A Saga de Ares - Santuário de Sangue escrita por Ítalo Santana


Capítulo 49
Capitulo 46 - Bluegraad


Notas iniciais do capítulo

São nove dias para chegar ao Tártaro e agora restam apenas oito. Enquanto Seiya e os outros se dirigem ao mundo primordial das trevas, Anteros vai até Bluegraad para obter informações a respeito de Atlântida. Em Jamiel, a deusa da carnificina, Ênio, e seu exército se deparam com Kiki, o novo Mestre de Jamiel, que está decidido a impedi-la de chegar a Senkyou.
A noite se encerra com as revelações do plano de Delfos e suas calculistas decisões para vencer a guerra a qualquer custo.



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Capitulo 46 - Bluegraad


Silkeborg – Dinamarca – 1º dia

A janela do quarto estava aberta e o vento a balança provocando rangidos. A luz da lua cheia, que brilhava forte no céu de poucas nuvens, entrava em abundância pela janela, iluminando o quarto. Na cama, próxima a janela, dormia de bruços um jovem coberto por lençóis brancos. Ao ouvir barulho de paços, garras riscando o chão e grasno, ele levantou-se da cama assustado, acordando com os olhos arregalados.

Seus olhos passearam pelo quarto nas partes mais escuras, onde a luz da lua parecia não conseguir iluminar. As sombras pareciam se mover como se algo estivesse se amontoando na tentativa de evitar a luz. O jovem estreitou os olhos, tentando enxergar o que estava ali, e de repente ele foi pego de surpresa quando olhos vermelhos brotaram e grandes asas negras se abriram. Eram dezenas de corvos grandes e negros grasnando e voando em sua direção na cama.

O jovem saltou, jogando o lençol para o alto, e cruzou os braços na frente do rosto para se proteger dos corvos. Mas ao invés de ser atingido pelas garras das aves, ele foi atingido por socos. Os corvos tomaram formas humanoides e avançaram em luta corporal. Eles tinham o corpo coberto por penas e debaixo dos seus braços se projetavam as largas asas negras. A cabeça era de crânio negro de corvo e seus olhos eram vermelhos como pedras de rubi.

O jovem lutou contra eles, desferindo rápidos socos na velocidade da luz, mas seus golpes pareciam não ser suficientes. Os corvos humanoides pareciam ser bem treinados e desviavam dos golpes com facilidade. A luta não se estendeu por muito tempo e o jovem logo foi vencido e contido. No chão, sendo segurado pelos misteriosos corvos, ele viu um homem entrando no quarto. O homem vestia uma onyx negra e arrastava o que parecia ser uma capa preta, mas só quando chegou mais perto foi que deu para notar que não se tratava de uma capa preta, mas sim de um grande par de asas negras que se projetavam nas costas, cobriam uma parte dos ombros e se arrastavam pelo chão. Usava um elmo negro em forma de crânio de corvo e através do elmo brilhavam também olhos vermelhos.

Ele parou diante do jovem e passou a mão esquelética, de dedos longos e finos, diante do próprio rosto, fazendo o elmo se dissolver em trevas, revelando cabelos curtos verde lodo e um rosto pálido com um sorriso estreito.

O jovem arregalou ainda mais os olhos. Ele suava frio e seu corpo não parava de tremer. Na sua mente passou uma avalanche de memorias as quais ele gostaria de esquecer sobre o seu passado.

— Não! Não pode ser!

— Achou que eu estivesse morto, Leão?

— Mas você... Você está morto! Eu vi! Eu vi o seu corpo cair sem vida!

— Garoto inocente. Como você pode ser tão ingênuo? Achou mesmo que eu morreria assim tão fácil? — O quarto mudou de ambiente e o jovem agora estava no centro de um círculo de fogo que consumia uma floresta. Ao seu lado haviam três corpos de adolescentes, mortos, com queimaduras graves, mas em meio as chamas alguém ainda gritava pedindo por socorro. — Voltei porque senti saudade de tortura-lo. — disse ele sorrindo e surrando, esticando a mão em direção a cabeça do jovem. — Abra a sua mente, Jake. Deixe eu entrar!! Deixe eu entrar!!

— Não!! — gritou Jake, acordando subitamente.

Ele arfava, cansado, e estava suado. Sua testa tinha gotículas de suor e seu cabelo estava grudado.

— Senhor Jake? — Chamou Plancius, preocupado. Ele estava sentado na cama ao lado, observando Jake. — O senhor está bem?

Jake levou a mão a cabeça como se estivesse sentindo dor.

— Eu... — Ele demorou um pouco para cair na realidade. Foi um pesadelo. — Sim. Estou bem.

Plancius ainda olhava preocupado, mas fingiu acreditar em Jake.

— Shina e os outros já estão reunidos lá em baixo. — disse Plancius, se levantando. — Só estão esperando pelo senhor.

Jake soltou o ar, relaxando os ombros.

— Está bem. Vá na frente. Vou descer daqui a dois minutos.

Plancius assentiu gesticulando a cabeça. Jake se apressou para tomar banho e trocar de roupa, vestindo uma calça jeans escura e uma camisa social cinza oferecida por Asterion. Com as mangas da camisa dobradas até o cotovelo, Jake sentou na cama para calçar os sapatos. Ao se levantar ele olhou para o espelho que estava à sua frente e encarou seu reflexo. Fazia tempo que ele não parava para olhar para ele. Havia uma pequena e fina cicatriz na lateral do seu rosto, mas ele nem lembrava em qual luta ele obteve aquela cicatriz. De ombros tensos e olhos marcados por olheiras, mesmo depois de algumas horas de descanso, seu rosto ainda expressava cansaço.

Ao descer as escadas, indo em direção a cozinha onde todos estavam reunidos, ele passou diante de uma porta e parou de imediato ao sentir uma centelha de cosmo vindo de trás da porta. Jake estendeu a mão para a maçaneta, prestes a abri-la, mas Plancius apareceu no corredor e o chamou com uma expressão confusa.

— Senhor Jake! Estamos aqui.

Jake piscou duas vezes antes de se afastar da porta e olhar para Plancius. Ele olhou novamente para a porta e desistiu, indo em direção a cozinha. Todos já estavam reunidos. Asterion estava em pé atrás da bancada americana, cozinhando junto com Nachi. Na mesa estavam os outros conversando sobre a guerra.

Shina foi a primeira a ver Jake entrando.

— Estávamos esperando por você. — disse ela.

— Você está bem? — perguntou Shalom, preocupado com a expressão de Jake como se tivesse assustado e cansado.

— Esse tipo de pergunta parece estar bastante costumeiro hoje. Daqui a pouco vou realmente me sentir doente. — disse ele, um pouco irônico, enquanto abria a geladeira e pegava uma garrafa de água. — Sim, estou bem.

— Por acaso teve um pesadelo, Jake? — perguntou Asterion, oferecendo um copo a ele.

— Eu não gosto que leiam a minha mente sem a minha permissão. — disse Jake, ríspido, pegando o copo.

Esse tipo de intromissão fazia Jake lembrar-se de Hugo e consequentemente do pesadelo que teve. Se tinha uma coisa que ele odiava, era sentir-se sem privacidade.

Asterion abriu a boca para protestar, mas parou e abriu um sorriso.

— Mas eu não li a sua mente. Apenas fiz uma pergunta. E não se preocupe, não vou voltar a ler a sua mente sem a sua permissão.

Jake bebeu a água um pouco constrangido pela indelicadeza e respondeu ao pousar o corpo na bancada.

— Tive sim, mas está tudo bem. Foi apenas um pesadelo.

— Ótimo. — disse Jabu, que estava sentado de braços cruzados. — Agora que todos estão aqui pode nos contar o que sabe?

Asterion, que estava concentrado cortando legumes, parou e virou-se para a mesa. No rosto de todos estavam a ansiedade pela verdade. Ele acenou com a cabeça e voltou a fatiar os legumes.

— E por onde querem que eu comece? — perguntou ele. — É uma história longa.

— Porque não começa nos contando como fugiu do Santuário? — perguntou Shina. — Após a derrota de Saga houve um julgamento no Santuário, coordenado por Milo de Escorpião. Na decima quarta etapa do julgamento foi tratado e apurado as mortes dos Cavaleiros de Prata durante a rebelião de Saga. Seu nome estava na lista dos cavaleiros mortos, mas Marin contestou quando estava dando depoimento. Ela informou que havia deixado você vivo para que pudesse voltar ao Santuário e contar ao Grande Mestre o que havia ocorrido no Japão. Seu corpo não foi encontrado, assim como a sua armadura, então você foi decretado como morto e construíram uma lápide simbólica para você no cemitério dos cavaleiros. Asterion! O que realmente aconteceu depois daquela batalha?

— Pois bem. No final da luta contra Marin, quando eu já estava no chão, Marin desfez o bloqueio mental e eu pude rapidamente ler a sua mente. — disse Asterion, enquanto recolhia os legumes que havia cortado e levava para a panela que fervia no fogão. — Eu notei o quanto o Santuário era diferente do que parecia realmente ser. Tudo o que eu saiba, era mentira. O traidor Aiolos era na verdade um herói. O Grande Mestre podia ser um impostor. Atena não estava no Santuário. Saori Kido era Atena. — Asterion tampou a panela e se encostou na pia, ficando de frente para a mesa. — Podem imaginar o quanto descobrir isso foi revoltante? Meus companheiros haviam morrido ali, do meu lado, enquanto lutavam achando que estavam fazendo a coisa certa. Lutaram porque achavam que estavam honrando Atena. Mas estávamos sendo manipulados por alguém que fingia ser o Grande Mestre. Não pude aceitar isso. Eu havia treinado arduamente para me tornar um cavaleiro e seguir Atena na proteção da Terra, e não ser marionete de alguém ambicioso.

— E o que foi que você fez? — perguntou Nachi.

— Eu voltei ao Santuário. — respondeu Asterion. — Mas não cheguei a entrar. Fiquei em Rodorio, hospedado como um viajante em uma Taverna. Não seria tolo de entrar no Santuário querendo convencer os cavaleiros de que o Grande Mestre era na verdade um impostor.

— Um pensamento um pouco covarde, não acha? — questionou Jabu.

— Não é questão de covardia. É não ser impulsivo. Quem iria acreditar em mim? — rebateu Asterion. — Como eu iria provar essa acusação? Eu iria acabar sendo morto.

— Com certeza iria. — disse Shina. Todos olharam para ela. Inclusive Asterion, um pouco surpreso com a afirmação tão dura da amiga. Notando que todos a encaravam, Shina se explicou. — O que eu quero dizer é que o falso Grande Mestre tinha alguns cavaleiros como aliados, os quais sabiam de toda a verdade. E não eram cavaleiros de patente qualquer. Eram Cavaleiros de Ouro. A elite do Santuário. Se Asterion tivesse acusado publicamente o Grande Mestre, poucos cavaleiros, ou até mesmo nenhum, poderiam apoiar Asterion na desconfiança, mas isso não iria perpetuar por muito tempo. Além dos Cavaleiros de Ouro que sabiam da verdade, outros eram cegamente fieis aos Grande Mestre. Asterion seria acusado de querer levantar uma rebelião interna contra o representante de Atena. Isso já era o suficiente para ele ser executado. Nem mesmo Aiolos, que era respeitado por todo o Santuário, teve qualquer defesa da parte dos cavaleiros, pois todos acreditaram no Grande Mestre.

— Exatamente Shina. — concordou Asterion. — O Grande Mestre era absoluto. Não tinha como eu fazer qualquer coisa sozinho. Passei alguns dias em Rodorio, e durante esse tempo eu ouvia os rumores de que os cavaleiros de prata continuavam sendo enviados para o oriente e que um após o outro estavam sendo derrotados. Saber disso me deixou ainda mais furioso e frustrado. Pouco eu sabia sobre tudo, mas o que eu sabia não podia falar porque rapidamente teria a minha voz abafada. Eu teria que saber mais para poder fazer algo significativo. Mas isso mudou no dia em que o Grande Mestre foi até Rodorio para fazer uma de suas visitas para as pessoas que moram no vilarejo. Olhando ele de longe, no meio de tanta gente sorrindo para ele e esticando a mão para tocar em seu manto como se ele fosse um deus que pudesse curar apenas com um simples toque, ninguém poderia imaginar que era um usurpador de coração manchado em trevas. Ele estava acompanhado de um Cavaleiro de Ouro que fazia a sua guarda. Eu não podia me aproximar para não ser reconhecido, então tentei de longe ler a mente do Grande Mestre. — Asterion emitiu um sorriso abafado. — Tolice da minha parte. Eu deveria ter imaginado que ler a mente do Grande Mestre não era assim tão fácil. O elmo bloqueava a minha habilidade. Eram camadas infinitas me bloqueando. Não conseguia sequer passar da primeira camada. Contudo, o Cavaleiro de Ouro que seguia o Grande Mestre não gozava desse mesmo privilegio.

— E quem era o Cavaleiro de Ouro? — perguntou Plancius.

— Mascara da Morte de Câncer. — respondeu Asterion. — Foi ai que eu descobri quem era o homem que havia matado o verdadeiro Grande Mestre. O homem que um dia foi admirado e respeitado por todos por causa de sua bondade e força. Saga de Gêmeos. As coisas estavam muito mais fora do meu alcance do que eu podia imaginar. Mas eu continuei a observa-los de longe, e ao final do dia, quando todos já haviam se retirado, vi quando o Grande Mestre ordenou que Mascara da Morte fosse para Rozan. Eu não podia ficar ali parado sabendo de tudo aquilo. Teria que contar a alguém mesmo que custasse a minha vida. Então lembrei do Senhor Mu. Ele havia ajudado Seiya e os outros cavaleiros de bronze a fugir quando Misty apareceu para mata-los soterrados no Monte Fuji. Se Mu estava ajudando os cavaleiros de bronze, isso era sinal de que ele provavelmente nutria desconfianças a respeito do Grande Mestre.

— Então você foi para Jamiel. — disse Shina.

Asterion afirmou acenando com a cabeça.

— Contei a ele tudo o que eu sabia. E Mu me contou que já desconfiava de tudo isso e que foi por esse motivo que ele se afastou do Santuário. Sozinho ele também não poderia fazer nada contra o Grande Mestre e seus aliados. Talvez um ou dois Cavaleiros de Ouro acreditassem nele, mas a maioria iriam defender o Grande Mestre. Mu concluiu que estava chegando a hora da batalha final entre Atena e o Grande Mestre, e que por esse motivo ele estaria voltando para a sua casa zodiacal no Santuário. Já eu decidi que não voltaria para o Santuário e pretendia deixar a minha armadura em Jamiel, mas o Senhor Mu me aconselhou a levar a armadura e um dia passa-la para alguém digno de vesti-la. Pedi a ele para que não contasse sobre o meu paradeiro e antes de partir avisei que Mascara da Morte havia sido enviado para Rozan na missão de matar o Mestre Ancião, e imediatamente Mu se retirou para auxiliar o Mestre Ancião. Daí então eu voltei para Silkeborg. A cidade onde eu cresci com meus pais até ser escolhido e enviado ao Santuário. Fiquei afastado das atividades do Santuário até que dois anos depois um homem bateu na minha porta.

—...—


Palácio Valhalla – Asgard — 1º dia

Hyoga acordou e notou que ao seu lado a cama estava vazia, tendo apenas lençóis brancos amassados como se alguém tivesse dormido ali. Ele levantou seu tronco apoiando-se em seus cotovelos, fazendo força em seus braços contraindo seus músculos, para ver a deusa Eos de frente para o espelho da penteadeira colocando seu vestido de costas ainda nua e tentando alcançar o zíper.

— Já está de saída? — perguntou Hyoga.

Eos se assustou e olhou sorrateiramente para ele, como se estivesse com vergonha. Ela notou que Hyoga ainda estava nu, tendo apenas um fino lençol cobrindo da cintura para baixo. Eos não conseguia parar de admira-lo. Hyoga de barba e cabelos longos, corpo marcado por finas cicatrizes de guerra e músculos definidos parecia o típico padrão de deus nórdico que os humanos idealizam, mas nenhum humano, mesmo em seus desejos e fetiches mais eróticos, conseguiria imaginar tanta beleza quanto a que Eos estava vislumbrando. Talvez apenas os deuses Apolo e Eros superassem Hyoga.

Eos afastou esses pensamentos e voltou a encarar o seu reflexo no espelho.

— Tenho que ir. O sol já está se pondo e Hilda deve estar me esperando. — respondeu ela.

— Sobre o que aconteceu hoje...

— Isso foi bem mais do que desejo. — Eos interrompeu Hyoga. — Escute, Hyoga. Acompanhei você na Sibéria desde pequeno porque você lembrava muito um dos meus filhos, e vê-lo chorando ao perder a mãe naquele trágico naufrágio me comoveu. O que aconteceu hoje entre nós dois foi por causa de uma maldição imposta por Afrodite que me aflige a séculos. 

Hyoga enrugou o cenho.

— Maldição?

— Eu... Eu já tive um caso com Ares, mas quando Afrodite descobriu teve uma crise de ciúmes e me amaldiçoou. A maldição faz com que eu me apaixone apenas por mortais, para que eu sofra quando eles morrerem. A vida humana é tão frágil e rápida. Dói só de imaginar que a pessoa que você ama irá morrer.

— Então foi por isso que eu me senti atraído por você? — perguntou Hyoga.

— Sim. E sobre a maldição de Éris que você carrega no peito, se você continuar a lutar contra os deuses você morrerá com os espinhos rasgando seu coração, mas se você se afastar dessa vida de cavaleiro, a morte será lenta. — Eos fechou o seu vestido e jogou os cabelos para trás. — De uma forma ou de outra a maldição não lhe dá escapatória. Apenas a morte. Mas talvez possa existir um meio de livra-lo desse tormento.

Hyoga enrolou o lençol na cintura e foi até Eos, passando o braço por trás da deusa e puxando-a para junto do seu corpo. Mesmo estando sem roupa e o clima sendo frio, Eos sentia o corpo de Hyoga quente e isso fazia ela se arrepiar.

— Não me conte agora. — disse Hyoga. — Deixe que eu lute nesta guerra dando o máximo de mim. Se eu sobreviver, estarei de ouvidos atentos para escuta-la.

— Então não morra. — disse Eos, com voz abafada se afastando de Hyoga.  

A deusa olhou para Hyoga antes de dar as costas e sair do quarto, fechando a porta em seguida.

Hyoga sentou na cama e levou a mão ao peito. As finas pontadas iam e vinham. Seria assim que ele viveria até morre caso se afastasse da vida de cavaleiro. Sofreria até envelhecer.

— Jamais iria imaginar que a minha vida fosse terminar assim. — disse ele sorrindo, falando sozinho. — Com uma maldição. Queria pelo menos morrer ao lado dos meus amigos. — Hyoga olhou para a urna da armadura de Aquário que estava no canto do quarto. — Mas agora eu preciso esperar que eles voltem do Tártaro, não é Aquário?

Hyoga olhou repentinamente para a janela quando sentiu o movimentar de alguns cosmos. Ainda enrolado no lençol, Hyoga correu até a janela. O cosmo estava distante, fora das terras de Asgard, mas ainda perto o bastante para ser sentido.

Esses cosmos... São semelhantes aos dos guerreiros de Ares que invadiram o Santuário. pensou Hyoga. — Só pode ser eles! — disse cerrando o punho. — Mas o que estão fazendo no extremo norte da Europa?! Será que eles... Preciso avisar a Hilda!

Hyoga se apressou para vestir uma roupa e saiu correndo do quarto, passando pelos corredores do palácio em direção ao salão principal do trono. No salão estava Alberich e alguns soldados reunidos com Hilda, Freya e Eos.

— A movimentação cósmica é fora do nosso território, Senhorita Hilda. — disse Alberich, que estava ajoelhado e trajava a sua Robe divina. — São cosmos hostis que estão se dirigindo rumo ao norte, mas os indivíduos ainda não foram identificados.

— São berserkers!!

Alberich olhou para Hyoga por cima dos ombros.

— Hyoga? O que está fazendo fora do seu quarto? — perguntou Freya, que também estava ajoelhada ao lado de Alberich, representando a classe de guerreiras Valquirias. Ela se levantou colocando o arco nas costas. — Deveria estar se recuperando dos ferimentos.

— Depois farei isso. Agora precisamos saber porque um grupo de berserkers está nessas redondezas.

— Você acha que eles pretendem atacar Asgard mais uma vez? — perguntou Hilda, sentada no trono.

— Talvez, eles...

Alberich emitiu um sorriso abafado interrompendo Hyoga.

— Com um grupo de mais ou menos seis berserkers? Uma invasão está fora de cogitação. E eles continuam a se afastar de Asgard, cada vez mais indo para o leste. — Alberich se levantou e foi até uma das paredes laterais onde havia um grande mapa de toda a região de Asgard e dos territórios vizinhos. — E só existe um destino para quem caminha até o leste. Bluegraad (Graad Azul). A terra dos Guerreiros de Gelo.

— Então temos que ir até lá. Bluegraad pode ser alvo de Ares também.

— Bluegraad está fora de nossa jurisdição. Não temos qualquer aliança com aquele povo e politicamente falando está fora de nosso alcance quando se trata de guerra. — disse Alberich olhando para Hyoga sorrateiramente.

— Pretende deixar o povo ser morto? — questionou Hyoga.

— De qual povo está falando, Hyoga? — perguntou Alberich, virando-se. — De Asgard ou de Bluegraad? Minha responsabilidade é com os Asgardianos. E se tratando deste povo, eu não pretendo deixar que sejam mortos. Já os que vivem em Bluegraad, eles têm seus Guerreiros Azuis para protege-los. Sofremos uma baixa em nosso exército e não tivemos qualquer ajuda dos Guerreiros Azuis.

— Isso é egoísmo seu. — rebateu Hyoga, impaciente. — O Santuário também não tem qualquer responsabilidade com Asgard, mas isso não nos impediu de ajuda-los.

— O que o Santuário tem com Asgard é consciência pesada misturada com remorso e interesse. — disse Hilda, para a surpresa de todos. Hyoga foi quem mais ficou espantado, não só pelas palavras, mas também pela dureza na voz de Hilda. — Remorso por terem matado os Guerreiros Deuses por consequência de uma guerra santa entre Atena e Poseidon. Interesse porque Asgard é a potência de guerra do extremo norte, e na carta enviada pelo Grande Mestre não tinha apenas um aviso sobre a chegada dos berserkers, mas também uma troca de favores quando a tal “batalha final” entre Atena e Ares começar. Em outras palavras, o Santuário só enviou um dos seus Cavaleiros de Ouro porque vão precisar do suporte dos meus Guerreiros Deuses e Valquirias.

Hyoga sentiu-se um pouco envergonhado. Hilda não estava errada. Ele estava ali para formar uma aliança entre Asgard e o Santuário. Uma troca de prestação de serviço em guerra. Ele era a pessoa mais indicada para fazer com que Asgard se inclinasse para ajudar o Santuário.

— Hilda, eu...

— Não precisa se explicar. Já havia notado isso desde o início. Por isso você foi enviado. É o cavaleiro que mais tempos proximidade. — disse Hilda. — O atual Grande Mestre é um verdadeiro estrategista de guerra. Não é à toa que ele é representante de Atena.

— Depois de toda essa conclusão, qual será então a sua posição? — perguntou Hyoga.

— Alberich foi bastante claro. Nós Asgardianos não podemos interferir em Bluegraad. Está fora das nossas condições. — Hilda se levantou e desceu as escadas indo até Hyoga. — Mas não está fora do seu alcance. Bluegraad já foi território do Santuário antes de declarar independência e você é um Cavaleiro de Ouro enviado como um representante de Atena. Se realmente os donos desses cosmos forem os berserkers, você tem total autoridade para entrar em Bluegraad e caça-los por serem inimigos declarados do Santuário. Mas você não vai sozinho. — ela virou-se para Freya. — Freya, acompanhe Hyoga. Convoque três valquírias e pegue os melhores cavalos no estabulo. Vá como uma serva do Santuário e não de Asgard. Isso evitará problemas com Bluegraad com invasão de territórios. Valquirias no lugar de soldados ou Guerreiros Deuses é mais aceitável.  

— Obrigado.

Hilda passou por Hyoga e logo as damas de companhia ficaram ao lado dela seguindo-a pelo corredor. Eos encarou Hyoga um pouco preocupada, desejando no fundo do coração que ele tomasse cuidado pois ainda estava um pouco ferido. Ela se apressou saindo do salão para acompanhar Hilda.

— Senhorita Freya, licença. Por precaução irei reforçar a vigilância nas nossas fronteiras e na segurança do palácio. — disse Alberich, fazendo reverência para Freya e em seguida saindo do salão acompanhado por seus soldados.

— Ele não gosta de mim. — disse Hyoga.

Freya sorriu.

— Como se você se importasse com isso. — Freya segurou no braço de Hyoga. — Vamos. Temos que nos apressar.


Entrada de Bluegraad – 1º dia

— O caminho de pedras termina aqui, senhor Anteros. — disse Lycaon, montando em um corcel negro de olhos vermelhos. Ele vestia um manto escuro de frio feito de pele de lobo por cima da onyx — A outra parte do caminho está completamente obstruída por neve.

Anteros, que vestia um manto de cor escarlate similar ao de Lycaon, puxou a rédea do cavalo para observar o caminho. Quanto mais próximos de Bluegraad, mais a tempestade de neve se intensificava como uma defesa da cidade para afastar visitantes indesejados, e maiores ficavam as dunas de neve. Anteros cerrou seus olhos prateados e estendeu a mão, concentrando seu cosmo e disparando uma rajada que cortou a tempestade e dissipou a neve, mostrando o caminho de pedras que estava coberto.

— Vamos! — disse o deus, estralando a rédea.

Lycaon e os outros três berserkers o seguiram pelo caminho até avistarem os altos muros de Bluegraad e o grande portão branco detalhado com cristais azuis em alto relevo. Havia dois soldados fazendo a guarda do portão. Cada um estava em uma extremidade e portavam lanças afiadas. Eles vestiam trajes semelhantes aos dos soldados do Santuário, a única diferença é que em seus trajes haviam peças de couro e pele de urso para protegê-los do frio. Quando os soldados avistaram Anteros e os berserkers  apontaram suas lanças em posição de ataque.

— Parem ai mesmo! — gritou o soldado. — Não vamos garantir que continuarão vivos caso se aproximem do portão. Quem são vocês e o que querem aqui?

Anteros rapidamente puxou a rédea do cavalo e levantou a mão direita sinalizando que Lycaon e os demais berserkers também parassem.

O segundo soldado se afastou do portão e se aproximou de Anteros.

— Não ouviram? Quem são vocês e o que vieram fazer nas terras de Bluegraad? — perguntou o soldado interrogando Anteros. — Apresentem-se!

— Me levem ao seu representante. — disse Anteros.

— Eu já disse! Se apresentem! — insistiu o soldado apontando a lança para Anteros. — Ninguém entra em Bluegraad ou fala com o senhor Alexei sem a devida autorização.

Os olhos de Anteros brilharam e seus cabelos roxos se agitaram junto com o seu cosmo. O guerreiro de bluegraad sentiu o seu corpo congelar, não por causa do frio, mas por um medo terrível. Ele queria recuar, mas não conseguia. Seu corpo estava paralisado e havia começado a suar como se estivesse em uma tarde ensolarada do litoral africano. Ele nunca havia sentido um cosmo tão poderoso quanto aquele ou olhado nos olhos de alguém tão imponente.

— Não teste a minha paciência, soldado! — exclamou Anteros. — Se eu quisesse você e seu colega já estariam mortos antes mesmo de nos avistarem. Eu sou um deus representante de Ares, o senhor da guerra, e exijo que você me leve ao governante de Bluegraad. Imediatamente! — Anteros encostou o dedo na lança do soldado e instantaneamente ela foi pulverizada. — Não vou falar uma segunda vez.

Anteros recuou o seu cosmo e o soldado caiu de joelhos diante dele, puxando o ar tão desesperadamente como se estivesse passado minutos sem folego. Livre da pressão do cosmo do deus, o soldado se levantou correndo e acenou para que o outro soldado abrisse o portão.

— Chame o senhor Alexei. Urgente! — gritou o soldado, espantando. — Avise a ele que um deus veio para Bluegraad!!!

—...—


Silkeborg – Dinamarca – 1º dia

— Um homem bateu na sua porta? — perguntou Shina. — Delfos?

Asterion acenou com a cabeça dizendo “sim”.

— Antes mesmo que ele se apresentasse eu já sabia quem ele era. Não pude deixar de ler sua mente a partir do momento que senti um cosmo poderoso vindo dele. Mas as cenas que eu vi... — Asterion arregalou os olhos se perdendo nas próprias lembranças. — Eram terríveis. Eu vi Atena sendo morta; Eu vi Seiya com as asas quebradas se arrastando para chegar até Atena; O Santuário repleto de corpos espalhados; Rios de sangue escorrendo pelas escadarias; Os corpos dos cavaleiros pendurados em altas estacas de madeira e sendo torturados pelos berserkers; Um deus de trajes vermelhos sentado no trono do Santuário. — Asterion levou a mão ao rosto e fechou os olhos na tentativa de afastar aquelas imagens pavorosas. — Não consegui esconder meu espanto naquele momento. E Delfos ficou tão espantado quanto eu no momento que li a sua mente. Talvez ele nem soubesse quem eu era. Apenas bateu na minha porta porque estava tentando recuperar as armaduras de prata e bronze que estavam espalhadas pelo mundo. Mas eu ignorei o motivo dele estar ali porque o que mais me interessava era entender tudo aquilo que eu vi. Então eu pedi para que ele entrasse e me explicasse o que significava tudo aquilo. Delfos tem a habilidade de prever o futuro e aquelas imagens faziam parte de uma profecia transmitida pelo Oraculo do Santuário. E agora ele queria mudar o destino sem causar alterações na profecia.

— Uma manipulação. — concluiu Shalom. — Algo perigoso se levar em consideração que uma simples mudança pode desencadear uma cascata de mudanças inesperadas.

— Mas essas mudanças não seriam nada além do próprio destino tratando de colocar as coisas nos trilhos. — disse Asterion. — Não se pode mudar algo que está marcado para acontecer. Nem os deuses podem fazer isso. De uma forma ou de outra aquilo que Delfos havia previsto através do Oraculo iria ocorrer, independente do que fosse tentado a fazer contra aquilo. O destino iria se encarregar de fazer com que tudo se cumprisse, independentemente do quão doloroso poderia ser. Aquilo que as Moiras tecem não pode ser alterado. Então eu me ofereci a Delfos para ajudá-lo em seu plano. Passamos anos nos encontrando e elaborando o que deveria ser feito. Se nada daquilo poderia ser alterado, então só o que nos restava fazer era interferir entre os acontecimentos. Daí em diante pensamos em cada passo que deveríamos dar. Não poderíamos nos dar ao luxo de falhar e aquilo que não tivéssemos certeza de sucesso, deveríamos arriscar apenas se a margem de erro fosse razoavelmente segura.

— E no meio desse plano vocês pensaram nas vidas que seriam perdidas? — questionou Jabu.

— Sempre. Nunca deixamos de pensar o quanto custaria cada ação nossa. Pensamos no mínimo de mortes possível. Jamais seriamos egoístas a esse ponto. — respondeu Asterion, se sentindo um pouco ofendido.

— E o que foi que vocês decidiram? — perguntou Jake.

— Primeiro pensamos em Atena. Ela deveria morrer, mas teria que ter alguma forma de reverter isso. Recorremos então a escrituras antigas e descobrimos sobre a “Porta da Morte” do Tártaro e sobre a alma dos deuses nesse mundo inferior. Se Atena fosse realmente morta, sua alma vagaria pelo Tártaro até poder reencarnar mais uma vez na Terra e isso levaria centenas de anos. Delfos pensou em selar a alma de Atena no corpo de Saori de modo que ela fosse de corpo e alma para o Tártaro. Dessa forma apenas teríamos que nos preocupar em como tira-la de lá. E é ai que entra a Porta da Morte. Se pudéssemos entrar lá, poderíamos resgatar Atena e trazê-la para a guerra.

— Mas ninguém entra no Tártaro assim tão fácil. — comentou Kastor.

— Isso é verdade. A Porta da Morte apenas é aberta pelos deuses que tem acesso a ela, mas esses deuses não são muitos e os poucos que tem autoridade sobre ela... — Asterion fez uma pausa. — Bem, não são tão amigos de Atena. Ainda assim olhamos as opções e concluímos que Thanatos era a melhor entre todas as opções. Atena já havia ajudado Thanatos uma vez quando Ares o acorrentou, então poderíamos usar isso como uma troca de favor. Isso era muito arriscado. Nós tínhamos a plena consciência disso. Sabíamos que todo o plano poderia terminar ali, na tentativa de convencer Thanatos, mas a margem de erro ainda era favorável. Mas quem iria convencê-lo? Seiya? — Asterion sorriu. — Thanatos mataria Seiya. Até lá teríamos que pensar em alguém, mas antes tínhamos outros problemas para resolver. Delfos pensou em fingir ser um aliado de Ares, mas eu o alertei sobre a mente dele ser aberta demais e que poderia ser facilmente descoberto. Usamos então o sangue de Atena que estava dentro de um frasco no Star Hill. Injetamos o sangue em seu corpo e isso resultou em dias de dor até que o seu corpo parasse de rejeitar o sangue de Atena. Recorremos ao deus Asclépio que ajudou Delfos na recuperação e aproveitamos para pedir a ele uma doença que poderia afetar um deus durante alguns anos. Delfos explicou para que serviria e Asclépio o ajudou. Após isso ele foi até os deuses gêmeos filhos de Ares e os invocou fingindo ser um traidor. Phobos e Anteros são deus extremamente cautelosos e tentaram ler a mente e a alma de Delfos, mas Delfos aproveitou que o poder do sangue de Atena havia intensificados suas habilidades e enganou o deuses, fazendo com que eles vissem na mente de Delfos apenas aquilo que eles queriam ver. Agora se passando por um traidor, Delfos foi até Roma, onde estava o corpo de Ares selado desde a última guerra santa, e fingiu libertar o deus das correntes que o prendiam, com a exceção de duas que não se romperam, mas o que ele fez na verdade foi colocar a doença dada por Asclépio de modo que garantisse que Ares ficaria impossibilitado de sair de lá até que Atena estivesse morta. Assim, com o deus da guerra afastado por um tempo, apenas seus filhos iriam agir, mas de acordo com as orientações de Delfos já que era ele a fonte de informação sobre o Santuário. Acho que o resto da história Asclépio contou a vocês.

— E porque esconderam tudo isso de nós? — questionou Plancius.

— Quantos menos pessoas sabendo, melhor. Não poderíamos correr o risco de ter o plano revelado. — explicou Asterion.

— Espera um pouco. — disse Jake. — E a Porta da Morte? Como concluíram quem iria abri-la?

— Ah! Delfos pensou no Cavaleiro de Câncer. — respondeu Asterion. — Alguém que geralmente está ligado a morte seria o melhor indicado para barganhar com Thanatos e receber dele o poder de abrir a porta do Tártaro. Teríamos que tê-lo como um aliado, mas os novos Cavaleiros de Ouro ainda não haviam se apresentado ao Santuário e isso incluía o de Câncer. Delfos então enviou as armaduras de ouro, espalhando-as pelo mundo, para que elas fossem até aqueles que haviam nascido destinados a vesti-las. Por uma obra graciosa do destino o homem que havia sido escolhido para ser o Cavaleiro de ouro de Peixes foi Eros, o irmão mais novo do antigo Cavaleiro de Peixes. Delfos foi até Eros e revelou todo o plano afim de que Eros o ajudasse. Depois de muita insistência Eros concordou e recebeu a missão de buscar o Cavaleiro de Câncer antes dos eventos começarem e de guia-lo até Thanatos.

— Quer dizer que Henry não sabia de tudo? — perguntou Kastor.

— Mais ou menos. Ele não sabia que estava sendo usado por Delfos através de Eros que estava apenas seguindo o plano. Eros também não podia contar a função final de Henry nessa guerra santa. Henry deveria perceber isso sozinho, mas obviamente ele seria induzido a isso no decorrer do avanço até Thanatos. — explicou Asterion.

Jake cerrou o punho e esboçou um sorriso.

— “Usado”? Como vocês conseguem ser tão filhos da puta? Manipularam até os companheiros de batalha e ainda usa a palavra “usado” na nossa cara!! — disse Jake, indignado. — E não me venha com a desculpa de que tudo era por um bem maior. Genocídios também são praticados quando se alega que é por um “bem maior”. Sinceramente, ao mesmo tempo que é um plano engenhosamente bem elaborado, é também um plano frio e sádico. Vocês brincaram de deuses conosco. Já parou para pensar o que Henry pode fazer quando descobrir que vocês usaram ele? Henry não sabe o que piedade, mas confia em Eros fielmente. Se ele souber que até Eros o usou, que apenas se aproximou e o tolerou porque assim Delfos queria para o plano, é capaz dele matar a todos. Sem misericórdia alguma. Para ele não existe diferença entre matar bandido e mocinhos.

— Bobagem! Você acha que pretendemos o quê com tudo isso se não a vitória de Atena e a paz na Terra? — perguntou Asterion, alterando a voz. — Não havia outro meio! Você não consegue perceber isso? Pode nos chamar do que quiser. Pode nos odiar por ter manipulado e usado alguns de vocês, mas não podem negar que isso foi pela humanidade. As mortes que tivemos até agora não passaram de um terço do que teríamos se nada tivesse sido feito! Henry entenderá isso. Talvez você se sinta ofendido porque tocamos no seu ego em relação a ser “usado” ou porque você se sinta na posição de defender Henry por causa do favor que ele fez a você na França, mas...

As últimas palavras de Asterion foram como puxar o pino de uma granada ou puxar o gatilho de um revolver. Jake não havia comentando com ninguém o que Henry fez na França, sobre trazer a alma de Brent por um curto de tempo. Isso significava que Asterion havia lido sua mente novamente sem permissão, mesmo depois de ter prometido que não faria isso, e a coisa que Jake mais odeia além de ter sua privacidade invadida é pessoas que não cumprem o que promete. A ira tomou conta de Jake alimentada com a indignação que ele já estava sentindo. Asterion então notou que havia cometido um erro nas palavras, e naquele momento ele teve a sensação de estar em um campo minada no qual havia acabado de pisar em uma poderosa dinamite. Ele não teve tempo de se desculpar. A única coisa que ele viu foi os olhos de Jake se arregalando contra ele e rapidamente se estreitando enquanto avançava de punho cerrado. Kastor teve a percepção do que estava prestes a acontecer e interviu com um rápido reflexo se levantando da mesa e ficando no caminho de Jake.

Kastor segurou o punho do jovem Leão e com a outra mão forçou contra o peito de Jake, parando-o antes que ele acertasse Asterion em cheio.

— Saia da frente, Kastor!! — disse Jake, furioso.

— Não! Já chega, Jake!! Você precisa se acalmar!

— Você usa essa falácia para justificar qualquer atitude que tenham tomado! gritou Jake para Asterion. — E continua sendo abusivo sem saber qual é o seu limite!

— Jake! — gritou Kastor. — Tá bom. Já chega!

O grito de Kastor fez Jake voltar a si. Com respiração ofegante ele se afastou de Kastor, mas o cavaleiro de gêmeos não saiu de perto dele por precaução.

— Agora me diz, quem mais sabia sobre tudo isso além de Eros? — perguntou Jake. — Quem mais?!

Asterion estava prestes a falar, mas parou quando escutou o som de maçaneta girando e da porta rangendo. Todos ficaram em alerta. O silêncio estava tão profundo que o som de passos no corredor dava para ser ouvido. Jabu ia perguntar quem estava na casa além deles, mas Shina fez sinal para que ele não falasse nada. Os passos estavam cada vez mais próximos da cozinha e uma centelha de cosmo passou então a ser sentida. Jake lembrou que havia sentido aquela centelha de cosmo antes e virou-se para Asterion, mas antes que ele falasse algo um jovem de cabelos loiros e olhos azuis apareceu na porta da cozinha para o espanto de todos.

— Eu também sabia. — disse ele. — E você ficaria muito mais revoltado se soubesse que não apenas Henry foi usado, mas também todos os outros que foram com Seiya até o Tártaro.

— Então era você quem estava naquele quarto! — disse Jake. — E o que você quis dizer com isso?

— Senhor Alec?! — disse Plancius, surpreso. — O senhor sabia de tudo? Mas... o que o senhor faz aqui?

Alec olhou para Asterion como se pedisse para que Asterion explicasse em seu lugar. Asterion respirou fundo e soltou o ar ao mesmo tempo que cruzava os braços.

— Alec chegou aqui a poucos dias atrás. O encontrei caído na porta da minha casa completamente ferido. — explicou Asterion, ignorando a pergunta que Jake também havia feito. — Como ele chegou até aqui eu não sei. Talvez Shalom saiba explique melhor, afinal Alec disse que foi ele quem o teletransportou.

— Isso é verdade. — disse Shalom, mansamente. — Mas não sabia que ele iria parar aqui. Apena o teletransportei e deixei que ele seguisse o coração dele. Ele deve ter parado aqui justamente por ter uma ligação com Asterion.

— Então quer dizer que você sabia? — perguntou Shina para Alec. Havia algo a mais na voz de Shina além de dúvida. — Mas você sabia que naquela noite a Pavlin foi até você porque achava que você estava sendo enganado pelos deuses filhos de Ares? Mas não foi você quem ela encontrou. Foi um berserker. E hoje ela está morta por sua culpa e por causa desse plano desgraçado. Ela não morreu porque estava lutando em guerra. Morreu por amor a você. — Alec cerrou o punho e Shina notou que os olhos dele estavam imersos em lagrimas. — Sim, você sabe, não é?! Então acredito que isso esteja doendo em você o tanto quanto doeu em mim ao saber que ela havia morrido. E espero que essa sua dor seja ainda pior do que a que eu estou sentindo agora por saber de tudo isso.

— Shina... Eu...

— Não fala nada. — disse ela cerrando os dentes enquanto as lagrimas caíram. — Não diz uma palavra se quer. Não quero sujar minhas mãos com você. Depois nós dois iremos conversar e isso é por respeito a Pavlin. Agora também entendo porque Delfos colocou você como líder dos Cavaleiros de Prata. — Shina voltou-se para Asterion. — Você ainda não respondeu à pergunta do Jake. Quem mais sabe de toda a verdade?

— Além de Eros e Alec... Apenas Alkes e Asclépio. Shun, Hyoga e Shiryu sabiam apenas de uma parte do plano. Eles não sabiam o que Delfos havia feito, não sabiam sobre mim e muito menos o que aconteceria depois que a porta do Tártaro fosse aberta e Seiya passasse por ela.

Dessa vez foi Kastor quem olhou com desconfiança para Asterion.

— E o que vai acontecer daqui pra frente, Asterion? Não foi apenas Seiya quem passou pela porta. Shun, Alkes, Eros e Henry também.

— Nove dias para que Seiya e os outros cheguem no Tártaro. — respondeu ele. Todos arregalaram os olhos incrédulos.

— Nove dias?!! — disse Jabu. — Você está louco!

— Esse é o tempo que levará até que Seiya chegue até Atena. Até lá teremos que esperar. — disse Asterion.

— E acha que nesse meio tempo nós vamos ficar de braços cruzados vendo Ares governar? — perguntou Nachi.

— E o que você espera que a gente faça? — questionou Asterion. — Quer invadir o Santuário e enfrentar Ares sozinho? Já não tínhamos chance antes e agora não é diferente. Mesmo com muitos berserkers mortos, o exército de Ares ainda é poderoso e sem Atena a nossa chance de vitória é quase zero. Se tudo der certo os berserkers que forem até Jamiel serão derrotados e isso já seria mais danos ao exército de Ares.

— Jamiel? Mas o que os berserkers irão fazer lá? — perguntou Jabu.

— Ares não pretende apenas governar o Santuário. Os outros polos de poder também. — quem respondeu foi Alec. — E isso inclui, por exemplo, Asgard, no extremo norte da Europa, e Senkyou, na China. Delfos enviou cartas para esses dois países afim de alerta-los e também de tê-los como aliados quando for necessário, ou seja, quando Atena retornar.

— Asgard já foi invadida pelo exército liderado por Deimos, mas Deimos não obteve sucesso. — disse Shalom.

— Isso porque Hyoga estava lá junto com os Guerreiros Deuses de Asgard. Eles devem ter criado um plano de defesa. — concluiu Asterion. — O mesmo vai acontecer brevemente com Jamiel. Senkyou vai interferir na guerra que Ares insiste em espalhar pelo mundo e isso vai fazer com que os olhos do deus da guerra se voltem para Jamiel, que é o local de passagem para Senkyou. Kiki é o novo mestre de Jamiel está lá com um grupo de cavaleiros de prata, incluindo o meu discípulo de Cães de Caça.

— Espera. Miguel é seu discípulo? — perguntou Shina. — Mas eu pensei que Shun o tivesse treinado.

Asterion sorriu e balançou a cabeça.

— Não. Eu o treinei e depois o enviei para o Santuário. Para que ele concluísse o seu treinamento lá, sendo proibido que ele falasse sobre a minha existência. Delfos deve ter garantido que isso acontecesse como planejado. Não apenas Miguel é meu discípulo, mas o atual Cavaleiro de Ouro de Touro também é meu discípulo.

— O quê?! — Jake não escondeu o espanto. — Está dizendo que um homem tão honesto e integro como Ápis é seu discípulo?

— Ainda bem que você questiona o meu caráter e não a minha capacidade de treinar um Cavaleiro de Ouro. E respondendo a sua pergunta, sim, eu o treinei logo após enviar Miguel ao Santuário. Não revelei a Ápis quem eu era e muito menos sobre o plano de Delfos ou a guerra santa. Mas não poupei de contar a ele todas as histórias sobre os lendários, guerras santas, assim como também o ensinei a servir a Atena incondicionalmente a favor da humanidade.

— Tem uma coisa que você talvez não saiba. — disse Kastor. — Shiryu também está em Jamiel. Eu o vi quando fui enviado por Phobos para matar Kiki e os outros cavaleiros que estavam lá. E se não fosse Shiryu interferindo na batalha, eu teria continuado a lutar com Kiki até que um de nós estivesse morto. Talvez o plano de Delfos falhasse nessa parte. Olhando assim parece que vocês também têm sorte.

Jake deu um sorriso abafado em ironia.

— Sorte teremos nós se sairmos vivos de tudo isso.

Shalom se levantou da mesa silenciosamente e pegou o casaco que estava dobrado em cima da mesa.

— Aonde você vai, Shalom? — perguntou Asterion.

— Não irei ficar de braços cruzados sabendo que tem um conflito em Jamiel.

— Não precisa ir até lá. Kiki cuidará de tudo, e de acordo com Kastor o Shiryu também está lá. — protestou Asterion, um pouco impaciente.

— Respeito você por sua sabedoria e experiência, mas isso não é o bastante para me impedir de ir. Muito menos agora que eu sinto que tem cosmos poderosos em grande número. — Shalom olhou para Asterion por cima do ombro. — Ah não ser que você queira tentar me impedir de ir ou me dê um bom motivo.

Asterion não se queixou.

— Eu vou com você. — disse Kastor.

— Eu também. — disse Jake.

Shalom balançou a cabeça negando.

— Você precisa ficar aqui, Jake. Ainda precisa se recuperar dos ferimentos. Kastor e eu estamos em melhor condições de lutar. Tente descansar. E também... — Shalom colocou a mão no ombro de Jake. — É indispensável que um Cavaleiro de Ouro fique aqui para a proteção dos demais.

— Vamos Shalom! — Chamou Kastor, que já estava na porta esperando por ele.

—...—


Palácio de Bluegraad – Bluegraad – 1º dia

 

As portas do palácio foram abertas e Anteros entrou acompanhado de Lycaon e dois soldados de Bluegraad. O salão era bastante espaçoso e seu teto era uma cúpula de cristal azul. O piso parecia ser de safira bruta de tão azul e brilhante. Nas laterais do salão havia arquibancadas sustentadas por colunas azuis feitas da mesma pedra do piso. No fundo do salão havia um trono branco com joias azuis adornando e traços em alto relevo banhados a ouro. Atrás do trono havia uma cascata silenciosa de águas cristalinas e as águas escorriam pelas laterais do salão embaixo de um piso transparente.

— Geralmente eu mandaria se ajoelhar, mas eu fiquei sabendo que dessa vez estou na presença de um deus. — disse um homem entrando pela lateral do salão e se dirigindo ao trono. Ele possuía cabelos acinzentado e olhos verdes. Trajava uma armadura similar a dos cavaleiros do Santuário, mas sua coloração era azul. Presa no ombro de sua armadura estava uma espécie de capa feita de pele de urso polar. — Quem são vocês?

— Sou Anteros, o deus da manipulação e da ordem, e estou aqui por ordens de Ares, o deus da guerra e atual deus patrono da Terra.

— Eu sou Alexei, o governador de Bluegraad. O senhor disse, “deus patrono da Terra”? Esta posição não é de Atena?

Anteros sorriu.

— Atena está morta e Ares assumiu o seu lugar.

Alexei arregalou os olhos surpreso.

Atena está morta? — pensou ele. — E o que o senhor deseja vindo até aqui? Bluegraad não tem mais qualquer envolvimento com o Santuário e nem somos uma terra rica para os interesses do deus Ares.

— Com certeza não. Ares não tem interesse nenhum nestas terras. E o que queremos é o envolvimento de vocês com Atlântida. — disse Anteros. — Bluegraad tem como função vigiar a sagrada cidade de Poseidon desde a era mitológica. Acredito que em sua vasta biblioteca exista informações sobre a perdida Atlântida e é isso o que o senhor Ares quer.

— Posso saber o que Ares pretende com esse tipo de informação? — perguntou Alexei, desconfiado.

— Não é óbvio que ele pretende invadir Atlântida?

— Mas nós não apoiamos conflitos e...

Anteros levantou a mão interrompendo Alexei.

— Não se dê ao desgaste de se explicar. Estou aqui formalmente lhe informando o que desejamos. Se fosse do nosso interesse tomar Bluegraad a força, esse lugar não estaria em pé nesse momento. Em troca dos seus serviços Bluegraad será uma zona neutra, livre de qualquer conflito e para isso... — Anteros estendeu o braço e riscou um “x” em sua pele, fazendo seu ikhor escorrer e pingar no chão do salão. — Eu firmo um juramento. Porém, caso se volte contra o nosso pedido, haverá um desnecessário banho de sangue. Agora seja um sábio governante e livre o seu povo de mortes desnecessárias. Nos dê acesso a biblioteca.

Alexei não precisou pensar duas vezes. Anteros não estava blefando. Ele é um deus e sozinho poderia erradicar toda a cidade se quisesse em poucos minutos. Não havia motivos para se opor ao pedido, principalmente quando é feito com uma espécie de acordo de paz por alguém que traz a guerra.

— Está bem. Darei livre acesso a biblioteca e peço para que a integridade dos livros seja mantida. Fique o tempo que for necessário. Irei garantir que também tenha uma hospedagem satisfatória. — Alexei levantou-se do trono. — Guardas! Acompanhem o senhor Anteros pelo palácio.

—...—


Jamiel – Fronteira entre a China e a Índia  

Ênio segurou a rédea com força e estralou tão forte que os cavalos levantaram as patas dianteiras relinchando e galoparam forte, marcando o chão enquanto puxavam a biga. A nuvem de poeira deixada pela biga estava sendo cortada pelo exército que corria logo atrás, acompanhando Ênio.

— Se preparem! — avisou Kiki, elevando o cosmo e vestindo a armadura de ouro de Aries. Shiryu, Miguel, Johan e Marin elevaram seus cosmos e materializaram suas armaduras. — A batalha vai começar!

O exército de Ênio continuava a avançar sem qualquer hesitação. Vendo que eles não iriam parar, Kiki deu alguns passos à frente e elevou seu cosmo. Seus olhos foram tomados pelo brilho do seu cosmo, o qual se espalhou por toda terra de Jamiel.

— Se não pretendem parar por vontade própria, caberá a mim pará-los.disse Kiki, em baixo tom de voz.

Houve um tremor de terra e o caminho estreito que ligava os dois lados do vale começou a desmoronar. Ênio, ao ver que seu exército corria o risco de ser levado pelo desmoronamento, ordenou um ataque contra Kiki. Láthos, o cavaleiro de prata de Sagita, junto com um berserker avançaram contra Kiki e o atacaram, mas uma barreira cristalina surgiu refletindo o ataque e em seguida repelindo com força redobrada. As flechas douradas de sagita se voltaram contra Láthos e algumas amazonas próximas a ele. Já o berserker foi atingindo em cheio pela sua rajada de cosmo e foi arremessado para o abismo espinhoso.

Ênio nem pareceu se importar. Apenas ordenou que outros guerreiros atacassem Kiki e em seguida ela mesma o atacou apontando sua espada e disparando uma rajada de cosmo. O ariano porem não parecia se preocupar com a onda de ataques disparadas em sua direção.

— Então que assim seja. — disse Kiki, elevando seu cosmo. Os seus olhos foram novamente tomados pelo brilho dourado do seu cosmo e o chão embaixo dos seus pés começou a tremer e a se desprender. As rochas brilharam reagindo ao cosmo de Kiki e foram envolvidas no cosmo dourado e pacífico. — Acompanhem o brilho das estrelas até o outro mundo. Revolução estelar!!!

Kiki estendeu a mão e lançou uma poderosa rajada de cosmo na forma de centenas de estrelas cadentes. As centenas de estrelas se chocaram com os golpes lançados contra ele, mas não foram o suficiente para conter o golpe de Ênio. Para isso Kiki precisou recorrer a sua técnica de defesa.

— Espelho de ouro!! — a barreira conteve com muito esforço o golpe de Ênio e em seguida Kiki tomou o golpe na mão e avançou contra a deusa.

— Mas o que ele pensa que vai fazer? — perguntou Johan de Corvo.

— Ele está segurando o golpe de Ênio na mão e pretende repelir diretamente contra ela. Em um ataque a queima roupa. — explicou Marin.

Kiki avançou na velocidade da luz como um raio em direção a Ênio, mas foi surpreendido quando a deusa saltou de sua biga e correu em direção a Kiki para um confronto direto. Antes mesmo do encontro Kiki liberou a rajada de cosmo concentrada em sua mão, mas Ênio desviou com precisão e cortou Kiki ao meio com sua espada.

— Kiki! — gritou Miguel

O corpo de Kiki se desfez em cosmo e ele voltou a aparecer atrás de Ênio e junto com ele veio uma chuva de estrelas cadentes.

— Revolução estelar!!

Ênio girou a tempo de se defender manuseando a sua espada rapidamente para cortar o golpe de Kiki.

— Quem poderia imaginar que um homem de aparência tão pacifica fosse um exímio lutador. — disse Ênio, em reconhecimento. — Ainda que seja um Cavaleiro de Ouro não tem a capacidade de me vencer sozinho. Chame os outros cavaleiros. Não vão me derrotar também, porém, você não morrerá sozinho.

— Não faça pouco caso de nós. — disse Kiki.

Ênio sorriu e desaparece, voltando a reaparecer em sua biga que continuava a avançar acompanhada de seu exército.

— É você que não deve fazer pouco caso de mim, Áries! — Ênio puxou a biga desviando quando faltava poucos metros para atingir Kiki em cheio. Ela ergueu a espada fazendo sinal para o seu exército parar. — Jamiel está mais interessante do que eu poderia imaginar. Não temos apenas um lendário aqui, mas também a mestra de um lendário. — Ênio fitou Marin. — Minha querida, suponho que seja tão habilidosa quanto seu discípulo era antes de superar os Cavaleiros de Ouro e vencer deuses. Mas... — Ênio olhou com desprezo. — Acham que nesse número em que vocês estão serão páreos para o meu exército? Não apenas somos superiores em quantidade, mas também em força. Eu até poderia passar com o meu exército por cima de vocês, esmagando como insetos, mas sei que isso custaria muito para mim e eu preciso de um exército forte quando chegar em Senkyou. Por isso... — Cinco cavaleiros se afastaram do exército e se apresentaram diante da biga. Além de Tourmaline, Láthos e Capricórnio, o cavaleiro de prata de medusa e o Cavaleiro de Bronze de golfinho também foram convocados por Ênio. — Deixarei que seus próprios irmãos de combate matem vocês.

— Marcel de Medusa... — Johan cerrou o punho. — Vocês controlam a mente e o coração dos nossos companheiros e ainda nos fazem lutar.

— Johan... — chamou Shiryu. — E todos vocês. Ouçam bem. Não matem eles. São inocentes nisso tudo. Nossos verdadeiros inimigos é Ênio e os berserkers. E quanto a esses... — o cosmo de Shiryu se acendeu e o seu cosmo tomou a forma de um dragão dourado. — Não precisam poupar esforços para mata-los.

—...—

 
Notas finais: 

* Sobre Asterion: 
Quem viu o anime sabe que Asterion morre, mas no mangá clássico é diferente. No mangá Asterion sobrevive após lutar com Marin para que pudesse voltar ao Santuário e contar tudo ao Grande Mestre. Como no mangá não foi revelado o que aconteceu com Asterion depois disso, ficando assim uma janela aberta para varias interpretações. Como a fanfic segue o mangá clássico. eu aproveitei para dar uma continuidade ao personagens e ligar alguns pontos. 

 


* Sobre a maldição de Eos: A maldição realmente existiu na mitologia grega. Afrodite em sua crise de ciúmes amaldiçoou Eos para que ela apenas se apaixonasse por homens mortais.


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Notas finais do capítulo

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Próximo capítulo: indefinido.
Sinopse: indefinida.
Data de publicação: indefinida

Desculpa pela demora ♥ Só tive tempo de terminar porque as provas acabaram.

Não esqueça de deixar a sua opinião. A sua critica é sempre bem vinda e fundamental para a história. E é ela que incentiva a continuação e melhoras da fanfic.



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