— Você só pode estar de brincadeira! — Ele exclamou e eu neguei. — Como você pode me esconder um coisa dessas América!?

— Desculpa, é que quando eu descobri que ele estava aqui eu fiquei confusa, eu gostava de você, mas também gostava dele!

— Ah, então você ficou se encontrando com os dois! — Ele esbravejou.

— O que? Não Maxon, eu fiquei confusa mas não te trai! — Eu exclamei, a essa altura tanto eu quanto ele já estávamos com lágrimas nos olhos, ele de raiva e eu de medo, medo de perde-lo.

Ele me olhou incrédulo:

— Você acha mesmo que vou ser idiota ao ponto de acreditar que vocês nunca se encontraram? — Ele disse com sarcasmo.

— Por favor me deixa pelo menos te contar tudo o que aconteceu desde que eu descobri que ele estava aqui! — Eu pedi.

Ele acenou concordando.

— Eu descobri que ele estava aqui no dia que nos estávamos indo ao cinema, tanto é que você mesmo percebeu que eu não prestei atenção no filme, eu não prestei atenção porque estava pensando em uma forma de conseguir evita-lo, já que você colocou ele como um dos guardas que ficam na minha porta, e eu realmente consegui, por alguns dias. — Ele me olhou com magoa e isso foi como uma facada no coração. — Depois de uma semana me escondendo dele, ele foi escalado como guarda na minha porta, eu não sabia que ele estava lá, os guardas devem ter trocado de turno, eu não sei, eu não conseguia dormir como em todas as noites daquela semana, só que de repente a porta abriu e o Aspen entrou, eu não sabia o que fazer, — eu solucei e ele, apesar da magoa e da raiva, segurou a minha mão me incentivando a continuar. — eu perguntei o que ele estava fazendo, mas ele não respondia, — mais um soluço — então ele chegou perto da cama e perguntou: você o ama? Eu não sabia o que responder, eu sabia que o que eu sentia por você não era só amizade, mas também tinha medo de falar isso em voz alta, então eu disse não, depois disso ele simplesmente tirou a coberta de cima de mim e me beijou.

— O que? E você deixou?! — Eu assenti.

— Eu deixei, porque era como se eu tivesse um pedacinho de casa de volta. — Eu disse soluçando. — No dia seguinte eu não quis sair do quarto porque me sentia culpada, disse que não me sentia bem, pois não queria sair, e ele veio me ver, conversar, assim que as minha criadas saíram ele me beijou, eu correspondi, não porque queria, mas sim porque já era uma coisa familiar para mim, quando nos separamos eu disse que não queria mas que ele me beija-se, porque eu estava na seleção, por você, então ele me disse que eu tinha mentido para ele quando disse que eu não te amava, eu respondi que gostava de você o suficiente para me importar. — Ele sorriu acariciando minha mão o que me fez sorrir de volta, apesar de saber que ainda não tinha terminado. — Então ele disse que não desistiria de mim, logo depois as minhas criadas chegaram e ele foi embora.
Maxon, agora mais calmo, pergunta:

— Depois disso vocês se encontraram mais alguma vez?

— Sim, mas apenas conversamos, ele sempre reclamava que não podia competir por mim se eu só tinha tempo para você. — Maxon sorriu. — Mas em um dos ataques rebeldes, à noite, foi ele quem me chamou para ir para o abrigo e antes de me deixar sair do quarto ele beijou e hoje quando eu voltei para o quarto depois de nós sairmos do abrigo, ele descobriu que eu iria embora, tentou me beijar, só que dessa vez eu não correspondi, quando ele desistiu nós discutimos, ele disse que eu estava rejeitando ele por alguém que nem sequer se importa comigo de verdade e foi embora, mas não antes de dizer que não ia desistir!

— Como é que é?! Como ele ousa dizer que eu não me importo com você? — A essa altura Maxon já estava mais que irritado. — Quem ele pensa que é?

— Um cara apaixonado que foi rejeitado? — Eu disse de brincadeira.

— Muito engraçado América, muito engraçado mesmo! — Ele disse com sarcasmo, e depois, sério. — Eu to falando sério caramba!

— Eu sei Maxon, mas deixa para lá!

— Deixa para la não... — ele parou como se tivesse se lembrado de alguma coisa. — espera aí, por acaso foi ele que ficou colocando na sua cabeça que você não seria uma boa princesa?

Eu abaixei a cabeça, sabendo que era ele mesmo que sempre me dizia isso, e pelo visto o Maxon percebeu que estava certo.

— Eu não acredito nisso! América, pelo amor de Deus, como você pode acreditar nele?

— Ele é uma das pessoas que mais me conhecem Maxon, eu sempre confiei nele, e na maior parte das vezes ele estava certo, então... — Eu abaixei a cabeça meio sem graça e envergonhada.

— América, — Maxon levantou meu rosto, me fazendo olhar para ele. — você é uma das pessoas mais capazes que eu já conheci, não deixe que digam o contrario.

Eu sorri enquanto ele acariciava o meu rosto.

— Você não esta bravo comigo? Quero dizer, eu não contei para você sobre o Asp... — Eu ia falando mas ele me interrompeu.

— Bravo eu estou, mas o pior já passou, pelo menos você teve coragem para me contar antes que eu descobrisse sonzinho, e também não é como se eu conseguisse ficar bravo com você por muito tempo!

Então eu sorri e abracei ele, que obviamente correspondeu.

Quando nos separamos eu sorri e disse:

— Eu te amo.

Ele sorriu e disse:

— Eu também te amo, mas por favor não esconda mais nada de mim, tudo bem?

Eu queria poder dizer que não esconderia nada, mas eu estaria mentindo.

— América?

— Desculpa Maxon, mas tem uma coisa que eu ainda não posso te contar. — Eu disse triste.

— América, como você quer que eu confie em você, se você não pode confiar em mim? — Ele disse frustrado.

— Esse segredo não é só meu, é de outras duas pessoas na verdade, eu só acabei me envolvendo para ajuda-los , e do mesmo jeito que você quer poder confia em mim, elas também querem, alias, já confiam e eu não posso perder a confiança deles te contando, até porque são duas pessoas especiais para mim, e tudo bem que de certa forma te envolve, mas não sou eu quem deve te contar.

— Tudo bem, acho que eu vou ter que confiar em você então, não é? — Ele disse dando um meio sorriso.

— Eu acho que sim, mas não se preocupe, na hora certa você saberá, apesar de eu achar que já passou da hora de te contarem, mas... — Eu disse rindo.

— Só você América! — Ele disse também rindo.

— Ames. — Eu disse.

— O que? — Ele disse confuso.

— A minha família e os meus amigos me chamam de Ames, você pode me chamar assim também! — eu disse sorrindo amarelo.

— Apelido? — eu assenti. — Gostei, e você? Do que pode me chamar? — ele perguntou.

— Não sei, que tal... Max?

— Gostei, Ames e Max então!

Nós dois rimos.

— Receio que eu tenha que ir! — ele disse.

— Mas já?

— Sim, eu ainda tenho que ter uma séria conversinha com um certo soldado!

— Maxon! — Eu o repreendi.

— O que foi? Ele ficou armando contra mim dentro da minha casa, merece ouvir poucas e boas!

— Tem algo que eu possa fazer para tirar essa ideia absurda da sua cabeça? — Eu perguntei rindo.

— Provavelmente não, mas não se preocupe, vai ser apenas uma conversa civilizada entre, Príncipe traído e soldado convencido. — Quando ele disse isso foi a gota d'água, eu cai na gargalhada e ele também.

Quando finalmente paramos de rir, ele foi indo à caminho da porta e eu fui junto.

— Boa noite Ames!

— Boa noite Max!

Nos beijamos e ele foi embora.

Fui para a cama e me deitei, suspirei pensando menos um segredo para eu carregar.

Logo chegaram as minhas criadas e ao verem minha cara de felicidade perguntaram — sorrindo — o que tinha acontecido.

— Ai meninas, eu estou feliz porque eu finalmente disse para o Maxon que eu o amo e ele disse que também me ama! — Eu disse suspirando.

— Que romântico! — Exclamou Lucy.

— Vocês são tão lindos juntos! — Suspirou Mary.

— Então ele já deve estar começando a confiar na senhorita! — Disse Anne animada.

— Sim, e tem mais, eu contei a ele que o meu ex-namorado, agora é soldado aqui e ele me perdoou! — Eu disse me levantando.

— Que ex-namorado? — Perguntaram em uníssono.

— O soldado Leger meninas! — Elas me olharam com espanto. — Eu vou contar a vocês.

E enquanto elas me preparavam para dormir eu fui contando tudo, desde a casa da árvore até hoje, quando eu contei tudo para o Maxon.

— Nossa! — As três disseram.

— Pois é, eu me meti em uma grande bola de neve, mas no final deu tudo certo! — eu disse suspirando.

— Pronto senhorita! — Anne disse quando eu já estava de camisola.

— Agora que o Príncipe Maxon sabe a verdade, ele vai confiar mais na senhorita. — Disse Lucy, e eu assenti.

— Sim, mas agora você precisa dormir. — Disse Mary e as outras concordaram, saindo do quarto.

E nessa noite eu dormi como não dormia à semanas, em paz e renovada por finalmente ter dito a verdade.