Nora Fulkert - Um conto de amor na Terra Média escrita por Norha Wood


Capítulo 14
Sonhos ruins




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O mal estava se multiplicando rapidamente na Terra Média. Os orcs infestaram as Montanhas Cinzentas e sob as raízes das montanhas, um Balrog acordou. Gondor e Arnor foram sitiadas por inimigos e doenças devastadoras. No sul, a Grande Peste havia matado o Rei de Gondor edizimado parte da população. Enfraquecida Gondor foi atacada pelos Wainriders.A Peste espalhou em Eriador e contribuiu para a queda dos Dunedain do Norte.

Contrariando a agitação na Terra Média, dentro dos muros do reino de Thranduil, tudo ocorria tranquilamente. Exceto pela sobra se se tornava mais espeça na floresta, que escondia em suas entranhas as mais esquisitas criaturas. Apesar da falta que sentia de Legolas, Nimarie, confortava-se com as lembranças dos momentos que viveram juntos. Ansiava com a volta dos guardas que haviam partido com ele, pois tinha certeza que eles trariam as cartas prometidas de Legolas. Já havia se passado dois meses dês de que ele havia partido. Isso é um segundo na vida de um elfo, porém, principalmente para os mais jovens, dois meses significam exatamente dois meses quando estão separados dos seus amores.

Já fazia algum tempo que Legolas havia chegado em seu destino, e assim como prometido havia escrito inúmeras cartas para Nimarie, contando das paisagens da viajem, das dificuldades, das belezas que desconhecia, dos seus anseios e saudades, e claro, louvava Nimarie com doces poemas de amor. Ao chegar soube que Thiedhel o acompanharia em seus negócios, o que o deixou contente já que teria o amigo por perto. Legolas então, entregou as suas cartas para Ofhimos insistindo que elas deveriam ser entregues pessoalmente para Nimarie.

Em Mirkwood, sonhos ruins começaram a perseguir Nimarie. Eles se repetiam com insistência, em alguns a moça se via vestida de negro e parecia manipular químicas em um caldeirão. Seus olhos pareciam de fogo e ela era terrível e triste. Em outros ela se contentava sob uma fortaleza de pedra, ao ver aos seus pés, exércitos guerreando. Ao seu lado estava um senhor de branco terrivelmente sombrio assim como ela. O senhor trocava suas vestes para a cor negra e em seu peito reluzia a luz dourada de um anel pendurado por um fio de ouro, Nimarie estava ao seu lado e sorria maldosamente.

Mas o sonho que mais amedrontava Nimarie era quando ela se via, adicionando uma quantidade mortal de veneno no vinho que Thranduil e Legolas beberiam. Via Legolas agonizando com as mãos na garganta enquanto arrastava–se pelo chão em sua direção, pedindo socorro com o braço esticado enquanto ela observava friamente afastando-se devagar a medida que ele chegava próximo. Após os sonhos Nimarie acordava tomada de suor e pavor, e por isso, já fazia algum tempo que estava evitando dormir. O que parecia não ser uma boa solução já que nos últimos dias as visões lhe perseguiam mesmo quando estava acordada em plena consciência.

Um dia, enquanto Nimarie conduzia uma cabra para o estábulo central, sentiu a sua mente invadida por relances de Eruwaedh ensanguentada. Na visão a mãe caminhava em sua direção com a boca tomada de sangue e quanto mais ela tentava falar mais sangue lhe jorrava do interior. Apesar de sentir-se assustada com as visões, a moça muito pouco comentava com a mãe, pois sentia que isso lhe causava certo mal-estar. Neste mesmo dia encontrou a sua mãe sentada em um banco frente a um canteiro úmido onde florzinhas tímidas cresciam.

_ Mãe! Está tudo bem? - Nimarie perguntou isso pois percebeu que sua mãe chorava.Sentou-se ao lado de Eruwaedh.

_ Filha... tenho algumas preocupações que são só minhas! Não seria justo propagá-las para ti!

_ Não gosto de te ver assim mãe, o que posso fazer para aliviar-te a dor?

_ Faz tempo que uma sombra cobriu a Floresta, e com ela uma sobra apossou-se de mim.Sinto que devo te abandonar em breve...

_ Não fale isso! - Nimarie pressentia o mesmo que a mãe, mas não queria aceitar o fato, seus olhos estavam tomados de lágrima quando falou: _ Sabes que não nos veremos mais ao nos separarmos! Ainda não está na hora de partir mãe... ainda preciso aprender muito contigo! Percebo que há anos te entrega e definhas a cada dia...– Em um gesto de carinho Nimarie tomou as mãos da mãe entre as suas. - Sou eu que te causo desgostos mãezinha? Meu amor por Légolas...

_ Não filha! Você e Legolas não são o fruto da minha preocupação... - Ela disse isso com profundo carinho. - _ Sinto que sou responsável por te entregar um leme de um barco que não terás força para guiar. Estremeço ao pensar que não posso mais proteger-te!

_ Mãe! não falemos disso agora! - Apesar de Eruwaedh nunca ter comentado nada sobre o assunto que lhe tirava a tranquilidade, Nimarie sabia em seu íntimo do que se tratava. Porém em um gesto de fuga preferia ignorar o assunto, na esperança de que se tratasse apenas de uma história sem fundamento.

_Eras muito pequena quando chegamos aqui, não deves te lembrar, mas essa floresta foi muito mais bela do que um dia você viu, e pouco a pouco ela se tornou sombria...– A elfa parecia perdida em suas recordações, quando acrescentou: _O olhar que cai sobre ti torna-se mais forte a cada dia, precisas resistir Nimarie! Chegará a hora que precisarás lutar, e eu não lutarei ao teu lado, mas torcerei por ti...

_ O que dizes mãe?! – Nimarie não conseguiu falar mais nada chorava copiosamente.

_ Não negues os fatos filha! aproveita as tuas visões... não as ignore. Retoma as lições que te ensinei...

_ Mãe tu és tão boa... não é justo teres uma filha assim! - As duas se abraçaram.

Os laços familiares que unem os elfos são mais fortes que nos demais seres, pois eles convivem mais tempo juntos, o que possibilita que haja mais amor e compreensão entre eles.

_ Venham! vamos louvar as estrelas! Vocês não tem o direito de lamentar enquanto o céu tão bonito nos aguarda para festejos! - Era Fiughas quem as chamava alegremente. Para os elfos silvestres, era mais uma noite para festejar a beleza do céu noturno. As duas sorriram frente ao convite de Fiughas.

Assim como Nimarie falara, Eruwaedh estava definhando rapidamente, como se uma grande tristeza houvera tirado a sua vitalidade. Era pálida, magra, e possuía alguns fios de cabelo brancos, o que não era muito comum para uma elfa. Nimarie preferia acreditar que isso era devido a saudade que sentia de seu pai, e talvez o seu relacionamento com Légolas também havia contribuído para a frustração da mãe. Percebia que ela, por vontade própria, não se relacionava muito com as demais elfas. Respeitava a todos e era muito respeitada, pois era considerada muito sábia, todavia não possuía forte amizade com ninguém do reino. O próprio Thranduil a chamara algumas vezes para pedir conselhos devido a impasses comerciais e financeiros, porém, era evidente que o rei procurava manter Eruwaedh afastada de assuntos mais sérios, consultando-a somente em últimos casos.

A noite, após o louvor às estrelas, os elfos dirigiam-se aos seus abrigos, quando sentiram uma onda de ar mais denso vindo da floresta. Em seguida ouviram o soar das trombetas dos guardas. Todos agitaram-se, procurando as suas armas pois o barulho anunciava um possível ataque ao reino. Após a construção dos muros o local não havia sofrido nenhum ataque de seres malignos. Os orcs tinham verdadeiro temor aos elfos, o que causava uma certa tranquilidade ao povo de Mirkwood. Porém nesta noite, algo encorajou os orcs em um ataque. Margeando o Rio da Floresta, os seres repugnantes entraram no reino de Tharanduil movidos por uma grande sede de sangue.

Inicialmente os guardas dispostos estrategicamente resolveram o problema, porém minutos mais tarde mais de uma centena de orcs os surpreenderam, entrando no local rapidamente. Neste momento flechas eram disparadas para ambos os lados. A confusão na fronteira do reino estava instalada. Neste instante mulheres e crianças eram removidas para um abrigo no castelo, porém, todos estavam armados a fim de prevenir um evento surpresa. Foi então que Nimarie enxergou sua mãe saindo do abrigo. Devido a quantidade de pessoas entrando Nimarie não conseguiu sair rapidamente atrás da mãe, e por isso gritou por ela algumas vezes, sem que esta lhe desse atenção.

Na rua avistou ao longe o vulto de sua mãe e correu ao seu encontro, ela não sabia exatamente o que mas sabia que aconteceria algo trágico nos próximos minutos. A sua mãe estava indo ao encontro da confusão, empunhado o seu arco.

Involuntariamente Nimarie leu o pensamento da mãe: _Preciso defendê-la, nem que isso me custe a vida. Eles não a encontrarão... - Sempre que isso acontecia Nimarie sentia-se confusa, mesmo assim não entendia com precisão o que a mãe estava fazendo. Sabia queEruwaedh era corajosa e uma boa arqueira e que havia ensinado a muitas elfas e a própria Nimarie a usar a arma. Mas, não era necessário esse ato coragem neste momento... Nimarie corria atrás da mãe, quando imagens de Eruwaedh ferida novamente lhe assombraram a mente, assustou-se e parou por alguns segundos a fim de recuperar o folego, de repente sentiu mãos fortes lhe agarrar os braços.

_O que fazes aqui Nimarie! vai para junto das outras. - Disse Thranduil em um tom de repreensão.

_ Minha mãe...

_ Deixe que ela cumpra o seu destino... suas obrigações. Agora saia daqui! - Ele falou isso rispidamente, ordenado com vigor e logo seguir a diante com sua espada em companhia da sua guarda pessoal. Porém, Nimarie não desistiu, e Thranduil sabia disso, mas estava preocupado de mais com a situação para perder tempo tentando convencê-la, então, ordenou a um de seus guardas que escoltasse Nimarie caso ela seguisse a diante.

A meia-meia elfa, ao chegar perto do local do ataque, viu um cenário de guerra. Os elfos empunhando os seus arcos matavam com facilidade as criaturas cabulosas, porém os nojentos, eram em maior número, já que os elfos estavam dispersos vigiando as outras entradas do reino para evitar a entrada dos inimigos. Flechas zuniam de um lado para o outro, cadáveres de orcs amontoavam-se na entrada. Alguns elfos haviam sido atingidos mas sem gravidade. Derepente um ser alado de fisionomia terrível surge no céu escuro batendo as suas asas emitindo um grito agudo e assustador, em seu comando estava um Nazgul. Os elfos investem suas flechas no inimigo surpresa que parece não se importar.Os orcs ganham pequena vantagem com isso, acertando alguns elfos de forma mortal. A criatura alada sobrevoou bem próxima de Nimarie, que teve a impressão de ter sido petrificada, pelo olhar que o Nazgul desferia sobre ela. Sentiu um calafrio de morte percorrer o corpo ao mesmo tempo que a criatura terrível se afastava rapidamente de Mirkwood. Thranduil observou a cena com estranheza, o Nazgul não fez ataques, parecia procurar alguém, o que tinha feito com sucesso. Os orcs haviam sido vencidos. Quando Nimarie finalmente conseguiu se mexer viu alguns elfos feridos no chão, e em um canto viu a sua mãe caída também ferida. Correu rapidamente até Eruwaedh.

_ Mãe... mãe! - Chamou aflita ao ver que a mãe estava ferida gravemente por uma flecha que lhe atravessara o pescoço. O sangue escorria abundante pela boca de Eruwaedh que tentava falar algo desesperadamente para a filha. - _ Mãe fique calma....

Nimarie vendo a mãe ferida:

_ Nimarie aceite teu destino... - Eruwaedh falou com muita dificuldade, ignorando os apelos da filha para ela ficar quieta, mas ela continuou: _Tanacëmníss, você não foi feita para o mal... Cir... Ciryon... – Eruwaedh não pode mais falar, morrendo de olhos abertos no colo da filha. Tomada de profunda dor Nimarie não viu quando quatro orcs remanescentes surgiram do escuro bem próximos a ela, Thranduil habilidosamente alcançou-os em segundos matando três deles com a sua espada enquanto o outro desferia flechas tentando fugir. Quanto finalmente foi acertado, o último orc tombou desferindo uma flecha involuntariamente que acertou o peito de Nimarie logo acima do coração. Thranduil, então, correu para junto dela, não sem antes, cortar a cabeça do orc que havia acertado a moça.

A flecha estava envenenada e Nimarie tombara no mesmo instante que recebera o golpe. Imediatamente Thranduil ordenou a dois soldados que a levassem para o castelo. E aos demais feridos, que eram em torno de cinco ordenou que fosse removidos para suas casas a fim de receber os cuidados necessários. Aos mortos que eram três, solicitou a preparação de um enterro digno, em especial Eruwaedh. Os cadáveres dos orcs deveriam ser queimados e algumas cabeças deveriam ser dispostas em alguns lugares ao entorno de Mirkwood com a intenção de amedrontar e evitar futuros ataques. Dada as ordens Thranduil seguiu para o seu castelo, apesar de não aparentar estava desolado com a morte dos elfos. Momentos depois de chegar ao palácio, emitiu mensageiros para Valfenda a fim de informar o ataque que Mirkwood sofrera.


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