Vergil não teve muito tempo para revidar, então apenas se defendeu.

Uma sombra preta, quase imperceptível saiu das mãos de Vergil indo de encontro ao fogo que se aproximou rápido. As duas forças se encontraram e se deterão. Era come estar vendo a briga entre chamas negras e alaranjadas.

–Não vou segurar por muito tempo! -Vergil gritou para os outros que estavam boquiabertos -Arranjem algo para se protegerem quando eu parar!

–Vão para perto do Vergil! - Alex correu para fica bem na frente dele -Fiquem aqui atrás dele!

Quando todos ficaram atrás dela, ela puxou do bolso de sua calça uma varinha de Sagae, alguns galhinhos secos de alguma arvore de grande poder, e uma gema roxa.

Ela fechou a mão, sentindo os galhos secos se entrelaçarem, protegendo a gema bem no centro. A varinha estava completa.

Ela apontou a varinha para o chão que vibrou em resposta. O asfalto rachou e cristais pontudos brotaram com uma força arrasadora. Criando um muro grande o bastante para protege-los. Era de uma coloração rosada, e transparente. Deu para ver quando Vergil deixou o fogo avançar. O impacto com os cristais foi forte o bastante para imaginar um acidente entre carros.

–Você conseguiu fazer isso sem pronunciar palavra alguma! -Michelly estava pasma -Só os bruxos mais fortes faziam isso!

–Essa não é uma hora boa pra conversar -Vergil acariciou o ar em sua frente como se acariciasse o dorso de um gato, e o lince negro apareceu -Vamos ver do que você é capaz!

Ele estava se dirigindo a garota que estava a poucos metros do muro de cristal, totalmente envolta em chamas. Ele deu um sorriso brincalhão e o lince correu, atravessando o muro de cristal e também o corpo da menina.

–Como isso é possível? -Michelly perguntou -O lince deveria ter tocado nela pelo menos!

Michelly não disse mais nada ao ver a cara de espanto total de Vergil.

Ele estava de boca aberta e pálido, como se estivesse visto um fantasma.

–É Agnis! -Ele disse alto, quase gaguejando -Corram! É a Agnis!

–Isso da pra perceber né idiota! 0Disse Beah apontando para o fogo.

–Não! você não entendeu! Ela! É a reencarnação de Agnis! A reencarnação do próprio fogo!

Vergil estava falando pausadamente, como se estivesse tomando coragem para falar cada palavra.

Um barulho veio dos cristais. Estavam trincando e rangendo.

–Não é possível! -Alex cambaleou para trás -Nada conseguiu quebrar esses cristais até hoje!

Um barulho ensurdecedor cortou o ar quando os cristais se quebraram.

***

O som do vidro se despedaçando no chão fez com que Alan soltasse uma pequena praga em silencio para o ar. Tinha pouco tempo para sair da casa. Correu para os fundos. Mas antes de chegar na porta que dava acesso ao quintal, sentiu uma força tão grande em seu peito que o derrubou de costas no chão.

–Onde pensa que vai? -O garoto já se abaixava para pegar o objeto que Alan tinha roubado -Isso aqui é seu? Parece muito com o que eu tinha na minha sala. Wow! Sim! É o da minha sala!

Ele pisou no peito de Alan, levantou a mão e uma espada curva e cheia de dentes se materializou em sua mão. E pôs na garganta do ladrão.

–Faça sua escolha! Prefere que eu te mate ou que os Sagaes da ordem façam isso?

Alan tocou na perna do garoto e fechou os olhos.

–Mercurius -Sussurrou e sentiu o liquido quente escorrer da palma de sua mão.

Sentiu mais uma vez a força, mas agora em sua mão, e descobriu o que era. A pressão causada pela invocação do vento era muito grande, e ele sabia que não iria aguentar por mais tempo. Vinicius era um dos mais poderosos Sagaes do Condado. Tanto que ele conseguia invocar magia como os antigos, sem pronunciar uma palavra sequer.

–Ok! -Disse Alan soltando a perna de Vinicius -Só me deixa sair! Eu só quero passar naquela prova cara!

Vinicius olhou a espada que Alan havia tentado roubar novamente. Tirou o pé do peito de Alan e observou o garoto moreno baixinho se levantar.

–Sai dessa casa antes que eu te mate! Meu pai vai fazer de tudo para saber quem tocou nessa espada. E se ele o descobrir, ele mesmo terá o prazer de executa-lo!

Alan correu para fora da casa, e Vinicius tentou tirar os resquícios da alma do garoto que ficaram na lamina da espada que todos queriam. Rudra, a espada que se adaptava a qualquer elemento. Mas fora sua família, mais ninguém sabia que a verdadeira Rudra, era a espada criada pela alma de Vinicius. E ela não só usava qualquer elemento como também usava seus poderes ao máximo.

–Invisibilia! -Ele usou a magia para limpar a copia de Rudra. -Será que eu não tenho sorte com espadas?

Vinicius balançou Rudra sem querer, e a porta dos fundos de sua casa foi para os ares, junto com parte da parede.

–Acho que isso foi a confirmação do meu azar!

A porta da frente se abriu e Vinicius sentiu a presença de seu pai.