Te Odeio Por Te Amar escrita por TamY, Mazinha


Capítulo 61
Capítulo 61 - Descobertas / "Reunião"


Notas iniciais do capítulo

Olá, garotas!! Como estão?
Aí está mais um cap, que desfrutem e Feliz Páscoa para todas!
Boa leitura :)



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* Paulina narrando *

[...]

— Papai, Sophia, Adelina... Eu vou me casar com Carlos Daniel! – Anunciei de uma vez a minha família que me olhava com expectativa.

— Até que enfim!!! – Sophia disse suspirando e me abraçou forte. – Estou muito feliz por vocês! – Foi até Carlos Daniel e o abraçou também. – Eu disse que você domaria essa fera! – Disse brincalhona e todos nós rimos.

— Que surpresa maravilhosa, minha filha! – Adelina me abraçou em seguida com os olhos molhados de emoção.

— Obrigada, Adelina! – Lhe agradeci também emocionada e ela tocou meu rosto e me deu um leve beijo na bochecha.

— Que Deus os abençoe! – Adelina disse quando terminou de cumprimentar Carlos Daniel.

— É, eu sabia que receberia em breve uma notícia assim, mas não imaginei que seria tão breve. – Papai disse ao aproximar-se de nós. – Mas como eu havia lhes dito antes, têm a minha bênção para que se casem!

Não posso negar que me sentia muito preocupada e nervosa pela reação de meu pai ao anunciar tal notícia, e me senti mais que aliviada quando ele sorriu e disse que apóia nossa decisão. Era um momento muito importante para mim e eu precisava do apoio de todos de minha família.

— Obrigada papai, não sabe o quanto me deixa feliz. – Agradeci emocionada quando cessamos aquele abraço.

— Eu sei sim, filha... E espero vê-la sempre assim, só quero sua felicidade. – Disse enquanto olhava para Carlos Daniel, que acenou para ele em concordância.

— Não se preocupe, senhor. Eu a amo e garanto que a farei muito feliz. – Carlos Daniel disse quando meu pai aproximou-se dele para cumprimentá-lo e nos desejou felicidades.

— Eu mal posso esperar pelos preparativos do casamento! – Disse Sophia com muita euforia. – Já posso imaginar como vai ficar tudo lindo, grande, glamoroso, com tanta gente bonita e importante e...

— Não quero que seja uma coisa pública, Phia... – Interrompi Sophia, que ficou completamente desanimada com minhas palavras. – Gostaria que fosse algo menos exagerado, uma cerimônia mais íntima...

— Aii... Não é justo, Lina... Será um momento único e especial para vocês, tem que ser grande e muito bem comemorado. Fala com ela, Carlos Daniel?!

Carlos Daniel nada dizia, apenas ouvia rindo das palavras de minha irmã, que estava tão sonhadora naquele momento.

— Conversaremos sobre isso depois... Não se preocupe! – Eu disse para que ela ficasse mais tranqüila e todos sorriram com sua total empolgação.

— Mas é claro que sim, quero te ajudar com todos os detalhes!

...

Carlos Daniel ficou para almoçar conosco e meu pai propôs um brinde ao nosso casamento, eu não podia estar mais agraciada e feliz, ele ficou a tarde inteira lá em casa e todos estávamos reunidos, Sophia não parava de falar sobre como poderia ser nosso casamento e o quão estava contente com tudo. Parecia que tudo estava indo para os eixos novamente, meu pai estava de acordo com nossa decisão e demonstrou desfrutar junto conosco daquela alegria e me sentia mais que realizada na vida.

...

— Foi ótimo passar esse tempo com vocês. Me sinto muito a vontade com sua família, já a tenho como minha também. – Ele disse sorridente quando já estávamos na porta de casa. A tarde passou muito depressa e ele precisava ir.

— Eu também adorei. Estou muito feliz, Carlos Daniel!

— E eu também, minha vida... Não vejo a hora de tê-la como minha esposa, como a senhora Paulina Martins Bracho.

Sorri satisfeita com suas palavras e segurei seu rosto para beijá-lo na boca.

— Vamos para minha casa comigo... – Ele disse baixinho após cessar o beijo. – Sabe a Fênix? Eu tenho uma coleção de motos lá em casa, posso te mostrar cada uma delas.

— Hmm... Estou ansiosa por conhecer todas! – Respondi sorrindo e o abracei, pondo meus braços por debaixo de sua jaqueta de couro.

— E então?...

— Vamos deixar para outro dia, para que possamos desfrutar bastante... – O olhei com um olhar que o faria entender e ele sorriu cafajeste fazendo-me corar um pouco.

— Tenho certeza que saberemos desfrutar muito bem...- Ele segurou minhas duas mãos e levou até seus lábios para beijá-las.

— E precisamos comprar os presentes para a sua avó, meu amor.

— Não se preocupe com isso, Lina...

— Não, eu quero... Faço questão...

— Bom, se você quer assim, tudo bem...

— Nos vemos amanhã então?

— Claro, você podia ir lá na fábrica me buscar para comprarmos juntos os presentes.

— Hmm... Eu adoraria, é muito sexy como executiva. – Sorriu cafajeste e me puxou para cheirar meu pescoço fazendo-me rir alto. - Podíamos jantar hoje em um bom restaurante para comemorar nosso noivado. – Sugeriu enquanto segurava minha cintura.

— Hmm... Meu amor... Teremos muito tempo para fazer isso, vamos passar o fim de semana inteiro juntos... Não fique chateado, mas eu gostaria de ficar um pouco com Sophia hoje... – Expliquei um pouco sem graça, apesar de também querer estar com ele, mas eu sabia que não voltaria para casa novamente essa noite se fôssemos jantar, e Sophia também merece uma prioridade em minha vida.

— Tudo bem, tem razão... Viu como ela ficou feliz?

— Sim, ela está!

— Graças a ela estamos juntos...

— Sim, eu sei... Ela tinha razão quando dizia que devíamos ficar juntos.

— Ela sabe o que é melhor para você. – Carlos Daniel disse com um ar de convencido, o que nos fez rir de modo que falou.

— Bobo!

O beijei com carinho e nos despedimos contra nossas vontades, pois não queríamos nos desgrudar, éramos como dois adolescentes bobos apaixonados e eu estava amando tudo isso.

... Momentos depois...

— Lina do céu! – Exclamou Sophia vindo ao meu encontro quando eu já estava no quarto. – Me deixa ver seu anel!

Ela dizia com um sorriso enorme nos lábios e estendi minha mão para que pudéssemos apreciar aquela jóia fina.

— É maravilhoso!!! – Suspirou encantada. – E deve ter sido uma fortuna também! Estou pasma, Lina! – Dizia enquanto sentava-se em minha cama toda empolgada.

— Ai Phia, não sabe o quanto estou feliz. Vou me casar com Carlos Daniel! – Suspirei contente e emocionada.

— Sim, mana! E eu também estou muito feliz por você, meus parabéns, tenho certeza que será muito feliz com o Carlos Daniel!

— Sabe Phia... Já me sinto feliz ao lado dele, ele me faz sentir importante o tempo todo, me faz sentir bonita, me faz sentir amada...

— Hmm... Eu faço ideia! – Ela disse com o tom malicioso na voz e sorriu alto. – Mas você é importante, é bonita, amada e muito mais... Só precisava de alguém para te mostrar isso, já que você por si só não enxergava.

— Sim, tem razão...

— Olha, desculpa comparar, Lina... Mas o Mauricio não te deu nem um anel, o que é um pedido de casamento sem um anel assim? – Perguntou segurando minha mão, olhando novamente o anel. – Ele era um pão duro!

— Eu não me importo com coisas caras, você sabe disso, para mim atitudes são mais importantes e não há comparação, Phia. Posso te assegurar que nada entre eles pode ser comparado.

— Eu sei, mana... Não dá mesmo, é diferente até no jeito que o Carlos Daniel olha pra você, ele te idolatra. Mas me conta! Quero saber tudo como foi, não deixe de me contar nenhum detalhe... – Dizia toda contente e me puxou para sentar na cama junto com ela. – Deve ter sido muito romântico, posso imaginar apenas pela sua cara de boba...

Contei tudo para Sophia, que suspirava encantada e feliz escutando cada detalhe e não parava de falar das idéias novas que já tinha para a cerimônia e festa de casamento. Conversamos durante um bom tempo e combinamos de ver a um filme juntas, optamos por “Ladrón que roba ladrón” com um ator lindo que nós duas amamos, Fernando Colunga.

# Carlos Daniel narrando #

Cheguei em casa e, como sempre, Matilde me recebeu. Contei-lhe a grande notícia e ela ficou radiante de alegria e não parava de elogiar a Paulina e me parabenizar por tudo. Estava ansiosa para ver Paulina e lhe dar pessoalmente suas felicitações. Eu sorri satisfeito e também muito feliz e subi já para o meu quarto para um banho, enquanto tomava aquela ducha quente, passei a pensar sobre minha vida, tudo estava tão vazio, minha rotina se resumia apenas em trabalho e em sair com mulheres estranhas, fazia isso tentando preencher o grande buraco negro que havia se formado sob minha vida e voltava me sentindo ainda mais sozinho e assim aprendi a conviver.

Quando antes não tinha motivos para sorrir e achava tão patético o sorriso nos lábios dos outros, tentava disfarçar minha infelicidade em coisas que me deixavam muito mais infeliz. Agora tudo é diferente, Paulina entrou em minha vida para ficar e nada me faria mais feliz que formar uma família com ela, e graças a ela não sou mais como antes, tenho uma razão para sorrir, para viver e vou lutar para fazê-la feliz todos os dias de nossas vidas, assim como ela me faz.

...

Fui para o meu escritório e abri meu laptop, minha caixa de entrada estava cheia de e-mails importantes sobre meus negócios, assim como minha agenda para o restante dessa semana, então decidi começar a respondê-los o quanto antes e, não devia, mas fiquei surpreso quando vi que na aba de Spam havia vários e-mails de minha irmã Stefani, desde que me afastei da família, ela é a única que mantive contato, além da vovó, mas já fazia um tempo que não conversávamos e não me dei conta de que tinha tantos emails antigos só dela.

> S P A M

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“Mano, como você está? Estou morrendo de saudades de você. Queria muito poder te ver. Você não atende mais as minhas ligações, por isso estou...

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¬ Noticiassss

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2 meses atrás

¬ Me liga

 “As crianças perguntam por você. Você quer que eles esqueçam do tio preferido? Elas estão crescendo tão rápido... Segue anexa uma foto deles para...”

No ultimo e-mail, uma foto anexa de Carlinhos e Lizete, meus dois sobrinhos... “Eles realmente cresceram muito rápido e eu não pude vê-los por minha falta de sensibilidade e por meu egoísmo, não quero que me esqueçam, eu os adoro tanto...”. Não hesitei e liguei para minha irmã, que ficou surpresa e super feliz com minha ligação e disse que mal podia esperar para conhecer Paulina, pois vovó Piedade falou coisas maravilhosas sobre ela. Conversamos por um bom tempo e eu não me lembrava de quando havíamos conversado tanto assim e o quão agradável é conversar com ela e a noite foi preenchida muito rápido com a conversa com Stefani e com o que eu tinha de trabalho.

XxX

No dia seguinte, logo cedo liguei para Paulina e lhe disse que a buscaria para almoçar comigo e depois iríamos comprar os presentes, ela me avisou que entraria em reunião e que tentaria estar livre antes do almoço, para que não se atrasasse, mas foi o que aconteceu. Cheguei bem antes do meio-dia na fábrica dos Martins e, Branca, sua secretária, se apresentou e me pediu para aguardar um pouco no escritório de Paulina, pois ela ainda não havia saído da reunião, não me importei em esperá-la e aproveitei para apreciar sua sala, era muito parecida com ela, elegante, charmosa, organizada e muito bonita e sorri com tal comparação e fui pego de surpresa por ela, que foi avisada que eu cheguei e saiu por uns instantes da reunião para me cumprimentar.

— Carlos Daniel? – Ela disse entrando em sua sala e não pude deixar de admirá-la em cada detalhe. Paulina, sem dúvidas, é uma mulher que tem classe, em seu corpo esbelto qualquer roupa lhe cai bem, mas a mistura de sua elegância com seu jeito doce e requintado e aquele olhar determinado com seu lado empreendedor podiam me deixar louco. Tudo em Paulina me tirava da órbita.

— Oi, meu amor! – Despertei de meus pensamentos sorrindo-lhe e ela me abraçou também sorrindo e deu um selinho em meus lábios. – Está maravilhosa! – Sussurrei em seu ouvido em um tom malicioso e desci minha mão boba até sua bunda.

— Você também... – Me lançou um olhar maroto enquanto passava o dedo em minha boca limpando seu batom. - Não terminamos a reunião ainda, espero que não se importe em esperar mais um pouco. – Ela disse ficando um pouco sem graça ao acariciar o caimento de meu terno.

— Tudo bem, não se preocupe. – Assenti sorrindo-lhe e a segurei pela cintura, deslizando minhas duas mãos novamente até sua bunda deixando-as ali. – Mas isso pode custar um beijo. – A puxei para mais perto e beijei seus lábios. – Eu já te disse o quão sexy fica assim vestida como uma executiva?

— Já sim! – Ela disse com seus lábios ainda próximos aos meus e me beijou mais uma vez tirando nosso fôlego, aproveitei minhas mãos bobas para apertá-la um pouco mais. – E é um fogoso!

— Sou sim, você me conhece... – E se continuar me beijando assim não vai conseguir voltar à reunião. – Brinquei acariciando seus lábios vermelhos pelo beijo.

— Tem razão. – Sorriu e se afastou um pouco para me olhar. – Você pode aproveitar e conhecer a nossa fábrica, posso pedir ao Leandro que o apresente, assim você não fica entediado aqui.

Aceitei a sugestão de Paulina e logo veio Leandro, um supervisor de produção da fábrica Martins, e ele me contou um pouco como andam os processos de demandas, produção e envios dos produtos que eles fabricam e sua evolução dentro de poucos meses.

Perguntei-lhe o que ele e os outros funcionários acham do Sr. Martins como presidente da fábrica e ele não reclamou, apenas disse que ele é ausente na empresa e que quase deixou tudo ir à perder por conta de sua má administração, o que era fato e eu já sabia, mas o que me deixou muito mais admirado e satisfeito foi quando ele falou sobre Paulina:

“Ela é muito inteligente, determinada e forte. Voltou para lidar e consertar os problemas que o pai causou e sabe administrar a fábrica com louvor, por isso está indo tudo tão bem. Ela também é muito atenciosa com cada funcionário e que não nos trata como apenas empregados, é sempre muito gentil, generosa e educada com todos. Se não fosse pela sociedade a fábrica Martins teria fechado e todos ficariam sem emprego, e sem este ganha-pão para suas famílias, mas a senhorita Paulina sempre nos pedia para não perder a fé, pois as coisas melhorariam e se isso não acontecesse, não perderíamos nossos direitos...”  

Ele falava dela com muita admiração e gratidão, o que me fez comprovar ainda mais o que eu já sabia, Paulina é uma mulher singular, excepcional e não pode haver um ser com mais bondade, nobreza e luz que ela. Eu não poderia ter investido melhor em algo como fiz nesta empresa, com certeza a Fábrica Martins merecia um voto de confiança e credibilidade de alguém e estou contente por ter sido eu o que lhes deu esse voto de confiança.

O tempo passou muito rápido enquanto conversava com Leandro, não foram muitos minutos, mas foi bastante proveitoso, logo ele foi acionado para me acompanhar de volta até a sala de Paulina, pois a reunião já havia acabado.

— Obrigada, Leandro! – Ela agradeceu ao rapaz com seu sorriso encantador.

— Obrigado por me mostrar tudo, Leandro. – Também o agradeci cumprimentando-o com um aperto de mãos e ele nos deixou a sós.

— Gostaria de mostrar tudo pessoalmente, mas...

— Não se preocupe quanto a isso, posso vim de novo outro dia e damos outra volta pela fábrica juntos. – A interrompi aproximando-me mais, ela sorriu e segurou minha mão com o anel de noivado cruzando-a na sua.

— E então, o que achou?

— Eu acho que ficou ótimo em você... – Respondi acariciando sua mão delicada.

— Não, meu amor... Me refiro à fábrica... – Ela riu de mim e me conduziu até um sofá branco que havia em seu escritório.

— Ah! Está tudo indo muito bem, vocês têm uma ótima estrutura, seus produtos têm qualidade, seus funcionários são empenhados... Soube que os pedidos só aumentam e que você é uma chefe excepcional! – Resumi tudo com orgulho e ela sorriu tímida.

— O Leandro disse isso?

— Sim, ele disse, mas para mim não é novidade e me sinto muito satisfeito com o desenvolvimento dessa empresa, principalmente porque ela é sua e sei que você está muito feliz com tal progresso.

— Tudo isso graças a você... – Paulina acariciou meu queixo e me olhou um pouco emocionada, seus olhos verdes brilhavam e seu rosto ruborizado me fez sorrir.

— Não, é graças a você! – Afirmei tocando-lhe a pontinha do nariz. - Não devo levar os créditos só pelo dinheiro, o cérebro dessa empresa não sou eu, nem mesmo o seu pai conseguiu fazer tudo o que você está fazendo em tão pouco tempo. – Fui sincero demais com minhas palavras e Paulina baixou o olhar, fiquei me perguntando se minhas palavras a tinha magoado. – Desculpa meu amor... Não quis ofender...

— Não, não ofende, Carlos Daniel... Eu não devo levar todos os méritos, mas entendo o que quer dizer. – Respirei aliviado por ver que ela compreendeu o que insinuei, mas não ficou chateada e beijei o dorso de sua mão.

* Paulina narrando *

— Vou pegar minha bolsa e podemos ir. – Disse para Carlos Daniel e fui em direção a minha mesa.

— Fiz reserva em um restaurante que acho que vai adorar. – Ele disse sorrindo enquanto me observava pegar alguns pertences sobre a mesa.

— Tenho certeza que...

— Paulina eu... – Fui interrompida por Levy, que entrou distraído em minha sala e não havia notado que Carlos Daniel estava comigo.

— O que esse homem faz aqui, Paulina? – Perguntou Carlos Daniel imediatamente ao ver Levy e me senti confusa naquele momento.

— Eu não sabia que ainda estava acompanhada, Paulina... Volto uma outra hora. – Levy disse sem olhar para Carlos Daniel e caminhou de volta em direção a porta.

— Espera, Levy... – Pedi rapidamente e ele parou e viro-se para me olhar. – Carlos Daniel é o sócio da fábrica, agora também é meu noivo e sei que já se conhecem.

— Não nos conhecemos muito bem, Paulina...

— É, meu amor... – Carlos Daniel disse abraçando-me sem tirar os olhos de Levy. -...Mas não é preciso conhecer alguém muito bem para...

— Vim apenas para avisar que não volto mais aqui hoje. – Levy interrompeu Carlos Daniel rapidamente, o ignorava, era como se Carlos Daniel não estivesse ali e senti que ele estava começando a ficar nervoso. – Preciso resolver algumas coisas fora.

— Aposto que precisa. – Carlos Daniel disse sem deixar de encará-lo e me apertou em seu abraço.

— Então eu te ligo assim que estiver livre. – Levy finalmente olhou para Carlos Daniel e saiu.

...

— E o que significou isso, Carlos Daniel? – Perguntei-lhe confusa com sua estranha atitude enquanto ele mantinha sua feição séria.

— Precisa demiti-lo, Paulina! – Ele disse fechando indo em direção à porta.

— O quê? Como assim, demiti-lo?

— O que ele faz aqui? Pelo quê é responsável? – Perguntou inquieto ficando de frente a mim.

— Ele é nosso advogado, responde pela fábrica em qualquer circunstância. Por quê?

— Esse cara não confiável, não pode delegar a ele uma função como essa.

— Por que está falando assim, Carlos Daniel? – Perguntei agora ainda mais confusa do que antes.

— Sem falar que ele olha pra você com outros interesses. – Carlos Daniel estava agitado e nervoso e começou a passar a mão nos cabelos já inquieto.

— Está com ciúmes, Carlos Daniel?! – Perguntei envolvendo meus braços em seu pescoço e lhe sorri.

— Isso é sério, meu amor, eu...

— Nós conhecemos o Levy há alguns anos, ele é um homem bom, sempre esteve conosco. Não posso demiti-lo assim... – Expliquei-lhe passando minha mão por dentro de seus cabelos para que ele relaxasse.

— A forma que ele te olha, Paulina... Ele gosta de você...

— Sabia que está muito fofo com essa carinha de ciúmes? – Eu disse sem deixar de acariciar seus cabelos e consegui lhe tirar um pequeno sorriso dos lábios. – Não precisa ficar assim, meu amor... Eu só tenho olhos para você... – Segurei seu pescoço com minhas duas mãos e o beijei apaixonadamente fazendo-o suspirar e me abraçar após o beijo.

— Estou morrendo de ciúmes sim e não consigo esconder, mas ainda assim quero que tenha cuidado com esse cara e arrume um substituto o quanto antes. – Ele disse acariciando meu rosto. – Por favor?

— Carlos Daniel eu...

— Pelo menos pense sobre isso... – Assenti mesmo achando tal pedido um tanto absurdo. Papai jamais concordaria com isso, conhecemos o Levy há um bom tempo e isso foi o que nos levou a ter tanta credibilidade em sua conduta e seu trabalho, mas não queria brigar com Carlos Daniel naquele momento por algo que não vale à pena.

— Tudo bem... Agora vamos almoçar, pois estou faminta e ainda precisamos comprar os presentes da vovó Piedade.

Carlos Daniel me levou a um restaurante oriental no qual não existia um cardápio fixo e podíamos escolher o que comeríamos na hora que os pratos vinham frescos diretamente da cozinha e tudo era magnífico naquele lugar encantador e confortável, comemos em uma atmosfera agradável e calmante, o que pareceu muito bom para Carlos Daniel que havia ficado muito tenso após sairmos da fábrica e ele me contou sobre sua outra irmã Stefani e seus sobrinhos Carlinhos e Lizete, parecia estar empolgado para vê-los, ao mesmo tempo em que estava um pouco nervoso. Decidimos que levaríamos presentes para as crianças também e seguimos para o shopping após o almoço.

# Carlos Daniel narrando #

Deixei Paulina em casa após passarmos a tarde juntos, queria poder ficar com ela durante a noite, mas me sentia desconfortável por saber que Levy Gutiérrez trabalha com os Martins e que seu posto é tão importante quanto o dos próprios donos da empresa. Fiquei extremamente preocupado e não conseguia parar de pensar em coisas que não podiam ser certas, e para piorar, Paulina não iria acreditar em mim assim do nada, eu não devia simplesmente pedir que o demita como fiz. “Mas como os Martins podem deixar que ele esteja à frente de seus negócios? Eu não sabia que ele era o correspondente da fábrica, sem duvidas se soubesse antes, não faria sociedade com eles. Será que Rodrigo não percebeu isso?” Pensava muito inquieto enquanto dirigia para a minha casa.

“O destino fez com que eu não soubesse desse cara antes para poder adotar a fábrica dos Martins e conhecer a Paulina, e acredito que também por obra do destino, estou aqui para tirá-lo de lá.”— Continuava pensando alto ao passar pelos portões de casa quando meu celular tocou alto, era Rodrigo, parecia ter ouvido meus pensamentos chamando-o.

— Alô, Rodrigo!

— Preciso falar com você, Carlos Daniel. Onde posso encontrá-lo?

— Acabo de chegar em casa, pode vir até aqui? Preciso lhe falar urgente também.

— Estou no escritório, assim que sair daqui passo aí.

Desligamos a ligação rapidamente e estacionei meu carro na frente de casa, entreguei as chaves a Gabriel e subi correndo para um banho.

... Momentos depois...

Não demorou tanto para que Rodrigo chegasse e, com certeza ele teria novidades, pois estava acompanhado por um homem branco de meia idade com cabelos um pouco longos, cavanhaque e um jeito peculiar, eu diria.

— Carlos Daniel, este é o Duarte. Ele é o detetive particular do qual havia te falado.

— Muito prazer, detetive. – Cumprimentei aquele homem e os pedi que sentassem para conversarmos. – E então, conseguiu alguma coisa? – Perguntei ansioso, Rodrigo apenas nos observava.

— Bom, sim... Mas não tenho boas notícias. – Ele dizia enquanto retirava de uma maleta duas pastas e um pen-drive, colocou uma delas sobre a mesa e eu a abri.

Dentro da pasta havia uma foto atual de Mauricio anexa e mais algumas coisas escritas: “Mauricio Vergara; 30 anos; Argentino com cidadania mexicana; Empresário;...”. Quando comecei a ler senti-me decepcionado e impaciente, não havia absolutamente nada que pudesse colocar aquele verme atrás das grades a não ser por algumas multas de trânsito e algumas dívidas em seu nome. Aparentemente ele era um cidadão comum e sua ficha era basicamente limpa e pensei que essa investigação foi totalmente em vão, toda essa espera e expectativa não valeram de nada.

— Mas não tem nada aqui. – Eu disse já irritado comigo mesmo.

— Espera Carlos Daniel, isso não é tudo. – Disse Rodrigo me seguindo com o olhar quando me levantei para pegar uma bebida.

— Como assim? – Perguntei confuso enquanto nos servia as doses de uísque.

— Acho bom beber mesmo, senhor Bracho, pois vai precisar para absorver melhor o que vem agora. – O detetive disse e colocou a outra pasta juntamente com o pen-drive sobre a mesa.

Essa segunda pasta era muito mais cheia, havia várias páginas redigidas e diversas fotos anexadas, inclusive uma a qual ele está totalmente diferente de como é agora. Confesso que o que vi não me agradou em nada, embora fosse o que eu queria, e meu pensamento foi imediatamente de encontro à Paulina, senti meu estomago revirar e engoli de uma vez a minha bebida fazendo-a descer queimando por minha garganta.

— O que é tudo isso? Pablo Sanchez; 35 anos; Peruano;...? – Perguntei curioso enquanto observava aos poucos cada página daquela pasta.

— Acontece que esse cara e esse... – Disse apontando simultaneamente para as duas pastas. – São a mesma pessoa!

— Ele usa identidade falsa? – Perguntei perplexo ainda tentando absorver aquela notícia tão inesperada.

— Sim, senhor. Está tudo aí no relatório. Nasceu no Peru, seus pais eram de classe média e ele levava uma vida boa, mas era muito ambicioso e se envolveu com o que não presta. Começou comprando drogas para uso pessoal, depois entrou para o narcotráfico e foi crescendo no ramo, se meteu em contrabando e lavagem de dinheiro, estelionato e também é procurado no Peru por acusado de assassinar uma mulher.

— O-o quê? – Meu corpo inteiro arrepiou quando ele disse todas essas coisas, mas o que me deixou mais preocupado foi a ultima acusação. “Não é possível que esse homem fez tudo isso e saiu ileso, e por que teria ele se aproximado dos Martins? Ele se envolveu com a Paulina... Meu Deus, ela não sabe com quem lidou durante todo esse tempo”. Comecei a pensar sem parar com meu coração a mil e, se antes já me preocupava e temia que ele fizesse algo à Paulina, agora eu já não podia mais me controlar.

— Essas fotos mostram suas andanças aqui no México, ele sai muito para os locais que freqüenta como cassinos, motéis, clubes da alta, bares chiques... Em sua casa sempre tem alguém entrando ou saindo e a escolta é bastante reforçada. Parece que ele tem subordinados que fazem tudo o que ele manda. Digamos que ele está se reerguendo, pois teve que deixar tudo pra trás no Peru quando veio para o México e não foi fácil para ele conquistar seus aliados, mas levantou grana rápido desde que chegou aqui, tinha de oferecer-lhes ótimas propostas e lhes cumprir para que, pelo menos, passasse a ser respeitado e obedecido.

— Desgraçado! Eu sabia que esse cara podia ser perigoso, mas não imaginei tudo isso. – Eu estava muito perplexo, preocupado e temeroso. Rodrigo continuava muito sério enquanto ouvia tudo, mas me pedia com gestos o tempo todo para que mantivesse a calma.

— Não consegui muitos detalhes, mas descobri que seus aliados são pessoas do alto escalão, as que têm acesso a outras que possuem muito dinheiro, aparentemente são pessoas honestas e de bem, assim eles conseguem dar golpes sem que sejam notados.

— Como esse cara conseguiu atravessar a fronteira, Rodrigo? – Perguntei mesmo sabendo a resposta, indignado. Esse homem pode ser o possível causador das desgraças dos Martins. – Conclui levantando novamente em impaciência. –“Como pode haver pessoas assim no mundo?” Me perguntava enquanto andava de um lado a outro tentando manter uma calma que estava longe de sentir.

— Com certeza o cara tem um bom estelionatário e, do jeito que mudou a aparência, conseguiu passar despercebido pela polícia. E uma vez aqui, com identidade falsa, ele conseguiu montar uma vida nova, conheceu pessoas influentes e adquiriu confiança... – Explicava Rodrigo.

— E o que se pode fazer para que esse bandido seja colocado em seu lugar?! – Perguntei entre dentes e peguei mais um pouco de uísque.

— Olha senhor Bracho, não é aconselhável se meter com essa gente. Eles costumam ser muito perigosos. Se alguém tenta cruzar seu caminho, são capazes de qualquer coisa. E pode não haver provas suficientes que o ponha atrás das grades. É um risco muito grande a se correr por algo que talvez não resulte em nada.

— Ele tem razão, Carlos Daniel... Infelizmente eles conseguem fazer tudo de uma maneira que ninguém possa perceber, e daqui que seja provado pode levar muito tempo. Nem mesmo a falsidade ideológica pode nos garantir bons resultados.

— E o que se pode ser feito agora? – Perguntei muito nervoso. - Esse cara me agrediu, me ameaçou... Ele pode fazer algum mal à Paulina e sua família... Não posso deixar que fique livre e impune com um histórico assim...

— Não devo ficar dando palpites, senhor, mas apenas digo que o senhor tome muito cuidado com esse tipo, e mantenha ao máximo de distância que puder.

— E quanto a armas? Conseguiu descobrir algo sobre isso?

— Sim, senhor. Aqui ele não anda armado. Digamos que ele seja “inofensivo”, também parece ser muito cauteloso e não sujaria suas mãos, mas pode contar com ajudas se precisar. Com certeza muita gente lhe deve “favores”.

— Você é muito eficiente, conseguiu tantas informações em pouco tempo... – Eu disse ao detetive pela competência em seu trabalho.

— Obrigado, senhor. Minha especialidade é essa. A propósito, há mais informações no pen-drive. O seguimos 24h por dia durante essa semana de investigação, não tem nada grave que o incrimine, mas pode ser que essas fotos e videos te ajudem em alguma coisa.

— Obrigado. Rodrigo já acertou com você seus honorários? – O perguntei sentindo minha cabeça começar a ferver, não conseguia parar de pensar na gravidade de tudo isso.

— Preferi que você mesmo faça isso, Carlos Daniel. – Rodrigo respondeu antes que Duarte dissesse algo.

— Aqui está a nota com todos os nossos gastos. – Ele disse entregando-me outro documento com uma lista dos custos da investigação. O que me deixou surpreso, pois eu havia dito a Rodrigo para não poupar gastos e o preço foi bastante ínfero ao que todas as informações valeram para mim de fato.

— Sua agência devia ter muito mais credibilidade, Duarte. – Disse enquanto lhe assinava um cheque com um valor especial e lhe entreguei.

— 50 mil dólares? – Perguntou pausadamente enquanto olhava para Rodrigo, que lhe sorriu. – Mas isso é muito mais que o que foi cobrado, senhor Bracho!

— Não se preocupe, é apenas um gesto meu de satisfação pelo seu trabalho.

— Mas senhor, não é justo...

— Não se preocupe, Duarte. Aceite. E isso pode ajudá-lo a modernizar sua agência. – Rodrigo disse incentivando-o.

— Vou precisar de mais um serviço seu, Duarte, o que pode ser abatido nesse cheque. Quero que investigue outra pessoa.

Anotei em um papel o nome de quem eu precisava saber mais, entreguei à Duarte e ele assentiu, por fim aceitando o valor que eu havia lha pago e foi embora me deixando a sós com Rodrigo.

— Essa ideia do dossiê foi ótima, Rodrigo. – Eu disse um tanto pensativo.

— É, mas imagino que você não deve estar nada tranqüilo depois do que descobriu.

— Sim, estou preocupado, Rodrigo. A Paulina... Se souber de tudo isso, ela não vai suportar...

— E você vai contar a ela?

— Não posso, não sei como ela reagiria com uma bomba dessas. Ela já passou por muitas coisas por causa desse canalha.

— Quanto tempo tem desde que eles se conheceram até a quase falência dos Martins?

— Faz alguns anos, ela me disse que estudaram juntos, algo assim...

— Bom, considerando que ele está aqui há uns dez anos, é possível que tenha remontado sua vida e entrou na faculdade justamente com a intenção de seduzir uma jovem rica e tirar vantagens em cima disso como um meio fácil. Os Martins tinham muito dinheiro a uns anos atrás, ele pode ter sondado Paulina Martins nessa época e quando soube que ela era rica, a conquistou e acabou ganhando a confiança deles.

— Sim, é possível! E os Martins nem desconfiam disso. Tudo é atribuído aos vícios do Santiago. – Eu disse enquanto pensava sobre o assunto.

— Mas ele também tem culpa, Carlos Daniel. Tudo levou algum tempo, você sabe... Há apenas alguns anos que a fábrica deles começou a desandar até chegarem perto de decretarem falência e você decidir investir nela. Desde então, o Sr. Martins já era um viciado em apostas e bebidas.

— Não sabemos ao certo como tudo aconteceu, Rodrigo... E agora eu não sei o que fazer. Ele está à solta e temo que volte a prejudicar a Paulina. Não posso ficar aqui parado enquanto esse infeliz continua agindo. Tenho que fazer alguma coisa!

— Carlos Daniel, é bom você ficar quieto. É o melhor a fazer por enquanto até pensarmos em algo. Você precisa ser racional, não pode se envolver dessa maneira nisso. – Rodrigo disse tentando ser pacífico.

— Já estou envolvido, Rodrigo... Mas você tem razão... Preciso manter distância desse cara, não vou fazer nada por enquanto, mas preciso proteger Paulina.

— De qualquer modo, não podemos acusá-lo de nada sem provas contundentes contra ele.

— Sim, é verdade. Mas quem faz uma vez, pode fazer de novo e ele pode morder uma isca fácil. – Disse tentando ser esperançoso. – A propósito, preciso tirar uma dúvida com você. Quando você entrou em contato com os Martins sobre as propostas de sociedade, com quem conversou sobre os meios burocráticos?

— Com o Juan Diaz, um dos correspondentes jurídicos dos Martins e com o próprio Santiago. Por quê?

— Nunca ouviu falar sobre Levy Gutiérrez como advogado da fábrica?

— Sim, mas eu nunca o encontrei diretamente. Conversávamos apenas por telefone para tratar de algum assunto sobre a sociedade, mas pessoalmente apenas com o Juan. Você o viu uma vez.

“Realmente, o advogado dos Martins ao qual eu tomei conhecimento foi o tal Diaz, mas acho que era o único que não sabia que esse Levy correspondia aos Martins até vê-lo pessoalmente lá, o que não me agradou em nada e sinto-me completamente com o pé atrás com ele, além de que ele deixou explícito seu interesse por Paulina. Sentia raiva só de lembrar da maneira que ele a olhava”.

— Esse nome não lhe é familiar? – Perguntei esperando uma resposta positiva.

— Sim, não me soa estranho... – Rodrigo respondeu pensativo. – ...Acho que já sei! – Ele disse num sobressalto. – Não é possível!!!

— Pensei que você não ia lembrar! – Retruquei de uma vez quando ele finalmente se deu conta.

— Como esse mundo é pequeno, Carlos Daniel! – Ele disse meio impressionado.

— O Levy está trabalhando junto com os Martins?

— Sim, meu amigo... E é advogado deles...

Conversamos mais um pouco e decidi que não faria nada com relação ao Levy, por enquanto, e que manteria Paulina e sua família em uma segurança mais reforçada enquanto ainda pensava no que fazer sobre Mauricio. Pensar que minha Lina pode correr algum risco por causa desse pilantra desgraçado fazia meu coração se apertar, o medo de que ele lhe faça algum mal era maior que eu, e eu não suportava nem pensar nisso.

...

<“ Chegou bem, meu amor?” – 2 horas atrás. > Era a mensagem que tinha no aplicativo que costumávamos conversar todos os dias.

<”Sim, minha vida.”>— Respondi assim que vi sua mensagem.

<”Estava prestes à ligar pra você. Já estava ficando preocupada por sua demora em responder.”> Ela disse pela mensagem seguida de uma carinha preocupada.

<”Desculpa, meu amor. Não quis te preocupar. Rodrigo estava aqui e estávamos em reunião”.>

<”Está tudo bem?”>

<”Está, meu céu. Mas...”>

<”Mas...?”>— Meu coração estava acelerado e aflito, queria estar com ela, olhá-la nos olhos e ter a certeza de que nada lhe aconteceria. Minha dependência por Paulina era demasiada e tudo o que mais quero é estar com ela o tempo todo.

<”Mas eu estou com saudades e quero tê-la agora em meus braços.”>— Respondi com aquela frase seguida de um pequeno coração partido ao meio e sorri imaginando seu rostinho corado com um sorriso encantador.

<”E eu quero estar nos seus braços... Vem pra cá, Carlos Daniel!”>

<”Seu pai...?”>

<”Papai viajou hoje cedo para Monterrey, Sophia foi para a casa de uma amiga, Adelina foi visitar uma irmã no interior e eu estou aqui sozinha nessa casa grande com um espaço enorme ao meu lado na cama...”>— Ela me enviou a mensagem e logo em seguida uma foto deitada na cama como se estivesse pronta para dormir.

<”Chego aí em 20 minutos!”>— Respondi rapidamente animado e desci às pressas para ir dormir com a minha princesa.

* Paulina narrando *

Minha ansiedade apenas aumentava por ver Carlos Daniel novamente, estivemos a tarde toda juntos, mas parecia que não nos víamos há muito tempo. Por muitas vezes, antes de conhecê-lo, eu passava meus fins de semana sozinha, vendo TV em meu quarto, não sentia vontade de viajar, nem sair para me divertir, apenas me dedicava em estudar alguma coisa, trabalhar ou simplesmente ficar ali junto com a minha solidão, mas agora tudo é diferente e minha maior vontade tem um novo nome: Carlos Daniel.

Avisei a Matias, nosso porteiro da noite, que Carlos Daniel chegaria, dispensei os outros empregados da casa e me preparei rápido o esperando ansiosamente, tinha um plano que o deixaria louco e ele não demorou muito para chegar e meu coração se encheu apenas por vê-lo.

— Seja bem-vindo, senhor Bracho! – O recebi com um tom suave e sensual na voz quando o vi entrar no saguão de minha casa.

— Uau! - Ele exclamou em surpresa com um sorriso largo naqueles lábios cafajestes. – Mas que... Eu não posso acreditar! – Passou as mãos no rosto e despenteou seus cabelos realmente desacreditado, eu sorri em satisfação e cheguei perto dele.

— Estava apenas o esperando para começar a reunião... Que pontualidade! – Sussurrei em seu ouvido tentando transmitir o máximo de sensualidade que pude enquanto passei uma de minhas mãos em seu peito e a outra um pouco mais abaixo na direção de sua virilidade.

— Eu sou o rei da pontualidade! – Ele disse entrando no meu joguinho.

— Siga-me, por favor! A sala de reuniões é lá em cima. – Segurei firme o colarinho de sua camisa entreaberta e o puxei para subir as escadas.

— Não sei se consigo chegar até a... – Ele parou de supetão, puxando-me pela cintura fazendo-me encostar minhas costas em seu peito e pude sentir sua forte ereção através de minha bunda. -...sala de reuniões.

Engoli em seco tentando respirar fundo para conter meus desejos naquele instante e Carlos Daniel passou sua suave mão por meu pescoço e a desceu para o “v” que minha camisa mal-abotoada fazia entre meus seios em forma de decote.

— Tem que se esforçar, senhor... – Disse e peguei sua mão travessa para continuar nosso caminho. – Não estamos longe.

— Não pode me adiantar um pouco aqui sobre a pauta dessa reunião, senhorita Martins? – Ele perguntou puxando-me novamente, já estávamos no corredor do andar de cima. Carlos Daniel me encostou na parede e levantou minha coxa em direção ao seu quadril e senti meu corpo inteiro estremecer com o sentir de sua masculinidade por dentro da calça tocando minha intimidade pronta para ele.

Não respondi sua pergunta, minha mente não funcionava nesse momento. Apenas fui impulsionada a abrir de uma vez sua camisa quase rasgando-a e a puxei rápido de dentro de suas calças, desabotoei o cinto dele e logo o cós daquela roupa que o impedia de ser revelado por inteiro.

Acariciei todo o seu peito nu com minhas duas mãos e lambi devagar um de seus mamilos, sentia meu corpo inteiro em chamas pelo desejo que me consumia e queria ser possuída por ele ali mesmo. Ele também desabotoou minha camisa e suspendeu minha saia com agilidade, rapidamente me ergueu em seu colo e o ajudei posicionando-me melhor contra seu quadril.

— Está sem calcinha! – Ele suspirou num sussurro em meu ouvido e me abraçou com um de seus braços rodeando todo meu corpo, seus olhos negros brilhavam de tesão e apertava seus lábios em ansiedade mordendo-os.

Meu corpo estremecia em seus braços e eu não sabia mais respirar, tamanha era a ânsia que eu sentia por tê-lo dentro de mim. Ele sorriu maroto, me segurou firme em seus braços e rapidamente estava pronto. Aos poucos pude senti-lo fundir-se em minha intimidade e tentei soltar minha respiração relaxando todo o meu corpo enquanto segurava seu rosto e o olhava no fundo de seus olhos escuros, ele tirou com cuidado uma presilha que prendia meus cabelos, enfiou sua mão por dentro puxando-o com suavidade e esboçou um de seus lindos sorrisos nos lábios mantendo total controle da situação.

— Ahhh... – Suspirei um pouco alto quando o senti deslizar devagar em minha intimidade e meu corpo inteiro arrepiou-se quando ele começou a se movimentar bem devagar entrando e saindo de dentro de mim.

— Gostosa... – Ele disse baixinho em meu ouvido enquanto mantinha suas investidas e o segurei mais forte pelo pescoço para beijá-lo com fogo e paixão. – Eu adoro estar dentro de você, é tão quente, apertada, macia... Adoro o seu corpo inteiro... Adoro você... – Ele sussurrava enquanto penetrava cada vez mais profundo, lançando pequenas tremedeiras por todo meu corpo.

Cada vez que ele dizia aquelas coisas ao meu ouvido e aumentava suas estocadas eu sentia como se minha sensibilidade aumentasse, cada vez que o abraçava e tocava seu peito nu em minha pele parecia que meu corpo incendiaria, cada vez que o beijava a minha alma parecia se renovar e quanto mais rápidas ficavam suas investidas, mais eu podia sentir que estava perto da loucura.

— Carlos Daniel... – Gemi quase que em voz alta seu nome quando atingi o topo daquele precipício, em convulsão do êxtase. Meu corpo estava em absoluta erupção e meu coração parecia querer fugir de meu peito. -...Obrigada! – Eu disse quase sem ar, sentindo uma imensa alegria dentro do meu ser e lhe sorri. Ele colocou meus cabelos para trás e me erguei um pouco mais em seus braços para que nossas intimidades respirassem.

Ajeite-me rapidamente quando ele me pôs novamente no chão e, sem conseguir me conter mais, beijei seus saborosos lábios com calma. Aos poucos retomei meu fôlego e o puxei para dentro de meu quarto.

— Por favor, sente-se! – Pedi e fechei a porta trancando-a com chave e fiz um gesto para que se sentasse no pequeno sofá que havia em meu quarto. Carlos Daniel me olhava intensamente todo o tempo sem dizer nada. – Como o senhor pôde ver, a fábrica está progredindo bastante após sua injeção de capital e...

— Não quero parar... – Ele disse ofegante, sem tirar os olhos de minha camisa aberta enquanto retirava sua calça de uma vez, ficando apenas com sua cueca box. -... De investir nela... – Engoliu em seco e levantou vindo em minha direção rapidamente completamente nu.

— Nós estamos muito empenhados para que haja maior progresso e sucesso nas...

Não pude concluir minha fala, Carlos Daniel tomou minha boca com possessão deixando-me totalmente atordoada e o correspondi imediatamente, todo esse teatro estava me divertindo, mas, com certeza, o que nós dois queríamos era outra coisa muito melhor.

Retirei minha camisa com a ajuda de Carlos Daniel, ele desceu seus lábios com leveza dando leves chupões de minha boca até meu pescoço, de meu pescoço até meus seios e enfim desatou meu sutiã libertando meus seios e os massageou com carinho fazendo-me arfar com seu toque suave, logo tomou um deles em sua boca eriçando toda minha pele, enviando calafrios por meu corpo.

— Ah... Eu... Eu adoro... Trabalhar com... O senhor...! – Declarei com dificuldades num tom quase inaudível quando ele continuou a possuir meus seios em suas caricias arrebatadoras.

— Eu sei que sim...  – Seguiu beijando-os e mordiscando-os um por vez e o empurrei para sentar-se naquele sofá ficando de frente para ele e enfiei meus dedos dentro de seus cabelos incentivando-o que não parasse o que fazia, mas ele sabia exatamente quando parar.

Quando Carlos Daniel pausou suas caricias meu coração deu um sobressalto, senti meu sangue ferver quando ele ergueu uma de minhas pernas em direção a sua cabeça colocando meu pé sobre o seu peito, retirou devagar meu sapato e repetiu o mesmo gesto para retirar o outro, acariciou com leveza minha perna inteira e, bem devagar, começou a distribuir pequenos beijos molhados por minha perna erguida novamente em seu peito seguindo de minha panturrilha até o interior de minha coxa, eriçando cada parte por onde seus lábios tocavam.

 

# Carlos Daniel narrando #

Entrei totalmente no jogo de Paulina, adorando cada detalhe de tudo e lutando contra mim mesmo para conter todo aquele desejo e não possuí-la de maneira selvagem, decidi fazer tudo o que ela queria, mas o jogo não demorou a virar e eu a deixaria tão louca de desejo quanto ela estava me deixando.

— Pois me diga senhorita Martins... – Disse enquanto acariciava sua linda perna. – O que mudou depois do investimento? – Perguntei com um sorriso nos lábios entre minhas caricias e esperei por sua resposta ofegante.

— Praticamente tudo, senhor Bracho... – Ela disse baixinho ao tentar manter sua respiração em ordem enquanto eu passeava meus lábios por sua perna subindo-os para o interior da coxa. -...Conseguimos... Pudemos... Modernizar a produção e... – A medida em que eu subia meus lábios, Paulina sentia mais dificuldades em falar e eu estava adorando vê-la tentar ser resistente quando mal podia dizer uma palavra apenas com o insinuar de meus lábios em sua intimidade.

— Hmm...? – Gemi em forma de pergunta quando toquei com meus lábios sua parte mais íntima, mas não obtinha resposta alguma, apenas a respiração entrecortada de Paulina se podia ouvir e sorri com o canto dos lábios, ela já estava rendida novamente. – O que ia dizendo, senhorita?! – Perguntei ao retirar meus lábios de sua feminilidade, agora massageando-a com meus dedos em lentos gestos circulares.

— Eu... Nós... – Vê-la tão sexy deleitando-se do prazer que eu lhe proporcionava me enchia de desejo. -...Ahhh... - Seu corpo arqueado para trás, seus cabelos longos caíam por seus ombros e tocavam suas costas nuas, seus olhos fechados e seus lábios abriam e fechavam sensualmente enquanto ela tentava falar em forma de gemidos. Nada podia me fascinar mais do que tal contemplação.

— Mais sucinta impossível! – Sorri com o canto dos lábios satisfeito com as reações dela e me preparei para o melhor quando enfiei com cuidado um de meus dedos em sua intimidade deslizando-o para dentro e para fora suavemente, logo tomando agilidade utilizando outro dedo.

— Ahh, Carlos Daniel!!! – Ela gemeu alto e apertou meus ombros, arranhando-os com sua força.

— Está feliz com a sociedade, senhorita Martins?! – Perguntei-lhe dando cada vez mais agilidade em meus movimentos sem pará-los enquanto esperava pacientemente por sua resposta.

— Simmm! – Ela arfou atingindo um incrível êxtase e levantei-me rápido para segura-la, pois parecia que Paulina iria cair quando seu corpo inteiro perdeu o equilíbrio. – Eu estou muito feliz com a sociedade... – Ela disse com um belo sorriso em seus maravilhosos lábios ainda com os olhos fechados no deleite daquele prazer e apenas fiquei ali por uns instantes fitando-a com total agrado.

A peguei nos braços e a deitei na cama ficando em cima dela, essa mulher é pura paixão e sua sensualidade é como faíscas de fogo lançadas da brasa quente, apenas admirá-la podia fazer meu corpo inteiro incendiar de desejo.

— Estou louco para te sentir de novo... – Eu disse sem conseguir mais me conter de ansiedade. Paulina não hesitou, cruzou suas longas pernas em meus quadris e me fitou com toda segurança que podia transmitir em seu olhar brilhante.

— Me toma, Carlos Daniel... – Pediu em súplica, minha masculinidade petrificada de excitação e minha respiração ansiosa enquanto detalhava seu corpo com o passear de minhas mãos.

— Te amo, vida minha... – Suspirei e beijei seus lábios e novamente senti minha excitação invadindo sua quente e úmida intimidade.

Iniciei aos poucos os movimentos indo e vindo de dentro dela, deleitando-me daquele intenso prazer que no consumia. Aumentava e diminuía a velocidade daquelas investidas com o intuito de prolongar aquele momento e enquanto a amava, a acariciava lentamente em todo o seu corpo magnífico e distribuía pequenos beijos por seus ombros, seios, pescoço, rosto e saborosos lábios. Quanto mais intensos os movimentos, mais sentia suas unhas cravarem minhas costas e o desejo apenas aumentava à medida que as estocadas aumentavam, nossos corpos já molhados de suor, e quando sentíssemos que chegaríamos no alto do precipício do prazer, saltaríamos os dois juntos e foi o que aconteceu, explodimos e saltamos em queda livre naquele ardente e profundo momento de êxtase.

Caí cansado e rendido sobre Paulina, que enfiou seus dedos em meus cabelos e os acariciou quando apoiei minha cabeça em seu ventre por um tempo enquanto acalmávamos nossos corpos ainda em erupção.

— Uau, que reunião! – Eu disse em tom brincalhão quando consegui recuperar o fôlego e peguei sua mão para cruzar na minha.

— Foi um sucesso! – Paulina gargalhou ao dizer tais palavras e me endireitei melhor na cama colocando-a sobre mim, ela repousou sua cabeça em meu peito e começou a acaricia-lo com uma de suas mãos e levantei seu rosto para poder olhá-la nos olhos.

— Você é maravilhosa, meu amor! – Toquei seu queixo delicado e acariciei a maçã de seu rosto rosado. – Te amo!

— Você que é! – Ela disse agora seriamente. – Obrigada, Carlos Daniel, de verdade obrigada por tudo, inclusive por cada vez que me leva ao ápice do prazer. Você é... – Paulina dizia enquanto seus olhos verdes e brilhantes ficaram molhados rapidamente. -... Você é simplesmente perfeito...

— Ei... – Senti meu corpo fraquejar no momento em que a vi derramar uma lágrima de seus olhos, as enxuguei imediatamente com meus polegares e ela sorriu um pouco sem graça.

— Carlos Daniel... – Sentou-se ao meu lado ficando de frente pra mim e pousou de novo sua mão em meu peito, logo baixou o olhar e novamente me olhou com os olhos marejados. – Eu nunca... tinha tido um...

— ...Orgasmo? – Conclui sua frase enquanto ela dizia pausadamente suspirando forte e seu rosto logo se ruborizou, peguei sua mão sobre meu peito e a apertei para lhe transmitir confiança e prestei atenção em cada palavra que ela começava a dizer.

— S-sim... Eu sequer sabia como era... – Notei que Paulina se sentia contida com seu desabafo, mas a encorajei a dizer como se sentia enquanto já me sentia preparado para lhe dizer palavras que elevassem seu ego feminino. -... Mas não se sente falta do que não se conhece, então... - Ela sorriu sem graça e baixou o olhar para fitar nossas mãos sobre meu peito.

— Quantas vezes manteve relações antes de mim...? – Perguntei sentindo uma pontada repentina no estômago e temi por sua reação e sua resposta, me senti totalmente enciumado mesmo sabendo que ela era minha, mas respirei fundo e esperei, com um tanto de apreensão, por sua resposta.

— Não... Não foram muitas vezes... – Respondeu de forma objetiva e ficou um pouco pensativa, fiquei a observando por uns segundos e ela começou a acariciar os pêlos de meu peito.

— Pensei que, por se conhecerem a tanto tempo, tinham uma vida sexual ativa. – Rebati tentando não imaginar Paulina com aquele verme, mas era necessário saber algo sobre ele por ela mesma.

— Nós mal nos víamos. – Ela disse ainda pensativa e finalmente me fitou. – Meu amor, eu não quero falar sobre coisas ruins, e sim sobre coisas boas. – Baixou seu rosto até meu peito e beijou ali, logo acariciando-o novamente com as pontas dos dedos. “Eu a entendia, não é nada agradável lembrar-se de alguém que não lhe fez bem, tinha que respeitar e, se queria saber algo, tinha de ser aos poucos até que ela se sentisse a vontade para dizer o que quisesse quando quisesse.”

— Como, por exemplo, que eu fico feliz por saber então que eu sou, praticamente, seu primeiro e único homem em todos os sentidos, pois é assim que eu me sinto com você. – Respondi sorrindo-lhe e ela sorriu feito um anjo.

— Assim é, você que me mostrou o que é ser amada de verdade, desejada, o que é desfrutar do prazer como realmente ele é, você fez e faz eu me sentir mulher cada dia mais...

— Você é pura paixão, meu amor! Apenas precisava de alguém para acender essa chama que há em você e sou um felizardo por ser esse alguém. – Toquei sua mão sobre mim e subi acariciando-a por seu braço até chegar em seu ombro. Segurei levemente seu pescoço com minhas duas mãos e a puxei para  beijá-la.

— Eu não acreditava mais no amor, Carlos Daniel! – Ela desabafou mais uma vez quando encerramos o beijo e seus olhos voltaram a ficar cheios d’água. – Achava que não precisava disso ou que simplesmente não havia nascido para isso. Mas conheci você e... Eu sei que te tratei muito mal quando nos conhecemos... Me desculpa, Carlos Daniel! – Paulina estava chorando grossas lágrimas e senti um aperto no peito por vê-la assim, mas a abracei forte e a mantive em meus braços enquanto lhe acariciava as costas.

— Não diga isso, meu amor... Eu não me importava, achava engraçado até.

— E-engraçado? – Ela perguntou rapidamente afastando-se para me olhar nos olhos.

— Sim, eu adorava a sua resistência, sua agressividade e suas respostas contra mim e, acredite, essas foram as coisas que me deixaram mais atraído por você no começo. – Eu explicava um pouco divertido com o intuito de fazê-la parar de chorar, o que estava dando certo. – Era um pouco selvagem, mas muito sexy e me intrigava tudo em você.

— Eu o intrigava? – Ela perguntou confusa me olhando com seus olhos verdes bem abertos.

— Sim, queria saber mais e mais sobre a mulher respondona que passou a mexer tanto comigo, queria conhecê-la melhor, estar perto de você mesmo que fosse para ouvir respostas mal criadas. – Sorri alto com o que eu acabara de dizer.

— Tonto! – Paulina deu um leve tapa em meu braço e sorriu também, o que me deixou satisfeito por conseguir mais esse sorriso de seu lindo rosto.

— É assim que gosto de ver você, meu amor... Sorrindo, pois fica mais linda quando sorri. – Toquei seu queixo e o acariciei enquanto ela ainda sorria. – Apesar de eu gostar muito daquela Paulina violenta, ríspida e rude, eu gosto muito mais da doce, amável, carinhosa e sorridente. Gosto da maneira como você evoluiu desde a nossa primeira relação, que foi maravilhosa e inesquecível... – Dei uma pausa e coloquei uma mecha de seu cabelo atrás da orelha. –... Até a nossa última “reunião”. – Brinquei a olhando com malicia fazendo-a rir novamente. – Adoro nossa sintonia, nossa química, como nos damos tão bem não apenas na cama, mas na vida...

— Ai, Carlos Daniel! Você foi o melhor que me aconteceu! – Paulina puxou meu rosto contra o seu e me beijou ferozmente, deslizando sua boca na minha com desejo, fogo e prazer. – Eu te amo, meu amor... Te amo, Carlos Daniel... – Agora, novamente ela estava emocionada e deixou lágrimas rolarem por sua face.

— Não chora, meu amor... – Pedi, limpando suas lágrimas teimosas com meus polegares.

— Se choro é por estar feliz de ser você o homem que me fez... – Ela dizia e seu rosto ruborizado denotava ainda mais seu lado angelical e inocente. -...que me fez atingir o clímax todas as vezes que... que fizemos amor...

— Isso acontece porque nós dois somos compatíveis, minha vida... Nos desejamos, temos uma química muito forte, - Eu dizia enquanto acariciava seu rosto e Paulina me olhava nos olhos. – nos encaixamos perfeitamente, - Cruzei novamente nossas mãos encaixando-as. – e o que torna tudo mais gostoso é que nos amamos... Todas essas coisas contribuem, principalmente quando se faz amor com quem se ama de verdade e não apenas sexo. Aprendi isso com você.

— Comigo? – Ela perguntou com os olhos bem abertos em confusão.

— Sim, com a senhorita! – Toquei a ponta de seu nariz e ela piscou confusa. – Quando pensava que apenas fazer sexo já era algo bom, conheci você e vi que tudo vai além disso, eu também não acreditava no amor, nunca acreditei, na verdade. E desde que te conheci eu passei a entender o real significado de tudo isso.

— Mas você já se apaixonou antes e...

— Sim, eu me apaixonei, o que é diferente quando se ama de verdade. Pois a paixão faz com que você veja a pessoa como você deseja e não como ela realmente é, o que pode durar muito pouco se você passar a enxergá-la de fato como é... Já o amor envolve a paixão, mas quando se passa a amar aquela fantasia da paixão passa a ser quebrada e você passa a ver a pessoa como ela realmente é, com seus defeitos e suas virtudes e ama isso nela mesmo sabendo que não é perfeita nem completa.

— Sim, assim é... – Ela respondeu ficando pensativa.

— Por você eu senti os dois. Primeiro a paixão e logo veio o amor, eu te amo como nunca antes e você me fez acreditar cada dia mais que é sim possível amar alguém com toda a alma, você me faz sentir e exalar amor por todos os poros de meu corpo. – Eu disse de maneira espontânea, agora sentindo meus próprios olhos marejarem, eu realmente era um ignorante e desconhecia o sentimento com tal intensidade e importância. – Amor à vida eu sinto hoje porque você me devolveu isso e não há todo dinheiro no mundo que pague e por isso quero cuidar de você, te proteger para que nenhum mal te rodeie, porque te devo a minha vida.

Paulina estava sorrindo feito boba enquanto lágrimas grossas caíam de seus olhos esverdeados, eu não conseguia parar de pensar em sua proteção, seu bem-estar e felicidade, não poderia permitir que algo de ruim lhe acontecesse e as lágrimas invadiram meu rosto também. Aquele era um momento particular nosso e eu estava imensamente feliz por compartilharmos juntos do mesmo sentimento, mas minha consciência pesava cada vez que eu lembrava das coisas que acabara de descobrir e que me fizeram pensar que ela poderia correr risco por algo que não faz a mínima ideia.

— Também te amo, Carlos Daniel... – Ela disse com dificuldades e tomou meus lábios em um beijo calmo, carinhoso e apaixonado. Continuei deitado em seus braços por um tempo mais enquanto recebia seus carinhos e logo tomamos um banho regado de carícias e sensualidade, o que acendeu nossa chama para mais um ato de amor naquela noite.

xxx

Acordei bem mais cedo que Paulina na manhã seguinte apenas para ter o prazer de contemplá-la dormir por mais uns momentos, quero manter cada momento que passamos juntos guardados em minha memória, ela dormia feito um anjo com suas mãos sobre o travesseiro e seu rosto apoiado nelas virado para mim, seus cabelos soltos caíam um pouco em seu rosto, o lençol cobria apenas parte de seu corpo revelando a extensão de suas costas e, vê-la embalada em seu sono pacífico e pesado, me fizeram voltar a pensar mais uma vez em seu bem-estar, não podia ficar tranqüilo sabendo de coisas tão absurdas sobre aquele homem e tenho muito medo que ele volte a procurá-la para lhe fazer mal, não sei do que seria capaz de fazer se isso acontecesse.

— Fico curiosa para saber o que pensa quando me olha assim enquanto durmo. – Ela disse com voz matinal tirando-me dos meus pensamentos.

— Você não faz ideia do quão linda é enquanto dorme, estava pensando que mal posso esperar por acordar ao seu lado todos os dias da minha vida. – Respondi carinhoso e rocei meus lábios em suas costas nuas.

Ela apenas sorriu e voltou a fechar os olhos, continuei acariciando-a e sussurrei baixinho em seu ouvido que precisava ir, pois tinha de resolver algumas coisas importantes aquela manhã e, como iremos ao aniversário da vovó Piedade, precisava deixar tudo em ordem.

Me despedi dela prometendo que nos veríamos ainda aquele dia, me vesti e saí em silencio para não despertá-la tão cedo e quando estava prestes a sair do saguão, fui pego de surpresa por Sophia, que acabara de chegar.

— Carlos Daniel?! – Ela disse aproximando-se com um largo sorriso no rosto e me cumprimentou.

— Sophia... Não esperava vê-la tão cedo... – Respondi um pouco desajeitado, não esperava que ela pudesse aparecer lá tão cedo e sabia que não era certo dormir em sua casa, mas lhe sorri como se nada e ela começou a rir sozinha.

— Eu digo o mesmo, Carlos Daniel! – Disse risonha. – Ainda vou à aula hoje, vim pegar uns livros. A Lina já está acordada?

— Não, não quis acordá-la, ela ainda vai trabalhar mais tarde... – Respondi com um tanto de receio por tê-la encontrado. – Sophia... Será que pode ser nosso segredo que passei a noite aqui?

— Não se preocupe, papai não saberá! – Ela disse fazendo um gesto com a mão na boca como se tivesse um zíper ali. – Afinal, eu nunca vi Paulina como agora... Então, por mim você viria todos os dias que eu não me importaria, apenas por vê-la assim...

— E como você define “assim”? – Perguntei rindo de seu jeito espontâneo de falar e ela fez um gesto para que sentássemos nas poltronas que ficavam ali no saguão da casa.

— Radiante, falante, descontraída, sonhadora... – Ela disse me olhando com um sorriso nos lábios. – Nunca vi minha irmã tão feliz como agora! Ela o ama muito, Carlos Daniel!

— Eu também a amo muito, Sophia! – Respondi muito contente com o que acabara de escutar.

— Eu sei disso! E espero que a faça muito feliz, a Paulina é uma pessoa sem igual, Carlos Daniel, não é porque ela é minha irmã, mas é uma pessoa tão rica de coração que não dá nem pra defini-la bem.

— Disso eu também sei, é uma mulher extraordinária! – Ambos estávamos sorrindo enquanto falávamos de Paulina com tamanha admiração.

— Você amansou mesmo a fera, hein! – Ela disse brincalhona e cruzou os braços enquanto gargalhava. – Eu sabia!

— Sempre serei grato a você por ter me ajudado com Paulina!

— Não diga assim, cunhadinho! Minha satisfação é ver Paulina “assim”. Ela nunca deixou de ser carinhosa, prestativa e amável com a gente, mas tornou-se uma pessoa ríspida e grosseira com os homens. Ninguém podia se aproximar dela, ela afastava todos os que tentavam sequer paquerá-la. Parecia um bicho do mato.

— Mas, por que Paulina ficou assim?

— Ela sofreu desilusões, sempre foi muito entregue. Paulina faz coisas pelos outros sem querer nada em troca e tem gente que se aproveita disso para usá-la.

— Você se refere ao ex dela? – Perguntei muito interessado, se tinha alguém que poderia me tirar muitas dúvidas, esse alguém era Sophia.

— Sim, esse é o principal. – Ela disse com um pouco de rancor no olhar. – Eu não sei muito bem o que aconteceu entre eles para se separarem, mas a Paulina fazia tudo para agradá-lo e ele não lhe retribuía como devia. Sempre estava “viajando” ou inventava desculpinhas, eles se viam pouquíssimas vezes no mês, ele não fazia muita questão, sabe...?

— E como durou tanto tempo um relacionamento assim?

— Eu não sei... Mas quando a Lina o conheceu, ele era metido a romântico e fazia umas cafonices para a minha irmã cair em sua lábia. Nunca fui com a cara dele. – Continuou com desgosto. – Já o ouvi falando ao telefone várias vezes com alguém que parecia ser outra mulher, mas a Lina nunca percebia nada, estava ceguinha!

— Você sabe como eles se conheceram?

— Eu era muito nova ainda, ninguém me contava muita coisa e a Lina nunca estava em casa. Ela era modelo e também estudava na faculdade, eu sei que eles se conheceram nessa faculdade, mas parece que ele não estudava lá, não sei. Lembro que minha mãe não gostava dele e papai não aprovava o namoro porque ele parecia mais velho e a Lina tinha que estudar, papai não queria que ela perdesse o foco.

— Seu pai tentou intervir alguma vez? – Perguntei enquanto pensava: Não é possível que ele não se meteu, que não percebeu o tipo de homem que aquele cara é.

— Algumas vezes, mas ele conseguiu ganhar o papai. Lembro que minha mãe incentivava a Lina a modelar e me dizia que era um meio de tirá-la de perto dele. – Ela disse em um tom triste e baixou a cabeça.

— As mães costumam pressentir certas coisas...

— Sim, é verdade... E minha mãe era assim... A Lina sempre a ouvia, mesmo gostando tanto do Mauricio. Ela sabia que nossa mãe queria o melhor pra ela. Ela fez uma especialização no exterior e eles deram um tempo, minha mãe ficou aliviada. Ela estava tão bem sem ele, sabe...? Mas quando ele voltou, disseram que se casariam. Eu não entendi nada!

— Ele não ia visitá-la?

— Que nada! Ele quase não aparecia aqui... Sempre tinha desculpas... Até mesmo a família dele nós nunca soubemos de onde veio.

— Qual era a desculpa dele para isso?

— Ele disse que seus pais morreram num acidente de carro.

— Você lembra em que época foi isso, Sophia?

— Foi antes de minha mãe falecer... Depois que a Lina decorou o apartamento com a mamãe e decidiu parar de modelar. Já tem um bom tempo, não sei dizer ao certo.

— Há quanto tempo eles se conhecem e quando eles romperam?

— Acho que eles se conhecem há uns nove anos mais ou menos, contando com o tempo em que namoraram, ficaram noivos e estão separados. Eles romperam faz uns três anos!

Tornei-me pensativo com as informações de Sophia, muitas coisas já começaram a se encaixar em toda essa história, queria perguntar muito mais coisas, mas não era prudente quando já havia perguntado tanto. Se continuasse, Sophia iria estranhar. Continuamos conversando um pouco mais e desviei o assunto da conversa.

— Você vai levar minha irmã para conhecer sua família? – Ela perguntou com um sorriso alegre quando nos levantamos.

— Sim, minha avó está fazendo aniversário amanhã.

— É, a Lina me disse que conheceu a sua avozinha.

— Iremos amanhã, não se importa se eu tomar sua irmã por mais dois dias não é?

— É por uma justa causa! – Brincou.

— Bom, eu tenho uma casa de verão em Acapulco, lá tem uma lancha e uns jet-skis, se você quiser, pode ir para lá com suas amigas. Convide quantas quiser e passe esse fim de semana lá.

— Não brinca, Carlos Daniel!!! – Ela disse com os olhos bem abertos exasperada.

— Estou falando sério! – Respondi rindo de seu jeito de menina.

— Posso convidar quantas eu quiser mesmo? – Perguntou eufórica.

— Pode sim!

Oh my God! O pessoal da faculdade estava falando em dar uma festa, estamos nos conhecendo, sabe...? Eu poderia convidar algumas pessoas? Seria muito cool poder socializar com eles, já que sou nova na turma e tal...

— Bom, por mim tudo bem... Mas precisa falar com a Paulina primeiro e me avisar, assim eu peço para Matilde avisar aos empregados de lá.

— Eu não acredito, Carlos Daniel! – Ela disse me abraçando de uma vez muito eufórica. – Você é o melhor cunhado do mundo!!!

— Mas tem uma condição, mocinha! – Eu disse quando ela me soltou e ela se pôs séria.

— Ai, o que você quiser!

— Que você seja muito responsável e que não faça nada de errado, me entende? Sem bebidas alcoólicas, sem muitos garotos... Você ainda não tem idade para certas coisas e, SIM, você me entende...

— Claro! Ai, Carlos Daniel... Pareceu a minha irmã falando agora! – Ela disse revirando os olhos recordando-me a noite em que a conheci.

— Não quero que se meta em encrenca de novo. – A adverti seriamente e ela me olhou assentindo.

— Não se preocupe, eu já aprendi a lição.

— Espero que sim.

Despedi-me de Sophia e segui direto para casa, pois meu dia já havia começado e teria muitas coisas para resolver...

* Paulina narrando *

Despertei assustada por sentir uma sensação de que não estava sozinha em meu quarto e levantei minha cabeça ainda um pouco sonolenta para olhar em volta do quarto. Não havia ninguém ali. Ele já foi embora e eu mal consegui me despedir dele... Pensei e recostei novamente minha cabeça no travesseiro sentindo o sono voltar à tona e quando menos esperei, levei um forte susto ao ver quem estava bem em minha frente, meu coração faltou sair pela boca imediatamente e senti meu corpo inteiro estremecer com tal reação.

— Você?!

 ...


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Notas finais do capítulo

Gostaram?
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Obrigada por lerem, meninas.
Bjos e até o próximo capitulo :*