Nora Fulkert - Um conto de amor na Terra Média escrita por Norha Wood


Capítulo 29
Prisioneira




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Nimarie por sua vez, dentro da gaiola tosca, parecia indiferente a sua nova condição. Deitada sobre as madeiras desconfortáveis olhava o céu por entre as grades, no solavanco do vai e vem que a marcha apressada dos carregadores provocava. Aquilo durou horas, mas ela não saberia dizer quanto, só alarmou-se, sentando-se, quando não pode mais ver o céu, pois estavam entrando em uma fortaleza fria e sombria.

Após passar por diversas galerias, o cortejo por fim parou. A gaiola foi aberta, e Nimarie moveu-se para sair da prisão. Olhou ao redor de si, o ambiente era terrível: o imenso salão cavado dentro da terra parecia uma gigante toca de formigas. Abaixo deles milhares de orcs trabalhavam forjando armas rudimentares. O barulho, o calor e os gazes da forjação tornavam o ambiente ainda mais repugnante. Com brutalidade Nimarie foi arrastada para o final de um dos caminhos de pedra. Lá correntes foram presas em cada um de seus braços obrigando-a a ficar de braços abertos. Assustada e ela perguntava agitada: _ O que vão fazer... o que vão fazer comigo? O que vão fazer?

Após repetir a pergunta diversas vezes um orc por fim respondeu malicioso:

_ Fique calminha elfinha! Infelizmente não podemos matá-la... o chefe quer você vivinha!

Ela estava assustada, por mais que tentasse se concentrar tentando descobrir o que aconteceria ela não conseguia. A cabeça doía, suas vestes estavam rasgadas e imundas, e aquelas correntes forçavam os braços a ficarem esticados causando uma sensação de total desconforto.

As criaturas repugnantes voltaram pelo mesmo caminho, deixando ela presa naquela imensa fortaleza. Sentiu um alívio em ficar longe daqueles seres horripilantes, mas agora ela estava sozinha, não propriamente sozinha, pois abaixo da estreita estrada escavada sobre a terra, existia um abismo borbulhante com milhares de orcs trabalhando em ritmo acelerado no feitio das armas. O que eles pretendiam, o que estaria acontecendo? Sabia que Sauron estava por trás de sua captura, será que ela estava em sua fortaleza? Se tudo o que estava supondo se confirmasse precisava alertar o mundo lá fora que o poder de Sauron era maior do que todos imaginavam.

Em vão tentou soltar-se das correntes e em vão tentou se comunicar mentalmente com alguém do conselho branco. Se não tivesse perdido a noção das horas, saberia que já estava ali a quatorze horas, e por isso já não aguentava mais o peso das pernas, e quando a fraqueza lhe tomou por completo fazendo as pernas dobrarem, as correntes imediatamente seguraram seu movimento, fazendo-a gritar de dor nos ombros, voltando automaticamente novamente a posição que estava - em pé.

Foi nesse momento que uma criatura mais repugnante se apresentou. Era o gigantesco capitão dos orcs que vinha caminhando em sua direção zombando com os demais da sua situação:

_ Oh elfinha sente um pouco para descansar! Por que não te libertas das correntes usando tua mágica? Elas são fortes o bastante para teu tamanho? - Zombava ele, causando gargalhadas na torpe que o acompanhava - Ouvi falar que sabe de todos os segredos do mundo... que pode ver além da visão! - Ele chegou mais perto e em um tom mais baixo disse: _ Conte-me o que vê em meu futuro?

Nimarie viu sobre a cabeça do gigante uma tiara de ferro fundido que provavelmente queria imitar uma coroa, isso, somado a pergunta, deu a ela as armas para descobrir os pontos fracos do mostro: a vaidade e a curiosidade. Com inteligência, disfarçando o asco que sentia da criatura falou com docilidade: _ Oh grandioso rei! Liberte-me que te contarei tudo o que quiseres saber!

Ao ouvir essas palavras, mal disfarçando o seu contentamento, o “rei” dos orcs solicitou com ansiedade a sua libertação imediata. Assim que as correntes foram soltas Nimarie caiu exausta sobre o solo e não se moveu por alguns instantes, deixando o “rei” decepcionado.

_ Conte-me agora! - Ordenou ele observando a moça com atenção

Frente a ordem do mostro ela respirou fundo, buscando forças para erguer-se. _Deixe-me antes descansar, me de água e um local onde possa sentar-me... - Olhou para o gigante que fazia uma cara de desaprovação, então completou: _ Não posso revelar o futuro assim... preciso descansar antes...

Como se o pedido de Nimarie fosse uma ordem, o “rei” tratou de providenciar tudo com rapidez a fim de ter a sua curiosidade satisfeita o mais breve possível. Após ser transportada para uma cela úmida, tomar alguns goles de água e finalmente sentar-se, sobre o olhar ansioso do grandalhão, ela obrigou-se a falar algumas palavras referente ao seu futuro.

Começou então tentando concentrar-se no tempo, ela não estava interessada no futuro daquele mostro, para ele diria apenas algumas palavras que contentasse sua vaidade infantil, queria mesmo saber de Legolas, como ele estaria? Seu olhar ficou fixo em um ponto escuro da cela, não se contendo de curiosidade o orc gigante falou:

_ O que vê? Diga-me, diga-me serei o rei de todos os orcs? De todos, não só desses... diga-me...

_ Posso ver... posso ver algo. - Mentiu ela

_ O que? O que vê?? o que...

_ Eu vejo que o seu futuro é grandioso... mas estou muito cansada, não consigo ver mais ao longe... preciso dormir um pouco... - Ela planejava se livrar da sua desagradável companhia, e seu plano deu certo. Um tanto contrafeito o mostro deixou a porta da sela, batendo-a com força fazendo Nimarie sobressaltar-se com o estrondo. Aos poucos a luz bruxuelante das tochas que os orcs carregavam foram se afastando. Só não estava mais escuro pois em um pequeno espaço no teto de sua cela, estava coberto apenas por barras de ferro, deixando uma visão para o céu. Sentou-se sobre a cama desconfortável, e pode ver a lua por entre as nuvens cinzentas. Tentaria comunicar-se com alguém do conselho, mas seu coração desobediente, fez com que o seu pensamento voasse ao encontro a Legolas.

***

Tharanduil chegou no exato momento em que Legolas desmaiava. Após a partida do filho, o rei de Mirkwood, pressentiu que algo de ruim aconteceria então resolveu seguir atrás dele. Ao avistar de longe a luta que o filho travava, apressou-se em chegar, porém não conseguiu evitar que o príncipe fosse atingido. Quase não conteve a ira de ver o seu amado filho ferido por aquelas criaturas repugnantes. Se não fosse seu juízo teria seguindo atrás daquele batalhão de orcs imundos, e os esmagaria com seu próprio punho, mesmo tendo apenas cinco guardas em sua companhia, mas se conteve pois provavelmente eles estariam indo para seu esconderijo, e ele pereceria assim como Legolas.

Então, restou apenas, cuidar de seu filho ferido. Ajoelhou-se junto dele e aliviado viu que estava tudo bem, as flechas por sorte não estavam envenenadas. Se fosse um homem por certo já estaria morto, mas para um elfo esses ferimentos não eram fatais. Com cuidado e sabedoria o pai fez curativos provisórios no filho e tratou de transportá-lo para casa rapidamente, a fim de dar mais atenção aos ferimentos. Antes de ir embora, viu um delicado cordão de prata caído sobre o solo. Imediatamente reconheceu a joia que pertencera a sua esposa, e que Nimarie levava sempre no pescoço. Apanhou-o e apertou com raiva em sua mão. Maldita mulher, pensou ele, quase causou a morte de meu filho! Nimarie sempre causava espontaneidade em Tharanduil, mesmo que em pensamento, minutos depois repensando melhor a situação, sentiu dó de Nimarie tão delicada nas mãos dos terríveis orcs, mas não havia nada que ele pudesse fazer, não poderia declarar guerra a essas criaturas, não nesse momento. Mas de qualquer forma ela estava no lugar de onde sempre pertenceu, pensou por fim o rei de Mirkwood.

Legolas ferido:

Ao chegar no reino todos se alarmaram. A notícia do rei que trazia o amado filho ferido nos braços, Thiedhel morto e Varnion ferido, correu com rapidez todo o reino, deixando os elfos alvoroçados com a possibilidade de um ataque no local. A ira do rei era visível, Neforha foi punida severamente por ter contado o destino de Nimarie para Legolas. Logo o comentário que o príncipe arriscara a sua vida para salvar Nimarie que não quis ser salva corria a Floresta das Trevas:

_ Sempre senti nela um ar maligno. - Dizia uma elfa que a conhecia desde de criança.

_ Ela possuía um olhar avassalador, usou de magia para seduzir o príncipe... E fez cumprir-se a lenda, traindo o nosso povo! Pobre Thiedhel... – Dizia outra.

_ Ela sempre foi meiga, essas sensações são devido a sua origem humana... ela não seria capaz de praticar o mal, acredito que ela foi capturada e que não se entregou... - Defendia Fiughas.

Os comentários eram inúmeros, mas os elfos de Mirkwood, em sua grande maioria começaram a repudiar Nimarie, acusando-a de traição contra os elfos, chamando-a de Ilhimael (a traidora). Mais tarde os próprios amigos começaram a retribuir a Nimarie o crescimento da sombra na Terra Média.


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