Te Odeio Por Te Amar escrita por TamY, Mazinha


Capítulo 59
Capítulo 59 - "Não vou mais me meter entre vocês"


Notas iniciais do capítulo

Oi, meninas!
Desculpem pela demora em postar e obrigada por não desistirem da história.
Esperamos que gostem.
Boa leitura! :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/486594/chapter/59

* Paulina narrando *

— E então...?

— Não acha que está indo rápido demais, senhor Bracho? – Meu pai perguntou cruzando os braços. – Não se conhecem o bastante para se casarem.

— Conheço Paulina o suficiente para fazê-la minha esposa e ela a mim. Nos amamos, senhor, isso é o que importa. Se ela aceitasse, seria capaz de me casar agora mesmo com ela.

— Essa decisão é apenas de Paulina... – Papai disse encarando-o e logo me olhou seriamente. -... Se ela acha que ao seu lado pode ser feliz não posso impedi-la de se casar. Mas o meu conselho é que esperem mais até tomarem essa decisão.

— Papai, eu amo o Carlos Daniel e quero me casar com ele. – Respondi o olhando com um pequeno sorriso. – Mas não se preocupe que não tomarei nenhuma atitude precipitada, seremos sensatos em nossas decisões.

— Assim espero. – Ele respondeu em tom seco e encarou Carlos Daniel, que continuava parado segurando minha mão. – Vou voltar para o meu quarto, mais tarde conversamos Paulina, com licença. – Disse com frieza e saiu do escritório deixando-me com Carlos Daniel.

...

# Carlos Daniel narrando #

Meu encontro com o meu sogro não foi nada bom, as coisas não poderiam ficar pior. “Quando em minha vida poderia me imaginar em uma situação dessas, pego em flagrante pelo pai de minha namorada?”. Pensei.

Com a saída dele, Paulina permaneceu em silêncio e estranhei um pouco pelo fato de ela não ter se aproximado de mim como normalmente faria. “Teria ficado brava por eu ter desafiado seu pai?”. Eu não poderia permitir que o senhor Martins dissesse o que bem entendesse e eu ficasse em silencio, tenho sangue nas veias.

— Que bom que seu pai nos apóia incondicionalmente! - Brinquei tentando soar o mais bem humorado quanto a situação permitia.

Paulina me olhou seriamente enquanto se sentava em um pequeno sofá à minha frente, permaneci em silêncio a observando. Nem mesmo essa pequena brincadeira me fez saber como ela se sentia quanto ao que aconteceu naquele gabinete ou tudo que ela acha que aconteceu entre mim e seu pai.

— Você e papai estavam discutindo antes de eu chegar!

Aquilo não foi uma pergunta, então não achei necessário uma mentira, apenas assenti e me aproximei ajoelhando-me em sua frente segurando suas mãos nas minhas, tentando de alguma forma transmitir que estava tudo bem entre nós, apesar da nossa “pequena discussão”.

Não poderia ser culpado por tentar alertar o senhor Martins e ele, tenho certeza de que, apesar de não gostar muito de mim, era maduro o suficiente para entender minhas preocupações, mesmo que agora ele parecesse cego pelo vicio ou sei lá o quê mais estaria deixando um homem como ele tão vulnerável quanto ao caminho que trilhava.

— Não se preocupe! - Disse a olhando seriamente. – O senhor Martins ama muito as filhas para não levar em consideração tudo que conversamos! - Completei sorrindo-lhe amavelmente.

— Obrigada por tentar intervir! - Paulina agradeceu com um sorriso sem graça. – Não quero que os dois homens que amo fiquem brigados!

— Não estamos brigados! - Afirmei calmamente.

— Me pareceu que estavam! – Ela disse olhando-me nos olhos como quem busca a verdade.

— Bom... Talvez estamos um pouquinho brigados, mas logo vai passar você vai ver, meu amor! – Disse-lhe sorrindo de maneira convincente.

— Tomara que sim! – Ela respondeu não acreditando muito em minhas palavras.

Não a culpava, o meu sogro parecia me odiar e não fazia nada para esconder tal sentimento... Também pudera, eu estava dormindo com sua filha, invadindo sua casa, me metendo em seus negócios escusos. Não poderia tampouco culpá-lo por seu ódio “gratuito”, já que eu estava apenas zelando pelo bem de uma família que ainda nem era a minha, mas que em breve será, se de mim depender.

— Quando disse que queria me casar com você, não foi apenas para afrontar seu pai! - Quebrei o silêncio que se instalou entre nós. – Quero de verdade torná-la minha para sempre! – Conclui sorrindo-lhe abertamente com a idéia.

Se bem que minha já a considerava, mas queria torná-la minha em todos os sentidos, queria entrelaçar minha vida com a de Paulina e moveria céus e terra para isso, e nem mesmo o senhor Martins que, sendo o pai e tinha alguma influencia sobre Paulina, poderia me impedir de alcançar meu objetivo.

— Só não quero que apressemos demais as coisas! - Vi o cuidado com que Paulina escolheu as palavras e franzi o cenho não a entendendo.

— Não quer casar comigo? - Perguntei estranhando seu modo de dizer que não deveríamos correr.

— É o que mais quero nessa vida! - Paulina disse sorrindo daquela forma carinhosa que fazia meu coração se aquecer. – Só que esse não é um bom momento para falarmos em casar! - Completou. – Tudo ao seu tempo! – Sorriu olhando-me com ternura e tocou meu ombro com carinho.

Tinha que entender que Paulina não poderia pensar em casamento quando seu pai a cada dia se afundava mais nos vícios... Teria de esperar, mas não desistiria. Jamais.

— Certo! – Eu disse colocando-me de pé e a puxei pelas mãos para que seguisse meu exemplo e ficasse de pé também. – Agora acho melhor eu ir antes que o meu sogro volte e me atire porta afora! - Completei bem humorado.

Nem mesmo a briga com o senhor Martins e o adiamento no assunto “casamento” poderiam me tirar o bom humor quando eu estava com Paulina.

— Eu te acompanho até a porta! - Paulina se predispôs entrelaçando nossas mãos.

Mas antes que pudesse se esquivar de mim a prendi em meus braços, o riso que escapou de seus lábios transformou aquele dia que começou tenso em algo muito melhor. A abracei pela cintura trazendo-a para mais perto moldando nossos corpos um no outro. Meu corpo se aqueceu com sua delicada forma na minha e ofeguei antes mesmo de beijá-la.

* Paulina narrando *

— Bom dia, Lina... Seu príncipe já foi embora?! – Perguntou Adelina ao me cumprimentar quando entrei e passei pela sala.

— Bom dia, Adelina! Sim, acabou de sair. – Respondi com um meio sorriso.

— Está tudo bem? Essa carinha não me parece muito animada.

— Como pode estar tudo bem depois do que aconteceu ontem, Adelina? – Respondi baixando o olhar e Adelina segurou minhas mãos. – Acabo de encontrar papai e Carlos Daniel numa discussão.

— Sério, Lina? – Adelina perguntou pondo as mãos na boca, espantada. – O que... O que houve?

— Eu não sei ainda... Mas Adelina, o que eu vou fazer se eles não se derem bem? O que eu posso fazer se papai não apoiar meu relacionamento com Carlos Daniel? E o que mais eu posso fazer se papai não parar de fazer coisas iguais as da noite passada? – Perguntei de uma vez sentindo um aperto em meu peito e meus olhos se encheram d’água.

— Minha menina, você não tem que ficar assim... - Adelina disse com sua doce voz e me puxou para sentarmos no sofá. - Tem que se acalmar. Tudo pode ser apenas impressão sua e você já está sofrendo assim por antecipação. Você é forte e isso tudo vai se resolver. Seu pai ainda está se acostumando com a idéia de você namorar o seu Carlos, tente entender isso também.

— Eu tento entender, Adelina... Mas não posso deixar de seguir a minha vida por causa de papai. – Disse com a voz trêmula pelo choro que me dominou.

— Paulina, seu pai quer apenas o seu bem... Fique tranqüila, tudo é uma questão de tempo. É muito recente ainda o seu namoro e ele logo vai aceitar, você vai ver. – Adelina me abraçou e acariciou meus cabelos enquanto eu chorava. Precisava de seu colo um pouco, o colo de uma mãe.

...

Tomei meu café da manhã antes de todos e subi para o meu quarto para uma ducha. Fiquei ali por um tempo embaixo d’água refletindo sobre tudo o que aconteceu na noite passada e fiquei me perguntando qual era a real opinião de Carlos Daniel a respeito de minha família. Lembrei-me dos seus conselhos e cheguei à conclusão de que meu pai precisa de uma ajuda profissional, não podemos mais demorar ou pode acontecer um desastre, e papai precisa voltar a ser como antes ou as coisas podem piorar, nossa reputação já não está tão limpa e, com ele cometendo tantos deslizes tudo pode realmente ir por água abaixo.

— Lina, posso entrar? – Ouvi a voz de Sophia através da porta enquanto tentava secar meus cabelos frente ao espelho da penteadeira.

Levantei-me e fui abrir a porta para ela, que entrou rapidamente e sentou-se na cama.

— Bom dia! – Ela disse ao deitar-se preguiçosa.

— Bom dia! – Lhe sorri e voltei à atenção para o meu reflexo no espelho.

— Como foi a noite, ham? – Ela perguntou com o tom carregado de malícia enquanto me olhava pelo espelho. Não disse nada, apenas fiz um sinal negativo que a fez entender a minha resposta. – Pela sua cara... – Sentou-se rapidamente.

— Precisamos pensar no que fazer Sophia. – Virei-me para olhá-la seriamente.

— Sim, eu sei... As coisas estão passando dos limites. – Ela disse baixando o olhar e ficamos de frente uma para a outra. – Imagino o quão deve estar sendo difícil pra você ter que lidar com tudo isso por causa do Carlos Daniel.

— Demais... E papai não o aceita. – Respondi respirando fundo para conter um choro ameaçador. – Não sei o que fazer... Pensei que as coisas estavam indo pros eixos.

— Ele te disse isso? – Ela perguntou preocupada tocando o meu ombro.

— Não diretamente, mas sabe como é nosso pai. Carlos Daniel passou a noite aqui e esta manhã papai o encontrou lá em baixo.

— Ai, meu Deus. E então?

— Desci e eles estavam discutindo na biblioteca.

— E você conseguiu ouvir o que eles conversavam?

— Não, mas com certeza não estava sendo nada bom. Papai estava gritando e Carlos Daniel debatia com ele, não sei exatamente o que falavam e quando entrei na sala, eles mudaram de assunto.

— Que tenso, Lina... Mas até ouvir da boca do papai, não tire essas conclusões. O Carlos Daniel é um bom homem, o que mais o papai pode querer de alguém para te namorar? – Sophia disse encostando sua cabeça em meu ombro. – Olha, ele pode estar com ciúmes, sabe que ele sente ciúmes.

— Não justifica, Phia... E não sei o que faria se papai me pedisse para terminar com o Carlos Daniel. – Respondi com a voz entrecortada apenas em pensar na possibilidade de um rompimento, não seria justo que isso me acontecesse, mas não podia descartar essa possibilidade.

— Você o ama?

— Sim, muito.

— Então... Não tem que se preocupar, papai tem que entender que você é uma mulher adulta e escolhe ficar com quem você quiser. Você não costuma fazer escolhas erradas, mana. Sempre foi tão sensata, não é justo que papai não entenda e aceite você com o seu Bracho. Papai nunca os viu de perto para saber como opinar.

Apenas sorri sem graça, tentando mascarar o que estava sentindo para Sophia. Meu coração doía só de pensar que, provavelmente, teria que escolher entre meu pai e Carlos Daniel. Não quero perder o homem que está me fazendo tão feliz depois de achar que não encontraria mais alguém que me completasse, mas também tenho medo de decepcionar o meu pai, tenho medo que ele tome minhas atitudes que reprova como motivos para suas saídas. Não quero me sentir mais responsável pelos problemas de casa, como se não bastasse o fato de não acompanhar de perto os passos de papai.

— Phia... Quero que me ajude a convencer o papai a freqüentar uma clínica de reabilitação. – Pedi seriamente e Sophia me devolveu um olhar mais preocupado.

— Você acha que é pra tanto, Lina? – Perguntou colocando-se de pé.

— Sim, não sabemos se ele está fazendo o mesmo que antes, mas precisamos tomar uma atitude, apenas nós duas podemos fazer algo por ele. Temos que ser fortes e convencê-lo a se tratar, pelo bem de todos.

— Eu não sei se ele vai querer, Lina...

— Phia, ele tem que aceitar ou teremos de tomar as medidas cabíveis... – Respondi pensativa, mas evitei pensar em algo pior naquele momento.

— Tá legal, Lina... Vamos conversar com ele sim. Conte comigo! – Sophia me abraçou e saiu do quarto deixando-me sozinha com meus pensamentos.

# Carlos Daniel narrando #

Depois que saí da casa dos Martins, durante o caminho de casa não parava de pensar em todas as coisas que aconteceram essa noite e hoje pela manhã, não conseguia deixar de reproduzir aquela conversa entre mim e o meu sogro.

“O que devo fazer agora? Não sei o que posso fazer se o Sr. Santiago Martins realmente não aprovar o meu namoro com Paulina... Ele não pode fazer nada, ele não está na razão dele quando disse que não posso fazer a Paulina feliz... Ou será que está? Ou será que eu não sou o homem que Paulina merece? Disso eu sei, Paulina merece muito mais, mas eu também sei que sou digno sim dela, que o homem que sou hoje sim merece uma mulher a altura de Paulina.”  Pensava sem parar enquanto dirigia e sentia minha cabeça ferver, estava preocupado agora, se ele fizer mais besteiras não vou agüentar e vou me meter de novo. Preciso me controlar, não posso perder Paulina por algo que sequer tenho culpa.

— Preciso controlar essa situação... – Pensei em voz alta e buzinei enquanto esperava os portões de minha casa se abrirem.

— Bom dia filho, está bem? – Matilde perguntou quando se aproximou com um meio sorriso nos lábios. – Eu fiquei preocupada porque você saiu cedo ontem e não voltou, mas depois pensei que poderia estar com a senhorita Paulina.

— Bom dia, Matilde! E não se preocupe, estava na casa dela. Mas agora preciso tomar um banho e comer algo rápido porque tenho que ir para o escritório. – Respondi tocando-lhe o ombro antes de subir até o meu quarto.

— Tudo bem, vou mandar preparar seu café então. – Ela disse quando nos despedimos.

Subi rapidamente para o quarto e tomei um banho frio, não sabia muito bem o que fazer para convencer o meu sogro de que posso fazer a sua filha feliz, mas tentaria não pensar nisso agora, precisava pensar em outras coisas, afinal, a semana passaria rápido com certeza, e isso era o que eu menos queria. Saí do banho e escolhi ligeiro uma roupa para o trabalho, me vesti rapidamente e ouvi leves batidas na porta.

— Pode entrar! - Matilde entrou com uma xícara de café em mãos. – Obrigado, Matilde. – Disse quando peguei rapidamente a xícara e tomei um gole daquele café forte.

— E como está a sua namorada, senhor?

— Ela está bem, Matilde, estivemos juntos agora e... – Ia dizendo, mas fui interrompido com o timbre do meu celular que soava alto. – Só um minuto. – Pedi dando uma leve pausa e lhe entreguei a xícara para pegar o aparelho.

Sorri feito um bobo quando vi o nome de minha Paulina no visor do meu celular e Matilde me olhou com encantamento.

— Estávamos falando justamente de você agora! – Disse ao atender a chamada e olhei para Matilde rapidamente.

— Estavam?

— Sim senhora! Matilde e eu.

— E posso saber o que estavam falando? – Ela perguntou com um tom de voz curioso.

— Mas é claro, meu amor... Que sentimos sua falta aqui e que queremos que venha morar definitivamente conosco. – Disse sorrindo e pisquei para Matilde que, agora, franziu o cenho enquanto sorria.

— Ai, bobo! – Ela disse sorrindo e pude imaginar seu lindo rosto ruborizado enquanto seus olhos estavam bem abertos. – Manda um beijo pra ela!... Bom, eu queria apenas saber se chegou bem em casa.

— Não se preocupe, meu amor. Estou bem, eu vou para o escritório, não quis ligar porque pensei que estivesse dormindo.

Eu e Paulina conversamos mais um pouco e logo precisei me despedir para ir ao trabalho.

... Escritório de Carlos Daniel...

— Bom dia, Marta! – Cumprimentei minha secretária que estava à minha espera com alguns papeis nas mãos.

— Bom dia, senhor! Antes de mais nada, quero dizer que tem alguém o esperando. – Ela dizia enquanto caminhávamos até a minha sala.

— Mas já? Quem está me esperando agora? Por que não marcou para mais tarde?! – Perguntei um tanto impaciente, não estava muito a fim de discutir sobre negócios com ninguém tão cedo nesse dia.

— É que é o senhor Santiago Martins.

— Quem? – Perguntei parando repentinamente. – O que ele faz aqui?

— Eu não sei, senhor. Ele exigiu que eu o deixasse esperar lá em sua sala e, como ele é o seu sogro eu... – Marta disse com um semblante medroso. Será que eu a trato tão mal assim para que ela tenha medo de mim?! Me perguntava enquanto a olhava praticamente suando frio.

— Tudo bem, vou falar com ele. – Disse com um singelo sorriso, o que fez a Marta ficar aliviada. – Quando Rodrigo chegar, por favor, peça que ele vá falar comigo.

— Sim senhor.

— Mas apenas quando o meu sogro for embora. – A adverti antes de adentrar a minha sala.

— Sim senhor.

...

— Será que agora devo lhe dizer “bom dia”, senhor meu sogro?! – Disse com um tom de ironia quando entrei na sala e o vi em pé com a cara amarrada.

— Vamos direto ao assunto, vim aqui para podermos conversar de uma maneira mais... Civilizada. – Ele disse me acompanhando com o olhar quando fiz um gesto para que ele sentasse e também me sentei em sua frente.

— Ah, não sou eu quem está dizendo... – Respondi com um leve sarcasmo e o observei um tanto embaraçado.

— Primeiro eu quero saber como você sabe sobre as coisas que... – Ele coçou a cabeça e me olhou desconfiado. - ...que eu faço? Por acaso anda me vigiando por aí, Bracho?

— Olha senhor, para investir tanto dinheiro em um negócio, preciso saber com quem estou lidando primeiramente. Não posso sair por aí fazendo acordos com qualquer um, sou um homem sério com negócios sérios e não gosto de fazer parceria com “qualquer um”, se é que me entende. Sempre ouvia falar sobre sua fábrica e sei do potencial que ela tem, foi uma grande pena ter chegado aonde chegou, mas quando vi que com minha ajuda todos nós poderíamos sair ganhando, decidi investir nela e, claro, precisei saber um pouco mais sobre o meu “possível sócio”.

— Então sabia de Paulina também...

— Não, nunca pude imaginar que Paulina é sua filha. Apenas sabia que tem duas filhas, mas somente isso. Paulina e eu nos conhecemos em um parque onde costumamos correr, ela não sabia muito de mim nem eu dela até nos encontrarmos aqui mesmo nesta sala e descobrirmos que ela é sua filha. O contrato já havia sido feito, o dinheiro já tinha sido transferido, foi uma surpresa para nós dois. – Eu disse seriamente olhando-o nos olhos, precisava demonstrar-lhe toda a minha sinceridade ou correria o risco de perder Paulina.

— Gostaria muito de acreditar em suas palavras, senhor Bracho. Estou tentando não pensar que está com minha filha só pela garantia de seu dinheiro, mas não consigo.

— Como pode pensar uma coisa dessas, oras?! – Levantei-me irritado com tal ofensa e ele também se levantou.

— Conheço a sua grande fama de mulherengo, que jamais quer se casar, que dorme com suas secretárias, dentre outras coisas que não convém nem citar...

— Ah, mas olha só... Quem será que anda investigando quem por aqui? – Disse com ironia sem deixar de demonstrar minha raiva.

— Não é necessário te investigar para saber sobre isso, todos sabem da vida de promiscuidade que você leva. – Ele disse aproximando-se de mim com o olhar carregado de críticas.

— O-olha só... Eu não sou mais o mesmo homem desde que conheci a sua filha e tento prová-la a cada dia. Paulina me conhece e sabe o que eu sinto por ela. – Rebati com toda a sinceridade que meu coração podia sentir.

— Minha filha está muito apaixonada por você, não suportaria ser enganada mais uma vez, ela não merece isso, entende? – Perguntou olhando-me com seus olhos vermelhos feito brasa. Eu não sou quem ele pensa, o que ele quer dizer com isso?!

— Entendo e concordo com o senhor. Paulina não merece ser enganada por quem ela ama. – Respondi seriamente e ele me olhou pensativo.

— Assim espero... – Ele disse já acalmado e me olhou novamente, agora seu olhar não estava tão cheio de raiva e confesso que senti certo alívio ao notá-lo. - Bom, se é assim... Devo lhe pedir desculpas pelo inconveniente de ontem à noite e por todas as ofensas que lhe disse hoje cedo, não deveria ter falado todas aquelas coisas.

— Olha senhor, não é a mim que tem que pedir desculpas e...

— Eu sei... – Interrompeu-me rapidamente. – Mas quero esclarecer umas coisas com o senhor, vou falar com as minhas filhas, não tenha dúvidas, mas preferi vir aqui e conversar com você antes.

— Não precisa me esclarecer nada, eu não tenho nada a ver com sua vida pessoal, lembra-se? O senhor mesmo fez questão de jogar tudo isso em minha cara.

— Eu... É... Eu estava muito irritado, não queria admitir que estava errado, eu não gosto que ninguém me diga o que fazer.

— Mas suas filhas não querem o seu mal, senhor, deveria saber disso. – Disse analisando-o, ele baixou a cabeça e colocou as mãos nos cabelos.

— Eu sei disso! – Ele disse seriamente e fiquei apenas observando-o.

— Tenho que ir, obrigado por me receber... – Ele disse pondo-se de pé. - Olha, mais uma vez eu vou repetir. Não quero que magoe a Paulina, ela é uma mulher extraordinária e não merece alguém que se aproveite dela. – Ele disse tocando novamente no mesmo assunto e não pude deixar de me sentir ofendido com essas palavras, mas o entendi e fiz o possível para demonstrá-lo compreensão.

— Eu a amo e a respeito, jamais faria algo para magoá-la.

— Espero que esteja sendo sincero, senhor Bracho, pois se fizer algo de ruim à Paulina...

— Estou avisado, senhor. – Retruquei chateado, mas não podia lhe tirar sua razão quanto aos seus conceitos e advertências sobre mim.

— E espero que estejamos bem a partir de agora, por Paulina. – Ele disse estendendo sua mão direita para me cumprimentar.

— Por Paulina... – Retribuí seu cumprimento e o acompanhei até a saída da sala.

Tudo isso estava realmente muito estranho, tudo bem que o meu sogro se preocupa com suas filhas e não quer que ninguém lhes faça mal. Mas o que será que ele quis dizer com toda essa cena? Qual será sua real intenção se a poucas horas atrás estávamos prestes a socar um ao outro? Desde o primeiro dia que o vi notei que ele não vai com a minha cara e, mesmo assim ele acabou de dar o braço a torcer por algo que eu ainda não consigo entender. O que será que o senhor está planejando, senhor Martins...? Eu tenho que descobrir.— Pensava enquanto sentado em minha cadeira após o meu sogro ter saído.

— Bom dia, Carlos Daniel! – Disse Rodrigo despertando-me de meus devaneios. – Acabo de encontrar o senhor Martins na recepção, está tudo bem?

— Está sim, Rodrigo. Ele veio em forma de paz, acredita?

— Claro, afinal vocês logo serão da mesma família, é importante que mantenham uma boa relação.

— Eu não sei não, pra mim isso tá bem estranho. Não passamos nada bem desde que ele chegou bêbado em casa, você sabe como é...

— Sim, eu imagino, ele não deve ter gostado nada de te ver em sua casa com sua filha.

— Pois é, muito menos quando me viu saindo hoje cedo de lá. – Concluí pensativo.

— Eu faço idéia, pois não ia gostar nada também se fosse minha filha. – Ele disse em tom divertido, mas logo ficou sério quando o olhei rapidamente.

— O que quer dizer com isso?

— Não me diga que você ficaria contente em ver um homem saindo do quarto de sua filhinha querida cedo da manhã...

— Paulina não é nenhuma criança, Rodrigo.

— É, mas pode ser que ele não pense assim... Isso são coisas que só quem é pai sabe...

— Pode ser que você tenha razão...

* Paulina narrando *

...

Não fui à fábrica e Sophia não foi para a aula. Decidimos ficar em casa até nos reunirmos com papai para uma séria conversa depois do almoço.

— É... Adelina me falou que estariam aqui... – Ele disse ao entrar em seu escritório e nos encontrar esperando-o.

— Paulina, se você quer falar sobre seu namoro com aquele rapaz...

— Qual é o seu problema, papai? O que está acontecendo? – Perguntei interrompendo-o enquanto o olhava muito seriamente.

— Ué, comigo não tem problema algum... Agora deram para me tratar como criança e até monitorarem a hora que eu chego em casa? – Perguntou de uma vez sem me olhar enquanto caminhava até a sua mesa. – Lá se foi o tempo em que eu tinha privacidade nesta casa!

— Essa não é a questão e você sabe disso... – Respondi inquieta.

— E qual é a questão então? – Perguntou olhando para mim e Sophia franzindo o cenho e buscou um charuto em sua gaveta.

— Está bebendo além do normal, chega em casa muito tarde e... Papai, porque tratou a Phia daquela forma tão grosseira?

— Papai, o que eu te fiz para agir assim comigo? – Perguntou Sophia sentando-se frente à ele, ele a olhou sem graça e logo desviou seu olhar para o charuto que acendia em sua boca.

— Sophia, minha filha, me desculpe pela maneira que falei com você ontem a noite, mas entendam que me sinto sufocado com alguns problemas e, no momento que quero ficar em paz, vocês me cercam para encher de perguntas. Como querem que eu reaja?

— Com educação, papai. Onde está o seu cavalheirismo? Você costumava ser um gentleman, mas agora... – Sophia respondeu levantando-se um pouco impaciente.

— Continuo sendo o mesmo que sempre fui, as minhas filhas que não enxergam e não compreendem. Já disse que não precisam se preocupar que sei como me cuidar, e não tenho que ficar explicando a vocês o que faço quando saio à noite.

— Se tem alguém em sua vida nós não intervimos, papai. Apenas queremos que pare de beber e... Queremos que procure algum meio de ajuda...

— Que está insinuando, Paulina?

— Queremos que se trate, papai. – Sophia disse de uma vez surpreendendo nosso pai que levantou-se rapidamente em espanto.

— Mas não é possível uma coisa dessas! Eu estou mesmo ouvindo isso de minhas filhas?

— Papai você precisa de ajuda... Não vê que seu vicio está acabando com você? Estamos preocupadas. – Expliquei tentando segurar minhas lágrimas, não queria parecer tão sensível naquele momento, mas parecia que ele não enxergava o que estava a um palmo do seu nariz.

— Não preciso de nada, Paulina... Já disse, minhas filhas... Não se preocupem, as coisas estão bem. Apenas sinto falta de sua mãe e bebo um pouco para relaxar, às vezes exagero, eu sei, mas não é nada que me tire do eixo. – Ele disse agora sorrindo e aproximou-se de Sophia tocando-lhe o ombro.

Fiquei sem entender sua reação, sabia que não aceitaria, mas não o via tão seguro do que falava e pensei que ele aceitaria o tratamento por nós. Respirei fundo novamente e sentei-me no sofá tentando manter a minha mente em ordem.

— E mais, quero me desculpar com o seu namorado pelo que aconteceu. Hoje tivemos uma conversa, mas ainda assim gostaria de me retificar sobre tudo, entenda que eu quero apenas o seu bem. Mas vi que ele não está brincando e conseguiu me convencer. Tem o meu consentimento para namorarem, mas a minha casa é um lugar que exijo ser respeitada, e ele sabe muito bem quais os seus limites.

— O que te fez mudar de idéia tão rápido assim, papai? – Perguntei confusa e Sophia o olhava com muita expectativa e um sorriso nos lábios.

— Nada demais, ele apenas me provou que tem as melhores intenções com você, mostrou que te ama de verdade. – Ele respondeu seriamente e tragou o seu charuto enquanto nos observava.

Nada respondi, apenas fiquei pensativa tentando absorver suas palavras. Não sei o que conversaram, mas não estava certa de que eles haviam se entendido e passei a me sentir preocupada com isso e rezei para que papai estivesse sendo sincero em suas palavras.

— Mas e as jóias da mamãe, pai? – Sophia perguntou repentinamente chamando a nossa atenção. Papai ficou branco feito papel e a olhou desconcertado.

— As jóias... Como você sabe das jóias, menina?

— É... A minha mãe disse que elas poderiam ser minhas e me deu a senha do cofre antes de... – Sophia deixou a frase morrer e inspirou rapidamente ao continuar. -...morrer.

— Eu não sabia disso...

— Onde estão as jóias da mamãe, pai?

— Eu... Estão no banco.

— No banco? – Eu e Sophia perguntamos juntas. Pra quê papai levaria as jóias para o banco?

— Sim, porque o espanto? As penhorei e agora estão lá, não se preocupem. Estão guardadas.

— Mas por que penhorou as jóias? – Perguntei confusa.

— Precisei de um dinheiro para umas coisas e o banco me emprestou. Não me façam mais perguntas, por favor... Já lhes dei todas as explicações que queriam, agora preciso ficar sozinho, tenho que trabalhar.

— Quando vai recuperar as jóias da mãe, pai? – Sophia perguntou antes de sairmos do escritório.

— Assim que pagar o empréstimo que peguei no banco. Fique tranqüila, Sophia. Você terá as jóias de volta. – Ele disse erguendo a mão em direção à porta para que saíssemos.

— Espera Paulina... – Disse quando me levantei para acompanhar Sophia.

— Eu falei sério quanto ao Bracho. Não se preocupe, eu não vou mais intervir no seu relacionamento. Você é adulta e sabe o que é melhor pra você e se este rapaz te faz feliz...

— Não entendo, papai... Não entendo porque não aceitava o Carlos Daniel e agora, do nada, diz isso.

— Todo pai se preocupa com seus filhos, Paulina. Você foi a minha primeira filha, vi o quanto sofreu quando terminou seu noivado e não gostaria que passasse por algo parecido novamente. Como já conversamos antes, o Bracho tem fama de mulherengo, mas vi que posso estar enganado.

— O-obrigada, papai. – Respondi ao enxugar uma lágrima teimosa que rolou em minha face e o olhei rapidamente.

— Sei que não está orgulhosa de mim, talvez isso não aconteça tão cedo. Mas acredite, eu amo você e sua irmã e não quero que sofram por causa de homens. Quero que se casem com homens que realmente as mereçam.

Não consegui dizer mais nada, com minha cabeça baixa, continuei ouvindo as palavras de meu pai que vinham como farpas em meu coração e derramava lágrimas grossas de meus olhos.

— Não precisa chorar, Paulina. Não posso dizer que o Bracho é o homem certo pra você, isso é algo que exige tempo. Eu e sua mãe nos casamos assim que nos conhecemos e fomos felizes até o dia que ela se foi... – Ele dizia agora com a emoção em seu tom de voz. -...Espero que vocês tenham um casamento tão feliz quanto o meu foi, mas peço que não se precipite em suas atitudes, não se doe tanto a alguém que não faz nada por você.

— Mas pai... – Tentei dizer, mas ele me interrompeu rapidamente.

— A maneira que esse rapaz me enfrentou dizendo que ama você foi espantosa. Não quer dizer que eu aprove, Paulina. Mas ele é muito corajoso e vejo que não custa nada dar um crédito à ele. Não se preocupe, não vou mais me meter entre vocês. – Ele disse agora sorrindo, eu não tive muita reação. Apenas segui em sua direção e lhe dei um abraço.

— Obrigada, papai. – Foi o que consegui dizer antes de sair do escritório sentindo meu coração bem mais leve do que antes.

# Carlos Daniel narrando #

Saí do escritório muito cansado, tive muitas reuniões ao longo do dia, mas o que me deixava mais cansado era me perguntar o motivo real do senhor Martins ter aparecido lá assim de repente. Pensava e repensava enquanto olhava pela janela do carro em movimento e estávamos nos aproximando de um lugar que me despertou rapidamente.

— Gabriel, por favor pare ali naquela loja. – Pedi quando algo me veio à mente.

Não era a primeira vez que eu teria ido aquele lugar em pouco tempo, me reconheceram e a mesma pessoa que me atendeu da ultima vez veio ao meu encontro para me saudar.

...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem!
Comentem, por favor!
Bjos :**