Nora Fulkert - Um conto de amor na Terra Média escrita por Norha Wood


Capítulo 25
Oráculo


Notas iniciais do capítulo

Nimarie não entendia, ou não queria entender a importância de seu dom. Sabia que tudo que via se realizaria em algum momento, dependendo das suas próprias escolhas. Ela sempre se questionava por que ela? se sentia tão fraca, incapaz, por que não fora escolhido um ser com mais força, mais importante do que ela?... o dom como tantos chamavam, não passava para ela de uma maldição! Mas agora em Valfenda, ela se sentia aliviada podendo ajudar a Terra Média, com esse seu "dom".



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No momento certo, atendendo ao chamado de Galadriel, Nimarie compareceu na sala de reuniões do palácio de Valfenda. O conselho era formado por Gandalf, Elrond, Galadriel, Celebrindor e Saruman.

Nimarie nunca tinha se encontrado com Celebrindor e Saruman antes, mas, devido as histórias que ouvira desde de criança, sabiam quem eles eram. Todos a aguardavam em pé formando um meio círculo, olhando-a atentamente assim que ela cruzou o portal de entrada. Por alguns segundos ela sentiu-se um pouco encabulada. Sabia da importância dos assuntos discutidos nas reuniões do conselho, e apesar de saber intimamente porque eles desejavam a sua presença, ela tinha medo de falhar com essas criaturas tão valorosas. Para alívio de Nimarie, Elrond por fim quebrou o silêncio, estendendo o braço indicando o centro de um pequeno altar oval que se elevava alguns degraus do piso de mármore.

_ Fique a vontade criança! - Disse ele com uma voz suave. Nimarie sem dizer nada, aproximou-se do grupo e subiu os três degraus que a levavam para o topo do altar. Então formando agora um círculo completo, os integrantes do conselho se deram as mãos, ao entorno da moça que estava de pé no meio desse círculo. Ela estava apreensiva, seu coração batia descompassado, não podia falhar! Foi então que Saruman erguendo a sua cabeça em direção ao céu vespertino e com a voz retumbante pronunciou algumas palavras em uma língua desconhecida para Nimarie.

Ao ouvir as primeiras palavras, imediatamente ela sentiu-se desfalecer para logo acordar em um mundo de sombras e vultos. Ela levantou-se e viu seu corpo caído sobre os joelhos (afastar-se do corpo era comum entre os elfos), seus sentidos estavam mais aguçados do que nunca. Ela via o grupo ao seu redor mas enxergava algo a mais além deles. Deu alguns passos e passou como vento por entre as mãos dadas de Elrond e Gandalf, por alguns segundos ficou observando tentando entender o novo mundo que lhe cercava, foi então que a voz de Saruman que não ainda não se calara, lhe entrou mais forte na mente. Ele falava na mesma língua, mas agora ela podia compreender o que ele dizia:

_ Tanacëmníss ouça o que lhe digo e diga-me o que os teus olhos veem?

No mesmo momento, a cortina de fumaça se dispersou-se um pouco e Nimarie ainda confusa com a condição que se encontrava, pode ver algumas imagens que se desenhavam na sua frente e sumiam rapidamente: primeiro viu a Palantiri de Isengard sobre um pequeno pilar, e de repente sobre ela, como se o céu fosse uma grande tela, apareceu-lhe em tamanho real a torre com um olho de fogo, o Um anel nas mãos de uma estranha criatura, um lugar doce e sereno com gramas verdes (que anos mais tarde saberia que se tratava do Condado), guerra, mortes, dragões, um traidor, e por fim um pequeno homenzinho que não era um anão e não era um elfo. Essas visões duraram apenas alguns segundos, e enquanto isso, o seu corpo que estava debruçado sobre os joelhos fazia alguns movimentos circulares e involuntários, sem que ela se desse conta, ou conseguisse impedir.

_ Diga-me o que vê? – Ao ouvir essas palavras, Nimarie imediatamente voltou ao seu corpo, e ficou debruçada sobre as pernas num estado de torpor.

_ O que viu criança?

_ Gollum... - Ela balbuciou, fazendo com que todos se debruçassem para entender o que ela dizia.

_ Quem é Gollum? - Perguntou Saruman

_ O anel... o Um anel... criatura estranha! ... a guerra vai começar, a guerra do anel. O olho de fogo está cada vez mais forte... a floresta morre... Mas há uma esperança: não é homem, não é anão, não é elfo... um pequeno que repousa sobre a grama verde... - Ela calou-se por instantes no que Saruman recobrou a postura e falou em tom mais suave: _ Acorde agora criança! - Mas, ao mesmo tempo que ele disse isso Nimarie falou ainda em transe:

_ Há um traidor! há um traidor entre nós...

Ela falou as primeiras palavras ainda em transe, mas quando acordou ainda pode ouvir as últimas que saia de sua boca espontaneamente. Nimarie ainda no meio do círculo, agora ajoelhada olhava para todos tentando entender o que havia acontecido. Galadriel a fitava fixamente e a moça compreendeu que ela estava tentando ler a sua mente.

_ Não há nada... não há nada! - Nimarie disse para a elfa, ela havia esquecido de tudo. Tudo o que vira e tudo que falara, sentia apenas uma sensação de cansaço e sonolência. Todos a olhavam desconfiados, até Gandalf lhe desferia um olhar estranho. Apenas Saruman aparentava estar sereno e foi ele que para o seu alívio autorizou que a moça se retirasse do local.

A reunião do conselho prosseguiupor mais algumas horas. Todos estavam tensos e desconfiados. Saruman que havia repudiado a ideia de consultar Tanacëmníss, repreendeu a todos falando os perigos que essas pessoas ofereciam se tornando "Palantiris vivas", fazendo com que o medo e a desconfiança maculasse o conselho branco. Galadriel com base na lenda de Tanacëmníss concluiu que, provavelmente, o traidor entre eles era a própria Nimarie, o que todos concordaram, menos Gandalf que conhecia a moça o suficiente para saber que ela não seria capaz de ferir uma mosca. Mas como estratégia preferiu calar-se e apenas observar o grupo, esperando um passo em falso do possível traidor.

Mas, agora eles sabiam que o Um anel foi encontrado e sabiam o nome da criatura que era portadora, sabiam também que Sauron não havia se estregado e que a salvação estava em uma criatura um tanto desconhecida. Assim que a reunião terminou Gandalf anunciou a sua partida imediatamente. Pedindo para que Elrond hospedasse Nimarie até que ele voltasse pois eles não podiam julgá-la, já que tinham apenas uma mera desconfiança, ele argumentava:

_ Se não dermos uma chance Nimarie não terá escolhas! Repudiada por todos certamente irá se unir ao lado negro. – Ao ser questionado por Saruman de onde ele iria com tanta pressa ele falou:_ Uma guerra está por vir... e ela não esperará que nós estejamos prontos para o ataque!– Mais tarde saber-se-ia que ele estava indo para o Condado, influenciado pelas palavras de Nimarie.

Legolas por sua vez havia partido de Mirkwood. Não comunicou a sua partida para o pai, mas poucas coisas que aconteciam no reino fugiam ao conhecimento de seu rei. Logo as portas se fecharam para Legolas passar com o seu cavalo e Tharanduil já sabia da partida do filho. Nervoso com a teimosia do príncipe ordenou que Thiedhel e Varnion o escoltassem às escuras, pois pressentia que algo de ruim poderia acontecer ao seu precioso filho.

Legolas partia esperançoso em encontrar a amada. Sentia-se ansioso em esclarecer o mal-entendido e traria ela de volta para o reino custe o que custasse. Enquanto cavalgava fazia planos, animava-se com os pensamentos de esperança em relação a moça, e por vezes entristecia-se em pensar que ela poderia negar o seu amor. Algumas coisas no caminho lhe chamavam a atenção como a floresta que tornava-se mais sombria a cada dia. Intuitivo, Legolas percebeu a presença dos elfos do reino assim que eles se aproximaram. Já esperava uma atitude do pai frente a sua desobediência, mas irritou-se ao perceber que Thiedhel era um deles. Assim que pode, Legolas armou-lhes uma enrascada, atacando-os sem feri-los assim que eles saiam da Floresta das Trevas.

Surpreendidos pelo príncipe que se escondera atrás de uma frondosa árvore, os elfos caíram do cavalo ao baterem numa fina corda élfica.

_ Porque se escondem nas sombras? o que temem em se mostrar? - Ele falou em tom sério para os elfos que se levantavam do chão.

_ Legolas! seu pai nos ordenou, não queríamos criar desavenças entre vocês, por isso não nos mostramos.

_ Não preciso de escolta! não pretendo lutar contra nada... e mesmo se pretendesse posso me virar com o meu arco!

_ Meu príncipe - Falou Varnion mais recatado do que Thiedhel - _ É uma ordem do rei, sabíamos que nos negaria a presença... Sabemos que és um valoroso guerreiro, mas temos ordens para acompanhá-lo até o seu retorno.

Demostrando irritação Legolas deu as costas para os elfos. Não falou nada apenas subiu em seu cavalo. Os guardas estavam um pouco atônitos, esperavam alguma ordem, algum xingamento, mas diante do silêncio do príncipe entenderam que ele não se oporia a companhia deles. Após ajeitar-se no cavalo e dar alguns passos, Legolas disse um pouco ríspido olhando por cima do ombro:

_ Se pretendem me acompanhar devem saber que estou indo trazer Nimarie de volta... espero que não me atrasem.

Os guardas trocaram um olhar, e seguiram o elfo até que o momento de liberação dos cavalos. Eles começariam a subir as Montanhas Sombrias, e o caminho não poderia ser percorido pelos cavalos. Passada primeira irritação, Legolas conversava normalmente com Varnion, mas mantinha uma certa distância, que não fazia questão de disfarçar deThiedhel. A noite estava caindo, e havia um pesar estranho sobre a noite. Eles olhavam o horizonte escuro e nebuloso tentando encontrar o motivo do ar pesado que sentiam. Passado alguns minutos identificaram ao longe algumas figuras escuras que se movimentavam rapidamente na direção de Valfenda, possivelmente orcs pensaram.


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