A Saga de Ares - Santuário de Sangue escrita por Ítalo Santana


Capítulo 48
Capítulo 45 - Deusa da carnificina


Notas iniciais do capítulo

São nove dias para chegar ao Tártaro e agora restam apenas oito. Enquanto Seiya e os outros se dirigem ao mundo primordial das trevas, Ênio, a deusa da carnificina, prepara seu exército para invadir Senkyou. Ela reuniu seletivamente alguns cavaleiros e berserkers, mas seu maior trunfo são as habilidosas amazonas de Ares, lideradas por Hipólita de Estinfálides, a rainha das amazonas.
Em Silkeborg, Dinamarca, Shina encontra Asterion, um ex-cavaleiro de prata sobrevivente da rebelião de Saga, e ele revela saber dos planos de Delfos.



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Capítulo 45 – Deusa da carnificina


Anfiteatro – Santuário – 1º dia após Seiya passar pela Porta da Morte.

Já era meio-dia e o sol brilhava forte. A arena do anfiteatro estava lotada com o exército que Ênio reuniu. Sendo uma deusa exigente quando se trata de uma guerra, Ênio escolheu a dedo os cavaleiros e berserkers que iriam lhe acompanhar na invasão de Senkyou. Ela também reuniu as amazonas de Ares, dispensando os homens que compõem o grupo de soldados rasos.

As amazonas de Ares pertencem a um grupo de guerreiras fortes e ferozes que servem ao deus da guerra assim como os soldados rasos, mas em questão de habilidades elas são superiores. São ótimas em batalha corporal, manuseio de espadas, arco e flecha, e algumas desenvolveram poderes peculiares. Elas não se juntam aos homens do exército e não são subordinadas de Deimos ou de Phobos, pois se negam a receber ordens e serem lideradas por qualquer figura masculina, com exceção de Ares, que é o único deus para quem elas juraram lealdade. É devido a isso que as amazonas não participam das investidas principais dos deuses gêmeos da guerra, atuando apenas com Ares ou com as deusas guerreiras que servem a ele.

As amazonas receberam ordens de guardar a prisão do santuário e os portões principais, mas agora cerca de cinco mil amazonas estavam reunidas no anfiteatro por ordens de Ênio. Mulheres jovens, de traços belos e rígidos, portando espadas presas na cintura e um arco e flechas nas costas. Nada de sensualidade. Eram guerreiras com o corpo marcado das inúmeras guerras que já enfrentaram servindo a Ares durante séculos. Elas usavam algumas peças de onyx para proteger determinadas partes do corpo junto com um traje de coro e algodão.  

Na linha de frente estava Hipólita de Estinfálides, rainha das amazonas, dois berserkers – cada um oferecido por Deimos e Phobos -, a saintia Tourmaline, alguns cavaleiros de prata e bronze e o Cavaleiro de Ouro de Capricórnio.

— A missão de hoje será dividida em duas etapas. — disse Ênio, falando em tom alto para que todos no anfiteatro pudessem escuta-la — Para chegar em Senkyou, que é o nosso alvo principal, teremos que passar por Jamiel, que é onde atualmente está a passagem para Senkyou. Porem... Jamiel é guardada pelo Cavaleiro de Ouro de Áries e alguns cavaleiros rebeldes. Por isso, primeiro iremos nos dividir em três grupos. O primeiro grupo irá atacar os cavaleiros rebeldes e segurá-los em luta enquanto o segundo grupo abre passagem para que o terceiro siga em frente sem qualquer empecilho. A segunda etapa será em Senkyou. Destruam tudo. Matem todos, sejam aldeões ou guerreiros. Queimem a cidade até que seja reduzida a cinzas. Eu seguirei em frente com algumas amazonas para matar o Dragão Branco. Líder espiritual da cidade. — Ênio desembainhou a espada e a ergueu. — Que a nossa vitória engrandeça o Senhor da Guerra! Por Ares!! Alala!!

Todos gritaram o nome do deus da guerra seguido pelo nome de Alala, a deusa do grito de guerra. Instantaneamente a benção de Alala pairou sobre eles, dando força, aumentando suas habilidades, dando discernimento de combate e os guiando para a vitória.

— Se partirmos agora, com o fuso horário, chegaremos lá após o pôr do sol. — informou Ênio. — Chegaremos ao anoitecer, envolvidos pela escuridão da noite. E desde já eu os deixo avisados, que se um de vocês, seja lá quem for, trair o exército da guerra ou recuar como um covarde, receberá uma morte tão cruel que terá inveja da morte dos rebeldes.

A espada de Ênio brilhou e o seu cosmo se espalhou por todo anfiteatro, envolvendo o exército no centro de um espiral de cosmo vermelho. Vermelho como sangue. O espiral se transformou em um turbilhão e em seguida subiu ao céu como uma grossa coluna de cosmo, e então desapareceu.


Palácio do Grande Mestre – Santuário

Dionísio estava caminhando por um dos corredores do Palácio do Grande Mestre, que leva aos quatros principais. O corredor era longo e largo, com algumas estatuas representando o deus Atlas no lugar das colunas que sustentam o teto côncavo. A iluminação do corredor vinha de algumas tochas presas na parede entre uma estátua e outra. O piso de mármore branco refletia a imagem do deus e do seu traje grego cor de vinho, com as bordas detalhadas com linhas de ouro, e as botas de uma armadura verde claro. As portas dos quartos eram de madeira e pintadas de branco com detalhes dourados.

O deus franziu o cenho ao avistar um berserker, ao invés de um soldado raso, em pé fazendo a guarda de um dos quartos. O homem trazia seu elmo em forma de cabeça de pantera em baixo do braço, e mantinha a expressão do rosto dura com um olhar predador. De pele negra e cabelos negros e crespos em dredes, ele usava uma capa escura presa nos ombros de sua onyx.

— O que faz na porta do quarto de Afrodite, Alceu?

O berserker mirou seus olhos dourados para Dionísio e se ajoelhou, curvando a cabeça.

— Estou fazendo a guarda da senhorita Afrodite. — respondeu ele, secamente. — Ela não se encontra disposta a sair do quarto.

— Quem não ficará nada disposto a fazer qualquer coisa será você, caso Ares descubra que você vem fazendo visitas intimas a esposa dele. — disse Dionísio, um pouco ríspido, enquanto segurava na maçaneta da porta. — Saia daqui e volte ao seu posto junto com os outros berserkers!! Fingirei que não vi nada.

Alceu cerrou o punho.

— Sim senhor! — disse se levantando e colocando o elmo na cabeça.

Dionísio esperou que Alceu se afastasse do quarto até sumir do seu ponto de vista. Ele entrou em seguida e estreitou os olhos reagindo a forte iluminação do quarto. As duas largas janelas estavam abertas e cortinas brancas e finas voavam para dentro do quarto.

Afrodite estava sentada na cama, penteando calmamente seus longos cabelos dourados, e vestia um vestido lilás fino de tecido quase transparente. Ela se assustou quando a porta do quarto se abriu e Dionísio a fechou com força.

— Dio? — disse ela surpresa.

— Você não tem juízo, não é? — perguntou Dionísio, em tom de repreensão. — Voltando a se deitar com aquele berserker?! Se Ares um dia descobrir, ele irá dessecar o seu berserker vivo e você sabe que ele faz isso muito bem.

Afrodite relaxou os ombros e soltou o ar como se estivesse cansada.

— Ares está mais preocupado com as ambições dele do que comigo. E eu... — ela olhou para ele e esboçou um sorriso. — Tenho fetiche por guerreiros negros com armadura. O que posso fazer? — perguntou sorrindo. — E a reunião? Já acabou?

— Já. Faz algum tempo. Anteros viajou para Graad Azul com os homens de Licaon para descobrir mais sobre o Templo de Atlântida. E parece que Ênio já partiu com seu exército para a China. Senkyo certamente será palco de uma chacina. E Éris vai para França matar o representante de Vouivre. Coisas normais para um dia normal, com um deus da guerra nada normal. Mas e você? — ele olhou para Afrodite com expressão curiosa. — Não saiu do quarto hoje. Por que não foi para reunião? Apenas não me diga que passou a manhã...

Afrodite sorriu e levou a mão a boca, tentando ser mais discreta.

— Não. Com certeza não. Apenas não estava com cabeça para ficar na frente daquele mapa vendo vocês tagarelando sobre guerra. E também... — ela se levantou e caminhou até um espelho circular preso na parede. — Ainda estou preocupada com a presença de Artemis ontem à noite e com o confronto dela com Ares. A situação pode estar saindo dos trilhos. Desde ontem o Olimpo... — Afrodite tocou na superfície do espelho e ele ondulou como se ela tivesse tocado na superfície de uma poça de água. A imagem no espelho mudou. Agora não refletia mais a beleza divina de Afrodite. O que o espelho mostrava era um alto e largo portão de ferro, de espessura grossa e, aparentemente, extremamente pesado no meio de uma muralha. Dois soldados com trajes prateados, elmo alado e lança na mão, faziam a guarda do portão. No alto da muralha, a cada dez metros de distância, havia um arqueiro segurando um arco dourado na mão e com uma dúzia de flechas prateadas nas costas. — Permanece assim. Lacrado. Os soldados celestiais estão fazendo uma rigorosa guarda na entrada do Olimpo. Os anjos também estão sendo enviados para guardar a entrada.

Dionísio olhou para o espelho um pouco alarmado.

— Eles estão se preparando para um ataque. Isso é uma formação de defesa. Apolo deve achar que Ares vai ataca-lo.

— Provavelmente. Mesmo não sendo essa a verdadeira intenção de Ares, mas se Apolo ordenar um ataque... — Afrodite virou-se para a janela e olhou para o céu. — Haverá um derramamento de sangue tão grande, que a próxima chuva que cair sobre a Terra será em vermelho escarlate.

— Então convença Ares a não tomar nenhuma atitude precipitada contra o Olimpo. — disse Dionísio. — Ele não tem a menor chance de vencer uma guerra contra Apolo. Não agora. O número de aliados de Apolo, seja por medo ou devoção, cresce a cada dia. Nesse ritmo teremos mais uma grande guerra igual a Titanomaquia e a Gigantomaquia. E dessa vez, nessa proporção, a humanidade será extinta.

Afrodite olhou pensativa para o Santuário. Podia ver uma aglomeração no Coliseu. Provavelmente Éris reunindo os soldados. A deusa parecia estar preocupada com outra coisa além do conflito de Ares e Apolo, e Dionísio já tinha notado isso desde o início. No começo ele pensou que era o ambiente de conflito, mas isso nunca preocupou Afrodite antes.

— Está pensando nele, não é? — perguntou Dionísio, sentando em um sofá de couro escuro encostado na parede, próximo a janela. — No Grande Mestre. — Afrodite olhou para ele e desviou o olhar para o Santuário. — Oberon esteve na reunião antes de ir ao Tártaro. Ele foi aconselhar Ares a enviar um exército, daqui a nove dias, até um local no litoral da Grécia onde estaria a única porta de saída do Tártaro. Isso porque... existe, uma pequena probabilidade, de Atena conseguir sair de lá. Oberon desconfia que o Grande Mestre sabe que Seiya irá demorar alguns dias para chegar no Tártaro, então é de se esperar que ele tenha alguma carta na manga para uma eventual situação de estar preso, como está nesse momento.

— Oberon está certo. Eu não tenho dúvidas que Atena vai sair do Tártaro. — disse Afrodite. — Ficaria surpresa se isso não acontecesse. Oberon é forte, filho de Hades, mas não pode contra Atena. Muito menos quando tem um cavaleiro extremamente precavido ao lado dela. Se Oberon conseguir detê-los no Tártaro, será uma grande vitória. — sem se afastar da janela, Afrodite olhou para o espelho que ainda mostrava a entrada para o Olimpo. — Aparentemente estamos vencendo, mas ao mesmo tempo algo me incomodando. Me sinto aflita o tempo todo como se estivesse faltando uma peça para se encaixar nisso tudo. Uma batalha contra Atlântida não será fácil, mas ao mesmo tempo teremos que nos preocupar com um possível ataque de Apolo, pois seria um momento oportuno para investir contra nós enquanto estamos em guerra, e ainda tem o retorno de Atena daqui a nove dias. Não sabemos quantos dias irá durar essa guerra contra o reino submarino e muito menos se o exército estará recuperado quando Atena retornar. Serão nove dias de aflição para mim. As vezes tenho a impressão de que estamos presos na teia de uma aranha e sendo manipulados como marionetes. Até que ponto esse Grande Mestre planejou tudo? 

— Muito mais do que possamos imaginar. — respondeu Dionísio. — Ele já teve acesso ao plano de Ares uma vez, pois foi ele, junto com Anteros e Phobos, quem arquitetou todas essas batalhas. Senkyou, Asgard, Palácio de Vouivre... Cada passo. Exceto essa batalha contra Atlântida. Para ele foi fácil se precaver. Se ele enviou uma carta para Asgard avisando que eles seriam atacados, quem nos garante que ele não fez o mesmo com Senkyou e Vouivre? Ele tem uma irmã. Uma saintia. Ela foi interrogada?

Afrodite balançou a cabeça afirmando.

— Duas vezes. — respondeu, enquanto caminhava para sentar na cama, de frente para Dionísio. — Anteros a interrogou. Ela falou tudo o que sabia. Pouca coisa. Ao que parece ele não contou a ela todo o plano. Talvez desconfiasse que ela o trairia, mas alguns cavaleiros sabiam e o auxiliou. E também... antes de sair do Vaticano, eu fui falar com as Moiras. Para os olhos delas o destino da guerra santa continua nublado.

Dionísio respirou fundo e jogou a cabeça para trás.

— É, são muitos detalhes para questionar, mas não pode jogar toda essa preocupação para Ares. Ele tem uma guerra declarada com o Reino de Atlântida e deve se concentrar nela. Como esposa dele, é seu dever alivia-lo de qualquer estresse e passar segurança para ele. Lembre-se que atrás de um grande homem, sempre existe uma grande mulher. Foi assim como Nix e Erebos, Gaia e Urano, Reia e Cronos, Hera e Zeus. Talvez... — ele a encarou. — Você tenha até que lutar, caso queira ajuda-lo a vencer. Colocar os seus guerreiros, os erotes, no campo de batalha. — Dionísio se levantou e caminhou até o espelho, parando de braços cruzados. — Sei que lutar não é de seu feitio, mas até eu estou pensando nessa necessidade. — ele estreitou os olhos para o espelho ao ver um anjo celestial na muralha. Algo naquele anjo parecia ser familiar para ele. — Afrodite. — chamou. — Por acaso esse espelho mostra o Olimpo em tempo real?

— Sim. Porque? — perguntou.

— Tem... um anjo celestial fazendo a guarda do portão, mas...

— Eu disse a você. Alguns estão fazendo a guarda também.

— Não é disso que estou falando. Pode ser apenas impressão minha, mas... Achei o anjo muito parecido com um dos cavaleiros de ouro. — ele sorriu e balançou a cabeça, afastando o pensamento. — Bobagem minha. — ele deu as costas e o espelho voltou ao normal, refletindo o quarto. — Pelo menos saia desse quarto. Podemos passear pelo Santuário, ir ao vilarejo, beber na taverna, acenar para os pobres e jogar farelo aos pombos. Apenas saia desse quarto.

— Não estou com ânimo para isso.

Dionísio deu de ombros e foi até a cama, sentando ao lado de Afrodite, e deitando com as mãos atrás da cabeça.

— Então vamos ficar aqui, nesse quarto depressivo, falando de coisas depressivas. — disse Dionísio, irônico. Afrodite esboçou um largo sorriso para ele e revirou os olhos. — Não. Sério. Adoro isso. É tão animador quanto ver Ares recitando versículos de guerras.

—...—


Silkeborg – Dinamarca

Shina se afastou de Jake e foi até a porta da casa. Ela hesitou, mas depois bateu duas vezes na porta. Não demorou muito para que ela escutasse o som de passos e da chave destrancando a porta. A porta de madeira foi aberta e o homem apareceu. De pele parda, olhos azul escuro e cabelos longos caindo nos ombros de cor verde azulado.

— Olá Asterion! — disse Shina.

“Asterion?”, disseram Jabu e Nachi ao mesmo tempo.

Um longo silenciou pairou. Desconfiado, Asterion olhou para cada um deles. Com exceção de Shina, todos os outros eram rostos novos para ele.

— Shina?

— Alkes disse que devíamos encontrar você aqui. — disse ela.

— E como vieram até aqui? — ele perguntou, e Jake não precisou ler sua aura para notar que havia medo nas palavras de Asterion. Antes que pudessem responder ele olhou para Kastor com uma expressão de reprovação. — O que?! Você abriu uma passagem dimensional? Tem ideia de que isso é o mesmo que soltar fogos de artificio para os berserkers?

Kastor olhou assustado para Asterion e para Shina. Ele não entendia como Asterion sabia das respostas antes mesmo dele abrir a boca e falar algo. Ele só havia pensado e isso foi em frações de segundos.

— Asterion é Mestre da psicocinese. — explicou Shina, vendo que Kastor estava confuso. — Ele consegue ler a mente e até prever os movimentos. Uma habilidade rara desenvolvida por ele, que é o antigo Cavaleiro de Prata de Cães de caça. A essa altura já deve saber porque estamos aqui, não é Asterion? E também precisa saber que Hugo está morto. Ele era o berserker que tinha o poder de nos rastrear. Não tem com o que se preocupar.

Asterion relaxou os ombros e se afastou da porta, dando passagem para eles.

— Venham! Entrem. Vão morrer congelados se ficarem ai fora.

Eles entraram. A sala era simples, como Nachi havia visto. Asterion se apressou para tirar o copo vazio e a garrafa de wshiky que estavam em cima da pequena mesa de centro. Ele acenou para que sentassem no sofá e se virou, indo para a cozinha. Shina o seguiu.

A cozinha, razoavelmente espaçosa, tinha o piso de cerâmica branca e paredes azuis. Um armário pendurado na parede percorria todo o contorno do cômodo. Na bancada que ficava abaixo da estreita janela, havia uma pia, um fogão preto embutido, ao lado da bancada uma geladeira prata de duas portas e no centro da cozinha uma mesa retangular com seis cadeiras.

— Vocês estão aqui. Isso quer dizer que Seiya passou pelo portão do Tártaro. — disse Asterion, colocando o copo e a garrafa em cima da bancada. Ele estava de costas para Shina, mas podia sentir a presença da antiga companheira de luta.

— Sim. — respondeu ela. — Junto com Shun, Alkes, Eros e Henry. Eles foram ontem à noite. Durante a lua de sangue.

Asterion virou-se e encostou-se na pia, cruzando os braços.

— Então eles convenceram Thanatos a ajuda-los. — ele soltou o ar aliviado. — Temia que eles não fossem conseguir.

— Eu não entendo...

Asterion ergueu uma sobrancelha.

— Não entende o que?

— Sua participação nisso tudo. O motivo de estarmos aqui. O plano de Delfos. Tudo. — disse ela. Shina estava esgotada e sua paciência no limite.

— Shina... Precisamos conversar.

— Concordo! — Shina e Asterion olharam surpresos para a entrada da cozinha. Jabu e Shalom estavam parados olhando para eles. — Precisamos conversar. Você precisa nos explicar o que está acontecendo. — disse Jabu. — Fomos envolvidos nesse plano e nessa guerra sem saber o que deveríamos fazer. No início pensávamos que o Grande Mestre estava escondendo apenas alguns segredos, mas a cada passo que damos notamos que sabemos menos do que gostaríamos. A essa altura não tem necessidade de manter segredos. Existe homens naquela sala com feridas profundas, mas que não sabem pelo o que estão lutando. Apenas acreditam que seja por Atena e pela Terra, seguindo cegamente um plano que não conhecem. No mínimo devem nos dar uma explicação.

— Tudo foi arquitetado pelo Grande Mestre. É necessário ter fé nele. — disse Asterion.

— Duvido que você diga isso para as pessoas do vilarejo de Rodório que perderam seus familiares na invasão do Santuário porque não tinha nenhum cavaleiro lá para protege-los já que todos haviam sido manipulados para ficar longe do vilarejo por causa desse “grande plano”!!! — gritou Jabu — Duvido que você diga isso para o Plancius que teve seus pais mortos pelo filho de Ares!! Ou ao Eros, que teve a esposa estuprada por um deus demônio e foi obrigado a esconder ela e os filhos em uma dimensão paralela!! — Jabu avançou pela cozinha e segurou na camisa de Asterion. — Já chega de ter uma fé cega! Precisamos de uma explicação!

Asterion segurou forte nos braços de Jabu, afastando as mãos dele de sua camisa.

— Eu entendo sua insatisfação e a sua ira, mas você precisa se acalmar. — Asterion olhou firme nos olhos de Jabu. — Vejo que todos estão cansados. Eu compreendo isso muito bem. Acredite. — ele olhou para Shalom. — Primeiro preciso cuidar dos ferimentos de vocês para que possam descansar. Depois conversamos. Tenho muita coisa para explicar.

— Está bem. — concordou Shalom.

Jabu cerrou os punhos e puxou os braços, se afastando de Asterion e saindo da cozinha.

— Ichi, Geki e Ban foram mortos. — disse Shina. — É por isso que ele está assim. Ele não fala sobre isso, mas ele se sente culpado e frustrado pela morte deles. Também perdemos outros companheiros e... Acabamos tomando a culpa para nós.

Asterion arregaçou ainda mais as mangas da sua camisa.

— Posso parecer insensível, mas... é uma baixa pequena se comparado a quantidade de cavaleiros mortos que teríamos caso Delfos não tivesse interferido na Guerra Santa. — ele se afastou da pia e foi até o armário, tirando uma caixa branca com uma cruz vermelha na tampa. Um kit de primeiros socorros. — Vejo que você não está ferido. — disse olhando para Shalom. — Pelo cosmo eu diria que é um Cavaleiro de Ouro. Qual o seu nome e qual a sua constelação guardiã?

— Meu nome é Shalom. Sou o Cavaleiro de Ouro de Virgem.

— Ah, virgem! — disse com um tom de surpresa. Asterion separou algumas luvas, agulha, linha de sutura, gazes, álcool e um maçarico portátil. — Sempre poderosos. Seu antecessor tinha um cosmo incrível, assim como você, mas deixando isso de lado... Sabe fazer suturas, Shalom? Vou precisar que me ajude com Shina e os outros.

— Eu posso cura-los. — respondeu Shalom. Ao abrir a palma da mão uma chama vermelha se acendeu.

— Tem habilidade de cura? Interessante. Uma habilidade rara também, mas não vai ser necessário. Eles precisam sentir na pele a dor da cura. — ele levantou os olhos e sorriu para Shina. — Concorda comigo, Shina? — Asterion fechou a maleta e entregou um par de luvas a Shalom. — Depois você pode ajudar a acelerar o processo de cura se quiser. Venha!

Shalom acompanhou Asterion seguido por Shina. Na sala, Jake e os outros estavam acomodados no sofá e haviam colocado no canto da parede as urnas com suas armaduras. Eles haviam aprendido o novo método de carregar as armaduras, unindo-as em seus cosmos, sem chamar atenção com as pesadas urnas nas costas, mas agora eles e as armaduras precisavam descansar e por isso eles materializaram elas novamente, fazendo com que voltassem para as urnas sagradas e recuperassem suas forças dentro delas.

Asterion colocou os instrumentos em cima da mesa e abriu os pacotes de seringas e os frascos de anestésicos.

— Antigamente vocês estariam fazendo seus próprios curativos. — resmungou ele, enquanto colocava as luvas. — Essa geração parece estar muito acomodada com a presença do Cavaleiro de Taça e a habilidade da armadura. — Asterion olhou para as urnas e viu que havia três urnas de ouro ali. — Gêmeos, Leão e Virgem. Dos novos Cavaleiros de Ouro apenas vocês três se aliaram a Seiya?

— O Cavaleiro de Ouro de Câncer também. — respondeu Jake. — E a propósito, meu nome é Jake. Eu sou...

— O Cavaleiro de Ouro de Leão. — disse Asterion, interrompendo Jake. — Notei. Virgem já conheci e Gêmeos também. E por falar em você rapaz... — olhou para Kastor. — Qual o seu nome?

— Meu nome é Kastor. E eu acho... — ele levantou a camisa, mostrando que os cortes em sua barriga já haviam sarados. — Que não vou precisar de um curativo.

Asterion analisou Kastor minuciosamente, como um apreciador de artes olharia um quadro de Leonardo Da Vince. Ele notou que fluía das veias de Kastor um cosmo poderoso, mas aquele cosmo não era o dele. Era como uma marca divina se espalhando pelo corpo através dos vasos.

— Tem fator de cura? — a desconfiança ficou explicita na expressão de Asterion e na sua voz. — Isso seria, por acaso, um atributo do seu sangue? — a pergunta pareceu pegar Kastor de surpresa, mas não era como se Asterion não soubesse da resposta. Os olhos dele eram penetrantes e rápidos, então já devia saber da resposta ao ler a mente de Kastor. — Depois eu quero conversar com você. Já que não vai precisar de cuidados, tome um banho e descanse. No primeiro andar fica os quartos de hospedes. Escolha algumas roupas no meu armário. Deve caber em você.

— Ok. — disse Kastor, indo para o corredor e subindo as escadas.

Asterion e Shalom começaram a fazer os curativos. Plancius e Shina estavam bastante machucados. As garras de Anatole rasgaram a carne de ambos durante a luta, mas nada se comparava aos danos que Jake sofreu. Os cortes eram bem mais profundos por causa das joias sangrentas de Hugo e foi necessário que Shalom tirasse os fragmentos com uma pinça cirúrgica para não infeccionar.

Todo processo durou quase uma hora. Depois tomaram banho, trocaram de roupa e foram acomodados em quartos de hospedes. Um descanso merecido depois de passarem quase um mês correndo por toda a Europa, se escondendo como ratos caçados por gatos.

A casa estava em silêncio novamente. Enquanto todos dormiam, Asterion se apressou para jogar o lixo hospitalar e foi para cozinha preparar uma refeição. Dois ovos, tiras de bacon, torradas e um copo de suco. Mas não parecia que era para ele. Asterion organizou tudo em uma bandeja e saiu da cozinha, cruzou o corredor e parou diante de uma parta. Bateu duas vezes até que alguém lá dentro respondeu baixo. “Pode entrar”.

Asterion abriu a porta. O cômodo era um quarto pouco iluminado, com a janela fechada por uma grossa cortina e paredes cobertas por um papel de parede verde desbotado. A fraca luz que iluminava o quarto vinha de um abajur em cima do criado mudo ao lado da janela, no canto do quarto. No outro lado do quarto, encostado na parede ao lado da janela, havia uma calma de solteiro forrada por lençóis brancos. E entre os moveis, de frente para janela, havia uma poltrona e alguém estava sentado na nela.

Asterion atravessou o quarto e colocou a bandeja em cima do criado mudo. Havia outra bandeja lá, mas a comida estava praticamente intocada. O sanduíche tinha apenas algumas mordidas e o copo de suco estava pela metade. Ele olhou preocupado para o rapaz sentado na poltrona.

— Você não está se alimentando direito.

Não teve resposta. A pouca luz não mostrava seu rosto por completo, mas ele era jovem, tinha pele clara, cabelos loiros e lisos um pouco bagunçados e olhos azuis, mas sua expressão era triste e seu olhar parecia distante.

Asterion olhou para a janela. O céu estava mais nublado. Uma tempestade estava se aproximando, em todos os sentidos.

— Eles estão aqui. Chegaram há uma hora, mais ou menos. Shina e os outros. — ele cruzou os braços. — Não sei quanto tempo você pretende ficar assim, mas não vejo isso como algo produtivo. Apenas sinto que você está cada vez mais distante. — os olhos de Asterion miraram em uma urna de prata que estava entre a parede e o guarda-roupa, logo ao lado da porta. — E a sua armadura parece tirar a mesma conclusão. Ainda não consegue vesti-la, não é?

— Não. — respondeu ele. — Ela ainda me rejeita.

— Ela sabe que se você a vestir nessas condições, sem controle de si mesmo, você morrerá. Armaduras possuem vida e sofrem quando não conseguem proteger seus usuários, mas sofrem ainda mais quando eles morrem. — disse Asterion. Ele colocou as mãos no bolso e se dirigiu até a porta. — Coma algo. Pelo menos isso.

— Você falou a eles que eu estou aqui?

— Não. — respondeu enquanto abria a porta. — Se quiser, depois saia do quarto e se junte a nós. Eles estão descansando agora, mas quando acordarem vão querer conversar sobre o plano de Delfos e é bom que você esteja presente, já que sempre esteve envolvido também.

Asterion saiu do quarto e fechou a porta.

—...—


Castelo de Oberon — Tártaro — Faltam 8 dias para Seiya chegar

No subsolo do castelo, após descer uma longa e estreita escada de pedra negra, o caminho até a entrada da prisão era um longo corredor estreito escavado em rocha bruta. A parede e o teto são úmidos, a temperatura é fria se comparado ao lado externo do castelo e o corredor é iluminado por chamas roxas. 

A entrada para a prisão era uma grossa porta de ferro quadrada fundida na rocha e estava sendo guardada por duas harpias guerreiras a serviço de Oberon. Duas mulheres magras vestidas com uma surplice roxa. Os braços e pernas eram cobertos por penas aparentemente negras, mas dava para notar que as penas emitiam outras cores como roxo, violeta, índigo, cinza, azul escuro e vermelho sangue. Mesmo coberta por pernas, dava para ver que eram coxas grossas e musculosas. Do joelho para baixo as pernas eram literalmente de pássaro. Pele amarela e rígida. As garras dos pés eram longas e vestidas por peças afiadas da surplice. Afiadas o suficiente para arrancar o membro do oponente com um único ataque.

A harpia da direita era um pouco mais alta e tinha longos cabelos azuis, com alguns adereços pendurados, e seus olhos eram como chamas. Em seus braços havia asas, longas e lindas, retraídas. A outra harpia, a da esquerda, tinha olhos semelhantes, como chamas, mas seu longo cabelo volumoso era lilás e suas asas eram rubras e escuras. Mas a presença de pernas de pássaro, garras e asam não davam a elas uma aparência medonha. Pelo contrário. Assim como descritas nos contos mitológicos, famosas por atrair homens para a morte, elas esbanjavam sensualidade e beleza com seus lábios volumosos e pele pálida nas partes que não eram cobertas por penas, como os seios, ombros, pescoço e rosto.

— Para onde o senhor deseja ir? — perguntou a harpia de cabelo azul, para um homem coberto por um manto negro. O capuz do manto estava levantando, cobrindo sua cabeça e ocultando seu rosto, então não dava para vê-lo nitidamente. Apenas uma sombra profunda. — Daqui em diante é a prisão do castelo e só podemos permitir a passagem de alguém com a devida autorização do senhor Oberon.

— E o senhor não é exceção, majestade. — disse a outra harpia, um pouco insegura.

Ainda que se esforçassem para manter a pose firme, não dava para negar que as duas estavam com medo. Seja lá quem fosse aquele homem a quem elas chamaram de majestade, ele parecia ser superior a Oberon, pois só assim as harpias do deus das trevas se sentirem inseguras.

“Eu não vou pedir para que saiam da minha frente. Tentem me impedir pela segunda vez... — ele continuou a andar em direção a porta de ferro. A sua voz era grossa e ríspida, e parecia que ele falava diretamente na mente delas. — e serão fulminadas.”

As harpias se entreolharam e se afastaram, abrindo a porta de ferro que rangeu até encostar na parede. O homem encapuzado passou por elas e logo elas se apressaram para fechar a porta. Do outro lado da porta o corredor continuava, mas agora com celas de ambos os lados e no lugar de grades havia portas estreitas de ferro marcadas com símbolos antigos criado por diferentes deuses primordiais. Cada símbolo possui uma função diferente, como restringir cosmo, drenar cosmo e aumentar a resistência de contenção.

As celas estavam vazias, com exceção de uma que ficava no final do corredor, de frente para a entrada da prisão. Atena estava lá, acompanhada por Delfos. Eles escutaram o ranger da porta de ferro e sentiam que um cosmo poderoso se aproximava, mas não escutavam passos. Delfos se levantou do chão frio e foi até a pequena janela gradeada na porta da cela. Ele viu a figura coberta por um manto negro se dirigindo até eles. Parecia mais um fantasma do que uma pessoa comum. Ele ainda não escutava passos. Mesmo a figura estranha estando cada vez mais próximo da cela. Era como se ele estivesse flutuando.

Atena, vendo que Delfos estava espantando, se levantou e foi até ele, mas ele fez sinal para que ela parasse e então se afastou da porta, fazendo a guarda de Atena. O cosmo que ele sentia com certeza não pertencia a Oberon. Era um cosmo muito mais poderoso. Cem vezes mais ele diria. Um cosmo daquele nível poderia cobrir a Terra em frações de segundos e mover os planetas do sistema solar com uma simples força de vontade.

O homem encapuzado parou na entrada da porta. Ele era alto o suficiente para a parte do seu rosto ficar na altura da pequena janela gradeada. Atena e Delfos não conseguiam ver o rosto dele, por mais que estreitassem os olhos, mas então dois olhos vermelhos brilharam e ele chamou por “Atena”. Era um chamado que ela já havia escutado antes. Em sonho. Ela sonhou que aquele mesmo homem encapuzado invadia seus aposentos no Santuário brotando do chão com a foice da morte nas mãos. Surgindo das trevas como se ele fosse formado por ela.

— Esse cosmo... — Atena sussurrou, parecendo incrédula. — Então você está aqui!!

Delfos franziu a testa.

— Atena?!

Atena passou por Delfos e tomou uma postura diferente. Seu cosmo passou a ser ameaçador, diferente do cosmo reconfortante que ela geralmente emana. Seu olhar, nobre e amoroso, se tornou afiado e inabalável.

— O que faz aqui, Senhor do Mundo dos Mortos?? Hades!!

Delfos arregalou os olhos.

Hades?! — pensou ele.

— O Tártaro é o único lugar para onde a alma de um deus pode ir quando ele enfrenta aquilo que os mortais chamam de morte. respondeu Hades. — Esperava que você tivesse me acompanhado na última guerra santa. Achei que tivesse sido envolvida na destruição dos Eliseos. Pretendia continuar a nossa batalha aqui, no Tártaro. Mas você sobreviveu e soube que o Pégasos também.

— Esqueça a nossa batalha. Não existe motivos para continuarmos com a Guerra Santa. — respondeu Atena.

— Não dá para esquecer séculos de guerra, Atena. Principalmente quando destruiu o meu corpo!! — disse Hades, irado.

— Consequência da sua arrogância. Aquela foi a última Guerra Santa. O inferno não vai mais existir, os humanos não sofrerão após a morte e sua ambição foi enterrada junto com o mundo dos mortos que você criou.

Hades emitiu um sorriso abafado por debaixo do manto que o cobria.

— Você sempre foi tão ingênua. Ainda dizem que você é a deusa da sabedoria. Não faz jus ao título que carrega. — desdenhou Hades. — Nunca parou para pensar, qual o caminho que as almas dos mortos estão seguindo agora após a morte?! Para onde estão indo depois que o mundo dos mortos foi destruído?! Acha realmente que todos eles terão o utópico “descanso eterno” que você tanto defendia só porque destruiu o meu mundo dos mortos?

— Como?! — Atena não escondeu sua expressão de surpresa. — Não me diga que...

— Sim. O mundo dos mortos continua a existir. Não o que foi criado por mim, mas qualquer um que tenha sido criado por outro deus do submundo. O meu mundo dos mortos era universal, o principal de todos, mas existe vários outros espalhados pelo mundo. O Helheim, que é para onde vão os asgardianos. O Palácio dos Mortos, local para onde vão os egípcios. Ou o inferno de Jeová, lugar para onde vão os humanos punidos por ele. Algum deus ou entidade celeste está ocupando o meu lugar. Talvez Plutão, Lúcifer, Osíris ou Hela.  Não sou o único que compartilha da mesma opinião sobre a humanidade, Atena. — por mais ríspido que fosse, a voz de Hades também era serena. Ele mantinha a postura no seu tom de voz, mesmo quando era ameaçador. — Somos deuses. Seres superiores aos humanos. Eles são servos e nós somos seus senhores. Somos nós quem ditamos as regras e cabe a eles segui-las, caso contrário, o que os espera é um tormento eterno para espiar o que fizeram em vida. E isso eu chamo de amor incondicional.

— Está errado! Isso é um amor deturpado. Você continua com essa visão de tirania. Os seres humanos não nasceram nesse mundo para serem escravos da vontade dos deuses. Isso é orgulho e arrogância da sua parte Hades!! — rebateu Atena, com a voz alterada. — Nosso dever é guia-los com mansidão e sabedoria. São como crianças aprendendo a andar. Eles vão cair uma hora ou outra pois são falhos por natureza, mas cabe a nós, os deuses, ajuda-los a se levantar e seguir em frente. Somos superiores em poder e inteligência e esse nosso poder é para servir aos humanos!

Os olhos de Hades brilharam e uma pressão esmagadora se espalhou. Delfos sentiu o seu corpo ficar pesado, da mesma forma que ficou quando estava diante de Oberon, mas a imponência que fluía de Hades era maior do que a do filho. A majestade de um dos três grandes do Olimpo era prepotente e Delfos teve a impressão de sentir o chão trincando e até a grossa porta de ferro estralando.

— Servir aos humanos?! Não diga bobagens! Olhe para você, Atena!! Você está presa em uma cela minúscula por se envolve demais com os humanos. Você perdeu uma Guerra Santa contra Ares! Você, que desde a era mitológica se manteve superior a Ares quando se tratava de guerra. Atena, você se tornou uma deusa caída! Uma desonra para os deuses!! Uma desonra para o seu pai!! Você nunca mereceu receber dele o direito de governar a Terra!!

— O que foi que você disse?! — repentinamente o cosmo de Atena se elevou. Era como se as palavras de Hades tivessem puxado o pino de uma granada que em seguida explodiu. Mesmo dentro da cela, com os símbolos de contenção, o cosmo de Atena anulou a pressão que o cosmo de Hades provocava, mas jogou Delfos contra a parede. — Não mencione nada a respeito do meu pai!! Sua arrogância e inveja vem sendo maquiada por toda essa sua benevolência!

Em uma fração de segundos Hades viu o cabelo de Atena mudar de cor. O roxo se tornou castanho tão rápido quanto o piscar de um olho e em seguida voltou a ser roxo novamente. Ele viu, ainda que rapidamente, a face da verdadeira Atena. Aquela que ele conheceu na era mitológica, recebendo das mãos de Zeus a autoridade para governar a Terra. Aquela que foi a unica divindade a não fugir de Tifon e o enfrentou corajosamente.

— Sabe o que eu acabei de ver? Uma deusa se manifestando de verdade, ainda que temporariamente. Uma deusa que a muito tempo abandonou seu lado divino, se rebaixando a uma forma mortal e que agora está adormecida no fundo dessa mentalidade humana que se apodera. É lamentável saber que você caiu tanto. — Hades se virou, caminhando para a saída da prisão. — Recue seu cosmo, caso contrário os símbolos da cela irá drena-lo. Você vai precisar de forças para o que está por vir. A Porta da Morte foi aberta. Pelo lado de fora. Cinco cosmos estão vindo para o Tártaro. — ele parou diante da grande porta e olhou para Atena por cima do ombro. “Seiya!”, pensou Atena. Mesmo estando a metros de distância, Atena podia ver um olho vermelho em meio a escuridão por debaixo do manto. — Cinco cosmos humanos. Uma afronta ao Tártaro, caso queira saber. Essa contínua falta de respeito dos humanos não tem limite? Você vai continuar apoiando isso?

— É por uma boa causa. — respondeu ela. — Mas Hades, nessa Guerra Santa, qual a sua posição? Quem você vai apoiar? De qual lado você está?

Houve uma pausa. Atena e Hades já se ajudaram uma vez. Não seria estranho se isso acontecesse novamente, ainda que seja algo tão raro.

— Não tenho lados, pois nessa guerra são muitos. Você, Ares, o Olimpo... Me abstenho.

A porta de ferro se abriu e ele passou silenciosamente, fechando-a em seguida.

Atena encostou-se na porta da cela e soltou o ar, relaxando os ombros. Ela olhou para Delfos, que estava sentado no chão depois de ter sido arremessado contra a parede. Ele parecia estar bem. Estava com a cabeça jogada para trás, olhando para o teto da cela e parecia esboçar um fino sorriso.

— Eles estão chegando. — disse ele, contente. — Finalmente estão chegando. Se o mito estiver certo, eles chegarão daqui a nove dias. Ser capturado e preso não era algo que estava totalmente nos meus planos, mas... — Delfos parou de se conter e sorriu. — Nada disso importa, porque eles estão chegando. Atena... — ele olhou para ela. — Tudo está saindo como planejado.

Atena olhou para Delfos com uma expressão de dúvida. Ainda que admirasse a inteligência de Delfos, ela não aprovava totalmente as atitudes dele. Não gostou de saber que ele arquitetou tudo isso pelas costas dela, inclusive envolvendo a sua morte. 

— Você não me contou tudo o que planeja. — disse ela. — Eu sei disso. Tem algo que eu deva me preocupar, Delfos? Por mais que eu tente, não consigo confiar totalmente em você. Não consigo parar de me preocupar com alguém que eu não conheço e que astutamente manipula os deuses, incluindo a mim.

Delfos esboçou um sorriso.

— Compreendo sua posição. Sua desconfiança é justificável nesse momento, mas você colocou um homem que não conhece como Grande Mestre do Santuário? Atena, essa sua constante falta de segurança é que me preocupa, mas não é algo que não possamos resolver. — Delfos se levantou. — Não precisa se preocupar comigo. Não é de meu interesse lhe trair. Tudo o que fiz e o que vou fazer é para que possa vencer essa Guerra Santa e voltar a ser a deusa patrona da Terra. Nem que para isso eu precise, no final de tudo, dar a minha própria vida para finalizar os meus planos.

—...—

 
Jamiel – Fronteira entre a China e a India.

O sol estava se pondo entre as montanhas de Jamiel e o primeiro dos nove dias estava se encerrando com ele. Nuvens alaranjadas cobriam o céu e o vento soprava forte levantando a neblina do vale que leva até o palácio de Jamiel.

Seguindo as ordens de Kiki, Miguel de Cães de Caça e Johan de Corvo estavam na entrada do palácio fazendo a guarda, vigiando o local. Um pequeno reforço para atuar junto com a barreira levantada por Senkyou, que cobria toda China, a qual se misturava entre as nuvens como um fino véu transparente.

Dentro do palácio, em um dos quartos, estava Shiryu que cuidava de Ryuho, seu filho e discípulo, que havia chegado em Jamiel pela manhã. Ryuho estava bastante cansado e ferido, mas agora descansava deitado em uma cama de madeira, em cima de um fino colchão coberto por lençóis brancos. Mesmo usando a armadura de bronze de Dragão, havia sérios ferimentos em seu corpo. Ele agora vestia apenas uma calça comprida preta, pois sua camisa foi tirada para poder enfaixar a lateral da sua barriga e fazer curativos em seu peito, ombro e costas. Eram cortes finos e compridos, como se várias lâminas afiadas tivessem sido disparadas contra ele.

— Como ele está? — perguntou Kiki, entrando no quarto.

Shiryu estava sentado em uma cadeira ao lado da cama e segurava a mão de Ryuho.

— Está descansando. Cuidei dos ferimentos dele. — respondeu Shiryu, aliviado por ter sido nada grave. — Eram ferimentos no corpo todo. Ele perdeu bastante sangue. Não sei de onde ele veio ou o que aconteceu para deixa-lo assim.

— Ele não estava em Rozan? Com a Shunrei? — perguntou Kiki.

— Estava... — respondeu Ryuho, com um pouco de esforço.

Shiryu e Kiki olharam surpresos para ele. Ryuho olhou para o pai e sorriu, segurando firme na mão de Shiryu. Seus olhos estavam pesados e seu corpo formigava.

— Ryuho! — disse Shiryu.

— Que bom que você acordou. — disse Kiki, contente.

— Aconteceu alguma coisa em Rozan para você ficar nesse estado? — perguntou Shiryu, preocupado.

Ryuho balançou a cabeça.

— Não aconteceu nada em Rozan. Foi no Santuário. — respondeu ele.

— Santuário?! — disse Kiki

— O que você foi fazer no Santuário? — perguntou Shiryu, com tom de repreensão.

— Depois da sua luta com o Cavaleiro de Ouro de Câncer, eu pensei que o senhor tivesse ido ao Santuário. Sabia que não havia morrido naquela batalha. Eu... Eu sentia que ainda estava vivo. As estrelas de Libra ainda brilhavam forte no céu. — respondeu Ryuho. — Mas quando eu estava chegando no Santuário, fui envolvido no meio da perseguição de um desertor. O líder dos Cavaleiros de Prata, o senhor Alec, estava sendo caçado por dois cavaleiros de prata e pelo Cavaleiro de Ouro de Capricórnio. Me juntei a ele no combate, mas fomos encurralados e acabamos sendo salvos pelo Cavaleiro de Ouro de Virgem. Ele nos teletransportou e quando acordei estava caído na entrada do vale de Jamiel.

Shiryu olhou para Kiki.

— Alec veio para Jamiel com você? — perguntou Kiki.

Ryuho balançou a cabeça negando.

— Nos separamos quando fomos teletransportados. Não sei se ele conseguiu sobreviver. Estava bastante ferido. Muito mais do que eu. Perdeu bastante sangue e estava com a perna machucada. — disse Ryuho, cabisbaixo.

Shiryu se levantou. Estava com um semblante sério.

— Alec é forte. Não se tornou o líder dos Cavaleiros de Prata atoa. — disse Shiryu. — Se ele fugiu do Santuário... Algo deve ter acontecido lá. — ele olhou para Ryuho. — Mas não pense que esqueci da sua imprudência, Ryuho. Ir ao Santuário sabendo que o exército de Ares estava lá foi uma atitude tola de sua parte. Precisa ser mais atento.

— Shiryu. Não precisa ser tão duro assim com ele. — disse Kiki, tentando ser maleável.

— Não se meta, Kiki. — repreendeu Shiryu. — Não interfira no treinamento de Ryuho.

— Treinamento? — disse Ryuho, sentando na cama com expressão de dor. — Meu treinamento já acabou. Já sou um cavaleiro.

Shiryu olhou para ele com um olhar sério de reprovação.

— Um erro meu. Deixou que seus afetos guiassem você cegamente para uma atitude suicida. Acha que só porque veste uma armadura estará protegido de qualquer inimigo? Poderia estar morto agora, mas não porque estava sendo útil em batalha. Estamos em guerra e você precisa se concentrar nela.

Aquelas palavras foram tão dolorosas quanto a dor de seus ferimentos. O aperto no coração fez os olhos de Ryuho arderem em lagrimas.

— Foi com essa frieza que o senhor nos abandonou em Rozan? — perguntou ele, indignado. — Outros assassinos poderiam ter sido enviados!! Passamos um mês sustentando a esperança de que estava vivo em algum lugar!! Mas o senhor não voltou!

— Se eu voltasse seria perigoso. Estando longe de Rozan não haveria motivos para o exército de Ares pisar lá. — respondeu Shiryu. — E deixei um cavaleiro preparado lá. Pelo menos foi isso o que eu achei que tivesse feito. Mas me enganei.

Shiryu abriu a porta e passou, fechando-a com força.

Ryuho cerrou as mãos no lençol para não chorar, mas não conseguiu segurar as lagrimas. Kiki foi até a cama e sentou ao lado de Ryuho.

— Ele está decepcionado comigo.  

— Eu não diria isso. — disse Kiki. — Ele apenas está preocupado. Seu pai é um homem bastante racional e rígido. Semelhante ao mestre dele. Ele apenas está tomando os mesmos cuidados com você, pois você não é diferente dele.

Ryuho olhou confuso.

— Eu não sou diferente dele? Como assim?

— Quando seu pai era mais jovem, ele tomou várias atitudes, como ele mesmo disse, suicidas. Em prol dos amigos e das batalhas, claro, mas sempre foi um homem preparado para morrer e isso preocupava muito o mestre dele. O Mestre Dohko não podia sair de Rozan, então restava apenas acompanhar de longe o Shiryu em batalha. Com uma certa preocupação. Temendo que Shiryu tomasse alguma atitude precipitada. — Kiki fez uma pausa e olhou para Ryuho. — E ao saber que você foi até o Santuário por estar preocupado com ele, ele teme que você volte a fazer isso novamente porque está sendo levado pelo seu lado emocional. Sem se preocupar com o seu dever como cavaleiro, que é a sua prioridade.

— Mas ele me trata como se ainda fosse apenas um aspirante a cavaleiro.

— Acho que é assim que todos os mestres olham para os seus discípulos. Assim como um pai ou uma mãe sempre olham para o filho como se ele fosse criança, independente de quantos anos ele tenha. Seu pai foi quem finalizou o meu treinamento aqui em Jamiel, então sei muito bem como ele é como mestre. Mas com você tem um peso maior. Você não é apenas discípulo, mas também é filho dele, então quando ele repreende algo em você, não é apenas um mestre falando, mas também um pai. E por mais que Shiryu se esforce, ele não consegue esconder o forte amor paterno. — Kiki pousou a mão na cabeça de Ryuho. — Seja paciente com ele. Compreenda o quanto isso é importante para você e ele. A vida de um cavaleiro não abre espaço para a construção de uma família, mas Shiryu se esforçou para isso. Ele treinou você para ser um cavaleiro. Para lutar ao lado de Atena e proteger a humanidade, mas ele também teme que perca o filho na guerra e por isso quer que você seja forte, tanto em cosmo quanto em suas decisões. — Kiki se levantou. — Vou deixar você descansar por enquanto. Logo vamos precisar de você.

— Senhor Kiki... — Ryuho olhou para a palma da mão, onde havia um curativo com manchas de sangue. — Uma vez o meu pai falou que... Em tempos de paz, os filhos enterram os pais. Mas em tempos de guerra, os pais enterram os filhos.

Kiki abriu a porta e olhou para Ryuho por alguns segundos.

— Nem sempre. Um mestre também é como um pai, e eu, simbolicamente, enterrei o meu em tempos de guerra.

— Kiki! — chamou Marin, que apareceu correndo. — Eles estão vindo! O exército de Ares chegou!

— Já avisou ao Shiryu?

— Ele já está lá fora, junto com Johan e Miguel. — respondeu ela.

— Certo. Marin, leve Ryuho para o subsolo. — ele virou-se para Ryuho. — Nesse estado em que você está, não tem condições de lutar contra os berserkers. Acompanhe a Marin. Ela vai leva-lo até um local seguro. — Kiki passou por Marin. — Deixe-o lá e se junte a nós.

— Entendi. — disse ela, entrando no quarto e apoiando Ryuho em seu ombro. — Vamos garoto! Preciso que se esforce!

Marin o tirou do quarto e o guiou pelo corredor a pressas, até parar diante de um armário de livros. Ela encostou Ryuho na parede e empurrou o armário, revelando uma entrada no chão guiada por escadas. Apoiando Ryuho mais uma vez em seus ombros, Marin desceu as escadas.

— Ele chamou você de Marin. A senhora é a mestra de...

— Isso mesmo. Agora fique quieto.

As escadas terminavam em uma porta de madeira com o nome “Atena” escrito em letras gregas.

— O que tem atrás dessa porta? — perguntou Ryuho.

Marin não respondeu. Ela foi até a porta e abriu. O cômodo era pequeno, mas se tornava ainda mais com a grande quantidade de urnas e armaduras que havia naquele lugar. Ao lado da porta tinha uma mesa de madeira antiga repleta de marcas. Como se um marceneiro vivesse ali. Pedaços de armaduras e papeis velhos com desenhos de armaduras estavam espalhados em cima da mesa e pelo chão.

— Mas que lugar é esse?!

— O lugar mais seguro aqui em Jamiel. — respondeu Marin. — Fique aqui. Não importa o que você venha escutar, não abra essa porta. Apenas servos de Atena conseguem entrar aqui. Esse lugar é selado por Atena desde a era mitológica. O barro utilizado nesses tijolos recebeu o sangue da deusa. Ainda que o palácio venha abaixo, esse lugar permanecerá intacto.  

— Mas Marin...

— Ordens de Kiki! — disse ela. — Cuide-se.

Marin fechou a porta e subiu as escadas, deixando Ryuho para trás. Enquanto ela corria indo ao encontro de Kiki e dos outros, ela ouviu um barulho. Um som forte, como se o céu estivesse se partindo e desabando. A fraca luz alaranjada do pôr do sol que passava entre as brechas das janelas e das portas, mudou. Agora era uma luz vermelha sinistra acompanhada por um cosmo ameaçador, violento e assassino.

Marin passou pela porta e avistou no céu algo semelhante a um meteoro vermelho. O meteoro caiu do outro lado do vale, provocando um forte tremor de terra, desmoronamento e levantando uma grossa coluna de cosmo. Quando o cosmo cessou revelou um numeroso exército de amazonas, cavaleiros e berserkers guiados por Ênio, imponente e emanando um ar de guerreira. Ela trajava uma onyx branca com marcas negras. Debaixo do elmo, uma versão semelhante ao clássico elmo de Ares, uma mecha de cabelo preto como ébano cobria o olho direito, mas o esquerdo revelava uma íris de cor cinza escura com traços vermelho. Os olhos dela eram como um pedaço de madeira queimado, com tons de cinza, preto e o vermelho ardente da brasa. Sua pele era clara e seus lábios eram naturalmente vermelhos.

Com um olhar assassino e um fino, quase imperceptível, sorriso perverso, ela estava em pé em cima de uma biga de guerra negra com adornos vermelhos e dourados, segurando nas rédeas de dois cavalos negros. Os cavalos tinham couraças negras, feitas de Onyx, que cobriam a fronte da cabeça, a lateral do pescoço e as quatro patas. As escleras dos olhos dos cavalos eram negras e a íris eram como chamas vivas. E em suas cabeças, saindo das longas e sedosas crinas, brotavam chifres encurvados.

O que separava Ênio e o seu exército do Palácio de Jamiel era o longo e estreito caminho suspenso que ligava as duas extremidades do vale. Abaixo, no fundo do vale, havia rochas pontiagudas com esqueletos de antigos intrusos pendurados, como um aviso a qualquer um que tentasse se aventurar por ali.

Um dos cavaleiros de bronze escolhido por Ênio levou a mão ao peito e se curvou, tentando respirar. Ele sentia uma forte falta de ar, a ponto de fazer seus pulmões doerem, forçando que ele respirasse.

— O que está acontecendo comigo? — perguntou ele.

Ênio olhou para ele por cima do ombro com um olhar despreocupado, mas também curioso.

Um cosmo dourado pairou sobre eles e as montanhas, e desse cosmo dourado uma voz ecoou.

— Vocês estão em Jamiel. Seis mil metros acima do nível do mar. O ar é tão rarefeito que até os montanheses que moram por essa região, evitam caminhar até aqui. Saiam daqui!! Ou acabarão sendo mortos. Seja pelo vale, ou por aqueles que os esperam do outro lado do vale. — alertou, com tom de ameaça.

— Então essa é a calorosa recepção que o Mestre de Jamiel tem a nos oferecer? — perguntou Ênio, elevando seu cosmo rubro. — Então se alguém nos espera no outro lado do vale, seria uma falta de bons modos deixar esperando.

— Não vai reconsiderar? — perguntou. — Diante de vocês está o estreito caminho do vale da morte. Um caminho que vai leva-los ao mundo dos mortos.

 O aviso nada amistoso não foi o suficiente para fazer Ênio recuar. A deusa estralou as rédeas e os cavalos trotaram, calmamente, puxando a biga. Na medida que a biga andava, a terra começou a tremer e as rochas no fundo do vale começaram a tumultuar, uma em cima da outra, aumentando a largura da passagem suspensa que corta o vale. O caminho que antes era estreito para duas pessoas passarem, agora era tão largo que dois elefantes passariam juntos.

Ênio segurou a rédea com força e estralou tão forte que os cavalos levantaram a pata dianteira relinchando e galoparam forte, marcando o chão e puxando a biga. A nuvem de poeira deixada pela biga estava sendo cortada pelo exército que corria logo atrás, acompanhando Ênio.

— Se preparem! — disse Kiki, elevando o cosmo e vestindo a armadura de ouro de Aries. Shiryu, Miguel, Johan e Marin elevaram seus cosmos e materializaram suas armaduras. — A batalha vai começar!

—...—


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Notas finais do capítulo

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Próximo capítulo: Velocino de Ouro.
Sinopse: indefinida.
Data de publicação: indefinida

OBSERVAÇÃO: O capítulo demorou porque minhas aulas voltaram e,obviamente, meus estudos se tornaram prioridade. Faço Odontologia e meu horário é integral, então o tempo que tenho de sobra é pra estudar e um rápido lazer. Não vou parar a fanfic, mas os capítulos saem com um intervalo maior. Escrever não é fácil e eu me nego a fazer essa história de qualquer jeito, de forma preguiçosa.

Então peço compreensão da parte de vocês. ♥ Amo quando vejo alguns de vocês entusiasmados pelo próximo capitulo, isso me deixa muito contente até pra escrever, mas é chato quando chega um insensível e simplesmente cobra o capítulo como se eu fosse um empregado. Não é assim que a banda toca né kkkk

Não esqueça de deixar a sua opinião. A sua critica é sempre bem vinda e fundamental para a história. E é ela que incentiva a continuação e melhoras da fanfic.



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