–Vinicius! –Seu pai estava mais preocupado do que furioso –Quem foi que fez isso?!

–Foi sem querer pai! –A Anima Gun sumiu -Eu só ia treinar e ai.

Willas abraçou seu filho com tanta força que o garoto ficou totalmente sem ar.

–Eu pensei. Esquece! Arrume suas coisas!

–Pai, o que? –Vinicius não sabia o que estava acontecendo. Se seu pai estava tão bravo que o estava expulsando de sua casa, ou realmente algo de ruim estava acontecendo.

–A “Ordem Selectivam” chegou no condado! –O pai de Vinicius começou a andar pela casa pegando objetos inclusive a espada que estava na mão dele –Estão matando todos os Sagaes que encontram!

“Ainda bem que não é a primeira opção. Mas estou ferrado de qualquer jeito!”

Vinicius correu para seu quarto e começou a arrumar suas coisas. Pegou seu casaco que ganhou de presente de sua mãe no último verão “Onde ela deve estar agora?”.

Um forte estrondo veio da sala e ele correu para ver o que estava acontecendo.

Vários homens estavam na sala de estar, todos usando uma capa negra de golas vermelhas. Empunhavam espadas feitas de ossos e Iridiósmio. Um campo de força verde os separavam de seu pai que estava segurando um cajado azul. Antes que ele pudesse fazer algo, seu pai jogou para ele novamente a espada.

–Avise o máximo de pessoas que você encontrar! –Ele estava começando a ficar com raiva –Você sabe que vou ficar bem!

Um dos homens forçou a ponta de sua espada contra o campo, e várias faíscas voaram pela sala. Vinicius ficou espantado. Um toque naquele campo, e qualquer um poderia ficar semanas em coma. Já aquela espada, pouco a pouco estava perfurando a magia, e atravessando o campo.

–Faça o que quiser! –Vinicius fincou a espada no chão –Só não seja fraco o bastante para tentar a “Magia Final”! Astral Peregrinationes!

Várias escritas em latim se materializaram ao redor de Vinicius, criando uma espécie de caixa. A espada se rachou e três segundos depois a caixa sumiu, assim como o corpo de Vinicius.

***

A Viagem Astral é uma magia antiga usada para tele transporte. É fácil de ser feita, mas poucos sabem disso. Um objeto e criado em alguma parte do mundo, e enquanto e feito, feitiços são lançados par que ele fique “amarrado” ao seu lugar de origem. Depois disso, a pessoa que possua esse objeto, pode usar um encantamento que retorça o tempo e espaço. E a melhor magia para ser usada nesse caso é a chamada Viagem Astral (Astral Peregrinationes) onde o corpo e a alma do Sagae se dividem entre realidade e mundo astral. E o resto do trabalho o próprio objeto faz. Levando quem tiver dentro de seu campo, para seu lugar de origem. E no caso da espada o lugar de origem foi Bariloche, na Argentina.

A viagem não é nada turbulenta, apenas letras flutuantes aparecem em sua frente, e assim que começam a desaparecer, levam a antiga paisagem e dão origem a outra. Nesse exato momento, elas se foram levando a imagem da sala de estar quente, e trouxeram a imagem de uma pequena montanha coberta de neve.

“Mais uma vez aqui! Termine logo com isso pai, e venha embora!”

Vinicius pôs o casaco e começou a subir a montanha. Sabia que ali perto estava a pequena casa, onde foi forjada a espada.

Quando chegou na casa, abriu a porta e foi direto para a lareira. Aquela era a casa de seu tio, que foi morto a alguns anos. Fazia algum tempo que Vinicius não ia ali com seu pai. E sua mãe viajava por todo mundo, recolhendo informações valiosas para os Sagaes.

Vinicius acendeu a lareira, pôs algumas lenhas que já estavam cortadas, e se sentou no chão olhando a espada trincada.

“O que importa agora é meu treinamento. Preciso controlar o único elemento que a Rudra não controla. E essa espada aqui... Só vai ser capaz de fazer mais uma viagem”

Ele caiu de costas no chão frio de madeira.

“Preciso encontrar os outros imortais. A guerra está para começar. Estou cansado, amanhã vou sair para procurá-los, e treinar para criar o fogo...”

***

Fogo, era a única coisa que se via. Pra onde quer que eles olhassem, só havia fogo. O calor era tão grande que Michelly e Alex não suportaram, e acabaram caindo desmaiadas. A garota se escondia em meio as colunas de fogo, era muito difícil de encontrar ela quando se movia.

Beah corria para um lado e para outro como uma criança desesperada.

–Beah! Vai ficar tudo bem! –Vergil falava alto, pois o crepitar do asfalto em chamas fazia sua voz sumir facilmente.

–Cala a boca idiota! –E Beah se jogou no meio do fogo.

–Não! –Gabriel tentou agarra-la, mas ela já havia desaparecido.

Alguns minutos se passaram, e Gabriel já estava de joelhos quando o fogo começou a abaixar.

Sombras agora podiam serem vistas no meio do fogo. Duas pessoas brigando, e quando uma conseguiu acertar um soco no estomago da outra o fogo desapareceu de vez. Beah estava ganhando a luta, mas a outra garota era forte demais, e começou a revidar. Seus ataques eram mais rápidos, e seu corpo parecia pegar fogo a cada ataque.

Vergil correu para ajudar, mas parou ao ver que a garota vinha em sua direção.

“Não, não é a mesma!”

A garota que estava vindo em sua direção estava envolta pelas chamas.

“Ignis, droga!”

Vergil apenas se esquivava de seus golpes. “Um toque dela e sabe deus o que pode acontecer com meu corpo!”

Enquanto isso, Beah estava empatada em sua luta. As duas lutavam bem. Quando a garota tentou dar um último soco, Beah conseguiu segurar sua mão, e sentiu o fogo espalhando pelo seu corpo.

Fechou os olhos e esperou a dor, que não veio. Sua força parecia estar se renovando, e quando ela abriu os olhos, viu sua mão brilhar em contato com o punho cerrado da outra menina.

–Prazer, meu nome é Calila –A garota abriu um enorme sorriso –Vocês eram as pessoas que eu sempre procurei. Mas nunca pensei que fosse encontrar um Furry com afinidade à Ignis o fogo.

***

O fogo, agora estava controlado. Mas ainda assim, o terror não havia acabado. A Ordem Selectivam havia destruído quase todos os elementares daquela região. Drica Lancaster estava fora quando tudo aconteceu. E agora estava à procura de algum sobrevivente. Tentou chegar o mais rápido que podia, mas não chegou a tempo. As lagrimas escorriam em seu rosto, e congelavam antes mesmo de o deixa-lo.

“Até onde isso vai parar?” Já estava sem esperança de encontrar alguém, e estava se preparando para deixar o lugar e ir atrás dos que fizeram isso, quando escutou um grito agonizante de partir o coração. Sabia a quem pertencia aquele grito. E aquilo fez mais lagrimas congelarem em seu rosto. Se preparou para a cena que ia ver, e se virou.

A garotinha estava pouco longe, ajoelhada ao lado de uma mulher. Sua mãe.

Drica foi ao encontro da garota. Mas antes que pudesse chegar perto, algumas estacas de gelo emergiram da terra. Hayla era uma elementar, com poderes incríveis. Capaz de congelar qualquer coisa. Mas sempre que estava em estado de choque como agora, ela perdia o controle e grandes estragos aconteciam. Foi assim que ela mesma matou seu pai. E esse é um dos motivos que nossas raças, as raças imortais estão sendo dizimadas. Por que somos um perigo.

Drica avançava lentamente, se desviando das lanças de gelo que apareciam do nada. Ia andando fitando o chão, sem levantar a cabeça para olhar a garotinha que chorava sem parar.

Mas quando ela estava perto. O choro cessou. Drica levantou sua cabeça e viu o motivo. Um homem da Ordem estava parado na frente dela. Segurando uma espada que agora estava derramando sangue fresco.

–Não! –Drica gritou muito mais que do que a garotinha tinha gritado a alguns minutos atrás –Assassino!

Ela o empurrou direto para uma das lanças de gelo, e ele foi empalado pelas costas. O sangue que escorreu da sua boca caia na neve, e dava um contraste singular a cena.

–Se puder voltar do inferno! –A Anima Gun de Drica se materializou no ar, e ela a apanhou, uma espada cheias de dentes, e totalmente vermelha, chamada Aganis –Diga para seus amigos como lhe matei! E que vou fazer pior com eles!

Ela cortou o ar na direção do homem que ainda estava vivo, e assim que a lamina parou, chamas apareceram no pequeno corte que a espada fez no espaço que havia percorrido. O nome daquela técnica. É chamada de o fio da lâmina, e só podem serem usadas por imortais poderosos o bastante para controlarem o poder que vem a seguir. Mas ela preferiu não controlar. E as chamas varreram a área a sua frente. Desintegrando tudo que encontrou num rastro de 500 metros.

“Acho que está na hora de entrar nessa guerra!”