Te Odeio Por Te Amar escrita por TamY, Mazinha


Capítulo 62
Capítulo 62 - Pégasus


Notas iniciais do capítulo

Alô, moçadaaa! Chegando com mais um cap depois de tanto tempo e espero que desfrutem bastante!
Quero agradecer a July por ter indicado esse lindo lugar "La Marquesa". Gracias de corazon, July" ♥. -- Podem pesquisar o local na internet que verão como é lindo, cheio de bosques, o parque, as árvores, tudo. :)

Boa leitura! :*



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* Paulina narrando *

— Quem mais poderia ser? – Sophia me perguntou num tom brincalhão. – Desculpe decepcioná-la maninha, mas não é o seu galã.

— Não seja boba... – Cobri o meu corpo inteiro com o lençol que parecia escorregar dali.

— Nossa! Parece que a coisa foi boa mesmo, hein?! – Ela dizia olhando em volta do quarto. – É só a gente sair por uma noite que tem “festa” em casa. – Dizia à gargalhadas fazendo-me ficar sem graça.

— Do que está falando? – Enterrei minha cabeça no travesseiro, fazendo-me de desentendida.

— Encontrei o Carlos Daniel ali no saguão e, pode acreditar, ele parecia muito cansado.

Agora sim eu estava com vergonha, senti meu rosto esquentar no mesmo momento em que Sophia disse em tom malicioso que havia encontrado com Carlos Daniel.

— Eu... Não queria ficar sozinha aqui e pedi que ele viesse...

— Hmm... Antes você não se importava em ficar em casa sozinha... – Ela disse pensativa enquanto me observava mais de perto. – Uiiii, Lina danadinha!

— O-o que foi? – Meu estômago gelou quando ela falou daquele jeito.

— Se vai para a casa da vovó Bracho é bom que coloque uma maquiagem bem reforçada nessas manchas vermelhas.

— Do que está falando? – Perguntei sem entender ao que se referia quando ela foi até a penteadeira, pegou um espelho pequeno e me entregou.

— Veja você mesma! – Fez um gesto nela mesma para que eu olhasse através do espelho meu pescoço e busto.

Meu rosto inteiro esquentou quando vi aquelas manchas tão acentuadas em minha pele e me senti totalmente envergonhada com Sophia, que me olhou com uma cara de riso.

— Não precisa ter vergonha, Lina! Não comigo.

— Meu Deus, Phia... Eu... Não sei como isso...

— Não precisa explicar nada, eu não quero ouvir. – Me interrompeu ainda sorrindo.

— E o que faz aqui? Não disse voltaria depois da aula? – Perguntei enquanto me levantava e vesti um roupão com estampa de frutas.

— Esqueci alguns livros, passei aqui para pegá-los, mas já estou indo.

— Não vai se atrasar?

— Não, por isso que vim tão cedo. – Acendeu seu celular e me mostrou o visor que indicava 7h da manhã. – E foi ótimo ter passado aqui, pois meu cunhado me ofereceu uma casa de Acapulco para passar o fim de semana! – Concluiu contente.

— Casa de Acapulco? – Perguntei confusa, ainda tentando me despertar.

— Sim! Ele tem uma casa de praia em Acapulco e disse para eu ir para lá nesse fim de semana com meus colegas da Uni, mas antes preciso saber de você...

— Não é uma boa ideia!

— Por que não? Eu vou ficar o fim de semana inteiro em casa nesse tédio horrível? – Argumentou chorosa.

— Tenho que saber do Carlos Daniel primeiro, Phia... Não sei como é essa casa, nem quem fica lá... Não conheço seus amigos e...

— Ai Lina, deixa de ser tão dura, quero apenas me divertir, socializar...

— Você pode socializar sem ter que passar um fim de semana em Acapulco, Sophia...

— É diferente, você sabe disso! – Retrucou ainda mais chorosa.

— Você nem conhece essas pessoas. Como confia passar um fim de semana inteiro com elas na mesma casa? – Fiz essa pergunta para que ela pudesse refletir um instante e ela se pôs pensativa.

— Está bem... Eu sei que você ta certa... – Revirou os olhos. - Mas eu prometo que vou convidar as pessoas mais próximas, prometo que não vou fazer nada que possa me arrepender... Por favor... – Ela dizia com as mãos juntas em forma de súplica, eu fiquei sem saber o que responder, afinal, ela também precisava se divertir.

— Tudo bem... – Disse vencida. – Mas antes eu preciso falar com o Carlos Daniel...

— Ligando... – Ela dizia toda empolgada já tocando a tela de seu celular.

— Sophia!!!

— Oi de novo, Carlos Daniel! A minha irmã quer falar com você. – Ela disse sorrindo e passou o celular para mim rapidamente.

— Bom dia, minha vida... – Ele disse com carinho fazendo meu coração aquecer e sorri.

— Bom dia, meu amor... Como está?

— Estou ótimo! Mas morrendo de saudades de você, acredita?

— Acredito, eu também estou...

— Então quero ver você o mais breve possível hoje. Podemos ficar juntos de novo e amanhã vamos para a casa da vovó.

— Tudo bem, meu amor, podemos fazer assim...

— Ótimo! – Ele disse ainda com voz carinhosa. – Acordou pouco antes de eu sair... Suponho que queira perguntar sobre Acapulco.

— Sim, a Phia me disse que você ofereceu o fim de semana em uma casa de praia.

— Isso mesmo! Tenho uma casa de veraneio lá em Acapulco e lhe disse para ir pra lá, já que você estará fora e Adelina não está em casa, assim ela não se sente sozinha nem entediada.

— Mas quem estaria lá?

— Tem alguns empregados que vivem lá e são totalmente confiáveis, trabalham para mim há alguns anos. Deixa ela ir, ela vai se divertir muito com os amigos, lá é muito grande e tem muito o que fazer para passar o fim de semana.

— Eu não sei... – Respondi pensativa enquanto Sophia me olhava cheia de expectativas.

— Não se preocupe, meu céu. Ela poderá ser monitorada o tempo todo, caso haja algum problema, o que eu sei que não haverá, nós saberemos. Eu te asseguro.

— Tudo bem então, ela pode ir.

— Então pedirei que Gabriel a leve, se precisar.

— Está bem, pode ser assim... – Disse mais tranqüila e Sophia sorriu contente.

— Ótimo! Posso te pegar mais tarde então? Você pode dormir comigo aqui em casa e amanhã sairemos cedo.

— Sim, claro meu amor. Ótima ideia. Até logo.

— Mal posso esperar para vê-la. Beijo.

...

Oi, amorzinho... Também estou com saudades... Te amo muito...— Sophia começou a me imitar fazendo cara de boba. – Quero te ver... Ah, Carlos Daniel... Meu amorzinho... Chuchuzinho...

— Garota! – Chamei sua atenção sem conseguir deixar de rir. – Eu não falo assim...

— Mas é claro que fala! E ainda acho que não consegui imitar com perfeição porque você fica suspirando feito uma boba!  “Meu amor, não posso viver sem você” — Continuou imitando, fazendo palhaçada.

— Não tem nada a ver...

— Ah não, só a sua cara de apaixonada...

— Sabia que estou quase desistindo de concordar com Acapulco?

— Ôps! Não ta mais aqui quem falou. – Ela dizia enquanto colocava a mão na boca e me olhava com seu jeito atrevido.

— Você não muda, não é?! – Eu disse fingindo estar brava.

— Aham! E da próxima vez vou fazer um vídeo e então você me dirá se estou errada novamente.

...

# Carlos Daniel narrando #

Era muito engraçado como eu passei a viver depois que conheci a Paulina, não queria sair de perto dela e, quando isso acontecia, sentia uma saudade absurda que fazia até meu peito doer, queria poder estar com ela o tempo todo, me sentia em abstinência, foi assim desde o primeiro dia em que a vi.

Me sentia bastante ansioso, receoso, mas acima de tudo tenso, pois no dia seguinte iríamos para o lugar no qual cresci e tenho tantas recordações, mas preenchi todo o meu dia com muito trabalho e reuniões com alguns sócios, estávamos prestes a fechar um grande negócio com os árabes e dessa vez nada poderia estar errado, mas estamos muito empenhados nisso e sei que conseguirei abrir mais uma filial em Dubai muito em breve.

Combinei com Paulina que a buscaria à noite, fiquei muito feliz por tê-la em minha casa mais uma vez, e no dia seguinte seguiríamos para Marquesa, onde fica a casa da vovó. Tê-la comigo também me fazia muito bem, pois eu pensava tanto na segurança dela que não conseguia imaginá-la sem alguém que pudesse defendê-la. Também não podia deixar de pensar no bem-estar de Sophia, mas pude providenciar para que ela estivesse segura na minha casa em Acapulco.

x...À noite...x

Eu realmente ficava cada vez mais surpreso com minhas atitudes de garoto apaixonado, comprei chocolates e flores para Paulina, queria agradá-la o tempo todo, queria ver seus olhos brilharem, seus lábios sorrirem e suas bochechas corarem de felicidade, e queria ser sempre o causador de tudo isso, nada me deixava mais satisfeito do que vê-la feliz.

— Meu amor... – Cumprimentei Paulina quando foi me receber no jardim de sua casa e a abracei a erguendo um pouco em meus braços enquanto ela segurava meu rosto com as duas mãos e sorria, logo me beijou com vontade em um beijo bastante demorado.

— São para você, meu amor... – Lhe entreguei aquelas flores e a observava enquanto ela cheirava o ramo encantada.

— Obrigada, são lindas! – Dizia me dando um rápido beijo.

— Chocolates também...

— Eu adoro! – Suspirou contente. – Mas não posso comer muito ou vou engordar, não faço exercícios há um bom tempo... Você sabe... – Paulina me olhou de uma forma tão marota que me fez ter, em fração de segundos, uma retrospectiva de alguns momentos que passamos juntos que podíamos definir em “exercícios físicos”.

— Posso te assegurar que o que fazemos no lugar dos exercícios tem efeitos muito mais eficazes... – A olhei com malícia e ela deu uma gargalhada enquanto batia de leve em meu peito.

— É um safado! – Brincou ainda sorrindo.

— É verdade, e não se preocupe que, a cada chocolate que você comer, podemos fazer com que perca ainda mais calorias com novos exercícios.

Era incrível como meu senso de humor só aumentava quando estávamos juntos, ela me fazia rir de mim mesmo e eu me surpreendia cada vez mais comigo, nem mesmo toda a tensão que eu sentia por pensar em voltar à casa de minha família me fazia ficar indiferente quando estava com Paulina, eu estava feliz também por não precisar mais de terapias com o John, mas principalmente porque a minha vida já não era como antes, tudo havia mudado, ou melhor, eu havia renascido.

Sophia já estava em Acapulco, apenas Paulina estava na casa e agora só ficariam alguns empregados cuidando de tudo enquanto os donos estivessem fora. Ela já estava pronta quando cheguei, apenas peguei sua mala nada pequena e a levei para o meu carro enquanto brincava com ela ao tentar descobrir o que havia dentro para estar tão pesada.

...

— Sabe, meu amor... Eu andei pensando em algumas coisas... – Iniciei um assunto meio delicado quando estávamos no carro no caminho de minha casa, torcendo para que Paulina concordasse comigo. – Eu acho que você deveria parar de sair sozinha, pelo menos a noite.

— Como assim, Carlos Daniel? – Ela me olhou franzindo o cenho e fiquei me perguntando se eu tinha dito algo errado.

— Para quando você sair, pedir que Pedro te leve, que não dirija sozinha. – A olhei com carinho e ela continuava me olhando confusa.

— Não posso pedir que Pedro me leve para todos os lugares, ele faz isso com Sophia e Adelina, que não dirigem. Além do mais, eu gosto de ser independente, sem precisar ficar ligando para que ele vá me buscar ou pedir que ele fique me esperando em todos os lugares que eu vou. – Explicou me fitando seriamente.

— Posso pedir que Gabriel se encarregue apenas de você, daí Pedro não vai precisar atender a todas. – Argumentei mesmo sabendo que ela tinha razão, mesmo quando eu pensava exatamente igual a ela.

— Gabriel trabalha para você e Matilde também precisa dele, eu não preciso de um motorista particular, Carlos Daniel...

— Meu amor, nós vamos nos casar... Se Gabriel trabalha para mim, significa que ele também trabalhará para você.

— Não é necessário, não se preocupe. Eu gosto de dirigir...

— Mas o problema não é dirigir exatamente... – Respondi lhe sorrindo para que não surgisse uma tensão entre nós pela minha insistência.

Ela me olhava esperando que eu me explicasse...

—...Estou preocupado com a sua segurança. – Disse de uma vez e ela sorriu sutilmente. Coloquei minha mão em cima da sua, que estava sobre sua perna, e a apertei com suavidade. – Depois do que me aconteceu eu não consigo parar de pensar que pode acontecer novamente. Tenho medo que aconteça algo com você, está tudo tão perigoso, não estamos seguros em lugar nenhum...

— Meu amor, não precisa se preocupar assim... – Ela ergueu nossas mãos juntas e beijou o dorso da minha.

— Impossível, minha vida... Temo que algo lhe aconteça, principalmente agora que está comigo, não é a primeira vez que tentam me assaltar, mas dessa ultima vez me agrediram, você viu como fiquei... – Argumentei da melhor maneira que pude para convencê-la sem deixar suspeitas de que seu ex-noivo pudesse lhe fazer algum mal e ela me olhava atentamente enquanto acariciava minha mão na sua. – Se algo lhe acontecer, nunca vou me perdoar.

— Não fale assim, Carlos Daniel... Nada vai me acontecer...

— Mas eu preciso estar convicto disso, por isso quero que você passe a andar com guarda-costas.

— Guarda-costas? – Ela perguntou se mexendo no banco do carro, como se estivesse ficado incrédula.

— Sim, para você e Sophia.

— Não exagere, Carlos Daniel... Não é para tanto. – Ela riu descrente.

— Eu sei que parece exagero, mas não devemos confiar...

— Não posso aceitar isso... – Paulina se pôs séria, colocou uma de suas mãos na testa enquanto pensava. Estávamos já na entrada de minha casa, eu sabia que esse assunto podia não acabar bem se eu insistisse e resolvi parar por enquanto, mas voltaria a falar sobre isso.

— Só quero que pense sobre isso, não vou te pressionar. – Toquei seu belo rosto e acariciei as bochechas dela quando me olhou um pouco tímida e destravou o cinto de segurança. – Te amo. – A beijei de leve nos lábios e saí do carro para abrir a porta para ela.

Não comentei mais sobre esse assunto tão delicado, deixei que ela pensasse sobre tudo com calma, sem pressão. Conversamos bastante com Matilde enquanto jantávamos, ela nos disse que não iria para o jantar da vovó, pois iria ao aniversário de sua comadre, que seria no mesmo dia. As horas passaram rápido enquanto conversávamos e depois subimos juntos para o meu quarto.

— Não está chateada comigo, está? – Perguntei me aproximando de Paulina, depois que entramos no quarto.

— Não, meu amor... Não tem porque estar chateada com você. – Ela disse acariciando meus ombros com as duas mãos e lhe sorri tranqüilo. – A única coisa que penso agora é em um banho relaxante e nisso sim eu preciso que me ajude... – Me beijou com carinho e desejo, despertando em mim a ânsia de fazê-la minha.

— Minha... – Sussurrei lábio contra lábio após aquele beijo ardente e apaixonado.

— Sim, sua... Sou só sua... – Ela suspirou em meu ouvido e mordeu o lóbulo da minha orelha deixando minha excitação ainda mais evidente. – Quero fazer amor, Carlos Daniel...

Retiramos nossas roupas mutuamente e a ergui em meus braços levando-a em direção ao banheiro, atendendo ao seu pedido de prazer. Ali relaxamos em um banho regado de caricias enquanto fazíamos amor e nos inebriamos naquela nevoa de desejo. Nos amamos até a exaustão, tomamos outro banho e fomos para a cama recuperar todas as nossas energias. Paulina se deitou apoiada em muitos travesseiros e eu deitei minha cabeça em seu colo enquanto ela massageava meus cabelos com seus dedos macios.

— Viu? Isso é o que eu chamo de atividade física! – Disse brincalhão e ela sorriu.

— Podia ter comido todos aqueles chocolates sem me preocupar.

— Agora sei que não há problema nenhum em te mimar com guloseimas. – Rimos juntos e Paulina aproximou o rosto do meu para beijar minha testa. – Meu amor... Quero que procure uma casa nova.

— O-o quê? – Paulina perguntou de uma vez só ficando um pouco atônita. – Outra casa?

— É isso mesmo! Procure uma casa e compraremos a que você mais gostar para quando nos casarmos. – Sentei-me para ficar de frente para ela, que me olhava ainda desconcertada.

— Mas essa casa... Eu... – Paulina ficou sem reação, o que me fez sorrir com o seu jeitinho. – ...Ela é ótima e...

Segurei suas duas mãos, beijei sua bochecha e comecei a explicar:

— Quando mandei construir essa casa eu tinha apenas um objetivo, você sabe qual... Mas confesso que não foi a minha melhor ideia, por tudo que aconteceu desde então e porque eu nunca a aproveitei como deveria. Essa casa não me traz boas recordações, aqui eu não me sinto como se estivesse num lar, não quis ao menos terminá-la, não fiz e nem faço questão. Além do mais, quero deixar todo o passado para trás e essa casa faz parte do passado, eu recomecei com você e quero que quando nos casemos, tudo seja novo para os dois, que possamos ter nossa própria história em um lugar novo.

— Tudo bem, meu amor... Eu concordo com você. – Paulina estava com um sorriso radiante nos lábios e seus olhos brilhavam em contentamento, ali eu vi que havia dito a coisa certa. A beijei na boca e lhe sorri também feliz.

— Que bom que está de acordo. Sei que gostou dessa casa, mas podemos ter outra muito melhor.

— E como você quer que seja a nossa casa? – Ela perguntou com um ar sonhador e segui seu exemplo.

— A que você escolher eu tenho certeza de que vou gostar, é bom que tenha um jardim, piscina, preciso de garagens grandes, mas precisaremos que seja grande e com muitos quartos.

— Muitos quartos?

— Sim, meu amor... Pois sua família poderá viver com a gente, se eles quiserem, e também teremos muitos filhos, a casa estará sempre cheia! – Sugeri brincalhão e ela caiu numa gargalhada que me fez também rir.

— Serão tantos assim?

— Sim, quantos couberem na casa, e espero que ela seja bem grande!...

— E quantos filhos gostaria de ter? – Ela perguntou me olhando nos olhos.

— Hmm... Eu ainda não pensei em quantos, mas sim que sonho com uma menininha.

— Uma menininha?

— Sim, uma princesinha. – Eu dizia enquanto começava a sonhar com uma filhinha. - As meninas são mais frágeis, são mais doces e delicadas, e posso até imaginá-la andando pela casa com os sapatos altos da mamãe toda atrapalhada pela casa, brincando com suas bonecas, me pedindo para ler contos de fadas. Sei que, para ela, serei sempre o príncipe e nunca o vilão... Sei que serei um pai durão por fora, mas vou amolecer apenas por ver seu sorrisinho encantador e seus olhinhos serenos quando me olharem... Sei que serei também um pai ciumento, mas com o mais doce dos ciúmes e que vou me arrepender de ter sido sempre durão, e vou protegê-la, educá-la, amá-la com todo meu ser. Serei um pai bobo, mas muito feliz...

— Será um pai maravilhoso! – Paulina me disse com os olhos marejados e me abraçou apertado, segurando-se firme naquele abraço.

— E você será uma mãe excepcional. Quero muito que tenhamos uma família, eu não poderia ser mais agraciado.

Ficamos um pouco em silêncio enquanto apenas ríamos emocionados como bobos, mas logo voltamos a falar sério, pois se tratava de uma decisão que definiria nosso futuro e isso é algo muito importante.

— ... Pois então, escolha a casa que quiser, a que mais gostar, e a compraremos!

— E o que você fará com essa?

— Já estive pensando em vendê-la há um bom tempo, farei isso!

— Tudo bem, eu não tinha pensado sobre isso, mas já que você falou, concordo que temos de ter algo só nosso, uma casa nova para começarmos nossa vida juntos com a nossa própria história, sem ter algo que nos faça recordar algo que não queiramos.

— Então assim será. Conheço uma ótima imobiliária que poderá nos ajudar na escolha da casa, vou pedir que minha secretária agende um horário para nós. Podemos escolher juntos, ou se você já tiver alguma em mente, podemos ir vê-la.

— Obrigada, meu amor... – Ela agradeceu e me beijou com amor nos lábios, logo roçou seu rosto no meu com carinho.

Nos deitamos novamente e Paulina pousou sua cabeça em meu peito, agora eu a acariciava. Estávamos ainda mais felizes e cheios de expectativas para nossos planos.

...

* Paulina narrando *

x...Manhã seguinte...x

Acordamos bem cedo, era o dia do aniversário da avó do Carlos Daniel e eu estava bastante ansiosa para conhecer a sua família, saber um pouco mais sobre ele. Carlos Daniel, por outro lado, estava diferente, parecia que não estava muito confortável e o notei tenso, ele havia relutado até agora, até tinha falado em desistir de ir, mas vi que se esforçava pela sua avó e por mim também, além do mais, estávamos noivos e eu tinha que saber mais sobre ele, era o que eu mais queria, já que ele é o homem que escolhi para dividir a minha vida.

Eu mesma fiz uma mala para Carlos Daniel, que insistia que não a fizesse porque dizia que não ficaríamos para dormir, mas eu imaginava que sua avó nos pediria para ficar, então seria melhor prevenirmos.

— Podemos voltar hoje mesmo, Paulina... Não é tão longe. Após o jantar voltaremos para casa. – Ele disse enquanto dirigia, quando já estávamos no caminho já a caminho da casa de sua avó.

— Tudo bem, meu amor... Mas como eu já te disse, as malas são apenas para uma precaução. E, por favor, tenta relaxar... – Acariciei a nuca dele, ele estava ficando cada vez mais tenso e sério, era nítido que ele não queria ir e me sentia um tanto apreensiva. -...Não fica com essa carinha...

— Não consigo evitar, Paulina... – Disse franzindo o cenho. – Estou muito nervoso. A última vez que estive lá foi... – Ele dizia pausadamente e engoliu em seco. - ... Foi no funeral da Malu.

— Oh Carlos Daniel... Eu sinto muito...

— Não se preocupe... – Ele olhou rapidamente para mim e pegou minha mão. – Eu só não... Eu tenho me preparado para enfrentar as lembranças, mas pensar que ela não estará lá para me receber me deixa muito... – Ele disse respirando fundo. -...Triste.

Acariciei sua mão e a beijei.

—...Mas eu sei que Malu não ficaria contente se soubesse que me afastei de vez da família depois do que aconteceu, então estou indo por ela também. Além do mais, poderei me sentir mais perto dela, mesmo ela não estando mais aqui.

— Sei que não é fácil para você, mas fico feliz por ver que você está enfrentando tudo isso. Malu pode não estar mais aqui, mas onde ela estiver, sei que sente muito orgulho do irmão que ela tem, e há pessoas que te amam e sentem sua falta, sua família está aí e tenho certeza que eles ficarão muito felizes em vê-lo novamente, principalmente a dona Piedade. – Eu dizia enquanto afagava sua mão e ele sorriu pensativo.

— Obrigado, Paulina. Nada me faz mais feliz do que tê-la ao meu lado. Obrigado por estar comigo. – Ele me olhou rapidamente e levou nossas mãos até seus lábios beijando a minha. – Te amo!

— Eu também te amo, Carlos Daniel... E conte comigo, meu amor... Estarei sempre do seu lado.

...

>> 1 hora depois

— Meu amor... Seja bem-vinda a La Marquesa! – Carlos Daniel disse quando adentramos aquele lugar.

Eu já conhecia La Marquesa, havia visitado quando era adolescente para fazer trilha nas montanhas com meus professores e colegas do ensino médio. É um lugar lindo, uma reserva natural e sua paisagem é montanhosa coberta inteira por árvores pontiagudas em forma de cone.

— Esse lugar é maravilhoso! – Eu disse suspirando enquanto olhava em volta, se via verde em todo lugar, e isso me encantava.

— Já esteve aqui antes?

— Sim, há muito tempo. Estive no Parque para fazer trilha quando era mais nova, a escola sempre nos trazia.

— Meu pai sempre nos levava lá, adorávamos fazer montanhismo. Passávamos dias apenas em contato com a natureza... – Ele dizia com um pequeno sorriso nos lábios e me olhou, em seus olhos se via pura nostalgia.

Passamos por alguns pequenos vilarejos com casinhas feitas de madeira, pequenos albergues e restaurantes no estilo europeu, ali parecia ser um lugar bastante acolhedor e familiar, Carlos Daniel olhava tudo em volta, ele estava voltando a um lugar que marcou sua vida, sua história, por isso deixei que ele tivesse um pouco de espaço para suas lembranças.

— Chegamos! – Ele disse quando entramos em uma longa estrada cheia de árvores em volta, lá na frente já dava para ver os grandes portões de ferro e quando nos aproximamos pude ver melhor.

Nos portões havia um enorme brasão com a letra B cursiva que nos dava acesso à casa dos Bracho, ou melhor, mansão dos Bracho. Quando adentramos, não pude deixar de ficar impressionada com o quão lindo aquele lugar é, em volta de toda a entrada, pinheiros altos e a grama bem verdinha, arbustos impecáveis redondos e havia uns em forma de animais. Me vi em total contato com a natureza naquele lugar, havia flores de todas as cores e em seus arredores, ladrinhos de madeira feitos de tronco de árvores. Ainda na entrada, bem no meio, um grande chafariz redondo de pedra e em sua volta mais flores coloridas, também tinha um balanço, um gira-gira e um escorregador de criança.

— É... É maravilhoso, Carlos Daniel! – Suspirei encantada ainda sem conseguir tirar os olhos daquele lugar tão bonito.

Carlos Daniel não disse nada, apenas parou o carro no meio do caminho do jardim e ficou pensativo, parecia perdido em pensamentos.

— Estou aqui com você, meu amor... Vai dar tudo certo, você vai ver! – Eu disse enquanto afagava seu braço.

Ele respirou fundo e tirou seus óculos de sol, esfregou os olhos marejados e me olhou esboçando um pequeno sorriso nos lábios.

— Sim, tem razão! – Ele disse e beijou minha mão. – Vamos lá.

Ele acelerou o carro e depois de poucos metros estacionou em frente à grande casa amarela com enormes janelas quadradas e redondas de vidro, o que me deixou também maravilhada, era muito grande e bonita e ficava bem de frente ao jardim.

Saímos do carro e fomos recebidos imediatamente por um simpático senhor meio baixinho, com cabelos ralos e barba branca, era Bráulio, o mordomo dos Bracho.

— Senhor Carlos Daniel! Que satisfação revê-lo! – Ele disse contente para Carlos Daniel, que o abraçou sorrindo.

— Igualmente Bráulio. Essa é a Paulina Martins! – Carlos Daniel me apresentou ao senhor, que segurou minha mão e a beijou, como um gentleman.

— Com todo respeito, senhor, mas ela é encantadora! – Ele disse enquanto me olhava com um sorriso singelo. - É um prazer conhecê-la, senhorita Martins, seja muito bem-vinda!

— Obrigada, Bráulio. O prazer é meu. – Respondi com outro sorriso.

— Vamos, entrem! Todos vão ficar muito contentes com sua chegada! – Ele disse sorrindo enquanto nos olhava e seguiu até a porta abrindo-as para que entrássemos.

Entramos para o saguão da casa e não pude deixar de observar, as paredes eram amarelas e amadeiradas, o piso preto e branco bem polido brilhava, a escada em frente toda em madeira e bem no topo um lindo e colorido vitral dava mais vida aquele lugar, tudo era muito elegante e bonito, havia ramos de flores coloridas pelos quatro cantos daquele saguão e eu estava cada vez mais encantada com tudo.

— Meus filhos! – A dona Piedade veio em nossa direção acompanhada por uma empregada bem jovem de cabelos longos e pretos. – É maravilhoso tê-los aqui. – Ela disse emocionada quando chegou mais perto e segurou Carlos Daniel para abraçá-lo. Apenas ver o olhar de satisfação e alegria daquela senhorinha fizer meu peito saltar e senti uma ponta de emoção me tomar também.

— Feliz aniversário, vovó! – Carlos Daniel disse ao cessar o abraço enquanto ainda continuava olhando-a nos olhos e lhe entregou seu presente. – Espero que goste do presente.

— Não precisava se preocupar com presentes. Sua presença é o mais importante! Em muitos anos, esse é o melhor presente que eu já recebi! – Ela disse enquanto se aproximava de mim para me abraçar. – Minha filha...

— Olá, dona Piedade! Feliz aniversário! – Eu lhe disse quando a abracei e ela me apertou forte expressando um sentimento que eu não sei explicar.

— Muito obrigada por convencê-lo e por vir com ele, minha filha... Você é mesmo um anjo! – Ela disse baixinho ao meu ouvido. – Seja muito bem-vinda a minha casa! – Concluiu quando finalizamos nosso caloroso abraço e também lhe entreguei meu presente.

— Muito obrigada! Essa casa é linda, dona Piedade!

— Obrigada, querida! Foi aqui que meus filhos e netos nasceram e cresceram... Mas depois foram embora e esqueceram dela... Desnaturados... – Ela disse em um tom meio brincalhão e sorrimos com sua maneira de falar.

Os outros empregados nos cumprimentaram e dona Piedade nos mostrou o restante da casa no intuito de que eu me sentisse a vontade e foi o que aconteceu, me sentia como se já os conhecesse há muito tempo. Dona Piedade logo  nos deixou por uns instantes, disse que precisava voltar à cozinha para verificar o almoço, pois tudo que comeríamos seria preparado por ela mesma.

— Onde estão Stefani, Willy e as crianças, vovó? – Carlos Daniel perguntou à Bráulio quando já estávamos na sala de estar da casa.

— Aqui estamos nós! – Disse uma voz feminina, meio que cantarolando, ao entrar na sala e nos viramos para olhá-la.

Uma mulher com o cabelo castanho claro, alta, magra e muito bonita sorria enquanto nos olhava. Ao seu lado, um homem loiro de olhos azuis, que provavelmente era seu marido, segurava a mão de um menininho, de aparência de uns oito anos de idade, com cabelos também castanhos em forma de cuia.

— Mana! – Carlos Daniel sorriu enquanto a mulher se aproximava também com um largo sorriso no rosto e se abraçaram forte.

— Quanto tempo, meu irmão! Estamos morrendo de saudades de você! – Ela disse quando se afastou para olhá-lo melhor. - Você está a cada dia mais gato! – Ela disse lhe sorrindo e eu não deixei de concordar também com um sorriso.

— Você também, Stefani. Está maravilhosa! – Ele disse e logo cumprimentou o homem que o olhava também com um largo sorriso nos lábios.

— A Stefani não parava de falar que se você não viesse, teríamos de ir buscá-lo! – O homem disse ao abraçar Carlos Daniel.

— Quero que conheçam a Paulina Martins. – Carlos Daniel disse após cumprimentar sua irmã e cunhado e me abraçou pela cintura enquanto nos apresentava. – Meu amor, esses são minha irmã Stefani e meu cunhado Willy.

— Paulina, finalmente nos conhecemos! – Ela suspirou sorrindo. - É um grande prazer conhecê-la, seja muito bem-vinda em nossa casa! – Ela disse e me cumprimentou com beijos no rosto e em seguida seu esposo fez o mesmo.

— Obrigada Stefani, o prazer é todo meu e sua casa é maravilhosa! – Lhes disse também com um sorriso.

— Meu irmão e vovó me disseram que você é muito bonita e eles não exageraram em nada, não é meu amor?... – Ela disse sorrindo e olhou para o marido, que também sorriu em concordância fazendo-me sentir o rosto esquentar naquele momento. – A propósito... Eu acho que conheço você de algum lugar... – Ela me olhou se pondo pensativa e logo olhou para Carlos Daniel. – Seu rosto me é familiar.

— A Paulina foi modelo, Stefani. – Carlos Daniel disse antes que eu dissesse algo, deixando-me ainda mais vermelha.

— Apenas fotográfica... – Eu disse concluindo o que Carlos Daniel acabara de dizer.

— Ah, então ta explicado!... Eu já sei! Posou para a CK, com certeza... E se não me falha a memória foi mais ou menos em... 2010! – Ela disse rapidamente acertando em cheio e fiquei impressionada com sua memória tão boa.

— Sim, para uma campanha primavera-verão e outra moda praia em 2010. Foi a ultima vez que posei.

— Fui diretora de marketing da CK por alguns anos, tive o Carlinhos e continuei trabalhando, mas quando a Lizete nasceu, decidi que me dedicaria apenas aos dois, pois não tinha tempo para eles com as tantas viagens que precisava fazer. – Ela disse ainda sorrindo, olhei para o garotinho que ainda segurava a mão de seu pai e me fitava com seus olhinhos castanhos cheios de curiosidade.

— Entendo sua decisão. Parei de posar por causa dos negócios de minha família, também viajava muito e prefiro criar raízes em apenas um lugar. – Expliquei enquanto todos me olhavam.

— E hoje você seria muito famosa se continuasse, tenho certeza. Mas a compreendo e confesso que eu também gosto de criar raízes, por isso nos mudamos para o México, não posso ficar mais tanto tempo longe de minha família.

— Espero que dessa vez fiquemos de uma vez! – Disse o pequeno garotinho surpreendendo a todos.

— Carlinhos, você não vai falar comigo? – Carlos Daniel disse abaixando-se um pouco para ficar quase na mesma altura do menino, que o olhou voltando a ficar tímido. – Não se lembra de mim? Sou o tio Tato.

— Oi tio Tato, o senhor se lembra de mim também? – O menino esperto perguntou de volta a Carlos Daniel, que ficou um pouco sem graça com aquele pequeno questionamento, mas que pareceu significar muito para ele.

— Mas é claro que sim, garotão! – Carlos Daniel disse segurando o ombro do menino que o olhava ainda sério. – Está tão crescido... Um rapazinho já...

— Já sou quase um homem... – O garoto disse com tanta convicção que fez todos rirmos naquele momento.

— Claro que é, tanto que eu acho que o presente que eu trouxe...

— Alguém falou em presente? – Uma vozinha suave e infantil interrompeu Carlos Daniel enchendo aquele lugar de ternura e, quando pudemos vê-la, não pude deixar de me senti tão encantada.

Uma menininha muito pequena e loira, que parecia ter uns cinco anos de idade, adentrou a sala vestida com um vestidinho branco rodado e por cima dele, uma capinha vermelha que continha um gorro que cobria sua cabeça, revelando apenas seu rostinho angelical e sua franja loira. Também segurava uma pelúcia em forma de cesta de doces. Não tinha como não se encantar com aquela mini chapeuzinho vermelho.

— Ah, você está aí! – O pai da garotinha a segurou nos braços enquanto todos a olhávamos, Carlos Daniel estava com um sorriso radiante nos lábios e me senti feliz e satisfeita por vê-lo com sua família.

— Que princesa linda vocês têm, a Lizete também está uma mocinha! – Carlos Daniel disse sorrindo.

— Eu sou a chapeuzinho vermelho! – A menina disse rapidamente fazendo todos rirem.

— Quando vi a Lizete, ela ainda era um bebê, como eles crescem rápido!

— Faz muito tempo, meu irmão... – Stefani disse ao ficar pensativa e tocou os ombros de Carlos Daniel. – Mas o importante é que agora estamos aqui e vamos recuperar o tempo perdido.

Carlos Daniel estava agora tão feliz, leve e descontraído que não parecia em nada o mesmo de alguns dias desde que falamos sobre vir ao aniversário da avó Piedade e de alguns momentos atrás, o que temia ver sua família, que estava tão tenso e tão apreensivo que pensou várias vezes em desistir, o que me fez pensar várias vezes que as coisas seriam um tanto diferentes quando chegássemos e mesmo assim o encorajei por causa de sua avó. Mas, sem dúvidas, ele é muito querido e amado por sua família, que parecia o idolatrar, e era óbvio o quão sentia falta dele, o que me fez ainda ficar confusa quanto ao seu afastamento de tanto tempo sem manter contato com sua família.

# Carlos Daniel narrando #

— Trouxemos presentes para vocês! – Eu disse pegando Lizete em meu colo e estendi a mão para Carlinhos. Eles estavam tão grandes, havia realmente muito tempo que eu não via ninguém, Stefani me enviava fotos atuais deles sempre, mas eu não imaginava que eles tinham crescido tanto assim.

Sentamos no sofá da sala, todos reunidos em nossa volta enquanto entregávamos os presentes das crianças, que estavam maravilhadas. Para Carlinhos compramos um helicóptero de brinquedo com controle remoto que podia voar movido a gás.

— Yuppy!!! Este é perfeito! – Carlinhos disse num grito com tanta empolgação pelo seu novo brinquedo.

— Posso te ajudar a colocá-lo no ar mais tarde! – Eu disse também ficando empolgado e ele sorriu contente.

— Claro que sim! Obrigado, tio Tato! – Me abraçou de um jeito terno, fazendo meu coração se encher de um carinho que eu não sentia há muito tempo.

Para Lizete compramos uma fantasia da mulher maravilha, pois Stefani disse que ela pedia há algum tempo e uma boneca que, segundo Paulina, era da ultima coleção da Barbie.

— Oba! A minha fantasia de... Mulher maravilha! – A menininha disse devagar ao abrir o primeiro presente e rimos com seu jeitinho inocente ao se embaralhar nos papéis que envolviam a roupinha dentro da caixa.

— Sua mãe disse que queria! – Eu disse enquanto sorria para ela.

— Sim, obrigada titio Tato. – Ela disse com seu tom encantador e todos continuamos a sorrir de ternura.

— E temos mais este aqui! – Paulina disse entregando-lhe a outra caixa, fazendo a menininha colocar as mãozinhas na boca em gesto de surpresa.

— Uau! Essa é uma Barbie fashionista. – A menina disse com convicção enquanto olhava em surpresa a boneca dentro da caixa e eu fiquei bobo com a facilidade que ela tinha em falar tantas coisas difíceis.

— Sim, é uma delas! – Paulina disse com um largo sorriso nos lábios enquanto admirava junto com Lizete, que estava em seu colo, aquela boneca ainda na caixa.

— Obrigada, titia Paulinda! – Lizete disse enquanto segurava o rosto de Paulina com uma de suas pequenas mãozinhas e voltou o olhar para a caixa em seu colo. – O nome dela vai ser Paulinda também.

— O nome de sua titia é Paulina, Lizete. – Corrigiu Stefani após todos rirmos da maneira a qual ela se referiu a Paulina.

— Sim, eu sei... – A menina disse também sorrindo. – Mas ela é Paulinda porque é linda, igual à boneca! – Lizete disse com tanta inteligência que deixou a todos nós boquiabertos, notei que Paulina, além de encantada, estava lisonjeada e não deixamos de concordar com a menininha, Paulina realmente é uma mulher muito linda.

...

— Estão todos reunidos, que coisa boa! – A voz de Antônia ao adentrar na sala me fez ficar um pouco enjoado e confesso que não senti vontade de cumprimentá-la, mas ela veio em minha direção e estendeu os braços com um falso sorriso. – Não vai abraçar a sua mãe, Carlos Daniel? – Perguntou enquanto esperava uma atitude. Todos ficaram em silêncio enquanto nos olhavam com expectativas.

— Olá, mamãe. – Disse com certo desgosto e lhe abracei mesmo sem a mínima vontade, notando em cada um a feição de alívio e vi que vovó Piedade nos fitava da porta da sala com um meio sorriso nos lábios.

— Paulina Martins... – Ela disse virando-se para Paulina, analisando-a com aquele jeito minucioso que podia me irritar profundamente. – Que bom revê-la, está linda!

— Igualmente, Antônia. Obrigada! – Paulina sorriu amavelmente ao cumprimentá-la e todos as observavam.

— Fico feliz que tenham vindo. Já se instalaram? Se não, gostaria de lhes acompanhar até o antigo quarto de Carlos Daniel que pedi para prepararem para vocês. – Antônia disse nos olhando, com certeza estava fingindo simpatia e eu não entendia ainda o seu joguinho, mas não deixei transparecer minhas desconfianças em consideração a vovó e aos outros.

— Mandou preparar o quarto para nós? Para quê? Não vamos passar a noite aqui. – Rebati seriamente enquanto estávamos ainda sob aquela atmosfera de tensão que se formou na sala.

— Pelo menos para que possam descansar até o jantar. – Ela explicou e olhou para todos com uma simpatia que estava longe de sentir.

— Filho, hoje é sábado. Por favor, considere que dormirão aqui e ficarão para mais um almoço em família amanhã. Podemos ir todos à missa como nos velhos tempos... – A vovó Piedade disse se pondo entre nós, deixando-me um pouco sem graça, apenas olhei para Paulina, que me mirava como se estivesse pedindo “paciência”, e respirei fundo antes de responder.

— Não sei, vovó...

— Pelo menos aceitem o quarto, depois podem resolver se passarão ou não a noite aqui. – Antônia dizia parecendo estar apreensiva, o que não me fazia acreditar em nada do que demonstrava.

— É Carlos Daniel, assim teremos mais tempo para conversarmos. – Disse Stefani sorrindo.

Olhei novamente para Paulina, que assentiu e me lançou um singelo sorriso, fazendo-me considerar essa possibilidade.

— Tudo bem, mas não lhes garanto que ficaremos. – Respondi ainda um pouco relutante, apesar de estar muito contente em rever minha família, não conseguia me sentir muito a vontade depois de tanto tempo fora, ainda faltava algo e esse algo não voltaria nunca.

Antônia nos insistiu que a acompanhasse, não entendi o porquê de tanta agonia, se ela não estava fazendo isso porque nos queria lá, e sim apenas pela vovó Piedade, mas tentei jogar o mesmo jogo que ela para ver até onde ela iria com todo aquele fingimento. Pedi que Bráulio pegasse nossas malas no carro e subisse para o quarto que Antônia disse estar preparado para nós, o quarto que era meu quando eu lá vivia.

Ao andar pelos corredores da casa, senti uma forte emoção dominar o meu ser e um calafrio percorreu por meu corpo fazendo-me estremecer quando passei em frente a um quadro que ainda estava do mesmo jeito em um dos corredores. Apertei com força a mão de Paulina e ela abraçou o meu braço, ainda segurando firme a minha mão, com certeza ela imaginava o que estava acontecendo.

— Pégasus. – Eu disse sentindo uma onda de nostalgia me dominar.

— Não pude retirar todas as coisas que nos fazem lembrar dela. – Antônia disse quando paramos frente ao quadro. - Ela sempre dizia para colocar esse quadro assim para que todos pudessem ver.

— Sim, ela dizia. – Suspirei fundo ao sentir minha visão embaçar e Paulina me segurou ainda mais firme.

— É lindo! – Paulina disse enquanto admirava o quadro.

No quadro estava pintado um cavalo branco, Malu adorava pintar em quadros desde criança e essa havia sido sua ultima obra. Apenas pintava por diversão, mas o fazia muito bem e, como tinha paixão por cavalos desde pequena, nosso pai lhe presenteou um cavalo Holsteiner branco, com o qual ela deu inicio às aulas de hipismo.

— É sim... O nome do quadro é Pégasus, igual ao cavalo da Malu. Ela quem o pintou. – Antônia disse para Paulina, que a olhou já ficando emocionada.

— Eu sinto muito. – Ela disse um pouco desajeitada.

— Tudo bem... – Antônia disse ainda forçando simpatia. – Ela adorava esse cavalo, ganhou vários campeonatos com ele. Ela participava de competições de hipismo.

— O nome é Pégasus por causa da mitologia grega? – Paulina perguntou enquanto ainda olhava para o quadro.

— Sim, símbolo da imortalidade... – Respondi ao lembrar que ela sempre dizia ao recontar a história do Pégaso, o cavalo alado.

— Imortalidade... – Antônia murmurou com certa ironia fazendo-nos olhá-la rapidamente. Ali ela demonstrou toda a sua “satisfação” em nos ter em casa e não pude deixar de sentir novamente aquele mesmo incômodo que senti quando ela jogou em minha cara que eu fui o culpado pela morte de minha irmã.

— Olha aqui, Antônia... – Ia dizendo, mas Paulina apertou minha mão rapidamente mais uma vez, com certeza pedindo para eu não me importar com as palavras de minha mãe, apenas respirei fundo e virei-me de costas para Antônia conduzindo Paulina para o quarto, deixando Antônia para trás.

— Sinta-se como se estivesse em sua própria casa, Paulina... – Antônia nos alcançou e disse assim que abriu a porta do quarto que estava preparado.

— Obrigada, Antônia. Estou muito à vontade aqui. – Paulina agradeceu e adentramos o quarto, mas Antônia não nos deixou e entrou junto conosco, fazendo-me suspirar mais uma vez já impaciente.

— Ordenei para que Lalinha esteja ao seu dispor e ela lhes atenderá no que precisarem. Podem ficar a vontade, pedirei que ela venha lhes chamar quando o almoço for servido.

— Não precisa toda essa cerimônia... Mamãe. – Respondi demonstrando-lhe minha indiferença e ela me olhou com reprovação. - Já estamos a sós e não tem que fingir.

— Não sabe o que está dizendo, Carlos Daniel... – Ela disse ainda em fingimento, seria uma ótima atriz, se quisesse. – Não imagina o quão feliz estou por tê-lo de volta aqui e por você também estar conosco, Paulina. – Disse nos olhando, mas não dei crédito às suas palavras vazias, Paulina por sua vez, lhe sorria parecendo estar um tanto sem graça. – Mesmo que não acredite, Carlos Daniel, essa é a verdade. Tanto é que guardei isso aqui para lhe entregar.

Antônia dizia ao ir até uma bancada no quarto, pegou algo e estendeu em minha direção, o que chamou bastante a minha atenção e fez meu coração pular afoito de meu peito.

— Encontrei há pouco tempo no quarto da Malu. Acho que ela queria que você ficasse com isso.

Aproximei-me rapidamente dela e peguei o que segurava. Era um troféu banhado em ouro com um homem montado em um cavalo que pulava em um obstáculo e uma foto de minha irmã segurando esse mesmo troféu, erguendo-o para o alto com um enorme sorriso nos lábios. Ela estava feliz porque havia ganhado em 1º lugar o campeonato regional de hipismo e eu não estava aqui para vê-la.

— Ela dedicou a mim. – Eu disse enquanto lágrimas já rolavam por meu rosto e sentei-me na cama com toda aquela emoção enchendo a minha alma, Paulina sentou-se ao meu lado e afagou as minhas costas enquanto eu segurava o troféu e lia o que continha no verso daquela foto:

“Ao meu irmão preferido dedico com todo meu ser.

Você sempre disse que eu conseguiria e aqui estou eu, segurando meu primeiro troféu de ouro e graças ao seu incentivo e apoio incondicionais, mesmo sabendo que você não viria, eu tinha a certeza que seus pensamentos estavam comigo e você esteve comigo o tempo todo. Eu venci, mas o mérito é todo seu, meu irmão chato.

PS.: Esse será o primeiro de muitos que virão!

Com amor, Malu.”

— Gostaria de te entregar antes, mas como soube que viria, esperei mais um pouco. – Antônia disse com os olhos em lágrimas e eu continha um desespero que tentava se apoderar de mim pela saudade que sentia de Malu. – Bom, aí está. Agora vou deixá-los a sós. Com licença. – Ela disse e se retirou rapidamente do quarto, deixando-nos a sós e Paulina me abraçou apertado.

...

— Olha Paulina, essa é a minha irmã! – Ainda com muita emoção, entreguei a Paulina a foto de Malu.

— Muito linda e parecida com você! – Ela disse também emocionada enquanto admirava a foto e eu não conseguia parar de admirar aquele troféu que estava ainda em minhas mãos.

— Se eu pudesse voltar no tempo... Eu não deixaria que nada acontecesse a ela. Ela sempre me pedia para ficar com ela, mas eu nunca podia porque estava viajando a negócios. – Expliquei sentindo arrependimento por tudo que não fiz por minha irmã.

— Tenho certeza que ela entendia os seus motivos, meu amor...

— Sim, ela entendia sim, mas eu com minha ambição em fazer fortuna não me importei em deixá-la sozinha, eu... Eu tenho mesmo toda a culpa pela...

— Meu amor, o que acha de tomarmos um banho antes do almoço? – Paulina me interrompeu antes mesmo de eu dizer a besteira que estava pensando em dizer. – Eu estou com muito calor e tenho certeza que você também. Vem... – Pediu levantando-se da cama e me puxou para segui-la.

— Tem razão... – Assenti entendendo a intenção de Paulina naquele momento e respirei fundo, logo enxuguei aquelas lágrimas e segui com ela para um banho.

— Vamos relaxar um pouco antes que venham nos chamar para almoçar, tudo bem?

— Tudo bem, me desculpe... Eu não consegui evitar e você sabe que sou um sentimental...

— Sim, você é, e eu adoro isso em você, mas não quero que fique mal por se sentir culpado de nada, não quero te ver triste. Quero que desfrute desse momento com sua família, que seus momentos aqui sejam proveitosos. Tenho certeza que Malu está feliz por vê-lo aqui reunido com sua família.

— Sim, é um grande passo. – Beijei a testa de Paulina e ela recostou seu rosto em meu ombro enquanto nos abraçávamos forte.

Tomamos um banho refrescante e pude me sentir um pouco mais relaxado, ainda mais quando Paulina pediu que eu sentasse na cama e começou a massagear meus ombros com o intuito de desfazer toda aquela tensão que eu sentia no momento, mas busquei paz no mais profundo do meu ser e tentei pensar apenas nas melhores lembranças sobre minha irmã.

— Seu quarto é muito bonito, meu amor... – Paulina disse sorrindo enquanto caminhava pelo quarto analisando cada detalhe. Tudo estava do mesmo jeito que eu havia deixado, ele era como todos os outros quartos da casa, o que diferenciava dos outros era a pintura de cor azul marinho e as diversas coleções de carros e motos de brinquedo que ainda estavam espalhados nas prateleiras e em alguns móveis ao redor do quarto.

— É... Está tudo no mesmo lugar. – Sorri também observando tudo nossa volta.

— Eu adoro essa decoração toda em madeira... Os quadros... Os tapetes persas... – Pegou um dos porta-retratos que havia sobre um dos criado-mudos. – Este é o seu pai com você?

— Sim, meu pai. – Eu disse ao olhar a foto de papai, que estava ao meu lado sentado no barco e sorria contente segurando enorme peixe que havíamos pescado aquele dia. – Estávamos pescando no lago quando de repente ele pegou esse peixe. – Sorri ao lembrar-me daquele dia e senti uma grande saudade do meu pai.

— Agora eu vejo a quem você realmente puxou, pois não parece em nada com Antônia. – Ela disse sorrindo e a imitei, também sorrindo. De fato eu e Antônia não temos nada em comum.

— Sim, eu e meu pai somos muito parecidos. Ele também dizia isso, tanto para a vida quanto para os negócios, o nome dele era Fernando. Era um grande homem.

— Sim, o que você também herdou dele. – Paulina sorriu e beijou meu ombro.

— Obrigado, meu amor... Mas tudo que eu sou e tenho, é graças a ele. Ele me ensinou a empreender, queria que eu continuasse com os negócios dele, mas eu preferi dar inicio aos meus próprios projetos.

— Então, quem cuida dos negócios de seu pai hoje?

— Bom... É...

Naquele instante me senti um tanto incômodo, mas por pensar que os negócios de meu pai poderiam estar sendo mal administrados por alguém que quase não dava a mínima e me senti aliviado quando as batidas na porta me interromperam, eu não queria mesmo falar sobre pessoas desagradáveis naquele momento.

— Meus filhos, desçam em dez minutos, logo o almoço será servido. – Era a vovó Piedade nos chamando para o almoço.

* Paulina narrando *

A família de Carlos Daniel era realmente muito agradável, em cada um se via algo especial, principalmente na vovó Piedade que era tão singular em tantos aspectos, uma mulher que, mesmo com a idade um pouco avançada, tinha tanta energia e vida que exalava por todos os poros, é um exemplo de mulher a se seguir. Até mesmo com Antônia pude me sentir a vontade, pois ela fez parte de todos os assuntos que eram falados à mesa junto com os filhos e sempre contava sobre alguma lembrança que tinha de seus filhos na época em que todos moravam juntos, mas algo não tão agradável aconteceu, o que me chamou a atenção, pois todos ficaram em silêncio e olharam para Carlos Daniel quando ela mencionou um de seus filhos que não estava presente, o Alexandre.

— É uma pena você não conhecer o Alex, Paulina... – Disse Antônia ao me olhar, sorri sem graça, o silêncio pairou entre todos e percebi que havia algo de muito estranho, pois Carlos Daniel estava nitidamente impaciente, ele estava cerrando os dentes e apertava com força o guardanapo que estava em seu colo e, disfarçadamente, segurei sua mão fazendo-o soltar o guardanapo e a apertei.

— Sim, Antônia. Teremos outras oportunidades. – Respondi de uma vez e voltei a atenção para meu prato, todos fizeram o mesmo, menos Carlos Daniel, que parecia estar contendo-se com algo.

...

Após terminarmos o almoço e comermos da sobremesa, mesmo com o clima um pouco tenso que havia se formado, todos fomos para a sala e logo nos serviram café.

— Tio Tato, você vai me ajudar mesmo a colocar o helicóptero para voar? – Perguntou Carlinhos à Carlos Daniel, que lhe sorriu e espalhou os cabelos do garotinho com a mão.

— Sim, Carlinhos. Mais tarde podemos fazer isso juntos. Mas antes, eu gostaria de fazer-lhes um comunicado. – Estávamos de pé, Carlos Daniel me abraçou pela cintura e olhou para todos os que ali estavam. - Aproveitando esse momento tão raro, o qual estamos reunidos e também aproveitando que é o aniversário da vovó, quero lhes dizer que eu e Paulina vamos nos casar em breve.

— Ah, mas que bom que chegamos a tempo para ouvir essa tão maravilhosa noticia, não é meu amor?! – Ouvi uma voz desconhecida dizer com um aparente tom de sarcasmo quando todos olharam com os olhos arregalados em direção a porta. – Assim podemos dar mais que apenas um parabéns...

Virei-me imediatamente para olhá-lo também e senti um forte arrepio percorrer o meu corpo com o que meus olhos acabaram de ver, não poderia ser possível e eu não conseguia ainda acreditar.

— Mas que diabos eles estão fazendo aqui?


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Notas finais do capítulo

Eita, o que será que vai acontecer? Quem será que chegou aí? E o CD, será que vai conseguir continuar se contendo? Aguardemmmm cenas dos proximos capitulosss! kkkk
...
Para quem quiser imaginar a Malu como eu imagino, para mim ela é igual a atriz Paulina Goto (Mi corazon es tuyo).
Se vcs não conseguirem ver as imagens que postei no cap, aqui estão:
O quadro Pegasus: http://mlb-s2-p.mlstatic.com/quadro-cavalo-14662-MLB163051570_7021-O.jpg
E o troféu da Malu: http://mlb-s2-p.mlstatic.com/escultura-miniatura-cavalo-bh-hipismo-trofeu-brindes-294001-MLB20250808550_022015-F.jpg
E aqui a Barbie da Lizete, uma das fashionistas: http://ecx.images-amazon.com/images/I/81ZeEuK5e9L._SL1500_.jpg

Comentem bastante, porrrrr favorrrrrrrrrrrrr!
Beijos e até o proximo cap...