Sobreviventes do Apocalipse escrita por SuzugamoriRen


Capítulo 28
Frota do Rei - Parte II




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Em seu Hummer amarelo, Anderson já se dirigia a base de operações da pessoa conhecida como Governador. Ele se deu esse nome em homenagem ao antagonista de uma série de televisão e quadrinhos. Pessoalmente, ele achava aquilo uma palhaçada, mas este homem conseguiu unir sobre sua liderança e astúcia quase todas as resistências interioranas e reinava praticamente como um ditador. Portanto, havia uma singela divisão de forças no território brasileiro com essa ascensão repentina de seu líder. Vinicius Ribeiro, no terreno ultramarino. Bruno Portinari, no sul e nos extremos do país e ele no interior. A partir de alguns meses anteriores aquilo, estes eram os grandes nomes quando se tratava de sobrevivência no quinto maior país do mundo e o maior da América Latina. Ninguém ousava em balançar e abalar essa ordem, o qual segundo o próprio governador era natural. Ele, com a força. O Obreiro, com a inteligência e por fim o general, com o carisma.

Nessa queda de braço o líder do interior via-se encurralado e em desvantagem. Muito por que os indivíduos com o gene da divergência desequilibravam o tabuleiro do jogo. Tomavam lados, pois as pessoas sentem-se mais seguras com outras as quais não possam ser infectadas. O baiano detinha quase todos eles a sua disposição – ele, inclusive era um. Bruno, com a aproximação e amizade com o homem dos suprimentos, poderia ganhar alguns de presente desfavorecendo a balança. Anderson repetiu a si a pergunta que o Governador fizera a ele em várias conversas.

Por que eles podem ter divergentes e nós não?

Como vice-comandante das forças gerais, o cearense nascido em Fortaleza não deixaria isso quieto. Tinha que reverter à situação antes que ela escalonasse.

Por isso deixou Jaqueline a beira da morte. Uma pessoa importante daquele tipo morrer, certamente mudara os panos e cartas na mesa. E um soldado como ele teria um papel formador das novas regras do jogo. O problema seria enfrentar a fúria de Vinícius, que seria implacável. A única maneira de evitar seria barganhar a grande proteção de seu líder e preparar-se a uma guerra entre as resistências.

– Você acha que a Elaine fará o trabalho dela? – Carol, sentado no banco do carona, brincava com o frasco de sangue coletado da divergente em Mariana.

– Será recrutada pelo obreiro. Aquela ali tem uma mente muito manipulável. Só fiz mostrar a ficha do que aconteceu nas outras resistências para enfraquecer sua resolução...

– Ainda não compactuei com o que fizera na cidade lá... Brutalidade demais para uma pessoa só.

– Tínhamos que dar um aviso. O governador também me ordenou isso, sigo ordens.

– Conheço você há muito tempo. Você segue você. As ordens simplesmente condizem com o que você deseja...

Anderson mordeu a língua. Carol Ramos era muito inteligente para o gosto dele, apesar de que sentia atração por mulheres assim.

– Toda história, toda equipe precisa de um deuteragonista.

– O que é isso? – indagou a garota guardando o frasco em uma maleta a qual continha vários outros frascos.

– É uma personagem que fica no limiar entre as duas facções, não tem alinhamento próprio e sempre segue o que acha o que é certo. Ajudando ou indo de encontro a um lado de cada vez.

– Então existem vários desse tipo...

– Não. Existem até poucos.

– Você está me confundindo Dan – Carol virou-se para ter uma melhor visão de seu amante – O que realmente você quer me dizer.

– Que apesar de não está em nenhuma liderança das grandes facções, eu serei aquele que mudará para sempre o embate e a estratégia de sobrevivência de cada um deles. Isso é ser um verdadeiro deuteragonista.

Dobrando algumas curvas, ele descera o morro para subir novamente. O acampamento onde o tal governador estaria não seria nada mais, nada menos que a localidade mágica de Campos do Jordão, na serra do Rio de Janeiro...

***

As últimas palavras do obreiro antes de desmaiar de dor foram:

– Faça o plano acontecer.

Bruno somente balançou a cabeça positivamente enquanto levava o jovem adulto de quase vinte e dois anos formados a seu iate. Cássio, que fora resgatado instante antes, o ajudara a leva-lo após recobrar a consciência. Os dois, com a inaptidão do estrategista marítimo, teriam que fazer o plano funcionar por eles mesmos. A desconfiança era alta, mas não fariam o sacrifício dele ser em vão.

– A Bianca vai querer me matar por causa disso – disse o general após colocar Vinicius em sua cama.

– Por quê? – indagou o vice-líder do obreiro fitando seu benfeitor.

– Ele não tem preparo e porte físico para apoiar uma arma com um refluxo muito grande como a FAL. Por isso ele atirava com um suporte, um tripé com o objetivo de manter a arma fixa, grudada – o homem do bigode começou a caminhar de volta a proa daquele iate, sendo seguido de perto pelo cearense – Só que além de ele não ter essa ajuda, ele estava em uma exaustão muscular de proporções inimagináveis. Aquele tiro que ele deu... Ele aleijou pontos de pressão do músculo daquela região. Os movimentos dele serão reduzidos permanentemente. Ele não pode mais atirar ou manusear bruscamente seu braço esquerdo, seu braço de suporte.

– Ou seja, ele sacrificou o próprio ombro para me salvar daqueles homens?

– Sim, meu amigo. Ele abriu mão de uma parte de seu corpo para ter você ao lado dele. Agora – o general atravessou a pequena rampa que ligava a lateral do iate a terra – o que você fará por ele?

Cássio respondeu, sem pensar duas vezes.

– Tudo.

– Muito bem. Ele te contou sobre a frota do rei? – o radicado gaúcho alisou seu bigode e barriga antes de continuar caminhando à esquerda do porto.

– Mais ou menos – continuou Cássio, apertando o passo – São uma frota de navios de suprimentos cujas armas são basicamente seus sons produzidos.

– Essa é a essência – Bruno sorriu á medida que se aproximava de outra parte da cidade portuária – Estamos se aproximando daquilo que o Vinicius esteve preparando durante dois anos. Essa ideia surgiu quando ele e eu nos encontramos pela segunda vez. Ele vai usar isso para salvar as pessoas das cidades litorâneas. Atraindo os zumbis pelos sons ao mar... A pressão atmosférica da água fará com que seus pequenos cérebros explodam.

– A ideia é boa... Mas será que vai funcionar?

– Nossos engenheiros conseguiram manusear antigos amplificadores de sons, que acoplado com alguns instrumentos podem fazer algum dano. Lembre-se o Vini pensou em curto prazo, primeiro ele vai querer livrar o litoral, e depois pensaremos em uma forma de adentrar ao interior.

O paraense de Belém sorriu. Não porque poderia realmente ajudar um numero de pessoas. Ele sorriu basicamente por que seu amigo sacrificou um ombro para lhe dar essa chance. A chance de ser realmente alguém importante.

– E o que você quer que eu faça?

– Eu ouvi dizer que você é bom na guitarra correto?

– Mais do que correto.

E conversando sobre os planos a logo mais, ambos se aproximavam da chamada Frota do Rei.

Na mesma hora que isso ocorria, Pâmela acabava de salvar o último homem na linha de frente. A adrenalina era alta e o auxílio da pontaria e força de Bianca Camolesi veio a calhar quando os rápidos, todavia frágeis zumbis. Eles continuavam a avançar impiedosamente a ultima muralha feita antes de se chegar aos terrenos da central de distribuição e quartel-general da resistência em Rio Grande, à aclamada capital da resistência brasileira. O salvamento daquele garoto de óculos e cabelos curtos chamou a atenção de Marcela. O garoto parecia realmente com um de seus grandes amigos, bem como inimigos, em um de seus diversos grupos nas redes sociais antes daquilo tudo acontecer.

Parecia... Não. Tinha certeza que ele era Enzo Aliardi.

Contudo, as últimas pessoas a ficar do lado de fora eram as garotas que se conheciam. Pâmela, Thallita, Bianca, Marcela... Elas ficariam do lado de fora para assegurar que todos evacuassem adentro do edifício. O sinal para elas entrarem seria quando os zumbis passassem pela última muralha.

E daí dependeria de uma singela coisa...

De que o plano de Vinicius e Bruno desse mais do que certo.


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