Te Odeio Por Te Amar escrita por TamY, Mazinha


Capítulo 63
Capítulo 63 - Contradições


Notas iniciais do capítulo

Oi meninas, demorei bastante né? Mas aí está um capítulo. Ele é pequeno, mas dá pro gasto. Estou totalmente sem tempo para escrever e quando tenho um tempinho, falta a inspiração.
Espero que gostem e vão mandando vibrações positivas para que eu consiga escrever logo o proximo capitulo e lhes postar. Prometo que terá uma bomba kkkk

Boa leitura! :**



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* Paulina narrando *

— Mas que diabos eles estão fazendo aqui? – Carlos Daniel perguntou em fúria dando um passo à frente, mas em um impulso eu segurei em seu braço impedindo-o de seguir. Antônia correu em direção deles e se pôs ao lado do homem.

— Ué, não seria o mesmo que você? – O homem alto, com cabelos e olhos negros disse erguendo uma de suas sobrancelhas ao cruzar os braços estufando o peito e a mulher que estava ao seu lado era, ninguém mais, ninguém menos que... Fabíola.

Eu não sabia nem como reagir diante de tal situação, apenas continuava segurando firme pelo braço de Carlos Daniel, que estava com uma raiva extrema, senti através do músculo de seu bíceps que estava enrijecido e seu punho fechado com força.

— Não têm escrúpulos mesmo, não é? – Carlos Daniel perguntou com dentes cerrados fazendo ainda menção de ir na direção deles e Willy veio rapidamente para mais perto e o segurou pelo outro braço lhe pedindo baixinho que tivesse calma. – Um delinqüente e uma vadia, o par perfeito. – Carlos Daniel disse já possesso de raiva e tremia ao falar, todos já estavam mais próximos de nós bastante aflitos enquanto seu irmão e a mulher agiam como se nada.

Ela não parava de me olhar com minúcia, o que estava já me incomodando bastante.

— Obrigado pelo elogio, mano... E a todos pela recepção tão calorosa. – Ele disse com um sorriso sarcástico nos lábios olhando para todos na sala. – Vê, meu amor. Continuamos tão queridos aqui... – Continuou olhando para a mulher, que ergueu a sobrancelha e esboçou um sorrisinho ao olhá-lo de volta.

— Por favor, meus netos... – A dona Piedade dizia ficando entre eles. – Não briguem mais, por favor... Eu não agüento mais isso.

— Não se preocupe, vovó... – Carlos Daniel disse ao respirar fundo, olhando para a avó. -... pois já estamos de saída. – Ele segurou em minha mão e me olhou com os olhos em brasa. – Vamos embora, Paulina. – Disse baixinho e assenti.

Durante aquele curto momento fiquei muito confusa com cada situação, mas pude entender então o que de fato estava acontecendo. A ex do Carlos Daniel o traiu com o seu próprio irmão dentro da própria casa e ainda continuavam juntos e, ao que pude entender, Antônia apoiava seu outro filho. Ao mesmo tempo em que eu buscava entender e responder a cada questionamento que surgia em minha cabeça, eu via que tudo já começava a fazer sentido. O que eu não conseguia entender bem é do porquê de Carlos Daniel ter escondido algo tão sério de mim sem pensar que isso poderia acontecer e me tomar como surpresa. E que surpresa!

— Espera, Carlos Daniel... – A dona Piedade disse ao tentar acompanhar nossos passos quando íamos em direção ao quarto dele. -...Não vão embora, por favor... – Ela dizia com a voz chorosa, o que fez meu coração se apertar ao sentir sua aflição. Stefani também estava com ela, segurando-a pelo braço e nos olhava esperando uma resposta de Carlos Daniel, que estava enraivado.

— Vocês não deviam ter me feito vir aqui para fazer esse papel de idiota. – Ele disse olhando-as rapidamente. – Vamos Paulina, aqui eu não fico nem por mais um instante. – Disse de uma vez e caminhou em direção ao quarto.

Me senti como se estivesse entre a cruz e a espada e não sabia de que lado ficava, era nítido que os dois lados sofriam com tal situação e eu tentava pensar em algo, mesmo sentindo um pouco de raiva de Carlos Daniel por não ter me deixado ciente de tudo isso.

— Eu vou tentar conversar com ele... – Eu disse para a vovó, que me olhava com os olhos em lágrimas e apertou minhas mãos com força.

— Por favor, minha filha. Convença-o que fique. Nós não sabíamos que eles viriam, mas eu não posso mandá-los embora. O Alex também é meu neto... – A vovó disse já chorando, fazendo o aperto em meu coração se intensificar.

— Tudo bem, dona Piedade... Eu vou tentar convencê-lo. – Respondi tentando tranqüilizá-la e olhei para Stefani. – Vou ver o que posso fazer, Stefani.

— Obrigada, Paulina. – Ela assentiu e a vovó soltou minhas mãos ao respirar fundo, Lalinha veio e ajudou Stefani a segurar aquela senhorinha aparentemente tão frágil. – Venha, vovó. Vamos até a cozinha.

Subi rapidamente as escadas e fui para o quarto de Carlos Daniel, que estava com a porta entreaberta. Entrei e tranquei com chaves. A mala dele estava sobre a cama já fechada e ele estava sentado perto da mala, as mãos na cabeça eram apoiadas pelos cotovelos sobre os joelhos dele.

Respirei fundo e fiquei de frente a ele, eu não sabia o que pensar, me sentia um tanto chateada por ficar sabendo de tudo dessa maneira, mas não podia crucificá-lo mais.

Olhei nos olhos dele e tomei suas duas mãos, ele estava muito nervoso e irritado.

— Paulina, eu... – Começou a dizer quando finalmente olhou para mim e depois olhou para nossas mãos unidas. – Me perdoe por não ter te contado, eu... Eu tive vergonha.

— Não é você quem devia ter vergonha nisso tudo, Carlos Daniel... – Respondi seriamente, ele voltou a me olhar nos olhos.

— Sim, eu sei... Mas não foi fácil para mim, dela eu já deveria esperar, mas dele? Eu não saberia como dizer que... Que meu próprio irmão me traiu daquela maneira tão imunda. Por favor, não fica chateada comigo por eu não ter contado tudo. – Ele pedia com uma carinha chorosa e irritada ao mesmo tempo, eu não podia ficar com raiva dele por algo assim.

— Não estou chateada com você. Eu o entendo, mas deveria ter me dito antes. -  Acariciei o cabelo dele e ele me olhou surpreso.

— Obrigado, meu amor... Eu sei, e me desculpa... Não queria que me olhasse como está me olhando agora, com pena... – Ele disse desviando o olhar e fiz com que me olhasse novamente.

— Eu não estou com pena de você, Carlos Daniel... Apenas o compreendo e estou do seu lado... – Eu sentei ao seu lado, o puxei para mais perto abraçando-o e comecei a afagar seus cabelos.

— Tudo bem, minha vida... Mas, vamos voltar pra casa. – Ele disse afastando-se devagar de meu abraço, sua feição ainda de raiva, e fez menção de se levantar, mas o segurei pelo braço.

— Espera. – Ele me olhou franzindo o cenho quando parou e lhe puxei para que sentasse novamente ficando de frente para mim. – Entendo que para você é muito difícil ter de estar aqui revivendo coisas do passado, sei que já deu um grande passo a frente, mas...

— Por favor Paulina, não me peça para ficar aqui com eles porque...

— É o aniversário de sua avó, Carlos Daniel... Quantas vezes ela te pediu para vir porque sua presença é mais que importante? Você viu como a sua família ficou tão contente em revê-lo depois de tanto tempo? – Eu tentava argumentar buscando seu olhar, mas ele apenas olhava para baixo, toquei seu queixo e fiz novamente com que me fitasse nos olhos. – Olha para a sua avó, ela te adora e está radiante porque estamos aqui, porque você está aqui. Hoje é o dia dela, meu amor... Por favor, considere que apenas por hoje é necessário fazer um sacrifício por ela, para que ela tenha um dia agradável e feliz ao lado dos netos que tanto ama...

— Eu não os suporto, não vou agüentar pirraças Paulina, isso é pedir demais...

— Eu sei, meu amor... Mas pensa na sua avó, por favor... Ela não merece isso... – Acariciava o rosto dele devagar, ele segurou minha mão e beijou na palma, dando um pequeno sorriso. – E mais, estarei o tempo todo do seu lado, ficaremos distantes deles, tudo bem?

Carlos Daniel ficou calado enquanto pensava e eu esperei pacientemente por sua resposta.

— Eu devia ter imaginado que eles estariam aqui. Não devíamos nem ter vindo...

— Carlos Daniel... Por favor... – Eu disse quase em súplica quando ele respirou resignado e apertou minhas mãos nas suas.

— Tudo bem, meu amor... Mas só porque é você quem está me pedindo, e pela vovó.

— Ai, obrigada, meu amor... – Lhe sorri e o abracei mais uma vez, lhe pedia algo muito difícil e sabia que não seria nada fácil para mim também, mas eu estaria ali para lhe dar o apoio incondicional que ele precisava e para ajudá-lo a superar essa humilhação que ele ainda sente até hoje.

# Carlos Daniel narrando #

Era muita sem-vergonhice pra pouca gente e eu me sentia tão possesso pela raiva que me dominou, que seria capaz de matá-los, mas isso já não deve importar para mim, minha vida mudou e não devo ligar para o passado. Pensava comigo mesmo enquanto Paulina me olhava, por sorte, o único que sentia que me incomodava era apenas o fato de meu irmão ter me traído e ver que Antônia ainda o protegeria, seria sempre assim, mas eu não deveria mais me importar com isso, apenas seguir a minha vida como eu estava fazendo até agora, e tentar deixar de lado todos os problemas que, praticamente, me destruíram por dentro.

— Tio Tato, você está aí? – Ouvimos a voz de Carlinhos do outro lado da porta chamando por mim, Paulina me olhou e tocou meu ombro, pedindo que eu abrisse a porta para o garotinho. Respirei fundo e concordei.

— Oi Carlinhos, o que faz aqui? – Perguntei ao abrir, o menino estava com uma feição cheia de expectativas enquanto segurava a caixa do helicóptero que eu lhe havia presenteado.

— Vim porque temos que colocar o heli no ar.

— Bom, eu... Eu não me sinto muito bem agora, Carlinhos... – Tentei arrumar uma desculpa para não ter que descer e ver certas pessoas, e vi no olhar de meu sobrinho uma repentina tristeza. Abaixei para ficar na mesma altura que ele e espalhei seus cabelos. – Eu preciso descansar um pouco, mas prometo que mais tarde eu desço, montamos o helicóptero e o colocamos no ar.

— Vai mesmo? O menino perguntou agora sorrindo e olhou para Paulina com os olhos semicerrados. - Tia Paulina, lembra a ele, por favor?!

— Pode deixar, Carlinhos, eu me encarrego disso! - Paulina lhe disse sorrindo e lhe deu uma piscadela.

— Então eu vou esperar, falou tio? - Meu sobrinho perguntou e estendeu sua mão direita para tocar a minha.

Falou, Carlinhos! - Correspondi ao seu gesto e ele saiu do quarto deixando-nos novamente a sós.

— Você viu como ele ficou contente por estar aqui?! - Paulina perguntou ao se aproximar de mim e envolver seus braços em meu pescoço esboçando nos lábios um lindo sorriso.

— Sim, mas não tenho certeza se irei. Eu...

— Shh... - Paulina tocou meus lábios silenciando-me. - Há quantos anos não fala com seus sobrinhos ou sequer os vê? São muitos anos, meu amor... Sei que gostaria de fazer parte de tudo isso, e agora que está tendo outra oportunidade não deixe que isso passe. Precisa se divertir também, não se prive de algo que deseja por algo que não vale a pena. - Dizia enquanto acariciava minha barba e me olhava com seus olhos verdes brilhantes e não pude deixar de concordar com ela, que estava certa. Ela sempre dizia o que era certo.

— Você tem razão, minha vida. Ficaremos e vou ajudar o Carlinhos a colocar o brinquedo no ar, a tarde vai passar rapidinho, assim, logo jantaremos e vamos pra casa. - Eu disse tocando seu rosto e tirei sua franja dos olhos, sorri para ela, que me olhava daquele jeito sereno que enchia a minha alma apenas de sentimentos bons. - Eu te amo tanto... - Beijei seus lábios com amor, ternura, gratidão e ela correspondeu ao meu beijo dando abertura para que minha língua pudesse invadir sua boca e acariciar a sua.

Ficamos ali no quarto durante um tempo descansando, eu contei a Paulina muitas coisas sobre minha vida ali na mansão Bracho, inclusive sobre minha infância que incluía meu pai e tudo que ele me ensinou, também sobre minha irmã Malú, sobre nossos negócios e tudo que pude lhe contar sobre mim. A partir daquele momento não haveria mais mentiras entre nós e eu lhe jurei que não esconderia mais nada dela. Sentia meu coração mais acalentado estando ao lado dela e já me sentia como se tivesse esquecido o desagradável ocorrido daquele dia quando ouvi novamente batidas na porta.

— Pode ser o Carlinhos, meu amor... - Paulina disse ao olhar as horas em seu celular, já era hora e o garoto estaria em seu direito de me cobrar o que eu lhe havia prometido.

Levantei da cama, onde estava deitado com Paulina, e fui em direção da porta para abri-la, mas não era o menino senão a vovó Piedade.

— Que bom que estão aí, nada me faz mais feliz. - Vovó disse estendendo uma das  mãos para segurar a minha. - Preciso de você, meu neto. Preciso que me ajude com o presente que me deu. - Disse sorrindo e a conduzi até o interior do quarto.

— Claro, vovó. E o que achou do presente?

— Essas coisas de hoje em dia são meio complicadas de manusear, mas eu adorei. É muito moderno, o Carlinhos me disse que precisa da internet para funcionar e eu não entendi nada. - Dizia a vovó olhando para mim e depois para Paulina fazendo-nos rir de seu jeito de falar.

— Pode deixar que eu te explico, vovó. É muito simples, é ainda mais fácil do que aquele que coloca uma fita para tocar. - Eu disse ainda rindo para a vovó e ela, que estendeu o aparelho em minha direção e me entregou.

Expliquei tudo e ela pareceu entender com facilidade, pois rapidamente já sabia como baixar as músicas dos ídolos de sua época de juventude e disse que tudo parecia muito mais prático desse jeito, pois ela conseguiu encontrar até mesmo músicas que ela imaginou que não pudesse mais ouvir enquanto vivesse.

Aqueles minutos foram bastante descontraídos e eu não nego que estava muito feliz na casa da vovó, apesar dos pesares e, de certo modo, me senti também mais próximo da Malú, mesmo ela não estando mais entre nós, Paulina tinha razão também quanto à isso.

— Paulina, minha filha... Por favor, venha aqui... - A vovó disse ao estender a mão para Lina, que estava apenas nos observando sentada em um pequeno sofá no quarto.

Paulina se aproximou de nós que estávamos sentados e abrimos espaço para que ela se sentasse entre nós, ela  segurou a mão da vovó e lhe sorriu.

— Filhinha, palavras não serão suficientes para expressar minha gratidão. - A vovó disse segurando a mão de Paulina com uma das mãos e estendeu a outra para mim, correspondi o seu gesto e peguei também em sua mão, Paulina olhou rapidamente para mim com os olhos brilhantes e sorriu, logo olhou novamente para a vovó Piedade. - Graças a você que meu neto está aqui agora, eu sempre tive a esperança de que esse dia chegaria e pedia muito a Deus e a Virgem que preparasse para ele uma mulher especial, tanto quanto ele é. - As palavras da vovó estavam começando a me deixar desconcertado e eu senti minha visão embaçar rapidamente pela emoção que já queria me tomar. - E não havia pessoa mais especial que você para isso, filha... Eu posso ver, posso sentir... Sua aura é pura, sua alma é limpa minha filha, como a de um anjo e vendo você com meu neto Carlos Daniel, me sinto muito mais tranqüila sabendo que posso morrer em paz....

— Vovó Piedade, não diga besteiras, por favor... - Pedi sentindo uma lágrima descer de meus olhos e ela soltou minha mão para enxuga-la. Paulina também estava muito emocionada e afagou minha perna com sua mão.

— Estou falando sério, filho. Ja estou muito velha e cansada, não sei por quanto tempo posso durar, as vezes me sinto com tudo, mas tem momentos que também sinto que não ficarei nesta terra por muito tempo, mas eu sei que você está feliz e que tem alguém cuidando de você, uma pessoa que realmente te ama, que você merece! - Ela dizia olhando com carinho para Paulina.

— Obrigada por essas palavras tão lindas, vovó Piedade... - Paulina disse para a vovó, que lhe sorriu e disse:

— Não haveria melhor esposa nesse mundo para o meu neto e eu lhes dou minha bênção. Mas não posso morrer antes de uma coisa... - Ela disse nos olhando e novamente sorriu, deixando-nos curiosos. - De ver meu bisnetinho nascer. - Essas palavras de minha avó fizeram meu coração dar um salto forte no peito, pois era o maior desejo do meu coração e nada poderia me fazer mais feliz que ter um bebê com a Paulina.

— Vovó, eu... Nós... - Paulina tentava dizer ficando totalmente desconcertada e a vovó sorriu e logo me olhou novamente ainda sorrindo.

— Oras! Não fique envergonhada, Paulina Martins! Será a melhor notícia saber que está esperando um herdeiro de meu neto Carlos Daniel. Um Bracho nascido de você! Não haveria melhor combinação!

— Eu nao posso discordar de você, vovó! Meu maior sonho, depois de nos casarmos, é ter uma família com a Lina.

— Eu... Bom... Eu acho que é um pouco cedo demais para falarmos sobre isso. - Paulina disse estando com as bochechas completamente coradas, e lhe beijei no rosto enquanto ela estava envergonhada e vovó nos olhava com admiração.

— Eu sei, filha... Antes têm que se casar, mas também pode acontecer antes, e se sim... Meu bisnetinho ou bisnetinha será muito bem vindo!

— Sim, vovó! Será muito amado! - Eu disse já me sentindo feliz com tal conversa, o que pôde renovar minhas energias para continuar aquele dia.

— Mas tempo ao tempo, filha... Sei o que está pensando... - A vovó disse dando gargalhadas e Paulina lhe sorriu sem graça. - Mas quando tiver de ser, simplesmente será, vocês podem ou não planejar. Se for da permissão de Deus, acontecerá como uma surpresa. Acreditem!

— Sim, vovó... Tempo ao tempo. - Paulina assentiu agora sorrindo. - E obrigada pelo imenso carinho também.

— Que nada, minha filha! Não tem que me agradecer por nada, estou muito feliz por tê-la em nossa casa, em nossa família e faço muito gosto para este casamento. Veja, - Ela apontou pra mim para que Paulina olhasse. - esse sorriso eu não vejo há muito tempo, e esses olhos apaixonados... Ah filha, eu sei bem do que estou falando e o meu neto também sabe, não é Carlos Daniel?

De fato, eu sabia o que a vovó Piedade queria dizer com isso. Pois ela sabia que eu nunca havia amado como agora, pois isso sim é o que posso chamar de viver, o que eu sinto por Paulina é puro e verdadeiro, é assim que é o amor.

— Sim, vovó. Você sabe o que diz sempre. - Assenti sorrindo mais uma vez para ela quando fomos interrompidos por Carlinhos, que entrou no quarto chamando nossa atenção.

— Tio Tato, já passou um pouco da hora que você disse. - Carlinhos disse enquanto segurava o controle remoto do helicóptero.

— Desculpa Carlinhos, é que estávamos conversando com a vovó Piedade e perdi um pouco a noção do tempo, mas vamos lá, vamos colocar essa máquina para voar.

— E o que acharam da minha fantasia de mulher maravilha? - Lizete entrou em seguida no quarto trajada com a mini fantasia que acabara de ganhar e estava uma gracinha, a verdadeira miniatura da personagem dos quadrinhos, o que nos faz sorrir de ternura.

A menininha foi em direção à Paulina e ergueu os bracinhos em sua direção para que Paulina lhe pegasse no colo.

— Precisamos descer, vovó. O Carlinhos está contando comigo para ajudá-lo. - Expliquei após me levantar da cama.

— Eu sei, filho... Não se preocupe, e eu prefiro ver com a Diná sobre o jantar de hoje à noite, sabe como sou e a Diná é teimosa, pode colocar mais sal no tempero que eu preparei, para ela nunca está bom o suficiente. - Vovó disse também se colocando de pé e a ajudei a levantar-se. - Só quero que saiba de uma coisa, Carlos Daniel. Eu não sabia que eles estariam aqui, mas não quero que haja mais problemas entre vocês. Por favor, me diga que não vai embora por causa deles... - A vovó estava me pedindo uma coisa bastante difícil, mas como eu já havia dito à Paulina, também lhe disse.

— Olha vovó, eu não garanto que nós vamos dormir aqui. E por favor, não insista nisso. Mas podemos ficar para o jantar, não vamos embora até o fim da sua festa. - Abracei com carinho a vovó, mesmo sentindo um aperto em meu peito por estar fazendo algo contra a minha própria vontade, mas se ela ficou feliz, assim também me pus. Por ela e pela Paulina.

— Anda tio, eu não quero que fique tarde para a decolagem! - Carlinhos disse ansioso, novamente chamando a minha atenção e concordei com ele, que pegou em minha mão e me puxou para a sala de jogos, onde estava o helicóptero ainda desmontado.

A vovó havia descido para a cozinha e Paulina estava conosco na sala de jogos. Lizete estava lhe mostrando todas as coleções de bonecas princesas que ela tinha enquanto eu e Carlinhos montávamos o pequeno helicóptero.

* Paulina narrando *

Após Carlos Daniel e Carlinhos terminarem de montar o brinquedo, descemos para o jardim para que eles pudessem colocá-lo no ar.

Sentei-me em uma das mesas com Lizete e ficamos ali observando-os prepararem o helicóptero para voar.

— Titia, eu sou a menina maravilha, não é? – A menininha me perguntou com seu ar doce e ingênuo, fazendo-me derreter ainda mais com seu jeitinho.

— Sim, meu amorzinho. E a fantasia ficou perfeita em você! Está linda! – Elogiei ao acariciar seus cabelinhos loiros e ela me abraçou apertado.

— Olha, a minha Barbie Paulinda também pode ser uma maravilha! É só ela vestir uma fantasia também... – Ela disse sorrindo ao estender a boneca em minha direção e sorri também, ela era tão esperta e tão inteligente que me deixava boba apenas por ouvi-la.

— Com licença, senhorita. – Disse Lalinha ao aproximar-se de nós com uma bandeja nas mãos. – Lhes trouxe refresco.

— Obrigada, Lalinha. – Lhe agradeci e sorri, Lizete fez o mesmo e a ajudei com um copo e canudo.

Tomei um pouco daquele suco tão delicioso e refrescante e ajudei Lizete com o dela enquanto observávamos Carlos Daniel e Carlinhos já um pouco longe de nós entusiasmados com o brinquedo que já estava no ar quando meu celular tocou.

— Lizete, meu amorzinho, a tia precisa falar ao celular. Você fica aqui por uns minutos até a tia voltar? – Perguntei e ela assentiu me olhando com aqueles olhinhos verdes enquanto tomava o refresco pelo canudo.

Era Célia, apenas tínhamos trocado mensagens ultimamente e ela, provavelmente, estaria querendo saber as novidades.

— Célia, que bom falar com você!

— Oi Lina, como você está? Estou aqui no DF, cheguei hoje cedo, quero ver você!

— Ai Célia, infelizmente hoje não vai dar. Eu estou em La Marquesa com o Carlos Daniel.

— Em La Marquesa? E o que fazem aí? Ah, por que será que eu perguntei algo que já sei? – Ela disse com seu tom brincalhão.

— Não é o que está pensando, boba! – Eu disse sorrindo. – Estamos na casa da família do Carlos Daniel, é hoje o aniversário da avó dele.

— Nossa, é verdade! Você tinha me dito que iria, mas eu não sabia que era agora. E como está tudo por aí? Você está gostando? Foi bem recebida?

— Aqui é lindo! – Respondi enquanto olhava em volta admirando a paisagem. – Tivemos uma ótima recepção, a família dele é maravilhosa! – Eu disse a mais pura verdade e tornei-me pensativa por um instante. – Exceto por...

— Por...? Aconteceu alguma coisa aí? – Ela perguntou ficando curiosa.

— Bom, sim... Mas não posso contar por telefone, apenas quando nos virmos pessoalmente.

— Entendo... Então mal posso esperar por saber de todo o babado! – Célia completou divertida, não pude deixar de sorrir com o seu comentário, mas sentia uma tensão em meus ombros, para mim esse dia também passou a ser um tanto intenso, mas não me deixaria levar pelo que aconteceu mais cedo.

— Tudo bem amiga, nos falamos quando eu voltar para o DF, te ligo.

Me despedi de Célia e caminhei em direção à mesa em que havia deixado Lizete, estava tão distraída que não percebi que ela já não estava mais sozinha ali e, quando finalmente me deparei com tal pessoa, pude sentir aquela tensão que sentia intensificar-se ainda mais, mas não deixei transparecer.

— Paulina, não é? – Ela perguntou me olhando mais uma vez com aquele jeito curioso que não me agravada em nada.

— Sim, tia Fabi. Foi o que eu te disse. – Lizete respondeu antes que eu pudesse dizer algo e ela olhou para a menininha com um sorriso aparentemente forçado.

— Ah sim, querida sobrinha. Foi o que você me disse. – Ela acariciou os cabelos de Lizete enquanto ainda me olhava de uma maneira bem estranha. Seu olhar era frio e ela mantinha uma de suas sobrancelhas erguida enquanto me fitava.

Respirei fundo e lhe sorri, demonstrando-lhe indiferença enquanto meu coração palpitava forte em meu peito e minhas pernas pareciam querer fraquejar naquele momento.

— Suponho que não sabe quem sou eu. – Ela disse apoiando seus cotovelos sobre a mesa, colocando suas duas mãos unidas sob o queixo.

— Não, o contrário, Fabíola. Sei quem você é. – Respondi ainda lhe sorrindo e ela pareceu estar um tanto surpresa com minha resposta.

— Bom, se é assim espero que não se sinta incômoda com a minha presença. Eu já tinha visto algo sobre você em alguma revista de fofoca ou algo do tipo, mas nada de detalhes, como sempre. – Ela continuou dizendo como se nada, começando a me tirar a paciência que estava me sobrando naquele dia. – Me atrevo a dizer que confesso que estou um pouco surpresa, apesar de você ser muito bonita, mas não imaginei que alguém como ele pudesse querer novamente algo sério com outra pessoa.

— Pois é, querida... Mas as pessoas podem mudar de opinião, não acha? – Perguntei devolvendo-lhe aquela mesma ironia.

— Ah, é claro que sim. Mas as vezes tais mudanças também podem ser passageiras ou apenas da boca pra fora. – Ela sorriu e piscou para mim, logo olhou para a direção de Carlos Daniel, que estava distraído com o menino e não nos viu juntas.

Se de uma coisa ela estava certa era de que sua presença já estava me incomodando e eu me sentia ansiosa apenas para sair daquele lugar, pois já não me fazia muito bem e pedi aos céus mentalmente que ela me deixasse sozinha novamente.

— Vejo que está noiva. – Disse olhando para o anel de noivado que estava em minha mão e aí sim senti aquele desconforto aumentar em meu ser, respirei fundo novamente e pus minha mão na cintura, olhei para ela e continuei a sorrir.

— Sim, estamos noivos! – Enfatizei a frase e ela sorriu com ironia, o que me deixou desconcertada, mas fiz o possível para manter a pose.

— Parabéns então. – Disse ainda rindo em ironia. – Mas olha, Paulina... Sinceramente, não crie tantas expectativas. Acredite, pode parecer que sim, mas não vale a pena. – Ela olhou novamente em direção ao Carlos Daniel e eu me senti agora completamente intrigada com sua leve insinuação.

— Acho que você não é a pessoa mais indicada para me dizer isso, Fabíola. – A olhei seriamente nos olhos e ela balançou a cabeça em sinal de negação enquanto sorria com sarcasmo.

— O que deve saber sobre mim podem ser coisas absurdas, eu sei, e não me importo... Mas não se esqueça de que trata-se de apenas uma versão, a outra você não conhece, mas como percebo que você não é uma mulher qualquer, sinto-me na obrigação de abrir seus olhos. Experiência própria, fofa.

— Não é necessário, querida. Eu sei exatamente quem é o homem com o qual vou me casar, não preciso de conselhos de ninguém.

— Não não, Paulina... Faço questão de falar algumas coisinhas sobre seu noivo, afinal ele também foi meu e não há ninguém que o conheça tanto quanto eu. Sei muito bem qual é realmente o tipo que ele gosta e você não parece ser assim...

— O que você quer dizer com isso? – Perguntei ficando agora curiosa.

— O tipo das quais topam tudo, selvagens, se é que você me entende.

— Não, eu não te entendo...

— Sim, você me entende... Não posso falar demais, você sabe... – Ela disse olhando para Lizete, que continuava a brincar com sua boneca. – Mas digo que não seja ingênua, Paulina... Pois no final das contas, ele se cansará e começarão as viagens, os compromissos, os amigos e demais desculpas, logo você vai ver como realmente é, e veremos quem estará com a razão. Mas eu espero de coração que com você seja diferente.

Nesse momento sim minhas pernas fraquejaram e uma onda de arrepios apoderou-se de minha espinha. Engoli em seco, não queria escutar o que aquela mulher queria dizer, sabia que tudo não se passava de invenções dela para, provavelmente, me colocar contra Carlos Daniel. Ela, com certeza, tinha essa má intenção, mas algo dentro de mim lutou contra isso e fez com que eu não dissesse absolutamente nada e deixasse ela falar, eu não entendia o que estava acontecendo comigo naquele momento, apenas fiquei quieta sentindo meu sangue ferver quando ela começou a falar:

— No começo sempre é tudo às mil maravilhas, muita demonstração de amor e carinho, cuidado, muito romantismo. – Ela disse com um sorriso de ironia me olhou franzindo o cenho. – É tanto que é “meu amor” pra cá, “minha vida” pra lá... Mas logo vem os ataques de ciúmes... Tudo quer controlar... “Aonde vai?”, “com quem vai?”, “não vai sozinha” e até mesmo “que roupa é essa?”. Acredite Paulina, minha vida tornou-se um inferno com tantos ciúmes e isso o deixava totalmente agressivo, seus ciúmes o dominavam e sua possessão estava sem limites. Depois vieram as viagens “à trabalho” e eu, boba, entendia sempre que ele precisava ir. Ah, que idiota! – Ela sorriu ao suspirar, eu sentia meu corpo inteiro estremecer com cada palavra que ela lançava, mas não tinha o valor de pedir que parasse ou sequer sair dali deixando-a falando sozinha. – Essas viagens eram constantes, em cada lugar amantes diferentes e...

— Titia, eu quero ir ver o heli de perto.

Por sorte Lizete interrompeu aquela conversa, eu não sabia como reagir, sentia-me nervosa e não queria continuar ouvindo suas possíveis mentiras, mas estava tão travada que não consegui sequer lhe pedir para parar e, apesar de tudo, eu sentia também que precisava ouvir um pouco mais, pelo menos para entender até aonde ela chegaria e era nítido que sua história estava muito mal contada.

— S-sim, meu amor... Vamos... – Eu disse com a voz um pouco tremula e peguei Lizete em meu colo.

— Bom... Eu não quero ser tão inconveniente, mas tome muito cuidado com uma tal de Victória, uma das amantes.

Quando ouvi tal nome, senti meu coração gelar e meu corpo paralisou, se antes eu não acreditava em suas palavras, agora me veio uma sombra de dúvidas à tona, de uma coisa ela não estava mentindo, o caso de Carlos Daniel com aquela mulher. Franzi meu cenho me sentindo um pouco aturdida e respirei fundo fingindo que aquele comentário não havia me abalado.

— É isso então... - Ela disse e levantou-se da cadeira que estava sentada. – Como eu disse, espero que com você seja diferente e...

— Olha, agradeço pelos seus conselhos, mas não preciso deles. Eu confio totalmente no meu noivo! – Meu sangue estava realmente fervendo naquele momento e uma súbita vontade de chorar me dominou, tudo que eu mais queria era que suas palavras fossem mentiras e era nisso que eu acreditaria, que tudo não passava de invenções dela para querer me afastar do Carlos Daniel.

Ela esboçou um largo sorriso sarcástico e ergueu novamente uma sobrancelha.

— Vamos Lizete. – Olhei para a garotinha enquanto ela mexia em meus cabelos em meu colo.

— Eba! Por fim, titia!

— Com licença.

Virei as costas deixando-a lá parada ainda rindo e não conseguia evitar um sentimento ruim que havia me dominado, fiz de tudo para não pensar sobre o que acabara de ouvir, não devia fazer isso, não devia sequer deixar que ela dissesse tudo aquilo para mim, mas tudo foi tão rápido...

— Olha Lizete, o heli está lá longe! – O menino gritou para a irmã quando nos aproximamos, ele estava muito entusiasmado enquanto manuseava o controle remoto.

— Ai Carlinhos, eu não consigo vê-lo. – A menininha disse fazendo uma caretinha ao olhar para o céu azul claro.

— Não vê porque é uma tonta! – O menino disse rapidamente fazendo-a ficar emburrada.

— Não fale assim com sua irmã, Carlinhos. Ela é muito pequena e o helicóptero realmente está muito longe que mal podemos vê-lo bem. – Carlos Daniel disse advertindo o garoto, que logo pediu desculpas à menina e voltou a concentrar-se no que fazia.

— Meu amor, está tudo bem? – Carlos Daniel perguntou ao aproximar-se de nós e acariciou meu braço sutilmente.

— Sim, Carlos Daniel... Por quê? – Perguntei um pouco desconcertada. Será que estava tão nítida assim a tensão que eu sofria naquele momento?

— Porque está com a carinha séria... – Ele disse tocando a ponta do meu nariz e lhe sorri um pouco sem graça. – Aconteceu alguma coisa?


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Notas finais do capítulo

Eitaaa.... E agora, o que será que vai ser hein? Será q a Lina vai ficar desconfiada depois de tudo que se deixou escutar pela víbora? :(
Aguardem o próximo cap.. Beijos, queridas.
Obrigada por lerem a história ♥