A Escolha escrita por Leticia R


Capítulo 17
Capítulo 17 ♛ Respostas


Notas iniciais do capítulo

Olá queridas!
Meus amores, onde estão vocês? Gente, vocês sabem muito bem o que acontece comigo quando eu não recebo comentários. Além de desanimar, eu acabo demorando para postar. Então por favor, eu peço que me ajudem aqui. Obrigada ^.^
Esse capítulo explicativo foi dividido em duas partes. A parte 1, e a parte 2. Ok? Então não se preocupem.
Desculpem qualquer errinho.
Boa leitura!



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Dante corria de um lado para o outro...

Ele me carregou até uma grande casa nos fundos da floresta rente a trilha. Eu sei, eu deveria ter ficado com medo. Afinal, o homem que me atacou naquele dia, foi ele. Mas não fiquei, talvez porque Dante puxava conversa comigo o tempo inteiro.

Enquanto eu era carregada pelo meu “salvador”, Dante me perguntava sobre o palácio, as roupas, comidas e o jardim. Tinha certeza que ele não estava nem um pouco afim de escutar sobre essa superficialidade, mas, para não me deixar nervosa – Sendo que eu já estava – Ele tentava me acalmar com conversas. Meus olhos estavam cheios de lagrimas, e eu estava passando frio. Ele havia me embolado em seu colo de um jeito em que eu ficava com a cabeça em seu ombro, enquanto ele me carregava apressadamente para longe do palácio.

O seu perfume era a coisa mais surreal que eu havia sentido. Era como se fosse erva-doce misturado com um toque de conhaque. Lembro que cheguei até a fechar meus olhos enquanto ele me carregava. A noite estava terrivelmente escura, e o que nos guiava, era o sexto sentido de Dante.

E assim, logo avistei uma casa de campo bem escondida perto de uma leve inclinação. As folhagens da floresta a escondiam muito bem. Mas, pude perceber que dentro dela, havia um jardim, e esse jardim, cultivava uma flor muito conhecida por mim... Acho que podemos deduzir qual flor era.

Mas agora, eu me encontrava sentada em uma poltrona da cor laranja enquanto me embolava com um cobertor negro e observava Dante correr de um lado para o outro. Não sabia se deveria chama-lo de Nick, afinal, esse era o nome verdadeiro dele, não é? Nick Condini Scansani, correto? Lembro de seu nome por causa da ficha de Alex, que secretamente, eu peguei da sala do meu pai.

Papai, mamãe...

Um desespero passou por mim assim que me lembrei que eles haviam ficado para trás. Eles não sabiam o que estava acontecendo, muito menos, para onde eu fui, e como sai do palácio. Como pude ser tão imprudente ao sair do palácio com o homem que está sendo procurado pelo meu pai?

Suspirei nervosa...

Ele corria apresado de uma sala para outra enquanto trazia consigo alguns papeis amarelados e amassados. Seus olhos azuis eram lindos, mas de uma cor diferente dos olhos de Alex. Não sabia defini-los muito bem, afinal, estava escuro. Mas do pouco que consegui enxergar, sim, Dante era um homem muito atraente.

Escutei um barulho de caneta se arrastar por uma folha de papel grosseira. Aquele barulhinho irritante de rabiscos me fez fechar brevemente os olhos, e assim que eu os abri, Dante me encarava. Com o meu corpo gélido, eu me apertei a coberta na tentativa de esconder o meu medo. Mas foi em vão. Dante percebeu o meu desespero atrás do meu olhar, então, se aproximou de mim.

Ele sentou-se na mesa a frente.

– Quer chocolate quente? – Perguntou inocentemente.

Neguei lentamente enquanto o encarava.

Ele bufou...

– Estou certo que, você ainda quer explicações, não é?

Assenti tristemente.

– Por onde quer que eu comece?

Abaixei meus olhos por um tempo. Talvez, pelo começo... Mas a questão era, eu não sabia por onde começar. O que perguntar primeiro? Bom, talvez eu devesse ser prática e começar perguntando o obvio, e claro, a pergunta que mais me aflige no momento.

– Meus pais ficarão bem?

Ele sorriu fracamente para mim.

– Sim, seus pais ficarão bem. Como eu disse, eles querem a coroa hoje, e não a família real.

– M-mas se... Eles decidirem atacar hoje, e se eles matarem meus pais?!

Dante sorriu mais uma vez, e me olhou profundamente.

– Eles não irão matar ninguém, confie em mim Katherine.

Fintei o rosto que se parecia tanto com o de Alex. Eu sabia, eu tinha certeza que assim que o vi pela primeira vez, no dia em que ele havia me atacado, Dante, tinha uma incrível semelhança com Diego Dupke. Mas sim, eles eram diferentes. O formato do rosto, nariz, boca... Era estranho perceber o como eles não tinham nada a ver nesse quesito. Mas os olhos... O formato deles e a cor, me lembram não apenas a safiras, mas a turquesas e a mares profundos e obscuros da cor azul clara. Eles se tornavam iguais, pelos os olhos. E devo confessar, como Diego nunca chegou a cogitar a ideia de que, Nick era o seu verdadeiro pai?

– O que são vocês? Digo, quem são vocês? O que fazem, o que querem, como agem? Por que me atacou aquele dia? Por que está me ajudando agora? E Alex, quer dizer... Diego, por que ele trocou de nome? Por que ele tem marcas no corpo? Nunca contou a ele que você é o seu verdadeiro pai, por que? Meu pai sabe disso? Ele sabe que tem rebeldes dentro do palácio? Aqueles rebeldes são seus aliados, ou você...

– Ei, espere um minuto, vamos por partes. – Dante respondeu rapidamente levantando as suas mãos enquanto suspirava nervoso.

Eu me acalmei, e fechei a minha boca.

– O que acha de começarmos pelo o que eu sou, depois pulamos para o que aconteceu, e por último, conversamos sobre como estamos aqui?

Eu resmunguei.

– E a parte do Alex...?

Ele assentiu.

– Certo, por último, conversaremos sobre o Alex. O que acha? Está de acordo?

Assenti rapidamente.

♛♕♛♕♛

Diego estava encrencado, e sabia disso.

Assim que escutou a voz de Nathan, já foi o suficiente para ele perceber que algo estava acontecendo bem debaixo do seu nariz, e quando ele e Nathan cruzassem a mesmo caminho... Acabaria em guerra. Não que Diego fosse mata-lo, claro que não. Mas Nathan o repreenderia, o xingaria de incompetente e o esnobaria por ser tolo o bastante para não fazer algo útil.

Mas Diego tinha uma desculpa...

O seu corpo estava inteiramente ferrado. Albert e Oscar fizeram o excelente trabalho de destruí-lo pouco a pouco, mas claro que, Diego Dummer Dupke nunca deixaria barato. E foi assim a sua vida inteira, ou melhor, desde que ele havia dado o seu primeiro soco no olho quando tinha doze anos.

Era o tempo em que ele havia perdido a sua mãe, ele estava frágil e arisco, tudo o perturbava. Foi quando Jason Striker entrou em sua vida de maneira assombrosa. Ele empurrara Diego da escadaria do colégio, e olha que naquele tempo, Diego não havia espichado, por isso, era um garotinho baixinho. Mas então, quando completara treze anos, Diego resolveu tirar a limpo toda a hostilidade que Jason provocava nele. Então, no final da aula, Diego encurralou Jason Striker no paredão da garagem e o bateu com tanta força, que a sua mão chegou a sangrar.

Em hipótese alguma, Diego se arrependeu pelo que fizera com o alto e belo Jason. Saiu orgulhoso por socar aquele rosto que fazia as garotas suspirarem, foi então, que conseguiu a fama de encrenqueiro. Logo mais tarde, tia Olga teve que se apresentar no colégio e assinar a suspensão por agressão ao aluno. Diego passou o resto do dia no quarto, mas quando de noite, Nick se encaminhou até ele para dar-lhe um sermão.

Mas então, ele completou os seus treze anos, e pela primeira vez, conheceu o verdadeiro padrasto. Ele estava na sala de treinamento junto aos seus comparsas. Diego não era maduro o suficiente para perceber que eram todos rebeldes, na verdade, ele nem cogitou em pensar nisso. Mas quando viu Nick socando e esmurrando um de seus aprendizes, ele ficou de queixo caído. Nick o tinha visto observando o treino, e quando os seus olhares se encontraram, Nick arregalou os olhos e o mandou ir embora.

Bom, foi o que ele fez...

Diego conseguiu se levantar da cama de Katherine, e já vestia o pijama que ela buscou em seu quarto. Seus ferimentos ainda ardiam, até mesmo os antigos, mas não tinha nada que Diego pudesse fazer.

Escutou então, as vozes de três pessoas e barulho de passos apressados. Rapidamente, ele agarrou o espelho de mão da penteadeira de Katherine e levantou na intenção de bater, caso fossem rebeldes. Entretanto, quem passou pela porta foi Lea. A garota estava igualzinha da última vez que Diego a vira, com os seus cabelos curtíssimos como os de um garoto, e os olhos verdes.

– Diego! – Ela sussurrou alto assim que o viu.

Correndo rapidamente até ele, Diego esticou a mão em advertência e pediu para que ela não se aproximasse. Ela recuou um passo ao perceber que o corpo de Diego estava ferido. Ele sorri para ela, e tocou em sua bochecha a acariciando de forma amistosa, obviamente, ela sorriu para ele também.

– Olhe para você, olhe para esse cabelo... Faz quase um ano que eu não vejo, não sabia que o havia deixado crescer – Ela sussurrou comentando.

– Lea, onde você está? – Kai perguntou baixinho, foi quando uma careca atravessou a porta.

Kai tinha o cabelo completamente raspado. Uma tatuagem de dragão vermelho no braço esquerdo e muitos piercings no rosto. Um na boca, outro na sobrancelha e claro, ele tinha um nos mamilos. Mas isso realmente, era algo que Diego não queria pensar.

– Diego, senhor, que saudade cara! – Ele já se encaminhava até o guerreiro ferido.

– Cuidado Kai! Ele está machucado. – Lea avisou.

Recuando sorrateiramente, Kai assentiu envergonhado e sorriu para Diego com os seus olhos castanhos. Ele tinha porte para ser um homem durão, e isso era devido a sua tatuagem e os furos que ele tinha no rosto, mas por dentro... Kai era o garoto de dezoito anos mais manso do mundo, claro, se ninguém o provoca-se.

– O que estão fazendo aqui? – Diego perguntou indignando – Ou melhor, o que está acontecendo aqui?

– Cian, cara. Recebemos uma mensagem anônima sobre o ocorrido hoje à noite. Pensamos que era uma armadilha, mas não, os nortistas usaram dois selecionados infiltrados na seleção para gerarem uma confusão. Eles deram um jeito de atrair a atenção do guardas, fazendo uma real emboscada. Quando chegamos aqui, tudo estava assim... Deserto. O portão de trás estava aberto e as portas estavam trancadas.

– Viemos pelo telhado... – Continuou Lea – Entramos por uma das janelas, ou melhor, a quebramos. Percebemos que as únicas portas abertas levavam para o norte, ou seja, para os jardins. Não sei exatamente o que os rebeldes queriam ao trancar todas as portas e deixarem a saída livre para...

Rapidamente, Diego correu para a porta e a travessou as presas. Ele sabia o porquê das portas abertas. Eles queriam atrair a Katherine para lá. Eles sabiam que ela queria passar para o outro lado do palácio, e fizeram isso de propósito. Parece que Diego não foi um dos únicos a vigiarem a princesa...

Chegando até o lado de fora, Diego encontrou Nathan escorado na parede enquanto esperava. Suas orbitas castanhas chegaram até os seus olhos e se enraiveceram. Nathan bufou profundamente ao perceber que Diego o encarava.

– Olha só, a cadela resolveu aparecer.

Nathan tinha uma boca suja. Ou melhor, muito suja. Na maioria das vezes em que dizia uma frase, pelo menos um palavrão, aquela frase deveria conter. Eram xingamentos loucos entre Nathan e Diego. Eles se xingavam de tudo, se provocavam de todos os jeitos possíveis, se esmurravam e se socavam quando eles estavam a fim. Mas lá no fundo, tenha a certeza que eles se amavam. Ou pelo menos, um deles amava o outro fortemente, mesmo não tendo coragem de admitir isso.

– Nathan... Senti a sua falta.

Isso foi o bastante para fazer com que Nathan corasse.

– Não diga essas porras sensíveis para mim. Estou cansado de limpar a sua sujeira, Diego. Se você não tivesse socado aqueles caras e dito quem realmente era, isso não teria acontecido. – Nathan chegou um pouco mais perto.

– Eles estavam com o meu amigo, eu não podia simplesmente deixar com que eles batessem nele.

Nathan ficou bravo.

– Que amigo?

Diego suspirou.

– Por favor, Nathan... Temos que sair daqui, prometo que depois irei responder as suas perguntas. Mas antes, temos que buscar Mark e leva-lo conosco.

– Quem é Mark? – Nathan perguntou ainda bravo.

– Meu amigo. – Respondeu Diego.

– Que tipo de... Amigo?

Lea e Kai estavam logo atrás dos dois baderneiros, esperando a discussão cessar. Diego não estava entendendo o porquê de Nathan estar tão bravo com ele, sendo que o próprio Nathan, já havia feito coisa muito pior.

– Ei, vocês dois – Lea apontou para os dois causadores de caos – Vamos logo buscar esse garoto, temos que sair daqui o quanto antes.

Diego assentiu para Lea, e observou Nathan revirando os olhos.

♛♕♛♕♛

Bebi o meu chocolate quente, enquanto esperava...

Antes de começarmos a conversar, Dante correu até a cozinha e me serviu uma caneca de chocolate quente. Eu ainda estava com os olhos avermelhados de tanto chorar, mas um pouco da minha aflição diminuiu, assim que percebi que Dante estava fazendo de tudo para que eu me sentisse confortável.

– Nós não somos maus Katherine, muito pelo contrário. Nós não queremos matar Maxon, America ou você... Nós só queremos, ou queríamos, a coroa.

Coloquei o achocolatado na mesa.

– Como assim queríamos?

Dante suspirou.

– Sabe o que significa ter o poder da coroa, Katherine? – Eu neguei e ele prossegui – Significa ter controle absoluto da realeza. Quando sua mãe, America, se casou com seu pai, Maxon, eles tiveram que usar a coroa, mesmo que por um curto período de tempo. Ter a coroa Katherine, é demonstrar liderança. Roubar a coroa, quer dizer que Illéa não terá uma nova rainha, significa que a linhagem real, acabou.

Estreitei os olhos preocupada, mas ainda não entendendo algumas coisas.

– Certo mas... Meu pai poderia muito bem mandar uma nova coroa ser feita e...

– Sim, é claro que poderia. Mas não seria a mesma coisa... Você assiste os jornais de Illéa, Katherine? – Assenti rapidamente – Bom, então está antenada sobre os atuais problemas que o seu pai vem enfrentando. Depois da morte de Bryan, as províncias estão se rebelando contra o governo real por causa do homicídio. O povo quer respostas, assim como nós também queremos.

Assenti compreendendo...

– E o que os rebeldes fariam se, eles pegassem a coroa?

Dante pensou...

– Eles usariam a mídia. Comunicação em massa, alienação... É fácil induzir o povo para uma revolução. E acredite, a morte de Bryan, só fortaleceu a todos nós.

Todos nós... Exatamente onde eu queria chegar.

– Você disse que também estava atrás da coroa, por que não está mais? Não sei se posso confiar em você...

Ele sorriu para mim.

– Estava, não estou mais. Eu... Desisti dos planos.

O encarei desconfiada.

– Por que?

Apressadamente, Dante correu para a mesa onde estavam depositados vários papeis antigos. Do meio da pilha, Dante retirou um cartão, ou melhor, uma foto. Conseguia enxergar o branco de trás da fotografia junto com um número. Era uma data.

Olhando para mim, Dante voltou a se sentar na mesa, e vagarosamente, virou o cartão, que continha a foto de um garotinho de olhos azuis safira e com cabelos parcialmente compridos da cor castanho avermelhado. Ele parecia ter uns sete anos naquela fotografia; a imagem estava um pouco empoeirada e com marcas de risco. Mas, mesmo assim, eu conseguia distinguir aqueles olhos em qualquer lugar.

– Eu percebi que... Quando a família está em jogo, nós devemos abaixar as armas e nos render. Ele é a coisinha mais importante na minha vida. E quando eu o vi pela última vez, percebi que se tentasse ser o vilão, nunca conseguiria um pouco de seu afeto. Já fui imbecil o bastante para afasta-lo de mim, não quero ser imbecil novamente para ele nunca mais voltar.

Senti meu coração apertar...

– Por que nunca contou a ele? Por que fingiu ser o seu padrasto e não o seu pai verdadeiro?

Dante abaixou a cabeça...

– Estamos desviando do assunto...

Foi então, que coloquei minhas pequenas mãos em seu braço. Dante me olhou estranho, mas logo suspirou. Eu queria que ele me contasse tudo. Mas, também tinha a noção que muitas das coisas que eu gostaria de saber, só poderiam sair da boca de Alex, ou Diego. Eu não sabia mais.

– Você deve estar se perguntando, como pude ser tão cruel em mentir para o meu próprio filho... Bom, creio que tudo o que eu fiz, foi por ama-lo demais, talvez até mais que eu possa suportar.

– Por favor, me conte... – Implorei.

Percebi que ele iria chorar se continuasse olhando para baixo.

– Eu... – Ele começou – Eu tinha vinte anos quando entrei para a guarda real. Meu pai Rick, foi um bom soldado para o país, ele pegou Clarkson quando jovem, e praticamente, o viu crescer... Eu era um adolescente caminhando para a vida adulta, não tinha para onde ir, ou melhor, para onde me esconder. Nem eu, nem o meu irmão.

Levantei minha sobrancelha.

– Irmão? Alex tem um tio? Ele me disse que não tinha ninguém... – Foi então, que eu me lembrei que Alex não sabia que Dante era o seu verdadeiro pai – Espere, Alex não sabe que tem um tio, porque ele não sabe que você é...

– Diego, veio de um erro. O erro mais maravilhoso da minha vida. Não me arrependo de nada. Mas, coisas aconteceram e eu... Não pude fazer mais nada, desde então.

Céus, do que ele estava falando?!

– Eu era cinco anos mais velho que Maxon quando fui para o palácio, e foi porque a rainha Amberly havia me deixado ficar. – Ele respirou fortemente – Eu tinha vinte anos quando botei os meus pés no território real, minha mãe não me queria mais, e eu conseguia ver isso em seus olhos. Por isso ela me mandou para lá, para meu pai assumir toda a responsabilidade de seu filho crescido.

Abaixei a minha cabeça compreendendo...

– Quando o meu irmão Tucker tinha onze anos, e eu eu tinha dez, nós brincávamos na trilha que levava ao palácio quando nenhum guarda estava por perto, subíamos nas árvores e dávamos piruetas por todos os bosques. Ganhamos um livro chamado: As aventuras de Dante e Cian. Era um livro espetacular, e sabe qual era a melhor coisa? Dante e Cian eram irmãos, e isso fez a nossa amizade crescer ainda mais, naquele tempo.

Levantei a minha cabeça, e analisei seus olhos.

– Mas assim que Tucker completou doze anos, ele mudou. Passávamos pouco tempo juntos, quase nem nos víamos. Tucker, havia virado um garoto estranho e mandão. – Ele suspirou – Faltava um ano para o meu aniversário de doze, e eu ainda tentava entender o que se passava com o meu único irmão mais velho.

“Mas assim que eu completei meus doze anos, Tucker tinha treze, e já participava de campeonatos feitos pelos moradores da região, e frequentemente, se metia em brigas. Tucker havia crescido, e se esquecido de mim. Ele mudou completamente de um garoto para um homem sádico. Ele não queria mais saber de brincar, e nem de subir em árvores, ele não queria mais fingir que ele era o Cian, e eu era o Dante. Ele se esqueceu. Foi então, que no seu aniversário de vinte e um, ele se juntou aos rebeldes nortistas. E eu, fui encaminhado para o palácio”.

Ele passou a sua mão pelo o cabelo grisalho, e o ajeitou...

– Assim que eu entrei no palácio, Clarkson fez uma grande festa de aniversário para a rainha Amberly; ele contratou os melhores cozinheiros de Illéa, assim como os melhores grupos de orquestras, e claro, a florista. – Ele então, enrijeceu o corpo – Ela só tinha quinze anos, a idade de Maxon; ela tinha olhos azuis tão escuros, e cabelos mais negros que as sombras. Lembro que quando coloquei meus olhos naquela pele branca cheia de sardas, eu tinha certeza que deveria conhecê-la, ou pelo menos, chamar a sua atenção.

“Quando conversamos, ela parecia tão aflita. Mal conseguia segurar o arranjo de flores de sua mão, por isso, eu mesmo fiz questão de segura-lo. Naquela noite, eu estive certo que mesmo sendo tão nova, ela era muito mais madura do que qualquer mulher. Então, levamos um relacionamento baseado na amizade. Mas claro, quando ela completou vinte anos, começamos a ingressar em um relacionamento um tanto mais sério.

Espere! Meu pai disse que Camélia era um das selecionadas no tempo do meu avô, como isso é possível? Ela já estaria morta, ou quase morta. Como explica isso?

Ele piscou rapidamente, e refletiu.

– Ah, isso? É fácil manipular um documento. Da mesma forma que manipulei o registro que Diego era o meu filho, eu manipulei o registro dos documentos oficias.

Fiquei incrédula.

– M-mas então... Diego sempre soube que a sua mãe nunca foi uma selecionada?!

– Sim, ele sempre soube. – Dante sorriu sem nenhuma intenção de ser amigável – Deveria saber Katherine, isso daqui, é uma rede de mentiras. Meu filho não passa do mesmo homem que eu sou, infelizmente. E além do mais, se dissesse que Camélia já foi uma selecionada, eles não suspeitariam de mim, e nem avaliariam o tempo em que eu estive trabalhando para Clarkson.

Minha raiva estava atiçada. Eu queria matar aquele homem que se dizia ser Alexander Dupke!

Ele sorriu fracamente ao se lembrar do passado.

– Então, Alex... Desculpe, eu ainda não me acostumei. Então Diego, realmente é o seu filho. Mas por que esconder dele...? – Perguntei agradável sem mostrar que estava rangendo os dentes.

Dante, rapidamente, virou seus olhos para mim.

– Por causa de meu irmão.

♛♕♛♕♛

– Por que você está nervoso? Eu não estou entendendo.

Nathan deu uma rápida olhada para os olhos de Diego, e percebeu que o homem o encarava. Seu rosto estava vermelho, e um tanto quente. Talvez porque, sempre que Diego o olhava daquela forma desentendida, todos os nervos de corpo entravam em erupção. Mas não sabia ao certo. Entretanto, na cabeça de Nathan, ele só estava vermelho porque tinha que buscar o maldito amigo de Diego.

– Sério, Nathan. Me diga qual é o problema? – Diego encostou a mão no homem de pele incrivelmente bronzeada e de olhos castanhos claros. Eles tinham praticamente a mesma altura. Mas, Diego estava convicto que ele, ainda sim, era dois centímetros mais alto.

– O problema? – Nathan perguntou aos berros – Você é o problema. – E respondeu aos berros.

Por um momento, Nathan procurou algo intimidador nos olhos de Diego, e para a sua surpresa, não encontrou. O seu corpo estava ferido, e disso, ele sabia. Mas nunca pensou que Diego seria capaz de se calar perante a uma grosseria dele.

Foi então, que se lembrou da vez em que ele e Diego brigaram por um pequeno equívoco. Criando então, uma desavença entre os dois.

Nathan estava sentado ao lado de Christina Wingate enquanto ele observava Diego Dummer conversar com Donna Landry sobre as banalidades de que ela sempre conversava. Christina havia colocado uma de suas mãos na coxa de Nathan, e ele, havia encarado os seus olhos caramelos, sorrindo. Donna, entretanto, foi mais ousada colocando a sua mão ao lado da genitália de Diego. Rapidamente, Nathan, afastou seus olhos de Christina e observou Diego aos beijos com Donna.

Nathan se lembra do que veio em seguida.

Com o rosto enciumado e com os olhos sombrios, ele correu até Diego e lhe empurrou no tórax. Então, o garoto de dezesseis anos de cabelos cor terra queimada o olhou incrédulo e desentendido. Nathan então, o puxou para o lado e gritou com ele dando a desculpa que, Diego o havia deixado com Christina, e ele havia ficado com Donna, que era bem melhor. Por isso o surrou, mas... Diego pareceu não acreditar.

Nathan nunca soube se Diego desconfiava de seus sentimentos. Como também, Nathan nunca conseguiu enxergar nos olhos de Diego, uma indiferença repulsiva ao beijar garotas e ao transar com elas. Mas no final, era melhor que ele não soubesse de nada.

– Eu sou o problema? Por favor Nathan, não quero brigar.

Nathan de enfureceu.

– Mas eu quero! – Apressadamente, Nathan chegou mais perto de Diego e colocou a palma de sua mão na parede, o encurralando. Diego o encarou aflito.

Então ele procurou algum resquício de esperança. Mas não encontrou. Diego tinha falado logo antes: “Nathan... Senti a sua falta”. Será que ele realmente sentira? Pois agora mesmo, Nathan não apenas procurava um consolo por estar tanto tempo longe de Diego, mas procurava uma resposta lógica para Diego não revidar o fato de estar encurralado.

– Você sempre me causa problemas... – Surrou Nathan abaixando a cabeça, e encarando os próprios pés – Desde que eu te conheci naquela maldita escola quando tínhamos sete anos, você sempre chama o problema, me forçando sempre, a arruma-lo para você.

E por mais cansado e ferido que Diego estava, Nathan estava certo. Ele sempre concertava todas as burradas que ele próprio – sozinho – criava. Então, exausto e suspirando. Diego colocou uma de suas mãos no ombro de Nathan, que levantou a cabeça e o encarou.

– Você está certo – Diego disse baixinho – Eu sempre entro em roubadas, e você, sempre me tira delas. Me desculpe. – Nathan levantou a sobrancelha delicadamente – Mas não temos tempo para acertar nossa relação, então por favor Nathan, me ajude a encontrar meu amigo, e me tire daqui.

Enquanto Lea e Kai corriam por todo o palácio a procura de Maxon e America. Nathan tinha, agora mesmo, o rosto quase colado ao de Diego. Ele poderia fazer, se ele quisesse.

Suspirando, Nathan se afastou de Diego.

– Vamos logo, temos que encontrar o seu amigo.

Diego sorriu, e Nathan, entristeceu.

♛♕♛♕♛

– Eu estava mais do que feliz em abandonar a minha vida de guarda e iniciar uma nova com Camélia. Mas deixar o emprego não é nada fácil, na verdade, é uma burocracia e tanto. Eu era um dos melhores guardas, e não digo isso para me vangloriar, muito pelo contrário, eu era um guarda excepcional.

Tinha minhas mãos no braço de Dante, enquanto ele contava a história.

– Mas então, no dia em que fui me apresentar a Clarkson e dizer a ele que eu queria sair do palácio, eu o vi chicoteando o filho, Maxon. – Estrei meus olhos e rapidamente tirei minhas mãos de seu braço – Lembro dos gemidos sofridos que Maxon deixava escapar, ele era apenas um garoto, mas era forte o suficiente para aguentar a brutalidade do pai. Ele iria completar vinte anos, e obviamente, iria iniciar uma nova seleção. – Eu não sabia que meu pai apanhava do meu av... – Mas Clarkson me viu lá, o observando. Então, mandou Maxon embora com suas costas feridas e sangrentas, enquanto ele me repreendia por tê-lo o assistindo. Agora, acha mesmo que Clarkson me permitiu sair do palácio depois do que eu vi? Mas é claro que não.

Espera, então... Ele o fez ficar no palácio?

Dante assentiu.

– Apenas no início da seleção, enquanto a família real se preocupava com a rotina de Maxon, eu consegui escapar do palácio. Mas escapar não foi o suficiente para me tranquilizar sobre o que aconteceria mais tarde. Assim que Clarkson descobrisse a minha fuga, ele não apenas me caçaria, mas sim, a Camélia.

Percebi que o meu chocolate quente estava esfriando, mas não liguei.

– Então, convenci Camélia a fugir para a Alemanha. Onde lá, ela ficou até os seus vinte e sete anos. Sim, Clarkson já havia morrido a muito tempo, mas mesmo assim, achei seguro que ela continuasse lá. – Dante bufou – Meu irmão havia me encontrado muito antes de Camélia seguir para a Alemanha, e foi por intermédio de alguns colegas, Tucker então me recrutou, com seu novo nome: Cian. E eu, Dante.

“O problema era: Eu sabia o que Tucker fazia. Ele era um nortista. E sim, tenho certeza que ele foi o culpado pela morte de Clarkson. Chego a pensar que, na verdade, quem realmente matou Clarkson foi ele”.

– Espere! – Disse rapidamente – Como... Meu Deus, meu avô foi morto por um rebelde, disso eu sabia mas, não sabia que meu pai era castigado dessa maneira, ele nunca me disse, nem mesmo a minha mãe eu... Estou me sentindo uma imbecil... Como consegui ser tão dura com ele...?– Sussurrei a ultima frase.

– Desculpe por isso Katherine, achei que sabia. – Ele suspirou, e então continuou. – Meu irmão, Cian, é um homem assombroso. Tanto é que, quando Camélia voltou da Alemanha, eu a engravidei, esse foi o meu lindo erro. Assim que meu irmão descobriu, ficou uma fera, chegou até ameaçar a matá-la. Então, a fiz voltar novamente para Alemanha. Meu Deus, depois de tantos anos separados, eu tive que obriga-la a voltar.

Assenti.

– E quando você conheceu Diego, ela já tinha sete anos, é isso? – Deduzi convicta.

– Sim, ele já era um garotinho muito briguento com sete anos. Foi difícil me aproximar dele, tão difícil que até hoje eu tento, e não tenho êxito.

Suspirei tristemente.

– E por que consegue?

Dante então, me olhou com os olhos cobertos de lagrimas enquanto eu sentia a sua dor. Queria poder lhe abraçar – Mesmo isso sendo extremamente inconveniente, mas... Eu gostaria muito de abraça-lo.

– Alexander Dupke já te contou sobre a morte da mãe?

Eu pensei por um instante.

– Sim, ele me disse...

Dante riu irônico.

– Deixe-me pensar, ele disse que em uma noite de tempestade, Camélia correu até a estufa para tentar salvar a flores que tinham o mesmo nome que o dela. Mas Diego não a encontrou mais, não é? Ele disse que a chamava e chamava, porém, ela não respondia, estou certo?

– Sim, ele disse que ela não havia voltado mais para casa, e culpou a chuva desde então. Disse que muita gente morreu e...

Dante se levantou da mesa rabugento.

– Bom, talvez essa historinha dele não seja tão verdadeira assim.

Apertei meus olhos e respirei fortemente.

– O que quer dizer?

Dante caminhou até a mesa repleta de papeis.

– Quer dizer, que Diego sabe muito bem o que aconteceu com a mãe. Sabe que naquela noite não foi a tempestade que matou as pessoas e que matou Camélia. Ele diz isso, na tentativa de acreditar na própria mentira. Mas eu sei que ele a viu dentro da floresta, ele viu a mãe ser morta e tenta esquecer com mentiras baratas, e dizendo as pessoas que tentou procura-la, e não a encontrou. – Dante limpou algumas lagrimas que escorriam pela a sua bochecha. – Eu penso que, ele acha que fui eu que a matei, assim como acha que fui eu que matei a sua Margo, mas... Não, eu... Ele confundiu...

Apressadamente, me levantei.

– Dante? O que é isso? Quem matou ela, por favor, Dante... Quem...

Dante colocou as mãos rosto e chorou fortemente. Um choro muito desesperado e um tanto delicado, afinal ele estava fragilizado. Com muita dificuldade ele me olhou com os seus olhos encharcados e berrou.

– Eu não tive culpa, eu não cheguei a tempo! Ele havia dito que seu não me juntasse aos nortistas novamente, ele a mataria.

Levantando a voz, eu lhe disse:

– Por favor Dante, quem matou Camélia? Por que Alex pensa que foi você?!

Dante arregalou os olhos, mas disse.

– Cian matou ela! Meu próprio irmão a matou.

Escutei uma bomba vinda do palácio.

Mãe, pai!


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Notas finais do capítulo

Gente, COMENTÁRIOS por favor! E no próximo capítulo irei explicar as pendencias.
Eu disse que o Mark apareceria nesse capítulo, mas como ele foi divido (bua bua) Ele irá aparecer no próximo, desculpem. E claro, Nathan, não fica assim, nós amamos você! AHAHAHA
Bjss minhas doçuras!
Leticia R.