Sobreviventes do Apocalipse escrita por SuzugamoriRen


Capítulo 29
Mudança no Jogo




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Claudio lutava com ferocidade. Nem mesmo o melhor dos lutadores tinha a mesma resolução que ele para manter aquele homem ocupado o suficiente a fazer Anny fugir dali. Ela poderia tê-lo derrotado em uma situação anterior, mas aquilo não era caso de vida ou morte, desde o encontro dos dois – no armazém em que ela interrogava um suspeito – ele a fitara e notara que ela não tinha olhos de uma pessoa assassina. Somente procurava pelas mesmas informações que ele, com o agravante de envolver seu mestre. Com certeza, assim como ela, ele iria procurar saber do paradeiro de Vinicius se este acabasse perseguido como um criminoso. Anny tinha perguntas a fazer para Êvanes e quiçá ele também. Porém somente ela poderia obter as respostas que procurava. Por este único motivo não poderia, nem a deixaria morrer num embate feroz contra um homem que sentia prazer em derramar sangue de inocentes e oferecer estes de bandeja aos mortos-vivos que permeavam a ilha.

– Você espera ganhar de mim? – disse o homem encapuzado, com as duas lâminas empunhadas em forma de “x” ao defender um golpe direto do cassetete esquerdo do capixaba. – Está se cansando, em menos de cinco minutos, vai estar sem gás. E ainda sim, mesmo que ganhe, não conseguirá caminhar um quilômetro. Irá desmaiar... E ser um prato feito para os zumbis que estão em localidades próximas.

– Ao menos levo você comigo – retrucou um ofegante Claudio.

Sim, ele sentia os efeitos de uma batalha prolongada. Ele poderia ser sobrevivente, poderia fazer muitas coisas, até explodir um posto de gasolina a fim de chamar a atenção e livrar a cara de seus amigos. Mas cansaço era cansaço. Contra os supersoldados criados pelo Krocodil-H, não precisava gastar força. Golpes contundentes e precisos eram suficientes, só que ao contrário, humanos eram resistentes, resilientes e mais fortes. Ainda mais pessoas com treinamentos. Seja homem ou mulher. Anny demonstrava isso. Evidenciou que ele não era tão forte quanto ele pensava. Precisava treinar, bem como precisava sobreviver. E o que aquele homem dizia, era que ele não sobreviveria para se tornar mais forte.

– Certeza?

Ele retirou seu capuz e as pernas do divergente tremeram um tanto. Evidenciaram um homem de meia idade, barbudo cuja aparência lembrava muito a interpretação de Leônidas de Esparta no cinema. Forte, ágil, insano. Tinha as qualidades para vencer aquela luta. Tanto uma rápida, quanto uma de longa duração.

– Primeiro, saiba que não estou fazendo isso por que você é um divergente, só precisava que aquela mulher se retirasse daqui. O que eu quero é seu sangue.

– Para que? – Claudio dera dois passos para trás. Queria manter a distância, afinal o homem se aproximava perigosamente.

– Salvar uma pessoa muito importante para mim.

O divergente quase gargalhou.

– E você espera que eu ajude um assassino? Que enredo barato é esse?

– Então morreremos aqui. Antes você vai escutar minha história, daí decidimos se você vem por bem, ou eu te mato e retiro seu sangue enquanto há os sete minutos de bombeamento post-mortem.

Como o objetivo de Cláudio era segurar aquele cara o maior tempo possível, ele decidiu parar e escutar o que o homem tinha a dizer. Além disso, o tempo era precioso se quisesse recuperar o fôlego. Lutaria, agora, não para ganhar, e sim para sobreviver.

– Tudo bem.

O homem embainhou seus dois facões e cruzou os braços.

– Você sabe sobre o vírus que está assolando o mundo inteiro correto?

– Obviamente – Claudio manteve a base, manteve a postura de luta. Não conseguia deixar de estar tenso – O Krocodil-H.

– Sua amiga – ele apontou com o polegar ao vazio atrás dele – Ela sabe do que eu vou falar agora. Tá no dossiê dela.

– O que?

– Existem três tipos de variações do Krocodil-H. A primeira delas é a natural, a que ressuscita os mortos. A segunda é uma desconhecida que os deixa mais rápidos, porém mais frágeis. Pelas informações retiradas de pessoas das quais eu matei, essa segunda entrará em prática em um ataque coordenado pela Morte em algum lugar do mundo.

– E a terceira?

– A terceira é algo mais insano. E é por causa dela que preciso de sua ajuda, pois segundo o próprio criador do vírus, somente o sangue de divergente pode salvar uma pessoa infectada. Como uma mordida de zumbi, faz o vírus circular de uma forma que o tempo fique curto é quase impossível para usarmos quando somos mordidos, restando apenas à morte. – o homem caminhou em direção a Claudio rapidamente – O problema é que essa terceira variação não mata a pessoa rapidamente, a transforma mantendo parte de sua consciência. Essa é a forma que os cientistas americanos ou de quem quer que fosse que criou o vírus desejavam.

– De manter a consciência de um supersoldado?

– De tornar a humanidade um patamar acima do que a natureza desejou. As pessoas infectadas com essa terceira parte... É melhor você vê...

– O que me garante que você não me dará a chance de lutar pela minha vida se eu não concordar em dar meu sangue?

– Nada. Mas eu quero lhe deixar a par de tudo o que aconteceu. Matei muita gente para chamar a atenção do obreiro e de sua equipe de divergente. Somente para salvar a pessoa que me importa. Se você o fizer, irei sumir da vida de todos e viver afastado. Quer um inimigo ou uma pessoa indiferente com a situação?

– E porque aquele teatro com a Anny?

– Por que ela é assistente do homem que criou o vírus.

– E como você sabe?

– Por que o governador me disse.

A cada resposta do homem que Cláudio imaginava como Leônidas, mais perguntas surgiam. E somente uma visão completa daquilo o faria ter certeza do que estava se metendo. E o que ele quis dizer que a Anny era assistente do homem que criou o vírus? Êvanes, segundo ela, não trabalhava numa cura ou algo do tipo? As respostas viriam depois, e aquele dossiê feito precisava estar em suas mãos antes de qualquer atitude.

– Irei pegar o dossiê e iremos ver essa sua pessoa importante. Preciso dele para mostrar a meu mestre.

– O obreiro?

– Como sabe?

– Como eu disse, o governador me contou de tudo isso.

E com isso, Cláudio não teve um bom pressentimento de tudo aquilo, mas se jogaria no emaranhado político da resistência brasileira. Mudaria de lado? Duvidava, porém precisava de uma grande visão do que acontecia nas entranhas dos diversos grupos que formavam o atual Brasil.

***

A frota do Rei estava pronta. Era composta por alguns operadores, mas na guitarra havia uma garota alta, de cabelos longos, lisos e castanhos. Tinha um porte atlético, devia malhar com frequência. No baixo, uma pequena jovem de quase quinze anos impressionava-se pelos instrumentos espalhados, parecia querer escolher todos para tocar. Tinha cabelos levemente curtos com franjas. A terceira mulher tinha por volta de seus dezoito para dezenove anos, cabelos curtos e cacheados com uma estatura semelhante a da garota de cabelos castanhos.

– Conheça suas companheiras de banda. Laura, Jéssica e Carol.

Cássio as cumprimentou uma a uma.

– Sou Laura Fonseca – disse a de cabelos castanhos.

– Eu me chamo Vitória Carolina, mas me chame de Carol – falou a menor das mulheres.

– Sou Jéssica Milena, me chame como quiser.

Bruno sorriu enquanto virou-se para o paraense.

– O Vini queria que você se responsabilizasse por essa equipe. Artistas são artistas. Ele é somente um soprano. Ele prefere que você seja a voz dele aqui no comando da frota.

– Claro. – o homem nem pensou duas vezes, mas não poderia deixar de notar... – Cadê o baterista?

– Preso no prédio – retrucou o general bigodudo a medida que se retirava do principal navio da frota.

– Mas quem é?

– Alguém que você conhece muito bem.

– Conheço muitas pessoas.

– Enzo Aliardi é um nome comum a você?

Cássio sorriu. Ele conhecia sim aquele garoto de apenas quatorze anos à aquela época. Só esperava que conseguisse mexer com as coisas a tempo de salvá-lo. De salvar a todos e depois, talvez um dia, retribuir o sacrifício que seu líder e amigo fez para lhe salvar.

– É a hora do show garotas...


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