Alguns minutos mais tarde todos estavam andando rapidamente pelas ruas da cidade, ainda conversando sobre uma seta religiosa que foi fundada com a intenção de destruir aqueles imortais cujo não tiveram origem de Deus. Ou seja, os imortais.

Alex e Beah aceitaram a ideia de pelo menos se aprofundarem nas notícias. Afinal, elas também poderiam estar em perigo.

E já estavam. Ao cruzarem com uma elementar. Mas não uma elementar qualquer. Uma elementar do fogo.

—Acho que não demos tanta sorte assim –Michelly falou quando sentiu a aura da elementar –Ela está na próxima rua.

Todos diminuíram os passos e se prepararam para um encontro qualquer. Afinal, a maioria não sabiam do que se tratava.

—Preparem-se para o que pode acontecer quando encontrarmos com ela –Michelly parou para dar algumas explicações –Os elementares ganharam esse nome por terem a vida totalmente ligada a um elemento.

—Jura? –Beah disse sarcástica o bastante para todos porem os olhos nela por alguns instantes

Depois que voltaram a atenção para Michelly novamente, e ela continuou, ignorando Beah.

—A pessoa que não nasceu em nenhuma outra raça, mas tem a alma de um imortal, passa a ter um forte ligamento com algum elemento, e é aquele que chega mais perto de sua personalidade. Como todos sabem, existem elementos fracos e os elementos principais.

—Vento, Fogo, Agua, e Terra –Completou Alex –Os elementos mais fortes que existem.

—Ventus, ignis, aqua, et lapidibus–Michelly corrigiu –Cada elemento possui sua alma, e agradece aquele que o invoca, sendo dobrados de acordo com quem o invocou. Menos esses quatro. Eles são os únicos que podem controlar aqueles que não tiverem forças o bastante para controla-los. E quando isso acontece.

—Digamos que –Pela primeira vez Gabriel falou no meio de todos –Eles gostam de mostrar que podem destruir tudo. E acabam usando as emoções mais fortes da pessoa como base para começar sua destruição.

Todos olharam perplexos para o garoto loiro de olhos verdes, que não aparentava ter mais que 17 anos.

—É isso –Michelly quebrou o silencio –Agora que sabem, estão preparados para conhecerem Calila, a elementar de Ignis. A garota que consegue invocar o Fogo.

***

Calila já havia desfeito as malas, e estava indo em direção da cozinha para preparar a sua janta. A casa era linda, e ela havia alugado por um preço ótimo. Já estava toda mobiliada e como ainda não tinha começado as aulas da faculdade, ela teria bastante tempo para juntar dinheiro e pagar alguns meses de aluguel antecipado.

“Realmente o Brasil é um bom lugar para se viver. Se procurar um bom lugar é claro!” Calila deu aquele seu sorrio interno, como se tivesse escutado uma daquelas piadas pessoais que só seu irmão sabia. Seu irmão. Atlas, morto por ela, por não conseguir controlar seus poderes.

Sentiu um arrepio em seu braço esquerdo e sabia o que iria acontecer. Tentou se controla para não vê-la. Não queria ter uma conversa com Ignis. Pelo menos não naquele momento.

Tentou se distrair com o jantar, e estaria tudo bem se não fosse o fogão. O acendimento automático estava com problemas, e não tinha isqueiro nem uma caixa de palitos de fósforo sequer. “Só pode ser obra do DESTINO!”

O ar em torno de sua mão direita começou a se agitar e esquentar, ela girou o registro do fogão e passou a mão por cima da boca dele. Uma chama tremulou rapidamente em sua mão e acendeu o fogão.

Precisamos conversar!

A voz que veio de trás da garota não a assustou, ela já estava acostumada com isso. “Você não perde tempo!”

Você deveria se curvar perante mim, apenas por poder ter meus poderes a seu favor!

“Por que eu me curvaria para alguém que só me causou dor e prejuízo?”

Dor e prejuízo? Sabe quantas pessoas se matariam, apenas para estarem na minha presença? Por ter a graça de me ver?

“Me poupe Ignis! Temos a mesma discursão dês de que tenho 15 anos de idade!”

Por que eu não reencarnei em um homem? Uma pessoa que gosta de destruição pelo menos! Que saberia como usar meu poder! Que cedesse a minha vontade!

Calila se virou para encarar a mulher que estava atrás dela. E já esperava ver Ignis com a mesma cara de sempre. Uma cópia perfeita de Calila em chamas. Do mesmo jeito que estava ao matar seu irmão. Era branca de cabelos negros, seus lábios vermelhos como se estivesse passado um batom bastante brilhoso, seus olhos estavam literalmente pegando fogo, mas ainda dava para distinguir o tom azul acinzentado lá no fundo. Usava uma jaqueta preta e calça jeans cheias de taxas.

“Por que tem que usar minha imagem? Não pode parecer outra pessoa? Não precisa se parecer comigo apenas por eu ser sua reencarnação!”

Faz parte do pacote garota!

Ignis sumiu e Lila estava quase pulando de alegria. Na maioria das vezes ela passava tempo demais tentando fazer ela usar todo seu poder. O que de fato havia ajudado bastante, pois cada vez mais Calila aprendia a controlar o fogo por entender um pouco os sentimentos de Ignis, e o jeito de ser desse elemento.

Calila aproveitou bem o tempo solitária e fez o jantar. Tinha acabado de jantar e estava assistindo tevê quando sentiu Ignis se materializar novamente atrás do sofá.

Seria correto afirmar que você não só veio para o Brasil para recomeçar sua vida, como também veio por ter grande incidência de acidentes com imortais aqui?

Calila deu um pulo.

—Onde quer chegar com essa conversa?

Vou te colocar em um teste! Um grupo de imortais está a poucos quarteirões daqui. Estão lutando. Entre em conflito com eles e eu deixarei você usar a força necessária para terminar seu treinamento.

Calila deu a volta no sofá para encarar Ignis.

—Você dá sua palavra de imortal, que irá me ceder o poder!

Já passou pela sua cabeça que está falando sozinha?

—Me responda!

Se alguém visse você poderiam te chamar de maluca!

—Ignis!

Imagine o escândalo que seria?!

—Eu a ordeno!

Está ordenando a si mesma! você já sabe disso a tempos.

Peça direito e eu a respondo com maior prazer! Se puder se ajoelhar, seria melhor ainda!

—Ignis! Onde eles estão?

Vou chama-los, não se preocupe.

Os braços de Calila se encheram de chamas e Ignis sumiu. Logo depois o poder se irradiou do corpo da garota, e sua visão ficou vermelha. Conseguiu sentir a aura imortal das pessoas. Um Furry, uma Sagae e três Filhos de Caim. Um sorriso zombeteiro apareceu no canto de sua boca e ela esperou eles se aproximarem. "Finalmente o poder que eu queria, está cada vez mais ao meu alcance"

Quando chegaram perto eles diminuíram o passo, e ela saiu da casa. Já era tarde da noite, e ninguém mais passava por ali.

“Que sorte eu tive com esse bairro”

***

—Ela está fora da casa! –Michelly se preparou para dobrar o canto –Vamos chegar sem alvoroço galera!

—Como será que ela é? –Alex tomou a frente –Quero saber se ela é poderosa como dizem que os elementares são.

Alex nem teve tempo para fechar a boca quando uma coluna de fogo azul irrompeu a sua frente pouco antes de ela dobrar a rua. Vergil conseguiu puxar seu braço a tempo. As chamas eram tão intensas que o asfalto derreteu um pouco.

—Vamos ver do que vocês são capazes! –Uma garota dobrou a rua correndo e pegando fogo e investiu contra o grupo –Morram imortais!

Fogo alaranjado cortou o chão indo na direção de todos.