Te Odeio Por Te Amar escrita por TamY, Mazinha


Capítulo 58
Capítulo 58 - Confronto


Notas iniciais do capítulo

Oi meninas, aí estamos com mais um capítulo e o dedicamos à Rebeca, Fernanda Matos e à Suh que recomendaram com tanto carinho a nossa fic. Foram lindas todas as recomendações e ficamos muito felizes em saber que vocês gostam tanto assim da história. Muito obrigada, de coração.
Que desfrutem do capítulo, boa leitura :*



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Capítulo 58

* Paulina narrando *

– Ir... Para o aniversário da vovó... – Ele disse ficando pensativo. -... Eu não sei Paulina, eu acho melhor não irmos.

– Mas por quê? – Perguntei virando-me para olhá-lo.

– Por que... Ora, porque tenho outros planos para nós no próximo fim de semana. – Respondeu com um sorriso largo e beijou a ponta de meu nariz.

– O que pode ser adiado porque a sua avó é muito mais importante. – Justifiquei enquanto ele voltava a ficar pensativo e o elevador parou no estacionamento do prédio no subsolo.

– Eu não sei meu amor...

– Anda, por favor, diz que sim, diz que vai fazer essa surpresa para a sua avó... – Pedi juntando minhas mãos em gesto de súplica.

– Como negar com você me pedindo assim? - Ele sorriu ternamente e beijou minha mão. – Mas vamos fazer o seguinte: temos uma semana inteira ainda para falarmos sobre isso, vou pensar e te aviso no meio da semana, pode ser? – Ele perguntou segurando minha mão após sairmos do elevador.

– Tudo bem, mas pense com carinho, a sua avó vai ficar muito feliz com a presença de seu neto favorito em sua festa de aniversário.

– Tá bem, mas deixamos para depois porque agora eu só consigo pensar em uma coisa... – Carlos Daniel disse sorrindo e me olhou intensamente, logo capturando meus lábios com uma leve mordida dando inicio a um beijo rápido, mas que despertou novamente uma chama de desejo que só ele podia acender.

– Carlos Daniel! Acabamos de fazer... – Ia dizendo, mas novamente ele tomou meus lábios beijando-me ardentemente. – Você é incansável! – Disse quase sem fôlego após o beijo.

– Por você sim, você me deixa louco! - E me rendi ao seu beijo de novo como se dependêssemos disso para viver.

– Precisamos ir, já está tarde e estão me esperando em casa. – Carlos Daniel fez uma carinha triste, mas logo sorriu e me acompanhou até meu carro, abrindo a porta do carona para mim e o olhei confusa.

– Se importa se eu deixar meu carro aqui? Vou com você, não quero que dirija sozinha essa hora da noite.

– Tudo bem... – Sorri e lhe entreguei as chaves.

Entramos no carro e fui pega de surpresa por ele que, praticamente, me agarrou roubando-me mais um beijo.

– O que acha de voltarmos lá pra cima, tomarmos outro banho juntinhos enquanto fazemos...

Ele foi interrompido com o barulho de meu celular que soou alto e eu continuei olhando-o com um sorriso nos lábios.

– Ah não– Ele disse brincalhão. – Estava bom demais pra ser verdade. - Fez careta, mas continuou. -... fazemos amor e depois de novo e...

O toque insistente da chamada em meu celular continuou e Carlos Daniel respirou fundo e me olhou resignado.

– É melhor eu atender. – Eu disse tocando-lhe o rosto.

Peguei o aparelho em minha bolsa, olhei rapidamente o visor e estranhei imediatamente aquela ligação. Era Sophia, e comecei a ficar preocupada. Ela devia estar precisando de mim.

– Alô Lina?! – Ela disse meio eufórica.

– Phia, aconteceu alguma coisa? – Perguntei me recompondo rapidamente.

– Você já está vindo?

– Sim... Dentro de alguns minutos, mas por quê? O que houve? – Perguntei passando a mão em meus cabelos e Carlos Daniel ao meu lado me olhando seriamente.

– Estou preocupada com papai. Adelina pediu que não te preocupasse, mas achei melhor falar com você.

– Como assim...? O que aconteceu com ele?

– Ele não aparece desde muito cedo... Ele saiu dizendo que iria para a fábrica, veio em casa na hora do almoço, mas até agora não apareceu. Adelina me disse que você esteve aqui e que estaria de volta hoje, então...

– Phia, eu estive hoje com ele na fábrica, não se preocupe.

– Não é essa a questão apenas, Lina... Acontece que eu estive hoje lá no quarto dele e...

– O que você viu lá, Phia? – Perguntei ansiosa com sua pausa.

– A pergunta deveria ser o que eu NÃO vi lá.

– E então? Seja direta, Sophia!

– As jóias da mamãe. As do cofre, elas sumiram Lina, todas... E sei que estavam guardadas até ontem, estive lá ontem também, mas hoje desapareceram do cofre.

– Estou indo pra aí. Chego em alguns minutos.

Desliguei a ligação agora preocupada. Aonde será que papai foi? O que estaria fazendo com as jóias de minha mãe, e com quem poderia estar? Me perguntava enquanto olhava pela janela do carro, ainda com o celular nas mãos.

– O que houve Paulina? – Carlos Daniel perguntou tirando-me de meus devaneios e eu o olhei um pouco atônita.

– Meu pai... É... Eu não sei bem, mas parece que ele não está em casa. – Respondi tentando controlar a minha apreensão, não era a primeira vez que meu pai fazia isso, mas o que me preocupava eram outras coisas muito mais sérias.

– Ah, meu amor... Com certeza o Sr. Martins está namorando... – Ele disse passando a mão no meu braço e esboçou um meio sorriso nos lábios.

Quem dera que papai estivesse mesmo namorando. Pensei.

– Eu... Não creio que seja isso... – Disse seriamente para Carlos Daniel que franziu o cenho e logo beijou minha mão.

– E o que você acha que pode ser? – Perguntou agora tocando minha perna e segurei sua mão rapidamente.

– Eu... Eu não sei ainda, parece que está com as jóias de minha mãe, mas não quero tirar conclusões precipitadas. Preciso ir pra casa. – Disse olhando para Carlos Daniel, que me devolveu rapidamente o olhar sem perder o foco na estrada.

– Eu vou ficar com vocês. – Ele disse quando paramos em um sinal vermelho, e tocou meu braço fazendo-me olhá-lo nos olhos.

– Não é necessário, Carlos Daniel, eu...

– Claro que é necessário! Eu vou te acompanhar sim, meu amor... E não insista. – Ele tocou meus cabelos e acariciou a maçã do meu rosto, logo dando partida novamente no carro quando o sinal passou para verde.

Meu coração acelerava a cada minuto que passava, eu já estava ficando com os nervos a flor da pele. Queria pensar positivo, que papai não faria nenhuma besteira e que quando eu chegasse em casa, ele já estaria lá com uma boa justificativa, mas não conseguia parar de pensar que eu podia estar totalmente enganada.

– Chegamos amor. – Carlos Daniel disse tirando-me de meus pensamentos enquanto desatava nossos cintos de segurança.

– É sério, Carlos Daniel. Não precisa ir.

– Mas irei e, por favor, me deixe te ajudar... – Ele disse carinhoso e afagou minha bochecha.

Assenti e saímos com as mãos dadas. Todas as luzes de casa estavam acesas e vimos Sophia no jardim enquanto caminhávamos pela entrada até a porta principal.

– Não se preocupe minha vida... Ele deve estar se divertindo, não deve ser nada demais... – Carlos Daniel disse apertando minha mão enquanto aproximávamos de Sophia, minha mente estava longe, mas concordei com ele e continuei caminhando até Sophia vir ao nosso encontro.

– E então... Ele chegou? – Perguntei à Phia quando nos abraçamos e ela baixou o olhar em negação.

– Será que aconteceu alguma coisa, Lina? – Ela me perguntou fazendo um sinal que eu entendi perfeitamente, e Carlos Daniel se aproximou para abraçá-la.

– Não se preocupem, ele deve estar se divertindo um pouco e logo estará de volta. – Carlos Daniel disse tocando o ombro de Sophia que lhe sorriu.

Entramos para a casa e Adelina nos cumprimentou e disse que, provavelmente, estávamos nos preocupando por algo que não era necessário, que papai não devia ter ido muito longe e que podia estar voltando, Carlos Daniel concordou com ela, mas eu temia que o que eu e Sophia estávamos cogitando fosse verdade e preferi esperar mais um pouco.

# Carlos Daniel narrando #

Estava bom demais para ser verdade. Eu que pensei que o pouco de tempo que ainda teria com minha Paulina poderia ser aproveitado, me enganei, pois tudo foi por água abaixo, e tudo por causa das irresponsabilidades de seu pai. Essa era uma cruz que Paulina e Sophia estariam carregando sem terem culpa de nada e isso me irritava profundamente. Como um homem como ele pode se entregar a coisas ilícitas e se deixar cair num abismo profundo como ele estava fazendo? Me perguntava enquanto caminhava pensativo até o jardim da mansão dos Martins e tirava o celular do bolso. Precisaria me preparar para o pior, pois o meu sogro não havia chegado e carregava consigo jóias caras.

– Rodrigo, preciso que fique atento esta madrugada porque pode haver uma emergência. – Disse discretamente para Rodrigo que parecia estar dormindo pelo tom da sua voz.

– Mas o que aconteceu, Carlos Daniel?

– Estou na casa de Paulina, e parece que o Sr. Martins anda aprontando.

– Você acha que ele está...

– Não apenas acho como tenho certeza que ele está enchendo a cara, gastando com prostitutas ou apostando. – Respondi de uma só vez sentindo uma raiva me dominar, se ele realmente estiver fazendo isso, não sei como reagiria. Será que ele não vê o quanto sua família sofre com suas atitudes?

– É realmente uma pena... – Disse Rodrigo pensativo. – Mas estarei atento, qualquer coisa me ligue.

– Vou esperar mais um pouco para ver se ele aparece.

Me despedi de Rodrigo e voltei para a sala onde Paulina e Sophia estavam. Paulina estava muito séria e nervosa, andava de um lado para o outro e não parava de fazer chamadas em seu celular. Sophia não era diferente, estava sentada num sofá, mas tinha a cabeça baixa e mexia em seu celular, desde que a conheci nunca a tinha visto tão triste.

– Ei menina, o que está fazendo? – Perguntei sentando-me ao seu lado.

– Nada demais, estou apenas passando o tempo. – Ela disse desanimada. – Onde acha que papai está? – Perguntou me olhando rapidamente.

– Bom, vocês se importariam se ele tiver uma namorada?

– Não, imagina... Papai tem direito de aproveitar sua vida, ele amava muito a minha mãe e ainda sofre com sua ausência, mas para mim não haveria nenhum problema se ele tiver uma namorada, muito pelo contrário, isso seria ótimo para ele. – Ela explicou com um pequeno sorriso e admirei sua maneira de pensar.

– Então eu penso que ele tem uma namorada e está com ela. – Essa foi a minha melhor resposta, apesar de não estar realmente pensando assim e saber que as chances de ser isso eram mínimas, não quis deixá-la mais aflita.

– Se é assim... Talvez ele não tenha dito nada por pensar que nós não o apoiaríamos. Mas isso é bobagem, não somos assim tão antiquadas. – Sophia disse abrindo bem os olhos e sorriu sem graça.

O tempo ia se passando e o Sr. Martins não chegava, Paulina ficava cada vez mais agitada e Sophia chorou algumas vezes. Elas poderiam não ter motivos para se sentirem assim se seu pai não agisse com tanta irresponsabilidade, mas sofriam por pensarem no pior, e vendo como elas estavam se sentindo, pude imaginar o tanto de vezes que já passaram por esta agonia por conta de bebedeiras e farras de um velho infeliz.

...

– Meu amor, não fique assim... – Eu disse quando me aproximei de Paulina que chorava em silencio, Adelina a olhava com compreensão e também notei seus olhos molhados.

– Carlos Daniel, essa não é a primeira vez que meu pai faz isso... Você não sabe o quanto me dói ter que passar por essas situações e... Deixa pra lá.

– Eu entendo você, não se preocupe, e pode contar comigo pra tudo, tudo bem? – Paulina apenas assentiu e eu a abracei.

Me doía muito ver o quanto estava triste, mesmo ela não me dizendo quais eram seus temores eu já os conhecia. Ela tinha medo de que seu pai se afundasse, que entrasse num caminho sem volta e isso era o mais provável a acontecer se eu não fizesse nada. Não podia deixar que ele continuasse causando tantos desgostos à Paulina e Sophia.

Estava prestes a ligar novamente para Rodrigo, já se passava de 2h da manhã e Santiago Martins não tinha dado as caras quando ouvimos seu carro parar frente à casa.

– Papai, onde você estava? E com quem? – Sophia perguntou eufórica quando foi ao seu encontro. O estado dele era devastador, estava de porre e sua cara não negava em nada o que ele havia feito durante seu tempo de ausência. Ele lançou um olhar seco para Sophia e respondeu com estupidez:

– Isso não é da sua conta, Sophia. Não é da conta de nenhum de vocês. – Ele disse me encarando, cruzei meus braços observando o absurdo que acabara de falar. - Não tenho de dar satisfação do que faço e com quem estou.

– Desculpe me intrometer dessa forma, senhor, mas suas filhas estão apenas preocupadas com o senhor que desapareceu sem dar notícia, uma atitude irresponsável para alguém como o senhor! - Alfinetei não agüentando mais permanecer em silencio ao ver a forma rude com que ele respondia as filhas depois de terem passado horas de preocupação por alguém que não merecia que ninguém se importasse com ele.

O senhor Santiago parou em minha frente, mal conseguia parar em pé, mas seu estado não o impediu de me lançar um olhar voraz. Acho que se não fosse por suas filhas ali, ele teria de certo me partido a cara ou pelo menos tentaria.

– Você acha que porque esta namorando minha filha tem o direito se meter em minha vida privada? - Perguntou em tom seco enquanto me olhava nos olhos.

Em seu olhar continha um aviso, claro, e se eu fosse menos apaixonado por Paulina acataria seu recado no mesmo instante, mas esse não era o caso. Então, o recado de “não se meta onde não foi chamado” chegou tarde demais, eu já estava metido até o pescoço nessa história, e sim, era meu direito tentar de alguma forma impedir que esse imbecil acabasse com sua fortuna e destruísse sua família. Por Paulina, apenas por ela.

– Papai! – Paulina interveio. – Por favor, é melhor o senhor ir descansar, já que está tudo bem com o senhor, podemos conversar amanhã! - Completou tentando diminuir aquela forte tensão que havia se formado entre nós.

O senhor Martins não quebrou o contato quase mortal que mantínhamos, mas acabou ouvindo a filha e sem dizer nada saiu em direção às escadas e subiu apoiando-se no corrimão até o andar de cima. A pobre da Sophia estava perto da porta, seu rosto estava um pouco pálido e seus olhos cheios de lágrimas. Céus, como esse idiota não via que essas atitudes decepcionavam tanto suas filhas? Me perguntava, e em um gesto carinhoso me aproximei de Phia e a abracei, não pude deixar de pensar na minha irmã Malú, ela sempre me procurava quando se sentia mal por algum motivo, éramos muito unidos e Sophia me lembrava demais a Malú.

Paulina me olhou agradecida, seu estado não parecia muito diferente do da irmã, via-se o cansaço em seu rosto e mesmo assim ainda conseguia sorrir me vendo abraçado a sua irmã. Sorri de volta.

– Ainda não acredito na forma grosseira que o papai falou comigo! - Sophia disse mais calma enquanto tomávamos o café que Adelina nos serviu na sala.

– Não ligue para isso Phia! - Paulina argumentou com um sorriso pacífico, tentando de alguma forma dar menos importância aos acontecimentos da noite. Ignorando a tolice cometida por seu pai, um grave erro eu diria, mas permaneci em silencio esse não era o momento.

– Tenho certeza que amanhã de manhã ele vai estar muito envergonhado e arrependido e vai conversar com vocês! – Eu disse pensativo.

O correto seria eu incentivá-las a se preocuparem com a atitude de seu pai, não era certo o que ele estava fazendo. Mesmo tendo-as visto preocupadas demais e me sentido tanto quanto elas, não pude deixar de pensar na força que elas tem por sua amizade e vê-las sorrindo em cumplicidade me fez admirá-las ainda mais, diminuindo um pouco daquela tensão que pairou na casa há alguns minutos.

Mas eu sabia que as coisas não continuariam assim e eu teria que dar um jeito...

– Bom, está muito tarde já. Vou subir, é melhor eu tentar dormir. - Phia disse sorrindo enquanto se levantava do sofá e me cumprimentava.

–Carlos Daniel, muito obrigada por estar com a gente hoje! - Phia agradeceu sorrindo daquela forma radiante da mesma Sophia que conheci. – Você é sem dúvida nenhuma perfeito, como minha irmã disse! - Completou lançando um rápido olhar a irmã que estava boquiaberta com sua declaração.

Eu apenas sorri e esperei que estivéssemos a sós. Levantei-me da poltrona que estava sentado e atravessei enorme sala, sentando-me no sofá em que Paulina e Sophia dividiam momentos antes.

– Então anda conversando muito sobre mim com sua irmã? - Perguntei a olhando cheio de divertimento.

– N-não... Você não deve acreditar em tudo que a Phia diz! – Ela disse rapidamente de um jeito agitado. – Ele gosta muito de brincar com as pessoas! – Completou sorrindo.

– Hmmm! - Resmunguei a analisando calmamente. – Ela não pareceu estar tentando brincar! - Argumentei sorrindo. – E você é péssima quando tenta esconder as coisas de mim! - Sorri ainda mais e a puxei para mais perto.

– Carlos Daniel! - Paulina me repreendeu tentando se afastar. – Papai ou Adelina podem entrar aqui a qualquer momento! - Justificou seu afastamento.

– Eu não me importo! - Disse a impedindo que se afastasse de mim.

– Mas eu sim! - Exclamou me olhando seriamente. – O meu pai não parece aceitar muito bem nosso relacionamento e a Adelina ficaria muito sem graça, não gosto de colocá-la nessa situação constrangedora!

– Certo, você venceu! - Disse permitindo que se afastasse apenas um pouco.

Ficamos em silencio, eu sempre a olhando, nunca me cansava em admirá-la e, mesmo não querendo admitir, já estava muito tarde e eu precisaria ir, mas poderia levá-la comigo.

– Vamos voltar comigo para minha casa? - Perguntei esperançoso.

– Sabe que não posso! - Paulina disse me olhando. – Amanhã quando papai acordar quero estar aqui, precisamos ter uma conversa muito séria!

– Hum! - Resmunguei novamente, Paulina tinha razão, mas a vontade de tê-la comigo era maior que qualquer razão do mundo. – Posso te trazer amanhã bem cedo, antes mesmo de ele acordar, apenas para ficarmos juntos! - Sugeri.

Paulina nada respondeu por alguns instantes, parecia pensar na minha proposta...

– Você pode dormir aqui comigo! - Paulina disse sorrindo com sua ideia.

– Seu pai não irá gostar de me encontrar aqui! - Disse seriamente. – Não gostaria que isso se tornasse mais motivo de briga entre vocês!

– Você pode sair amanhã bem cedinho antes mesmo de ele acordar, ele não vai desconfiar de nada! - Sugeriu sorrindo.

Não pude deixar de sorrir, parecíamos dois adolescentes...

– Por favor? Paulina perguntou me olhando de forma suplicante.

A olhei pensativo. Se eu ficasse poderíamos ser descobertos pelo pai dela e não terminaria nada bem, mas não poderia lhe negar com ela me pedindo dessa forma... Ela estava triste, mesmo que tentasse esconder essa tristeza em seus sorrisos eu sabia, ela precisava de mim agora.

– Está bem, mas vou embora antes de todos acordarem! - Impus.

Paulina abriu um sorriso largo e logo se colocou de pé e, parecendo uma menina quando conseguia o que queria, me puxou pela mão fazendo-me ficar de pé também e me levou para fora da sala, no corredor encontramos Adelina.

– O Carlos Daniel vai passar a noite aqui, Adelina! - Disse Paulina a olhando um pouco envergonhada. – Será que você pode, por favor, não comentar nada com o papai! - Pediu suplicante.

– Não se preocupe minha filha! - A senhora apenas sorriu vendo a alegria e constrangimento de Paulina e concordou... – Mas não estão com fome? Posso preparar alguma coisa para vocês comerem.

– Comigo não precisa se preocupar. – Eu disse sorrindo para Adelina.

– Não estou com fome, Adelina. Pode ir dormir, depois de uma noite como essa é melhor ir descansar.

Adelina assentiu, lhe desejamos boa noite e seguimos para o quarto de Paulina.

– Vou trancar a porta! - Paulina disse enquanto passava a chave na fechadura. – Alguém pode entrar aqui no meio da noite sem saber que estamos juntos! - Completou quando a olhei com um olhar sugestivo.

– Vou apenas tomar um banho rápido e você pode ficar à vontade! - Paulina me disse já indo em direção ao banheiro.

Estive no quarto de Paulina apenas uma vez, era um quarto bem feminino, com decoração impecável e totalmente organizado. Sorri observando tudo ali e recordando da primeira vez que conheci este lugar tão intimo seu. Sentei-me em sua cama enquanto a esperava.

Os minutos se passaram e começava a me perguntar o que estava fazendo sentado ali. Sorrindo com malicia, me levantei e segui até seu banheiro, o chuveiro estava ligado e o espelho embaçado pelo vapor. Livrei-me de toda a minha roupa e invadi o box.

Paulina tomou um leve susto quando me viu, mas sorriu quando a envolvi pela cintura.

– Você estava demorando! - Justifiquei minha presença com a desculpa mais esfarrapada desse mundo.

– Desculpe, me perdi em pensamentos! - Ela disse enquanto envolvia os braços em volta do meu pescoço e, com carinho retirou meus cabelos molhados sobre minha testa.

A sensação de nossas peles quentes se tocando me trouxe o desejo de amá-la novamente e a imagem de seu corpo perfeito, sua pele alva brilhando com a água escorrendo pelo vale de seus seios para sua parte mais íntima... Tudo contribuía para que meu instinto sexual masculino falasse mais alto.

– Fica tranqüila, minha vida... O seu pai vai ver que cometeu um erro, vai lhes pedir desculpas e vai mudar! – Menti para tranqüilizá-la, mesmo sabendo que talvez não tivesse mais jeito para ele, era a melhor forma de deixá-la menos tensa.

Bom, não era uma mentira totalmente, eu falaria com o meu sogro e o faria ver o quanto está fazendo suas filhas sofrerem e Paulina não precisaria mais se preocupar tanto.

– Estou muito feliz por estar aqui comigo! - Paulina disse me olhando nos olhos enquanto sorria. – Não me sinto tão angustiada como estaria se você tivesse ido embora.

– Ainda bem que fiquei então! - Eu disse a envolvendo pela cintura enquanto permitia que minhas mãos percorressem sua pele macia com muito carinho.

Com meu gesto, Paulina aconchegou-se em meus braços e ficamos ali, apenas abraçados enquanto a água quente do chuveiro caía sobre nós.

Terminamos o banho e, mesmo que eu quisesse, não poderia esconder a força do meu desejo, mas não disse nada, apenas sorri em compreensão.

Paulina foi se trocar no closet, eu vesti apenas minha cueca box e a esperei no quarto.

* Paulina narrando *

Vesti um pijama confortável e voltei para o quarto, Carlos Daniel estava deitado em minha cama encostado nos travesseiros, estava distraído mexendo em seu celular.

– Tem certeza que quer que eu fique? – Carlos Daniel perguntou olhando-me sério enquanto eu me aproximava da cama.

– Claro que sim, por favor, fique comigo. – Pedi tocando sua barba por fazer e ele me deu um beijinho nos lábios.

Sabia que estaria brincando com fogo, pois papai poderia não gostar nada, mas precisava dele mais essa noite, precisava de seu abraço, do aconchego de seus braços. Me sentia preocupada com o meu pai, estava me sentindo com vergonha do que acabara de acontecer, mas não me importava, só queria que Carlos Daniel ficasse comigo.

– Vem cá... – Carlos Daniel me puxou para mais perto e me abraçou com carinho. Parecia que sabia o que estava acontecendo, ele sabe da fama de bêbado que papai tem, mas nunca comentou nada comigo se sabe algo mais sobre nós, tampouco eu o havia contado e sabia que esse momento já tinha chegado.

Apenas correspondi o seu abraço caloroso e, enquanto ele acariciava as minhas costas, apoiei minha cabeça em seu ombro e me deixei levar por meus pensamentos. Meu pai mudou da água para o vinho, eu não segurava as rédeas da situação e sentia que tudo estaria perdido se não tomasse alguma atitude, na verdade, não sabia o que fazer para que tudo voltasse a ser como antes.

– Está chorando, Paulina? – Carlos Daniel perguntou quando nos afastou para me olhar nos olhos, não pude evitar e desabei em lágrimas. Me sentia sufocada e aquele era o meu desabafo.

Carlos Daniel secou minhas lágrimas e beijou meu rosto, não disse nada, apenas arrumou os travesseiros e se acostou novamente puxando-me para deitar em seu peito. O envolvi em meus braços e chorei em silencio enquanto ouvia as batidas de seu coração.

– Meu pai é alcoólatra e viciado em jogos. – Disse baixinho sem conseguir mais guardar aquilo que tanto corroia a minha alma. – Eu pensei que ele havia parado, mas eu acho que ele continua. Sinto que a culpa é minha cada vez que ele chega em casa como hoje. Eu não sei cuidar dele como a minha mãe. Não sou uma boa filha.

– Ei ei ei, não pode falar isso! Você não tem culpa de nada, minha vida... Sei que você faz sempre o seu melhor para manter tudo sob controle. Você cuida de sua irmã, de sua casa, da fábrica e ainda de seu pai... Sei que você faz o que está ao seu alcance. Pode tentar ajudar, mas não pode tentar fazer tudo por alguém que não se ajuda.

– Não é o suficiente, Carlos Daniel. Todas as outras coisas podem dar certo, mas quando se trata de papai eu não sei como lidar. – Justifiquei desviando meu olhar.

– Você faz o que pode Paulina! Não deve se martirizar com isso a vida inteira. Há que viver a sua vida também, sem se preocupar com os problemas dos outros.

– Mas não se trata dos outros, Carlos Daniel, é o meu pai! – Disse olhando-o seriamente e ele assentiu imediatamente e cruzou meus dedos nos seus.

– Sim, meu amor... Tem razão. Desculpa... Mas existem alguns meios de ajuda que pode resolver...

– Mas ele não admite que precisa de nossa ajuda... – Disse tristonha ao entender o que Carlos Daniel acabara de sugerir.

– Já pensou em interná-lo em alguma clinica de reabilitação? – Sentei-me rapidamente ao ouvir a pergunta dele. Meu pai internado em uma clinica para dependentes alcoólicos? Me perguntava mentalmente. Não, não pode ser para tanto. – Se seu pai aceitasse um tratamento de autoestima, ele poderia buscar nesses grupos de apoio a ajuda que ele precisa realmente ter, além do apoio de você e Sophia. Ele não vai se expor, apenas vai dar o primeiro passo para a recuperação da vida que ele tinha antes.

Notei que Carlos Daniel dizia com bastante cuidado cada palavra. Confesso que me doeu escutá-las, mas não podia lhe tirar a razão embora eu nunca pensasse em sugerir ao papai algo desse tipo.

– Eu não sei... Não suportaria ver o meu pai nessa situação. Acho que ele não se submeteria a um tratamento.

– O que ele não deve se submeter é ao que ele está vivendo agora, Paulina. Vocês também não podem baixar a cabeça diante dessas circunstancias. Se deixar que ele comande sua própria vida dessa maneira podem acabar...

Carlos Daniel deixou a frase morrer rapidamente e senti meus olhos tremerem com a sensação do choro que me atingia. Sabia exatamente ao que ele estava se referindo e não imaginei que ele pudesse ser tão direto apesar de estar medindo suas palavras.

– Na sarjeta? – Continuei sua frase com essa dura palavra e respirei fundo. – Pode falar, Carlos Daniel... Isso não seria novidade para ninguém. – Virei-me rapidamente para não olhá-lo nos olhos, me sentia desapontada o bastante para isso.

– Paulina... – Ele disse com carinho e aproximou-se novamente, abraçando-me por trás. -... Não foi isso que eu quis dizer, mas é bom prevenir da maneira que podem.

– Carlos Daniel, não sei como seria se tudo fosse por água abaixo novamente. – Disse com voz trêmula imaginando se o pior nos acontecesse.

– Shh... Não pense nessas coisas agora. Não se preocupe que vai dar tudo certo, ele vai aceitar se tratar e tudo vai ficar bem e eu não vou sair de seu lado por nada. Você vai ter que me aturar por muito tempo. – Ele disse tocando a ponta do meu nariz e beijou minha bochecha com ternura.

– Obrigada, Carlos Daniel... Eu preciso tanto de você... – Confessei deixando mais uma lágrima cair de meus olhos.

– Eu te amo, e estarei aqui para o que você precisar, meu amor. – Secou minhas lágrimas. – Agora vem, vamos deitar. Você precisa dormir. – Carlos Daniel deitou novamente e me puxou, aconcheguei-me em seu peito enquanto o acariciava com leveza.

Pensando no que aconteceu essa noite e em tudo o que Carlos Daniel me disse, sentindo seu carinho em meus cabelos acabei sendo levada pela inconsciência do sono.

# Carlos Daniel narrando #

Acordei cedo pela manhã, a casa parecia estar em completo silencio, e mesmo não tendo muito tempo, aproveitei esses últimos minutos ainda ali para admirar Paulina dormir. Nunca poderia me cansar de olhar para ela, até mesmo quando dormia Paulina conseguia provocar em mim um turbilhão de sentimentos. Queria poder ficar e enfrentar junto com ela os problemas com o pai, mas esse não era um assunto que deveria me meter, pelo menos por hoje.

Levantei-me com cuidado para não acordá-la, como ficamos conversando até tarde da noite, achei que um pouco mais de sono lhe faria muito bem. Depois da conversa de ontem não posso deixar de me perguntar se fui rude demais com ela dando-lhe a entender que o seu pai poderia levar a família à ruína. Vi pelo seu semblante que ela sabia dessa possibilidade, mas que nunca quis pensar nisso.

Me sinto totalmente perdido sobre o que dizer ou como agir com Paulina nesse assunto do pai... Bom, o importante é que ela e Sophia parecem estar vendo que o senhor Santiago Martins precisa de ajuda antes que seja tarde demais.

Segui até o banheiro onde deixei minha roupa na noite passada, me vesti ali mesmo e passei uma água no rosto. Pensei em acordar Paulina para poder me despedir, mas decidi que se a acordasse agora ela iria querer me acompanhar até a porta e não dormiria mais e ela estava precisando desse descanso.

Aproximei-me da cama sem fazer barulho e me ajoelhei na beirada a olhando. Tão linda... Afastei os fios de cabelo que cobriam seu rosto para poder admirá-la melhor, sentia meu coração aquecido sempre que tinha a oportunidade de contemplá-la sem que ela soubesse. A amo com todo o meu ser e amá-la me mudou de uma maneira tão radical e única... Pensava com um sorriso no rosto.

Dei um selinho nos lábios dela e me levantei, abri a porta sem fazer barulho e saí pelos corredores da mansão. Tudo estava em silencio e tentei não fazer barulho para não acordar ninguém, quando alcancei as escadas da casa me permiti soltar a respiração que prendia com medo de fazer barulho e ser pego no flagra.

Já descia a escada principal quando congelei no meio dela.

– Bom dia! - Disse ao senhor que me olhava ao pé da escada.

– Você acha que o dia é bom? - O senhor Martins me perguntou de forma gélida.

Por seu semblante ele não gostou muito de me ver descer àquela hora da manhã... Não era preciso dizer pra saber que ele sabia muito bem que eu tinha passado a noite com sua filha e, protetor como a maioria dos pais é, eu sabia que em sua mente ele pensava que passamos uma noite regada de carícias, se soubesse que estava totalmente errado talvez não me olhasse como se quisesse me matar. Bom, não poderia tirar sua razão, ele era o pai e eu apenas o homem que dormia com sua filhinha.

– Não! - Disse calmamente enquanto terminava de descer a escada parando em sua frente. – Não acho que o dia seja bom... - Disse devolvendo o olhar sério que me lançava. –... Mas é apenas a boa educação que recebi que me fez desejar-lhe bom dia!

Ele apenas acenou em concordância e permaneceu em silencio...

– Sei que minha filha é adulta e não posso proibi-la de te ver, mas por minha vontade ela nunca mais o veria! - Disse me olhando seriamente.

– Disse bem... “Paulina é adulta!” – Concordei ironizando com suas próprias palavras. – E o senhor é o pai e deveria agir como tal! - Completei o desafiando.

– O que quer dizer com isso, senhor Bracho? - Ele me perguntou espantado por minha ousadia.

– Quero dizer que está magoando suas filhas ao invés de tentar fazê-las se sentirem orgulhosas e felizes! - Expliquei.

Pronto! Eu já havia começado a falar, agora não tinha mais volta.

– Faço de tudo para vê-las felizes! - Tentou se defender, mas o interrompi antes que pudesse continuar a argumentar sob minhas acusações.

– Não foi o que me pareceu ontem à noite! - Debati rapidamente.

Ele pareceu perder a fala por alguns instantes, ouvimos barulhos vindos da sala de jantar e ficamos em silencio por um momento.

– Pode me acompanhar até meu escritório, senhor Bracho? - Ele perguntou enquanto já andava em direção ao escritório. Eu apenas o segui em silencio.

Assim que entramos e ele fechou a porta dupla nos dando toda a privacidade que precisávamos, ele continuou agora em fúria:

– Só porque é sócio na minha fábrica e anda com minha filha não quer dizer que tem o direito de se meter dessa maneira em minha vida, senhor Bracho! – Ele disse furioso enquanto gesticulava muito nervoso.

– Só estou tentando abrir seus olhos por causa do mal que está fazendo às suas filhas! - Argumentei tentando mais uma vez fazer com que ele enxergasse a forma que destruía sua família com o vício.

– Em poucos meses teremos pagado tudo que o senhor investiu na nossa fábrica... Esta é a minha palavra! - Ele dizia ignorando meus argumentos. E essa maneira tão formal de falar comigo já estava começando a me irritar.

Seu rosto estava vermelho de raiva, não estava recebendo muito bem minha intromissão.

– Como posso acreditar nas palavras de alguém como o senhor? - Perguntei medindo-o com o olhar.

– Espere e verás! - Disse rapidamente. – Não me conhece, senhor Bracho! - Completou nervoso com minha afronta.

– Mas quero conhecê-lo, senhor Martins. Gostaria que nos déssemos bem por Paulina! - Completei tentando amenizar as coisas entre nós.

– A única coisa que eu gostaria é te ver longe de minha filha! - Ele disse muito seriamente, despertando em mim uma raiva que eu já não poderia suportar.

– Porque não gosta de mim? Posso saber? – Pergunte irritado, jamais imaginei que ouviria algo assim dele.

– Um tipo de homem como você não é digno de uma mulher como a minha filha. Isso tudo é apenas uma perda de tempo!

– E que tipo de homem sou eu, ham? – Questionei sentindo-me nervoso, eu sabia que não merecia uma mulher como Paulina, mas eu busco todos os dias estar à sua altura, e não era justo que seu pai estivesse me dizendo essas coisas.

– Não vai querer que eu liste todos os motivos que me fazem desaprovar este namorico, senhor Bracho, acredite. Não creio que dure muito, o que não seria nenhuma novidade para ninguém quando se trata do senhor, mas se meteu com a pessoa errada, posso ter meus defeitos, mas não admito que manche a dignidade de minha filha iludindo-a dessa maneira.

– Não sabe do que está falando... – Disse sentindo-me indignado com suas palavras ofensivas.

– Acredite, eu sei bem do que falo. Não vai se contentar apenas com a Paulina por muito tempo. Sabe disso... Ela não suportaria mais uma traição de um cafajeste, e está muito apegada ao senhor, mas é óbvio que só está com ela para garantir que o empréstimo à fábrica seja pago.

Agora sim entendi o que ele pensava ao meu respeito, o que me deixou possesso pela raiva. Não tenho um bom histórico de homem de família, o que as pessoas sabem é o que a mídia divulga apenas por não terem mais o que inventarem, só sabem fofocar inverdades exageradas ao meu respeito e eu entendo perfeitamente a sua preocupação por Paulina, mas não é justo que me julgue sem me conhecer ou ao menos tentar ouvir o que eu tenho a lhe dizer.

– Estou com Paulina porque a amo. – Disse após respirar fundo, tentando conter-me para não piorar ainda mais as coisas. – O dinheiro não é tudo, senhor, e o senhor deve saber muito bem disso! – Insinuei com pura ironia, se fosse importante para ele, ele não esbanjaria com futilidades.

– O que quer dizer? – Ele perguntou olhando-me rapidamente e aproximou-se de mim.

– Sei muito bem de suas andanças e de seus excessos. Pode ser o pai de Paulina, mas não é a pessoa mais indicada para me dizer como não devo magoá-la.

– Anda me vigiando por acaso? Acaba de demonstrar que o que eu penso é a verdade. Está com Paulina para controlar com o que são gastos os seus milhões não é?

– Não diga coisas que não sabe, os negócios não têm nada a ver com a nossa relação. A sociedade era apenas com o senhor aconteceu muito antes de eu e Paulina nos conhecermos. Apenas descobrimos que ela é uma Martins quando ela foi àquela reunião que o senhor deveria comparecer e não foi! Eu nunca pude imaginar que ela é filha de um bêbado irresponsável como o senhor! – Joguei em sua cara sem temer o que viria depois.

– Não é porque é quem é que acha que pode me afrontar dessa maneira, não te dou liberdades para interferir em nada que me diz respeito! Já disse, afaste-se dela antes que seja pior!!!

– O senhor pode até querer que me afaste, mas enquanto Paulina me quiser eu estarei aqui e o senhor não poderá fazer muita coisa quanto a isso! - Rebati sentindo meu autocontrole se esvair.

– Posso e vou! - Rebateu.

– Tente então... Mas não permitirei que nada nem ninguém a afaste de mim! - Disse o olhando realmente irritado agora. – E sou capaz de qualquer coisa... O senhor não vai querer pagar para ver!

O ameacei e não me arrependo! E essa é uma ameaça que estou disposto a cumprir se alguém tentar entrar em meu caminho para tirar Paulina de mim.

O senhor Martins está cego, não vê o mal que faz a si mesmo e às filhas e não sei mais como argumentar com ele sem perder o pouco de controle que ainda me resta.

– O senhor vai arruinar a sua vida! - Eu disse em uma ultima tentativa e não medi palavras. – Se é que a essas alturas já não arruinou! - Completei caminhando pela sala o olhando seriamente.

– Seu...

Ele ia dizendo quando as portas abriram e Paulina entrou na sala nos olhando alarmada.

O senhor Martins não se atreveu a continuar o que ia dizer, não poderia ficar pior na frente de Paulina, estava sóbrio e não se entregaria assim facilmente.

– Papai... - Disse Paulina olhando o pai com preocupação. – Carlos Daniel... O que fazem aqui? - Perguntou nos olhando confusa.

Ambos ficamos em silencio... Era palpável o clima pesado entre o senhor Martins e eu.

* Paulina narrando *

– Porque estavam discutindo? – Perguntei com meu coração a mil ao presenciar tal cena. Eles estavam discutindo, isso era óbvio.

– Não é nada demais, meu amor... Estávamos apenas... Conversando. – Carlos Daniel disse chegando perto e forçou um sorriso.

– Papai...? – Olhei para meu pai que estava de costas para nós e ele virou-se para me encarar.

– Não foi nada, Paulina... Tranqüila... – Papai respondeu rapidamente e virou-se novamente fingindo procurar por livros nas prateleiras.

– É meu amor, não se preocupe. Ele apenas questionou sobre eu ter passado a noite aqui...

– Fui eu que insisti, papai... Não vejo mal algum nisso... – Justifiquei antes que papai culpasse o Carlos Daniel por ter ficado.

– Já sei, filha... Sei... Mas sabe o que eu penso sobre isso... – Papai respondeu sem graça e olhou sério para Carlos Daniel, que devolveu o mesmo olhar.

– Sim, eu sei, e sinto muito, mas Carlos Daniel é meu namorado e o senhor tem que se acostumar com a presença dele aqui. – Impus isso ao meu pai, mesmo sabendo que não era correto afrontá-lo agora.

– Os dois sabem o que penso a respeito desse namorico...

– Namorico não senhor, estamos apaixonados e namoramos muito sério. E, aproveitando que já estamos aqui quero avisar que vou me casar com Paulina!

Carlos Daniel disse repentinamente chamando a atenção de meu pai que o encarou com os olhos arregalados. Também fui pega de surpresa, pois não sabia que ele faria isso assim tão rápido diante de meu pai.

– Isso é um absurdo! Você não pode estar falando sério. – Papai disse muito sério.

– Absurdo por quê? Não estou brincando, senhor Martins, aliás, nunca falei tão sério em toda a minha vida. – Carlos Daniel tomou minha mão e cruzou na sua, fazendo-me senti-la muito fria. – Quero que me conceda a mão de Paulina para que seja minha esposa.

Papai ficou em silencio por um instante enquanto Carlos Daniel o olhava seriamente e fiquei sem reação, apenas sentia minhas pernas tremerem pelo impacto daquelas palavras.

– E então...?

...


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Notas finais do capítulo

Eita! Que tenso, hein?! E agora, o que será que o sr. Martins vai dizer?! ;s
Comentem bastante!!!
Obrigada por lerem *-*
Até o proximo cap...
Beijos, Tamy e Marta :**