Nora Fulkert - Um conto de amor na Terra Média escrita por Norha Wood


Capítulo 13
Sentimentos contraditórios




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Legolas e Nimarie ficaram por alguns minutos deitados às margens do rio. Legolas carinhosamente brincava com o cabelo úmido de Nimarie que estava com a cabeça sobre o seu peito.

_ Tenho que ir Legolas! - disse a moça levantando-se como se tivesse sido movida por uma mola. Arrumando a sua vestimenta completou: _Logo irá amanhecer e por certo minha mãe estranhará minha ausência.

_ Partirei daqui algumas horas... antes do meio dia! Quero verte antes...

_ Legolas! Promete que se cuidará? - Ela disse isso abraçando forte o elfo _ Sentirei a sua falta...

_ Antes da próxima primavera tu já me verás novamente! Contarei os dias para retornar, tentarei fazer tudo o mais rápido possível. Terei a companhia de alguns "soldados" até o sul, eles irão me escoltar e voltarão antes que eu então mandarei as cartas por eles. Irei escrever-te todos os dias, e terás mais cartas que as folhas dessa floresta! Levarei mais papel e tinta do que flechas... - Nimarie riu feliz com as promessas de Legolas. - _ Melinyë tirië hendulyar silina írë lálalyë! (Eu amo ver seus olhos brilhando enquanto você sorri!) – Nimarie fez um gesto de timidez baixando a cabeça frente ao elogio do elfo que continuou: _ Me espera que eu voltarei pra ti meu amor...

_ Vou te esperar nem que seja por toda a eternidade! - Nimarie falou isso com lágrimas nos olhos. Eles estavam profundamente tristes com a ideia de afastarem-se. Beijaram-se mais uma vez, e saíram de mãos dadas da caverna que se formava devido ao piso da adega. Legolas acompanhou Nimarie até alguns metros da sua casa. Ao se despedirem, sob uma das escadarias do reino de Mirkwood, mais um beijo foi trocado, sem que se importassem que alguém tivesse vendo. Combinaram de se encontrar ainda mais uma vez antes que Legolas partisse rumo a sua jornada.

Os dois acreditavam que não havia ninguém os observando sob as escadarias naquela hora da madrugada, por esse motivo se beijaram sem preocupação. Porém, em um canto sombrio, longe da cena, Thiedhel, agora chefe da guarda real, coincidentemente assistiu a cena. Ficara profundamente espantado com o que vira. Agora ele entendia o por que Nimarie o havia repudiado. Ele, por algumas vezes, percebia que Nimarie sentia algo diferente pelo elfo, porém acreditava que a moça nunca seria correspondida devido a sua origem. Sentiu uma chama de ódio aflorar em seu coração, era um dos melhores amigos de Legolas e ele não havia contado nada para ele, nunca. Certamente sentia vergonha de amar Nimarie, pensou absorto em seus pensamentos, Legolas irá viajar, o caminho ficará livre, se o rei soubesse mandaria expulsar Nimarie e ele a acolheria e por certo ela... - Foi interrompido por um elfo que o chamava:

_ Senhor Thiedhel! - Um elfo chegou até ele e muito agitado e falou: _ Senhor! as criaturas estranhas estão se multiplicando, essa madrugada surgiram mais duas, além das três que matamos a dois meses atrás. - Thiedhel ficou muito preocupado com a notícia, e esqueceu-se da cena que havia visto minutos atrás. Agora ele era chefe da guarda, e essas aranhas malditas estavam lhe tirando a paciência.

_ Vamos caçar essas malditas! - Ele falou isso pegando seu arco e flechas, saindo mata a dentro.

–--

As coisas de Legolas já estavam todas arrumadas para a viagem e ele caminhava em direção a sala do trono. Iria despedir-se de seu pai. Ao chegar, viu que Thranduil não estava sentado no trono como de costume. Estava em pé e de costas para Legolas. Antes mesmo que o filho anunciasse a sua presença o rei disse pausadamente:

_ Hoje é um dia muito especial Legolas! é o dia que deposito em tuas mãos a responsabilidade de um rei. Irás negociar com Aranir como se fosse o próprio rei de Mirkwood! Sinto que estás preparado - Disse virando-se finalmente para Legolas. - _Não deixe meu filho que nada obscuro te perturbe o caminho. Não volte sem antes ter conseguido um bom acordo comercial a nosso favor. Tens todo o tempo do mundo para ficar por lá...

_ Farei o melhor de mim meu pai! Há algo que eu quero lhe falar...– Disse ansioso.

_ Não o diga Legolas, não há necessidade... - O rei interrompeu o filho, sabendo que ele iria falar de Nimarie. _ Se é o que queres, ao voltar conversaremos sobre essa questão. – O rei falava isso se esforçando para parecer natural.

_ Obrigada meu pai! - Legolas ficou muito surpreso com a compreensão do rei. Agradeceu beijando a mão de Thranduil.

_ Agora vá! Mandarei três guardas do reino para te escoltar até o sul, ao chegar lá mande que eles voltem. E solicite a Aranir que mande uma escolta com você no retorno para Mirkwood. Namárië! Nai tielyar nauvar laiquë (Adeus! Que seus caminhos sejam verdes).

Thranduil falou isso e subiu as escadas em direção ao seu trono. Sentou-se e como se fosse uma estátua de pedra observou Legolas se afastar. Ele amava muito o filho e estava preocupado com a sua paixãozinha... Pensava que afastando os dois, certamente esfriariam a paixão que sentiam. Sem Legolas por perto poderia arranjar até um marido para Nimarie, quem sabe propor uma aliança com os homens da cidade do Valle... Ora! ela era muito bonita! e por certo a moça valeria muito se caso usasse seu dote em troca do ouro que havia em Valle. Os homens ficavam sempre encantados com a beleza das elfas, por certo Nimarie os conquistaria... – Frente a esse pensamento Thranduil franziu a testa– ...ela havia maldosamente seduzido Legolas e ousou seduzir o próprio rei!! - Em um gesto de irritação ele bateu o punho fechado sobre o braço da cadeira - ...não! na verdade, ela nada fez para te seduzir Thranduil, ou fez tão sordidamente que você não reparou... Lembrou de ter observado Nimarie crescer e se tornar cada vez mais bela.

Após a partida de sua esposa, Thranduil vivia sempre tão só, nunca havia pensado em casar-se novamente, até que começou ver Nimarie com mais atenção. Sua delicadeza, espontaneidade, inteligência, beleza... ela era especialmente diferente de todas as elfas e meia elfas que conhecia. Teve dias que chegara até a imaginar-se desposando a moça, mas o seu preconceito com a linhagem que considerava suja lhe impedia de seguir a diante com qualquer ideia. Além do mais o que diriam de um rei viúvo unir-se com uma praticamente humana, por certo seria a ruína de seu reinado. A confirmação das suas suspeitas de que Legolas realmente estava apaixonado por ela, caíram para Thranduil como se fosse um baque, e ele fechou-se por dias em tremenda frustração. Ao recordar da ocasião, balançou a cabeça com força para afastar esses pensamentos que lhe entristeciam. Envergonhava-se profundamente de ter desejado Nimarie, mas ela lhe causava sentimentos contraditórios. Por vezes sentia raiva, desprezo, mas, ao mesmo tempo, sentia admiração, desejo, e até um amor desesperador. Thranduil levantou-se bruscamente como se procurasse fugir desses pensamentos atormentadores. Ordenou ríspido que chamassem Thiedhel o mais rápido possível. Poucos minutos depois o elfo estava em sua frente:

_ Mandou chamar-me meu rei? - disse Thiedhel fazendo uma reverencia.

_ Sim! quero que tu acompanhes Legolas e cuide pessoalmente da sua segurança.

_ Mas senhor! Liofel, Ofhimos e Rifhelos já estão prontos para partir com Legolas! - Thiedhel estava profundamente decepcionado com a proposta do rei, agora que tinha a oportunidade de se aproximar novamente de Nimarie...

_ Vá no lugar de Liofel, e transfira as suas responsabilidades para ele. Quero que vigie seus passos e evite que Legolas faça alguma besteira. Faça essa viajem se estender o máximo possível. - O rei desceu as escadas para chegar mais próximo e continuou em um tom mais baixo: _ Preciso que Legolas fique por lá o maior tempo possível. Tu não voltará com os outros, ficará em sua companhia trabalhando para que isso aconteça. - Vendo o olhar indagador do elfo Thranduil completou: _ Quando voltar com Legolas, te darei uma boa gratificação!! - Os olhos de Thiedhel brilharam de ambição - _Agora vá! - dito isso o rei sentou novamente no trono, esperando que o elfo saísse. Thranduil temia que Legolas fizesse tudo rapidamente para voltar aos braços de Nimarie. Ou que o jovem mantivesse a comunicação com a moça elfa mesmo distante. Vendo-se sozinho novamente ele perguntou em pensamento para si mesmo:_ Thranduil por que não enviastes Nimarie para longe, em vez de afastar o teu filho? - Ele já sabia a resposta, mas sentia a necessidade de punir-se com ela.

Em quanto isso Legolas já estava pronto para partir. Levou o seu cavalo até os portões de saída olhou pra trás e pensou que Nimarie não viria. Neste instante ouviu:

_ Yei! estava pensando em sair sem o meu beijo? - Ela apareceu de trás de uma frondosa árvore, próxima ao portal de saída.

_ É incrível a sua capacidade de aparecer quando eu acho que já não virá mais... - Ele soltou o cavalo e caminhou em direção da moça. - _Não deixei de pensar em seu beijo um minuto se quer...

_ Psiu! fala baixo... tem elfos aqui perto, não quero que nos descubram! - Ela falou isso sorrindo enquanto puxava Legolas para de trás do tronco em que ela mesmo se escondia.

_ Prometa que irá me esperar!– Ele falou sorrindo

_ Sim! Eu prometo... E tu promete que voltarás para mim são e salvo...

_ Sim! eu prometo...Ma melilyen? (Você me ama?)

_ Nalyë melmenya, melmë cuilenya... (Você é o meu amor, é o amor da minha vida...)

_Melinyel (Eu amo você). - Ele falou isso docemente, e beijou os lábios macios da moça: _Namárië! Mauya nin avánië (Adeus! Preciso ir)

_ Namárië Legolas! Nai anar caluva tielyanna! (Adeus Legolas! Que o sol brilhe sobre seu caminho). – Nimarie voltou a se ocultar atrás da árvore e Legolas seguiu para o seu cavalo ao ouvirem que os companheiros se aproximavam. Mas antes sussurrou para ela:

_ Te escreverei todos os diasLissësindë...(Mel cinza)

Ofhimos, Rifhelos e Thiedhel se aproximavam puxando os seus cavalos. _ Onde está Liofel?– Legolas perguntou estranhando a falta do elfo.

_ Eu irei em seu lugar Legolas, Liofel terá que ficar para resolver algumas questões.

_ Sendo assim, fico feliz em ter um amigo como você ao meu lado Thiedhel! - Legolas falava isso com sinceridade, apesar de já ter sentido raiva de Thiedhel por ciúme de Nimarie, estimava muito o amigo. E agora, que sabia que a meia elfa o amava, não via em Thiedhel um concorrente. O grupo saiu, e Nimarie, ainda oculta sobre a grande árvore, observava os elfos cruzarem o portão do reino. Quando seus olhos não puderam mais enxergar o grupo, Nimarie sentiu uma grande tristeza lhe sufocar o peito. Enquanto voltava para casa, tentava animar-se lembrando das promessas de Legolas, mas um mal-estar a fez procurar imediatamente a sua cama.


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