No fundo do abismo a dimensão mágica abrigava agora todos os reinos e todos seres mágicos que um dia viveram naquele lugar, nada ali demonstrava ter vida, a magia havia sido banida e por causa disso aquele mundo despencou até o absoluto nada.

A centelha do dragão se apagou e a flor da natureza desmanchou até se fundir com a água, não havia mais motivo para existir, já que ninguém acreditava em magia e as únicas pessoas que ainda tinham poderes estavam em uma realidade completamente diferente daquela, e sem poder retornar, afinal, elas também perderam a conexão com o universo ao qual conheciam.

— Bloom – Daphne chama e a ruiva a olha confusa – está sentindo a dimensão mágica?

Bloom nega lentamente, dentro dela, só havia a chama do dragão, mas não mais a flor da natureza.

— É como se tudo tivesse desaparecido – Bloom fala e Daphne assente, elas possuíam a mesma intuição.

— Acha que conseguimos abrir um portal?

— Daph, se nós abrirmos um portal sem saber o que tem do outro lado, ficaremos presas, a magia do outro lado já não existe mais – Bloom fala e Daphne assente.

Elas caminham para dentro do castelo de Domino e logo encontram seus pais conversando em sussurros.

— O que há? – Daphne pergunta e eles a olham assustados.

— Tem algo que precisam ver – a Rainha Marion fala.

Os dois seguem pelo corredor, até a escadaria do subsolo, as meninas os acompanham em silencio, eles dois estavam tão estranhos que elas decidiram não perguntar, até verem o que eles pretendiam mostrar. Ao chegarem na masmorra, as irmãs puderam ver uma grande fonte, onde a água estava escura.

— O que é isso? – Bloom pergunta confusa.

— É a fonte mágica de Domino, nela podemos ver toda a dimensão mágica – Daphne explica – mas está escura, você tinha razão Bloom, não há nada do outro lado.

— Perdemos a conexão com a dimensão mágica, uma grande quantidade de magia passou pelo outro lado, como passou no nosso reino durante a guerra – o Rei Oritel fala.

— Espera – Bloom fala com calma, enquanto pensava – está me dizendo que eu ter saído da dimensão mágica, pode tê-la apagado?

— Não Bloom, quero dizer que fizeram o mesmo feitiço que você fez anos atras – Marion fala se aproximando de sua filha – dessa vez, não tem a ver com você minha querida, dessa vez, há alguém com um poder tão grande quanto o seu, essa pessoa fez a dimensão mágica inteira desaparecer.

Bloom suspira triste, sempre se culpou por ter feito seu reino e seus pais desaparecem, mandados para um lugar diferente, onde não tinham contato algum com o lado de fora.

— Não se culpe Bloom – Daphne fala – você salvou o nosso reino, se não fosse por você, teríamos desaparecido como os outros, sem magia, sem dimensão mágica.

— Isso não diminui a minha culpa – Bloom dá de ombros e sai andando.

Na fonte aparece a imagem de quatro pessoas, Daphne olha com bastante atenção e chama sua irmã.

— O que foi? – Bloom retorna e olha para a fonte, na mesma hora ela reconheceu aqueles rostos, ela sorriu breve, em seu peito a esperança de dias melhores surgiu – como podem ter sobrevivido?

— Estão na terra – Daphne responde – infelizmente são quase todos especialistas, não tem magia, só habilidades, apenas ela pode salvar a todos nós agora.

— Ela não poderia nem que quisesse – Bloom fala olhando atentamente para a imagem da garota adormecida em uma cama de hospital – a magia dela foi arrancada.

— Ela pode morrer – Daphne suspira – e nunca mais recuperaremos o mundo mágico.

Eles se entreolham com os mesmos pensamentos, de alguma forma, rezavam para que algo voltasse ao normal, mas para isso, precisariam de um milagre.

...

Enquanto isso na terra...

Leon passa a mão pela testa, em um sinal de cansaço, as ações de sua empresa haviam acabado de cair, sua cabeça martelava a cada teclada que seus dedos davam no notebook. Alguém bate na porta e logo ele manda que entrem, era sua secretária.

— Senhor Vargas, o senhor Hernandez está aqui para vê-lo – fala a mesma e ele assente, então ela sai e o moreno adentra a sala.

— Nunca se cansa de trabalhar? – pergunta o mesmo em tom de deboche e logo se senta na cadeira em frente à mesa do loiro.

— Se veio para me irritar, pode dar meia volta – Leon fala estressado e fecha o notebook, se recostando em sua cadeira.

Diego ri e assente para o amigo que sacode a cabeça com um ar mais leve.

— Ao que devo sua ilustre presença? – Leon pergunta.

— Sinto que conheço aquela garota – Diego responde e Leon franze o cenho – não sei, é como se eu já tivesse a visto antes.

— Eu tive a mesma impressão – Leon fala se lembrando do rosto da garota a que resgatou naquela manhã.

Diego e Leon havia salvado uma garota naquela manhã, ela andava perdida pela rua onde moravam, parecia completamente exausta, nem parecia uma pessoa de verdade, ela vagava, quase como um morto vivo.

— Devíamos ver como ela está – Diego fala e Leon assente.

Apesar de ser uma completa estranha, eles ainda sentiam que deviam estar próximos dela. Naquela realidade a qual estavam, seus nomes eram referidos a algo diferente, eram pessoas diferentes, memorias novas lhe foram introduzidas, pois aqueles que não estavam na dimensão, não poderiam se lembrar dela, então deveriam ter memorias falsas que lhe dessem motivos para viver ali em paz. Mas isso nunca iria acontecer, afinal, Clarissa Lightwood precisaria morrer para isso.

Os dois partem em direção ao hospital, ao chegar, logo o médico responsável por ela surge para conversar com os dois, afinal, eles haviam deixados seus números como contato de emergência daquela garota estranha.

— Olá rapazes, sou o doutor Sky – fala o loiro – me acompanhem por favor.

Os três caminham até o quarto da castanha e logo o médico abre a porta, Clarissa dormia tranquilamente, agora estava limpa e com roupas compostas, já que eles haviam a encontrado com roupas rasgadas e sujas.

— Já descobriram o que ela tem doutor? – Leon pergunta olhando da garota para o médico.

— Fizemos alguns exames e descobrimos um veneno no organismo dela – Sky explica – mas não sabemos a origem e não sabemos que tipo de veneno é.

— Então não sabem nada – Diego suspira.

— Mandei as amostras para o laboratório, faremos tudo que pudermos para ajudá-la – Sky fala – procuramos a família dela também, aparentemente, ela não tem ninguém.

— Deixamos nossos contatos como emergência, arcaremos com as despesas dela, até encontrarmos algum familiar – Leon fala e Sky assente.

— Doutor, ela já acordou, desde que a trouxemos? – Diego pergunta e o médico nega, ele então aponta para a garota e Sky segue o olhar de Diego.

Clarissa estava com os olhos abertos, parecia lucida e parecia haver vida em seus olhos.

— Sabe me dizer seu nome? – Sky pergunta se aproximando dela e checando seus sinais vitais, estavam muito melhor do que quando havia chegado.

— Clarissa Lightwood – ela olha para Sky e inclina a cabeça para o lado esquerdo, logo franze o cenho confusa – Rainha de Solaria, o que houve com vocês?

Os três se entreolham e voltam a olhar para a castanha, como se ela fosse louca.

— Você nos conhece? – Diego pergunta – estava ouvindo a nossa conversa?

— Vocês são Leon Vargas, Diego Hernandez e Sky de Eraklyon – responde ela – o que houve com a volta a Magix?

Os três voltam a se olhar e olhar para ela, para alguém que estava quase morta, a garota na cama agora parecia lucida, mas suas ideias pareciam confusas, afinal, eles não haviam dado seus sobrenomes, e não havia lugares com nomes de Solaria e Magix.

— Clarissa, você foi envenenada, talvez suas ideias estejam confusas – Sky fala e se senta na cama dela com calma – não existe Magix e nem Solaria.

Clarissa franze o cenho e olha pela janela.

— Por isso não sinto minha magia – ela sussurra e os três apenas continuam olhando para ela, sem entender – podem se aproximar de mim?

Diego e Leon se entreolham e logo fazem o que ela pediu, eles se acomodam próximos a ela.

— Juntem suas mãos como uma montanha – pede a castanha e eles assim fazem.

Ela coloca suas mãos no topo e na base, e fecha os olhos, apesar de estar sem magia, ela poderia recuperar algo pelo toque deles, afinal, o rastro da sua magia tocava a todos.

— Sintam a magia, no seu coração – fala e uma luz muito brilhante invade a sala, fazendo todos desmaiarem.

...