peças que protegem seus braços, ficando sem as correntes. — Mas existe determinadas situações em que eu não posso continuar me contendo, e tenho que abrir mão da minha pacificidade. Como agora. Eu não sei como você consegue me acertar ou acompanhar meus passos. — a expresso de Shun havia mudado. Ele estava sério. — Pois apesar de você ser um cavaleiro de ouro, nem mesmo a sua velocidade da luz seria suficiente para tanto, então vou precisar ser um pouco mais ofensivo.

Ápis arregalou os olhos surpreso. Havia poder fluindo através daquelas palavras.

— Não pode continuar... Se contendo?! Ser mais ofensivo?! Está blefando, Andrômeda!

— Será que estou?!

Shun retraiu os braços e em seguida os estendeu, repelindo do seu corpo todos os danos causados pelos golpes do renegado.

— Im-Impossível! — pensou Ápis, espantado. — Ele repeliu a força todos os danos.

— Por que você acha que eu hesito em machucar o meu oponente? Não é apenas por bondade. É porque eu sei que posso mata-lo. Eu tenho que controlar o meu poder constantemente, Ápis.  Se eu quisesse, você não teria se levantado após ter recebido o meu primeiro golpe. Mas com o passar dos anos eu fui percebendo que tentar chegar a uma trégua pacifica nem sempre é possível, e que insistir em algo pouco provável pode prolongar o sofrimento de pessoas inocentes. Desde então eu mudei meu modo de lutar.

— Que sensação estranha é essa que está tomando o meu corpo?! Seria... Medo?! O cosmo ao redor de Andrômeda mudou completamente. Seu cosmo está provocando em mim um pressentimento de perigo, despertando o desejo alarmante de correr ou me curvar. Seus olhos... Sua voz... Parece até outra pessoa. É uma imponência similar à de Phobos e Deimos... Não! Mas é bem próxima. Seu poder agora está em um nível acima do sétimo sentido. Esse homem... Ele realmente alcança o nível de um deus?!

— Eu vou lhe dizer uma coisa que não costumo abrir a boca para falar a ninguém, e tão pouco me orgulho do que vou dizer: Lutando com todas as forças, sem hesitar, eu sou o Cavaleiro de Atena mais poderoso. — o cosmo de Shun se elevou desprendendo o solo e provocando tremor. Ápis sentiu a pressão cósmica pesar em seu ombro. — As minhas correntes suprimem o meu verdadeiro poder, mas quando eu as perco... O meu cosmo explode sem limites. Sem restrição. — o cosmo dobrou de intensidade e irrompeu com violência, fazendo Ápis ser arrastado para trás enquanto se via obrigado a forçar os pés no chão para se segurar. — E tem mais uma coisa, Ápis, que eu quero que você nunca esqueça... — o corpo de Shun sumiu diante dos olhos atônitos do Touro e voltou a aparecer aplicando um chute no rosto do renegado, o lançando para o lado. — Eu não tolero que insultem o meu mestre!! Ele foi um homem integro que não curvou a cabeça para as ameaças do Santuário na rebelião de Saga, por isso... Não vou permitir que o difame.

Shun estendeu a mão e disparou uma onda de cosmo que se ergueu e avançou, desprendendo o solo e provocando fortes abalos. Ápis voltou a elevar o cosmo com ímpeto e estendeu as duas mãos para frente afim de deter aquela quantidade colossal de poder que estava avançando em sua direção como uma onda. As duas massas de cosmos então colidiram, mas o Touro foi sendo empurrado para trás. A sua defesa então trincou e seguiu se partindo até que seu cosmo foi sobrepujado pelo de Shun e a barreira explodiu.

Ápis foi pego em cheio. O Touro teve sua surplice severamente danificada, revelando um brilho dourado que até então estava oculto, e foi arremessado com violência, rasgando a terra escura e rochosa até parar na beira do rio flamejante.

Shun levitou suntuoso, com seus cabelos verdes agitados pelo intenso cosmo até chegar na margem do rio.

— Se não fosse esse resquício de integridade que ainda lhe resta... — disse olhando para o brilho dourado que fluía das rachaduras da surplice. — Você provavelmente estaria morto. Apesar de ter sido corrompido por Oberon, você ainda luta com a mesma perseverança que um cavaleiro de Atena, e está sendo protegido pela armadura de ouro de Touro, pois ela não desistiu de você.

— Não me venha com esse papo agora. — disse Ápis, cambaleando e cuspindo sangue. — Eu não fui treinado para desistir. Enquanto meu corpo se erguer, eu vou continuar a lutar.

— Pretende mesmo continuar com isso? Eu não vejo necessidade. Posso liberta-lo agora mesmo, se quiser. Mas se preferir tentar mais uma vez... Então venha, novamente. Não vou impedir um homem de lutar até esgotar as suas forças se assim ele quiser.

E assim como ele pediu, Ápis seguiu e saltou, desferindo um poderoso soco, mas que Shun parou com apenas um braço cruzado frente ao rosto e o empurrou para trás, de volta ao chão. Recobrando a postura, Ápis seguiu desferindo dezenas de milhões de socos na velocidade da luz, mas seus punhos foram barrados por um escudo cósmico erguido por Shun, que nem se quer moveu um músculo para interceptar os punhos furiosos do renegado.

— Sempre na defensiva, Andrômeda!! — gritou Ápis, saltando e dando um soco mais forte.

Mas o ataque não abalou Shun. Com um gesto apático, Shun repeliu todos os golpes desferidos por Ápis contra a barreira. Eram centenas de feixes de socos cruzando o campo em sentido contrário, atingindo Ápis um após o outro.

— Se não acha suficiente, então vamos para a ofensiva!

Shun anulou a barreira, pegando Ápis de surpresa, se moveu até o renegado e o segurou em seu punho, lançando ele contra um rochedo, que desabou em um estrondo. Se teletransportando, Shun surgiu diante de Ápis e aplicou um soco que obrigou o Touro a cruzar os braços frente ao rosto, e continuou a prosseguir desferindo outros socos e afundando Ápis cada vez mais na rocha. A potência do ataque gerava lampejos de cosmos que rompiam ao redor rasgando a planície.

Notando que estava sendo encurralado, Ápis desviou de um ataque através das sombras e surgiu pela lateral de Shun, mas Andrômeda seguiu seus movimentos e os dois ficaram entre trocas de socos e chutes. O combate estava em uma proporção tão poderosa, que o solo ao redor começou a ser esmagado com a pressão exercida pelo deslocamento do ar na medida em que se moviam. E apesar do desigual nível de cosmo, o Touro renegado estava acompanhando os movimentos do lendário e de alguma forma passou a “nerfar” os danos provocados pelos punhos de Shun.

Com o passar o tempo a igualdade da sincronia foi sendo deixada para trás. Shun sentia que apesar de todo o seu poder, ele estava ficando mais lento e os socos do Touro pareciam cada vez mais rápidos e mais fortes. Contudo, novamente Shun percebia que seu corpo estava normal, não havia pressão alguma limitando seus movimentos, ele se sentia leve, mas foi ao perceber isso que houve um estalo na sua mente como se uma peça se encaixasse com outra.

— Leve.  pensou Shun, lembrando do que havia dito a Henry poucos minutos atrás.

Ele lembrou que Apis não tem apenas a capacidade de retardada os movimentos do oponente, mas também pode acelerar a sua própria movimentação ao alterar a sua própria gravidade. Isso faria com que ele se tornasse mais leve e consequentemente mais rápido. E não era apenas isso. Os punhos dele estavam cada vez mais pesados, então isso significava que Ápis tinha a capacidade de controlar a gravidade livremente, com intensidades diferentes simultaneamente. Inclusive no seu próprio corpo, já que ele não conseguia afetar Shun devido a diferença de cosmo.

Ápis avançou para mais um golpe, mas agora Shun desviava sutilmente. E ao perceber a estranheza estampada no rosto do Touro, Shun explodiu seu cosmo gerando uma pressão intimidadora e avançou desferindo um soco no abdômen do renegado, forçando-o a se curvar e cuspir sangue.  

— Eu já entendi o seu truque.

— Como?!

Shun se afastou, estendeu a mão concentrando cosmo e disparou uma rajada poderosa e expansiva, girando de forma devastadora formando um turbilhão.

— Tempestade Nebulosa!

Vendo a imensa e turbulenta massa de poder vindo em sua direção, Ápis fez o seu cosmo explodir e disparou um potente e apressado Grande Chifre, mas não foi o suficiente. O controle gravitacional podia até burlar os danos físicos durante a troca de socos em uma luta corporal, mas na colisão de cosmo a diferença entre poderes era esmagadora e não tinha como ser burlada ou ele desviar a tempo.

Grande Chifre foi dissipado sem esforço, como fumaça diante de um furacão, e a rajada de cosmo envolveu Ápis, lançando ele contra a muralha novamente, a qual foi pulverizada.

— Ele... Ele é muito poderoso. — pensou Ápis, enquanto tentava se levantar e cuspia sangue. — Se não fosse a proteção da armadura de ouro... Eu teria morrido. O Grande Chifre só conseguiu retardar um pouco a Tempestade Nebulosa. Só que eu não posso perder. Mas.. Mas se continuar assim... Depois do próximo golpe não terei forças para me manter em pé. Vou precisar dar tudo de mim no próximo ataque.

— Vamos Ápis! Levante-se! — Shun voltou a levitar. Seus cabelos verdes se agitaram e seus olhos foram tomados por cosmo. — Se quer assumir a posição como uma estrela maligna, então precisa se levantar mais uma vez para perecer em nome do seu senhor.

— Irei me levantar quantas vezes for preciso, mas o próximo a cair... será você, Andrômeda!!

O cosmo espectral de Ápis se elevou com ferocidade. Através dele Shun podia ver a imagem de vultos volumosos, quadrupedes e com grossos chifres.

— São... Touros?! — pensou Shun.

— Esse será o meu último golpe. Minha última investida. Não queria chegar a esse ponto, mas também não posso hesitar. Não tenho escolha. Darei o meu melhor na minha técnica mais poderosa!!

—...—


Santuário — Vilarejo de Rodorio — Manhã do 5º dia

Uma cobra negra de olhos amarelos, e com mais de seis metros de comprimento, saiu da floresta serpenteando em direção ao que antes era uma bonita mansão de três andares, mas que agora estava em ruinas devido a um forte incêndio. Mas ela não estava só. Havia uma pessoa acompanhado a cobra. Seu corpo estava coberto por um manto escuro e apenas dava para ver seus cabelos vermelhos caindo sobre o peito.

Ambos pararam diante da casa. Uma parte do teto havia desabado, a faixada da residência estava carbonizada e a entrada estava obstruída por pedaços de madeira e tijolos.

— O mestre estava certo. Com certeza está lá dentro.  sibilou a cobra.

— Esse cosmo... É flamejante e poderoso, mas também é triste.

— Esse lugar também tem um pesado cheiro de morte. Tem sangue de inocentes espalhado por todo o campo. O que faziam aqui?

— O deus Enyalios vinha com alguns berserkers para praticarem diversões sórdidas com os jovens do vilarejo.

Por uma fração de segundos a cobra freou seus movimentos como se tivesse ficado surpresa.

Eles entraram na casa. Por dentro estava tudo queimado e revirado. A maioria dos moveis haviam sido reduzidos a cinzas. Não sobrou nada que desse para ser aproveitado. O interior da casa estava escuro, a pouca iluminação que chegava vinha da luz do sol que entrava pelas brechas do teto desgastado, e a casa rangia como se a qualquer momento fosse desabar.

A cobra se arrastou em meio aos destroços e subiu as escadas. O encapuzado a seguiu. A cada passo que dava, o degrau estralava e rangia. No meio do caminho ele parou. Havia marcas escuras e desbotadas na parede.

— Isso são... Marcas de mãos?!

Ele continuou o percurso até chegar em um longo corredor. Havia cerca de seis portas, três de cada lado, até o corredor se bifurcar para direita e para esquerda. A cobra seguiu se arrastando até parar diante de um quarto. A porta estava entreaberta.

— Tem certeza?

A cobra sibilou e balançou a cabeça confirmando. O encapuzado empurrou a porta e viu uma mulher de longos cabelos ruivo-castanhos ajoelhada no chão no meio do quarto destruído pelas chamas. Ao se aproximarem, viram que a mulher estava imóvel. Seus olhos estavam fechados, suas roupas queimadas e seu corpo estava cinzento, coberta de fuligem, como se ela estivesse ali sem se mover desde o dia do incêndio.

Perceberam também que ela estava segurando algo nos braços. Eram duas massas escuras e contorcidas, cada uma apoiada em um braço. Quando a luz do sol entrou por uma brecha e iluminou os braços da mulher, o encapuzado se assustou e deu passos para trás até se chocar com a porta, que bateu provocando um estampido. Eram duas crianças mortas, carbonizadas, sendo abraçadas. O barulho provocado pela porta fez a mulher despertar. A cabeça dela se ergueu e seus olhos se abriram em chamas, liberando ondas flamejantes que atingiram o encapuzado em cheio e o arremessou para o quarto da frente, atravessando a porta e o corredor.

A cobra, que havia recuado para um canto escuro para fugir do golpe da mulher, sibilou e se ergueu com os olhos amarelos brilhando.

— Senhorita Héstia! Não somos seus inimigos.

A mulher olhou para a serpente ainda com os olhos ardendo em chamas.

— Quem são vocês? — sua voz era grave e imponente.

O encapuzado entrou no quarto e tirou o manto que o cobria, revelando uma armadura prateada.

— Me chamo Dore, e sou o Cavaleiro de Prata de Cérbero.

— O que um cavaleiro de prata faz aqui? Phobos o enviou para confirmar se as crianças haviam morrido no incêndio?

— Não, senhorita. Nem mesmo sabia que havia sido ele o causador desse incêndio. Ou que ele tinha cometido um crime hediondo contra essas crianças. Também não faço parte do grupo de cavaleiros submissos a Phobos. Vim aqui a pedido do Senhor Asclépio.

As chamas nos olhos de Hestia se apagaram.

— O filho de Apolo?! O que ele quer?

— Ajuda-la, minha senhora. — respondeu a cobra. — Eu sou Piton, e viemos aqui como mensageiros. O Senhor Asclépio acha que a senhora precisa sair daqui e ir para um local seguro. Para a floresta sagrada de Atena. O Olimpo sabe que a senhora ajudou os cavaleiros de Atena, e talvez acusem a senhorita de traição.

A deusa fitou a serpente.

— O Olimpo?! Sou a deusa do lar. Proteger os humanos é a minha vocação natural. Uma função consagrada por Zeus. O Olimpo jamais iria se opor a mim porque cumpri com a minha função.

— Mas Apolo...

— O deus do sol não é um deus maligno como vocês pensam. — disse Héstia, com um tom rude. — Apolo é um deus sereno e benevolente. Inclinado sempre para a paz e pra a ordem. Asclépio teme o pai por causa da sua consecutiva desobediência.

— Perdão, senhorita. — sibilou Piton.

— Pedimos que pelo menos reconsidere a oferta de ir para um local seguro. Phobos também está cada vez mais instável. Se isso aqui foi provocado por ele, é só mais uma demonstração da sua insanidade. E agora Ares retornou ao Santuário. Faz pouco tempo. Ele tentou derrubar Atlântida, mas parece que não teve sucesso. O senhor Asclépio acha que a senhora possa estar correndo perigo. Desconfia que Ares e Phobos possam montar um cerco para encurralar a senhorita.

— Não temo o exército de Ares. — respondeu Héstia, entre dentes, segurando com mais firmeza os corpos carbonizados que ela trazia nos braços.

— Peço que seja compreensiva com a situação, senhoria Hestia.  Suplicou a cobra. — Cedo ou tarde Ares virá até a senhora. Ele não está poupando nenhum aliado de Atena. Sabemos que a senhora não tem medo dele, mas... Um confronto dessa magnitude, logo agora que faltam poucos dias para o retorno de Atena, poderá colocar todo o plano do santuário em risco.

— Então aconselho vocês a saírem daqui. — Seu cosmo se acendeu em chamas, mas era um fogo caloroso e pacífico para eles que eram aliados. Não passava uma sensação agressiva, apesar da clara expressão de ira da deusa. Provavelmente seus inimigos sentiriam um calor infernal. — Pois eles já chegaram.

Dore foi até a janela quebrada e espiou escondido pela escuridão do quarto. Havia um grupo de berserkers reunidos no pátio frontal da mansão.

— É um grupo pequeno.

— Mas perigoso. — disse Héstia. — Pelo menos para vocês. A pessoa que está liderando o grupo... Não é um berserker. Posso sentir. É um cosmo que se destaca.

Dorie espiou novamente. Na primeira fileira havia um homem de pele negra e sua onyx era diferente das demais. Não era negra. Era purpura escuro e emanava uma aura obscura.

— Seu traje... É diferente.

— É porque ele é um Espirito da Guerra. Uma classe superior aos berserkers. Suas Onyx receberam outros materiais além da matéria prima principal, dando mais resistência e uma coloração diferente. Agora saiam daqui.

— Com todo respeito, não vamos sair. — disse Dore. — Pelo menos eu não vou. Recebi a ordem de fazer a guarda da senhora caso se negasse a ir conosco.

— Não seja imprudente, rapaz. — disse Héstia, severa. — Você é apenas um cavaleiro de prata. Se o Espirito da Guerra for quem eu estou pensando, você será aniquilado antes mesmo de olhar nos olhos dele.

— Então se for assim, acredito que a minha vida esteja em suas mãos. Sendo a deusa do lar, a senhora deve me proteger, pois a partir de agora eu chamo essa mansão de “meu lar”.

Automaticamente uma linha de chamas se separou do cosmo de Héstia, voou até Dore e se converteu em um símbolo no formato de chama viva, unindo-se então ao cosmo do cavaleiro de prata.

Héstia olhou parecendo incrédula e deu um leve sorriso no canto da boca.

— Foi ideia do Asclépio, não foi?

— Ele desconfiou que a senhora não fosse aceitar facilmente vir conosco. Então apenas uma coisa faria a senhora mudar de ideia: A responsabilidade de proteger uma vida em “seu lar”.

— Ele é bastante sábio, mas dessa vez Asclépio se enganou. — a deusa abaixou a cabeça e olhou para os corpos das duas crianças que ela carregava nos braços. — Não cumpro o meu papel tão bem como antes.

— O que houve aqui? — perguntou Dore, realmente interessado.

Hesitando em lagrimas e falando pausadamente, Héstia contou sobre o encontro dela com Phobos e como ele a obrigou a incendiar a casa e matar as crianças.

— Eu ouvi os gritos deles, mas não podia fazer nada até o efeito da técnica de Phobos passar. Ele me fez viver um pesadelo que torturou a minha alma. Quando cheguei aqui no quarto, já era tarde demais. Eles estavam curvados. Morreram sofrendo.

Dore se aproximou.

— Lhe daremos uma oportunidade para se vingar. Eu prometo. — disse ele, estendendo a mão para deusa. — Mas agora é hora de esperarmos. Permita-me ajudá-la a enterrar essas crianças. Elas merecem.

...

Do lado de fora da mansão, o grupo de berserkers e soldados se concentravam no jardim morto.

— Tem alguém lá em cima, senhor Makhai. — disse um dos berserkers, com voz esganiçada, para um homem de porte físico forte que estava parado ereto um pouco mais a frente.

Makhai tinha pele negra como ébano e marcas finas e alaranjadas em ambos os braços, que pulsavam como brasa viva. Eram letras gregas formando frases sanguinárias que louvavam a carnificina da guerra e o deus Ares. Seu rosto, com ângulos duros expressivos, era marcado por cicatrizes. Uma delas desregulava sua barba pontiaguda na lateral do rosto.

— Estou sentindo. — disse ele, mirando seus olhos vermelhos para uma das janelas.

— Segundo o relatório, alguém saiu sorrateiramente da floresta sagrada de Atena e veio até aqui. — disse um soldado berserker. — O Senhor Phobos acredita que seja um dos cavaleiros rebeldes. A floresta é o local para onde alguns deles fugiram e se esconderam. Mesmo após a morte de Atena, o local continua a repelir os inimigos da deusa e acolhe os aliados.

— Se existe algum cavaleiro lá dentro, sua existência é irrelevante. Há um cosmo maior e poderoso.

— O que faremos? — perguntou o soldado.

— Cumpriremos a ordem que nos foi dada. — disse ele, caminhando. — Eu quero um grupo circundando a mansão. Os demais entrarão comigo.

Makhai parou na sala escura e fez sinal para que seus homens se espalhassem pelos cômodos da residência, enquanto um pequeno grupo de berserkers o seguiria. Ele subiu as escadas sem se importar com a cautela. Quarto após quarto foram invadidos e revistados. Até que ele parou diante de um que estava com a porta caída. Mas não havia ninguém lá. Nenhum sinal de Héstia, Dore ou Piton. Havia apenas uma chama vermelha flutuando no centro do quarto.

— Fugiram. — disse ele, calmamente. — A onda de cosmo estava sendo emanada por essa chama. É uma armadilha.

Os soldados que o acompanhavam olharam para ele com assombro nos olhos.

— Senhor?!

A chama cresceu e irrompeu, aumentando sua intensidade de forma anormal. Os soldados correram pelos corredores, tropeçando um no outro. E as chamas, como se tivessem vida, se lançaram em seu alcanço. Elas avançavam como se desejassem mata-los a todo custo. Quando estavam prestes a chegar na escada, ela desabou e uma onda de fogo vivo se ergueu contra eles, engolindo-os.

O fogo começou a consumir a casa completamente. As madeiras estralavam e se partiam. O teto aos poucos desabava, e as chamas rompiam para o lado de fora como se fosse uma fera presa tentando fugir. As paredes não tinham mais estrutura para suportar todo aquele desequilíbrio e aquela ira e então tombavam.

Os gritos de desespero dos berserkers e soldados ecoavam entre as chamas. Homens agoniados com as peças de seus trajes coladas ao corpo e derretendo, convertendo-se em um liquido fumegante semelhante a ferro derretido. Eles guinchavam buscando a morte em meio as chamas, mas até a morte parecia querer se manter afastada, para assim assistir o prolongamento da dor.

— Morram em silêncio. — disse Makhai atravessando as chamas, intocado pelo fogo. — Berserkers não gritam como covardes quando estão diante da morte. — seus olhos vermelhos estavam tão acesos quanto as chamas. — Aquele cosmo com certeza pertencia a ela. Apenas ela tem o poder de invocar chamas tão poderosas quanto as da coroa do sol... Héstia, a deusa das chamas e do lar. Mas para alguém que nasceu do próprio fogo infernal do submundo, essas chamas são agradáveis.

Makhai caminhou para fora da mansão, que logo em seguida desabou completamente. Ele percorreu os olhos pelos arredores. As chamas também haviam alcançado dos berserkers e soldados que haviam ficado do lado de fora.

— Quanta perda de tempo. Terei que relatar isso pessoalmente ao Senhor Phobos.

...


Tártaro — Entrada do Castelo de Oberon

Do cosmo roxo agitado, violento e obscuro, oscilavam imagens de bestas negras, de olhos vermelhos e longos chifres grossos e pontudos. Pareciam querer se desprender de Ápis e investir contra Shun com toda fúria possível.

— Irei lhe responder com a mesma intensidade. — disse Shun, que ainda levitava alguns metros acima de Ápis. Os olhos de Shun brilharam, e seu cosmo rodopiou ao seu redor, se transformando em dezenas de furacões.

— Para ir contra todo esse poder, terei apenas uma chance. — pensou Ápis. — Depois disso terei que agir o mais rápido possível. Antes que ele tenha um milésimo de segundo para qualquer tipo de reação. É... Tem que ser assim! Não há outro meio de derrubar esse homem. — Ápis cerrou os punhos e retraiu os braços na lateral do corpo, contraindo com toda a força e então ele estendeu os braços— Morra Andrômeda!! Tourada plêiades do Submundo!!

Seu cosmo explodiu em uma concentrada rajada cósmica, e as bestas que tentavam se desprender dele, tomaram forma. Touros negros bestiais, feitos de puro cosmo, avançaram como uma chuva de massivos meteoros, em um urro aterrorizante e imobilizador. O chão tremia violentamente, como se uma tourada furiosa e indomável avançasse, e o solo se desprendia em rasgos profundos abrindo fendas.

Mas apesar daquela massa de poder estar avançando contra Shun, a serenidade não abandonou o seu rosto para dar lugar ao medo ou ao receio. Shun, que ainda flutuava imponente, estendeu a mão e disparou sua nova técnica defensiva.

— Defesa galáctica de Andrômeda!!

...


Tártaro - Interior do Castelo de Oberon

Houve um forte tremor que abalou as paredes do castelo fazendo cair pó do teto por toda a extensão do longo e largo corredor sombrio, iluminado apenas por tochas com mais de três metros de distância uma da outra.

— Esse estrondo... — disse Henry, parando e olhando para trás. — Foi uma poderosa colisão de cosmo!

— Primeiro houve uma crescente elevação... — disse Eros. — E agora houve esse choque potente.

— O combate parece ter chegado ao fim. — disse Alkes. — Não tem como eles saírem ilesos depois dessa colisão.

...

Sendo uma evolução da defesa circular, os furacões de cosmos giraram ao redor de Shun erguendo uma “capsula escudo”, circundada por um espiral nebuloso, girando em rápida velocidade. O golpe de Ápis foi detido, se chocando de forma estrondosa na defesa. As bestas colidiram como impetuosas rajadas, mas não só na frente de Shun, como também nas laterais.

Uma técnica poderosa em poder destrutivo, capaz de atacar o oponente por ângulos diferentes para aniquila-lo a todo custo.

— É um desperdício de cosmo. Você poderia estar mirando todo esse poder contra o exército de Ares, Ápis. Esse combate já foi longe demais! Você não tem mais condições para seguir com isso.

Shun estendeu a mão para frente, e o espiral nebuloso girou com mais furor, passando a sugar a técnica de Ápis. Então tudo girou e se concentrou na palma da mão estendida de Shun. Naquela capsula de cosmo, estava concentrado todo o poder da sua defesa e da técnica ofensiva do seu oponente.

— Acabou, Ápis!

Shun estava prestes a atacar quando percebeu que Ápis havia sumido. Seus olhos percorreram da esquerda para direita. Foi então que ele percebeu que a sua retaguarda estava desprotegida, mas já era tarde demais, pois seu oponente já estava avançando em um salto e de punho cerrado, concentrando toda a sua energia.

— Sim, Andrômeda! Acabou! — O corpo de Ápis se multiplicou em mais de cem réplicas. Todos com cosmos elevados e acumulados nos punhos.

— Esse golpe...

— Chifre glorioso!!

Centenas de feixes de luz foram disparados simultaneamente contra Shun.

— Ápis... — Shun e estendeu a mão que ainda trazia a capsula de cosmo. — Me desculpe. Consumação Divina!!

— O que?!

A capsula de cosmo arrebentou-se em um estrondo impetuoso, como se fosse uma condenação lançada pelos deuses no céu, e uma rajada cósmica desceu engolindo o ataque de Ápis, desfazendo as centenas de copias e lançando violentamente o renegado contra o chão. A explosão ergueu uma cúpula de energia seguida por um pilar de luz.

Uma cratera gigantesca foi formada, onde no centro estava Ápis, caído e sem forças para se levantar. Até o peso da armadura passou a ser perceptível e quase insuportável. Ele virou-se rapidamente para cuspir o sangue que estava preso em sua garganta. Com respiração ofegante e com o corpo no limite, Ápis desabou.

— Sem dúvidas você é o Cavaleiro de Ouro mais resistente desta era. Se fosse qualquer outro no seu lugar, provavelmente estaria em um estado bem pior depois de tudo isso.

— E o que você está esperando, Andrômeda? Não vai aplicar o golpe final?

— Com certeza eu vou. — disse Shun, voltando a elevar o seu cosmo. Dessa vez, com mais intensidade do que antes.

Shun moveu a mão e ergueu o corpo de Ápis do chão, trazendo-o para perto. Sua situação era ainda pior vista de perto. Cheio de ferimentos graves e danos profundos na armadura de ouro, que agora brilhava com mais intensidade através das camadas caídas da surplice.

A corrente pontiaguda e a corrente circular se moveram. Elas subiram até Shun, passando por ele e envolvendo Ápis como se fossem aperta-lo em uma captura esmagadora.

...


Interior do Castelo de Oberon

— Shun, você ainda está lutando contra Ápis? — perguntou Seiya, olhando para uma fileira de altas janelas, parado em um corredor que dava acesso a uma pesada porta dupla de ferro. — Duas grandes explosões consecutivas... E agora seu cosmo está indo ao limite. Superando o oitavo sentido... Alcançando o nono... Alcançando o nível de um deus! Shun... Por qual razão você iria tão longe nessa batalha? Por acaso você quer mata-lo?

...

— Lembra do que eu lhe disse no início desse combate? — perguntou Shun.

— Não... perca... seu tempo... Andrômeda. — disse Ápis, sem forças.

— Se você não se lembra... — Shun moveu a mão e levou o corpo de Ápis suspenso até a margem do vermelho que corta a planície e as montanhas do Tártaro . — Você está aqui no Tártaro a mais tempo que eu. Deve conhecer esse rio. É o Rio Flegetonte, mais conhecido como rio da punição. No mundo dos mortos ele pune os violentos na sétima prisão, afogando-os em sangue fervente. — Shun moveu a mão, e as correntes desceram Ápis cada vez mais perto do rio leitoso. — Mas o rio também possui um terceiro nome. Ele é chamando de Rio da Cura. Isso porque apesar dele torturar as almas dos mortos, ele também cura para que possa preserva-las por mais tempo no sofrimento eterno. Mas aqui no Tártaro ele possui apenas uma função...

E com um rápido aceno, o corpo de Ápis foi mergulhado no rio e depois removido. Ele voltou arfando, em busca de oxigênio. Sentia seu corpo formigar e doer. Uma dor escaldante como se tivesse mergulhado em água fervente. Mas a sensação agoniante logo passou. Ele agora se sentia leve, renovado e disposto. Seus ferimentos haviam cicatrizados e as dores no corpo desapareceram.

— Aqui a única função dele é curar.

— Por que fez isso, Andrômeda?  

— Porque vamos precisar de você integro, de corpo e alma. Eu disse a você no início da batalha que eu iria libertar você da semente das trevas que Oberon plantou no seu coração...

— Mas eu lhe alertei. Apenas um deus poderia fazer isso.

As correntes de Andrômeda brilharam ao redor de Ápis, adotando uma forma diferente e emitindo um brilho dourado.

— Mas que forma é essa? — pensou Ápis. — Essa não é a mesma corrente de Andrômeda que Shun estava usando antes. Ela parece estar mais poderosa.

Ápis encarou Shun, e por um instante ele achou ter visto a forma cósmica da armadura de virgem cobrindo Shun, mas a única armadura que o vestia era a armadura de Andrômeda, que brilhou e sua forma começou a modelar. Um par de asas brotaram de suas costas e toda a sua armadura evoluiu, se tornando mais completa, bonita e poderosa.

— Essa forma... — Ápis arregalou os olhos surpresos. — Não é possível!! Meu mestre me contou... Me contou sobre o milagre que você e os outros quatro fizeram nos Elíseos. O nível mais poderoso que uma armadura do exército de Atena pode alcançar. Uma armadura renascida graças ao poder do sangue de um deus... Uma armadura divina!! Não é possível!! Shun se tornou um deus!!

— Assim como o sangue de Atena uma vez me libertou da possessão de Hades... — as correntes brilharam com mais intensidade presas a Ápis. — O sangue de Atena que corre por essa armadura também irá liberta-lo dessa possessão! — gritou Shun. — Agora estrela maligna, abandone o corpo de Ápis e retorne para as profundezas das trevas!!

— PARE ANDRÔMEDA!! — gritou Ápis, com voz dupla.

Da boca do Cavaleiro de Touro surgiu um espirito negro aos berros, subindo até o céu e desaparecendo em meio a escuridão. Ápis então começou a perder a consciência, e Shun voou até ele, o segurando e levando-o até o chão.

— Ápis! Você está bem?!

— Senhor Shun... Me perdoe por...

— Está tudo bem. Você não fez porque quis. A estrela maligna estava controlando você. Agora Ápis, eu vou precisar de uma ajuda sua. Você conhece todo o castelo de Oberon, não é?

— Sim. Conheço...

...


Tártaro - Interior do Castelo de Oberon (Grande Salão)

— Seu espectro incompleto foi derrotado. — disse a alma de Hades. — E a estrela maligna foi arrancada de dentro dele, e lançada de volta para as profundezas do Tártaro.

— Andrômeda é mais poderoso do que aparenta. — disse Oberon, levantando-se da mesa. — Deixar ele entrar no castelo será um grande erro. Terei que ir pessoalmente acabar com ele.

“Não precisa fazer todo esse esforço, Oberon.” — a voz de Shun repercutiu por todo o salão. — “Eu vim pessoalmente para enfrenta-lo.”

De uma distorção na sombra da parede surgiu Shun, trajando a armadura divina de Andrômeda, emanando seu cosmo em nível divino.

— Shun de Andromeda... — a espada negra de Oberon se materializou em sua mão. — Você veio para morrer.

—...—

Ápis de Touro (arte de @jhess.oliveira)


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo: Capítulo 60 - titulo indefinido

Sinopse: indefinido

Data de publicação: indefinida

Olá galera!! Tudo bom com você?! Espero que sim.
Depois de mais de 50 capítulos o Shun teve uma luta completa e está prestes a ter outra em seguida. Espero estar correspondendo a ansiedade daqueles que aguardavam por esse momento.

Esse capítulo é um daqueles que eu chamo de 'ponte'. Ele traz informações e citações que remetem a fatos ocorridos no passado que ainda não foram mencionados na história, mas que serão abordado em histórias extras pequenas, e também informações que serão importantes para a "Saga do Olimpo". Então se você leu o capítulo e desconfia de quais sejam essas informações, deixa seu palpite depois. Tem muitos "easter egg".

E aqui vai um desafio pra vocês: Traduzam a profecia citada por Eos.
Dica: Cada palavra e/ou frase possuem significados que remetem a algo, alguém ou a algum acontecimento solto. Não necessariamente é uma frase coerente.

Por exemplo: Na frase "A lua se apagará entre correntes de agonia" temos os seguintes possíveis significados: "A lua" é Ártemis e "Correntes de agonia" podem ser as correntes que prenderam Prometeu ou que a deusa Ártemis será capturada.

Compreenderam? rsrs Se sim, estarei no aguardo das teorias.


E como vocês já sabem, a critica de vocês é sempre bem vinda e fundamental para a história. Motiva bastante a escrever e caprichar.

Beijos e abraços, em especial para o leitor Anderson Luiz que revisou o capítulo em detalhes antes de ser postado. Vlw man!!



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