O fundo do mar estava repleto de cristais belíssimos, grudados em grandes pedras, Charlotte mergulha livremente com sua cauda de sereia e apanha o homem no fundo de uma gruta, ela faz uma bola de ar e põe sobre a cabeça dele.

— Caleb – ela chama, ele abre os olhos lentamente e volta a fechá-lo – preciso levar você a Andros.

Não demora muito para outras sereias aparecerem ali. As sereias de Delfos tinham a pele azulada e caldas brilhantes.

— Intrusos não são bem-vindos – fala uma das sereias.

— Sou Charlotte, rainha de Andros, por favor, preciso de ajuda.

As sereias se curvam perante a ela e a sereia que havia falado se encolhe constrangida.

— Perdoe-me rainha – fala – eu sou Lura, não sabia que estávamos diante da realeza.

— Está perdoada, o seu povo é muito cuidadoso com as pessoas que adentraram os seus oceanos – Charlotte sorri breve – este é Caleb, rei de Terra de Baixo.

As sereias se olham confusas e voltam a olhar para Charlotte.

— Recebemos um informe a dois dias majestade, Dylan é o novo rei de Terra de Baixo, ele se casou com a princesa de Loved – Lura comunica.

— Aquele bastardo roubou o meu trono – Caleb murmura – Dylan é meu primo, sucessor do meu trono.

— Achei que tinha desmaiado – Charlotte retruca, semicerrando os olhos para ele.

— Estava esperando a entrada triunfal – Caleb fala e Charlotte aperta o peito dele, que geme de dor – vai com calma.

— Se não fosse pela Clarissa – Charlotte diz entredentes – ai que ódio de você.

Ele ri e logo se voltam para as sereias.

— Podem nos abrigar por uma noite? – Charlotte pergunta – preciso encontrar meus amigos.

— Devemos majestade – Lura fala – nos sigam, mostraremos os aposentos e daremos uma poção curadora ao rei de Terra de Baixo.

Charlotte agradece, e juntos eles partem em direção a vila das sereias azuis.

...

Na medida em que as horas passavam, toda a dimensão magica passara a ficar mais fria, o vento frio soprava do norte, a torre de Alfea recebe pedras de granizo e nesse momento, todos se aconchegam dentro do castelo e se mantem ali, aquecidos e saudosos.

— Será que Clarissa e os outros estão bem? – Violetta pergunta e Francesca olha para ela com um sorriso estampado no rosto.

— Clarissa ou o lindo Rei de Saltix? – Francesca ri e as meninas debocham.

Violetta sacode a cabeça com um sorriso, mas logo volta a ficar seria, a situação ali estava tensa, as Winx haviam partido um dia depois do casamento dela com o Rei de Terra de Baixo, Solaria havia entrado em colapso, assim como os oceanos de Andros, Bloom havia ido em busca da pista do seu reino junto com Daphne, e nem Clarissa, nem os outros haviam retornado.

— Acha que ele vai me perdoar? – Violetta pergunta e Camila olha para ela com seriedade.

— Se ele te ama, será capaz de tal ato, afinal, Leon só está com a Clarissa porque eles se conhecem a muitos anos.

— Só desejo que todos voltem em segurança – Federico fala e os outros assentem.

Eles rezam em segredo, para que as fadas etéreas ouvissem seus desejos, afinal, o mundo mágico precisava dos seus guardiões.

...

Não te digo adeus, e sim até sempre, e ainda que eu tenha que ir, sei que não te esquecerei, fica uma canção, que me fala de você, e, por isso, não te digo adeus...

Stella olha para Flora e em seguida para Musa, todo o reino havia recebido o mesmo vento frio de Magix, mas Solaria fora o primeiro reino a começar se desfazer, por onde a ventania passava, as pessoas esqueciam seus nomes, identidades e até o próprio reino.

Elas três foram as primeiras a sentir que a sua magia estava desaparecendo, elas se olham entre si e se abraçam, naquele momento, nada mais importava, apenas a incerteza de que talvez, nunca mais voltassem a viver no mundo que conheciam.

— Winx para sempre – Stella fala e as outras repetem.

Elas olharam para suas mãos e tudo começa a ser transformado em pó, até que o vento leva tudo, as três fadas e todo o reino de Solaria, a magia não existia mais naquele lugar, havia se extinguido assim como todos os Solarianos.

...

Obrigado não parece suficiente, e me soa um pouco triste, te escrever em um papel, é melhor rir, lembrar assim, é a forma de eu ir mais feliz...

Em Andros, Aisha encara seus pais, Tecna e seu noivo Nabu, eles sorriem felizes, como se estivessem acabado de celebrar algo maravilhoso, mas não era isso que estava acontecendo, eles estavam sumindo, na medida em que o vento tomava cada reino, e Andros estava sendo o próximo, mas eles não iriam se abater, afinal, da faísca do fogo surgiu um universo inteiro, então eles celebraram, a família, os amigos e por tudo que lutaram até aquele momento.

— Sou grata por tudo – Aisha levanta o copo e propõe um brinde – venceremos na próxima era.

Todos se levantam e brindam com a princesa de Andros, estava claro que nenhum deles sabia do que se tratava, mas eles tinham certeza de que aquele não era o fim, então ficariam felizes e fariam diferente na próxima oportunidade.

Então assim como os Solarianos, todos ali do reino de Andros desapareceram.

...

Por tudo o que compartilhamos, os momentos em que vivemos, nada vai nos separar, porque se abriram os caminhos, desde o dia em que escolhemos, ir ver o que há mais além, não é um adeus, crescer os dois, é só dar um passo mais, e por isso não te digo adeus, nunca mais...

Em Alfea, nenhum deles percebeu que aquele vento, aquela nevoa, pertencia a uma magia de esquecimento, todos simplesmente começaram a desaparecer sem serem notados, então eles continuaram ali, sentados, olhando a noite escura de dentro do castelo de Alfea, enquanto toda Magix desaparecia sobre seus pés.

Nem a mais poderosa das fadas poderia interromper um feitiço maligno, iniciado a partir do sangue daquelas que foram exiladas, elas desejavam que todos sofressem do mesmo jeito que elas sofreram, mas o feitiço saiu de controle e toda aquela fumaça negra que o vento soprava, serviu para destruir tudo, absolutamente tudo que elas queriam dominar, tudo aquilo que elas pretendiam pisotear sobre seus pés. Ao invés de fazerem eles serem exilados, elas destruíram a tudo, inclusive a elas próprias.

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Me olhe em seus olhos para sempre, o saber que você está ali, que a tua mão encontrei, é nossa canção, só para você, e porque não te digo adeus.

Por tudo o que compartilhamos, os momentos em que vivemos, nada vai nos separar, porque se abriram os caminhos, desde o dia em que escolhemos, ir ver o que há mais além, não é um adeus, crescer os dois, é só dar um passo mais, e por isso não te digo adeus, nunca mais.

E assim como todos os que esqueceram, todos também desapareceram, assim como previsto no oraculo de Delfos, mas aquela profecia ainda não havia acabado, pois tudo que some, aparece outra coisa em seu lugar e independente de para onde as três bruxas ancestrais havia mandado toda a dimensão mágica, o fogo do dragão ainda estaria lá, para trazer de volta toda a magia, mas afinal de contas, quem irá lhes salvar.

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