A Escolha escrita por Leticia R


Capítulo 16
Capítulo 16 ♛ Sinceridade


Notas iniciais do capítulo

Olá queridas! Voltei! HAHAHAHA Sei que demorou bastante, mas agora, pelo menos, eu poderei retornar a minha rotina de postagens (Ou tentar, né).
Como sempre, desculpe qualquer errinho. Afinal, eu revisei esse capítulo que nem o meu nariz HAHAHAHAHA
Mas, vamos lá!
Boa leitura!!!!!



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Meu corpo relaxou quando ele voltou a respirar normalmente...

Por um momento, Alexander havia deixado de ser durão, encarando assim, a verdade frente a frente. Deitado em minha cama, ele resmungava de dor entorpecido, como se seu corpo estivesse queimando enquanto eu assistia a sua morte.

Seu abdômen estava totalmente machucado. Os hematomas apareceram por causa da enorme quantidade de socos que ele havia levado naquela região, sem contar, claro, seu tórax e costas. Ele foi espancado... Eu não conseguia parar de pensar nisso.

Cicatrizes talhadas a faca, riscos feitos a brasa, aranhões antigos e machucados severos. Alexander tinha seu corpo destruído em todos seus lugares, desde a parte do pescoço, aos pés. Eu suspirei fechando meus olhos.

Alex abriu seus olhos quando me escutou suspirar.

– Não era para ser assim... – Ele sussurrou rouco – Não era para você me ver assim.

Eu abri meus olhos enquanto o observava sofrer.

– Por que não me contou? – Perguntei direta.

Ele não respondeu.

Deixando a minha cadeira almofadada, eu segui até a cama e sentei ao lado do homem cujo o corpo estava terrivelmente ferido. Eu havia passado todos os tipos de medicamentos naquelas feridas, havia feito Alex engolir os comprimidos que eu lhe trouxe, diretamente das mãos do meu pai. Lembro-me de Maxon perguntando sobre a minha saúde ao ver os medicamentos que eu havia lhe pedido, eu disse a ele que eu estava bem, porém, me sentia fraca.

Sim, ele desconfiou...

Mas, parece que antes de tentar entender o que se passava, ele acabou me dando seu voto de confiança. Não trocamos muitas palavras, afinal, nós estávamos em uma pequena discórdia sobre a minha vida trancada a setes chaves em na minha própria casa. Mas isso não vem ao caso agora...

Alex, era o problema.

Ele tentou se mover, mas o seu corpo dolorido o impedia de tentar qualquer movimento brusco, mesmo se fosse apenas para arrumar a sua perna, ele gemia de dor. Bom, o ele esperava? Alexander não me contou nada no banho, mas eu também, não quis insistir, afinal, não queria pressioná-lo a dizer suas explicações tão diretamente a abertamente, eu iria esperar o momento certo, assim, como uma pessoa sensata faria.

– Quer me contar o que aconteceu? – Perguntei amigavelmente.

Ele ficou pensativo.

– Não... – E então respondeu.

Observando bem os seus olhos abertos – Olhos que não me encaravam – Eu assenti para ele e deixei a cama enquanto amarrava melhor o meu roupão. Ele virou seus olhos e percebi que ele me observava contornar a cama, sem entender, ele abriu levemente a boca, mas a fechou.

– Estou indo dormir com os meus pais, então... Um boa noite. – Continuei andando até chegar a porta do meu quarto.

Ele não me chamou de volta, até eu abrir lentamente a porta da saída...

– Katherine, eu e você sabemos muito bem, que você não irá dormir com os seus pais, pois está brigada com eles. – Eu continuava com a mão na maçaneta prestes a abrir a porta completamente – Agora, por favor, volte a aqui.

Eu virei meus olhos para ele.

– Você irá me contar o que aconteceu? – Perguntei.

Ele não respondeu, apenas me encarou.

– Certo, boa noite Alexander Dupke.

Abri a porta, e me retirei, assim como eu deveria ter feito quando ele chegou todo ensanguentado em meu quarto. Fechando a porta com cuidado, eu me escorei nela e esperei por ele. Eu queria espanca-lo por nunca ter me dito nada sobre... Nada! Como eu poderia estar gostando de um homem que eu mal conhecia? Talvez, Alex não fosse aquele homem que se apresentou para mim no primeiro dia da seleção.

E assim, eu me lembrei do primeiro dia que eu conversei com Alex, o dia em que eu o conheci...

“Você disse mais cedo que queria conhecer cada selecionado da forma mais honesta possível. Eu estou me apresentando da forma mais honesta para você, afinal, eu sou assim. E pelas suas expressões faciais muito bem capitadas, tenho certeza que eu não lhe agradei. Por isso, é melhor eu me preparar para voltar para casa.”

“Eu estou me apresentando da forma mais honesta para você, afinal, eu sou assim”

“Afinal, eu sou assim”

E então, eu me lembrei de todas as suas mudanças de comportamento durante a seleção...

“Não devia correr por ai usando esse tipo de roupa... Isso é algo muito vulgar, sabia?”

“Você deve me odiar por ser assim, desse jeito. Eu mal te conheço e a tratei como uma qualquer, sinto muito. Mas, eu não posso mudar quem eu sou... Então... Me desculpe por ser tão... Petulante as vezes. E quero pedir desculpas... Pelo empurrão que te dei antes.”

“O que está acontecendo? Katherine...Eu odeio quando as pessoas invadem a minha privacidade, assim como eu odeio quando mexem nas minhas coisas. Eu estava prestes a te enxotar daqui da pior forma possível, mas... Depois que eu a vi cheirando o meu paletó, eu não consegui me segurar... Eu tive que tirar proveito da situação.”

Me lembrei de seu jeito especial de conseguir prender a atenção de todos, e mostrar seu espirito de liderança, e generosidade...

“A culpa foi minha. Eu acabei discutindo com Carter, e isso o deixou irritado. Foi minha culpa.”

Me lembrei de seu pequeno problema de audição...

“Eu não escuto nada. Pode sussurrar, bater ou gritar. Eu nunca vou conseguir escutar nada além do mudo, se é que você consegue me entender.”

Me lembrei da garota, que Alexander chegou a me comparar algumas vezes...

“Algo em você... Me faz lembra-la. O seu jeito inocente e inconsequente de agir, me toca.”

“Eu não posso monopolizar você e te comparar com ela... Eu não aguento mais essa pressão. Eu quero sair!”

Então eu me lembrei daquele dia...

“Kat... Você quer que eu a torne mulher? Eu posso fazer isso. Eu posso amar você Katherine, eu posso te fazer sentir...”

E então, eu me lembrei da coisa mais importante que Alexander poderia ter deixado escapar...

“Eu não posso continuar com essa mentira. Eu preciso sair e deixar você, eu não posso... Kat eu apenas... Não posso mais fingir ser o homem que você pensa que eu sou... Eu, não sei mais o que fazer.”

“Não posso mais fingir ser o homem que você pensa que eu sou...”

“O homem que você pensa que eu sou...”

Então, Alex... Quem é você? Por que eu lhe direi uma coisa, por sua causa, eu não sou mais eu mesma.

E no exato momento eu que eu me retirava, ele começou a falar...

♕••♛

– Diego Dummer Dupke...

Alexander disse. Voltando os meus quatro ou cinco passos do espaço em que eu havia me deslocado da porta, eu me coloquei novamente colada na própria, tentando compreender o que Alex quis dizer. Eu conseguia escuta-lo do lado de fora do aposento, afinal, o silêncio reinava no local dando a liberdade de escutar tudo e muito mais.

– Eu... Não entendi. – Eu disse a ele entre a pequena fenda da minha porta.

Escutei ele suspirar alto...

– Meu nome, é Diego Dummer Dupke... – Eu coloquei o meu ouvido na porta, esperando-o dizer algo mais. Mas na verdade, eu já não precisava mais me escorar para tentar compreender.

Porque eu havia compreendido muito bem.

Abrindo completamente a porta do meu quarto, eu observei os olhos de Alexander me encarando em lagrimas. O seu corpo estava em uma posição mais confortável, e seus braços, estavam dentro do cobertor. Caminhando lentamente até ele, eu senti uma imensa vontade de agarrar o meu abajur, e jogar nele.

– Diego...? – Eu perguntei apertando os meus punhos.

Alex olhou para as minhas mãos, e depois, me olhou preocupado.

– Meu nome verdadeiro, Diego Dummer Dupke, não Alexander.

Eu então, me sentei ao seu lado da cama e encarei as minhas mãos se apertando para não socar o homem já muito machucado em minha frente.

– Que brincadeira é essa Alex? – Eu olhei para eles com olhos ameaçadores – Se está tentando me convencer de ficar aqui com você, não precisa inventar...

– Eu irei repetir outra vez – Ele me cortou, e me encarou seriamente – Alexander Dupke não existe, eu o inventei.

Eu estreitei os meus olhos.

– Alex... – Eu sussurrei – Não brinque comigo desse jeito... – Eu desfiz as minhas mãos, e senti algumas lagrimas rolarem.

– Eu o criei, porque era a única maneira de entrar na seleção. Alexander Dupke, não passa de um papel que no qual, eu não consegui interpretar.

Fechando meus olhos e ouvindo a verdade, eu limpei minhas lagrimas escorridas da minha face.

E então, todas as minhas perguntas anteriores estavam respondidas. Devo dizer que eu nunca esperava por isso. Mas afinal, eu já sabia, não é mesmo? A muito tempo eu me vejo perguntado isso.Quem é Alexander? Na verdade, depois daquela conversa, eu me vejo fazendo muitas perguntas...

Katherine, minha filha, você não acha Alexander um pouco suspeito? Quer dizer, ele é um homem incrível, mas... Ele é um tanto sombrio aos seus sentimentos, não é? – America me perguntou.

– Na verdade mãe, eu não acho. Para mim, ele é o único homem descente nessa seleção. Eu ainda não sei porque isso tudo não foi encerrado. – Comentei.

– Encerrado? – Ela sorriu – Como poderia? A seleção nem começou. E ainda temos a elite para finalizar, tenho certeza absoluta que irá demorar mais um pouco. Falando nisso, como está com os outros selecionados?

Dei de ombros.

– Eu não sei, eu não converso com eles.

America me encarou.

– O que? Como assim não conversa com eles?

– Bom, eu... Converso bastante com o Mark, sabe? Mas... Eu não sei, eu gosto da presença do Alex.

– De toda forma Katherine, é melhor você começar a conhecer os outros selecionados, precisamos que essa seleção demore bastante para se finalizar.

Eu desentendi.

– Por que precisam que demore?

Antes de America me olhar com sua expressão assustada, Maxon entrou na sala onde eu me encontrava sentada, e minha mãe com o seu livro clichê sobre um romance espanhol.

– Eles irão me processar! Convocarão a imprensa e eu estarei na televisão por toda Illéa. – Ele estava agitado, retirava a sua gravata vermelha sem maestria enquanto levantava a sua sobrancelha – Meu rosto está manchado porque eu não consegui encontrar o culpado pelo homicídio de Bryan.

Maxon passou a mão no rosto assim que retirou a sua gravata.

– Eu preciso de algo forte. – Ele disse, e assim, seguiu para a mesa das bebidas.

Minha mãe se levantou.

– Não, Maxon! Eu vou buscar um calmante para você. Não beba! – Ela correu até ele e retirou o copo de... Não faço ideia do que havia dentro dele, de sua boca.

– Eu estou sendo indiciado America. Eu, o rei de Illéa. Estou sendo indiciado. Eu estou surtando, e você quer que eu beba um calmante? – Ele perguntou irritado.

– Sim, eu quero. Beber não vai adiantar nada. Espere... Fique aqui, eu vou buscar o comprimido. Katherine... – Ela olhou para mim – Não o deixe beber.

Eu assenti.

E então, ficamos apenas nos dois...

– Eu vou cancelar a seleção. – Ele disse rapidamente.

– O-o que?! – Eu arregalei os meus olhos.

– Se eu cancelar a seleção, os problemas irão acabar. Você pode esperar mais alguns anos para se casar, não é?

Eu abri a minha boca para falar, mas...

– Tudo voltará a ser como antes, as aulas, a música, e claro, a sua vida. Você nunca quis isso, não vejo problema em desfaze-lo por completo. – Ele sorriu.

Me encolhi no sofá.

– Você bebeu escondido, não é? – Eu perguntei.

Maxon negou.

– A bebida não irá aliviar os seus problemas pai, por favor... Não pode cancelar a seleção. N-não pode...

– Não tenho outra escolha, se não fizer, minha imagem irá descer e os rebeldes irão se revoltar novamente.

– Rebeldes? – Perguntei aflita – Que rebeldes pai? Não existe mais rebeldes.

Ele riu.

– Isso é o que você pensa...

America então, entrou na sala com o comprimido e um copo de água na mão. Ela olhou para mim, e me encarou por um tempo, tentando entender a minha expressão de tristeza. Enquanto Maxon, olhava para ela, com uma expressão cansada.

– Está tudo bem aqui? – Minha mãe perguntou – Maxon eu trouxe o seu...

Me levantei do sofá e neguei para o meu pai.

– Não pode cancelar a seleção! Não é certo! Se você fizer, Alex terá que ir embora!

America olhou para Maxon.

– Eu lhe disse, tudo voltará ao normal. Entenda isso. – Pegando o copo de água e o comprimido da mão de sua esposa, Maxon o engoliu rapidamente.

– Não pode fazer isso comigo, se ele for embora, eu ficarei sozinha novamente! – Gritei. – Por favor, pai... Não pode... – Choraminguei.

Ele negou.

– Você tem a mim, e a sua mãe. Ficará tudo bem meu amor, tudo bem. – Ele disse calmamente.

– Por que você sempre é assim comigo? Você me odeia?

Minha mãe abriu a boca, mas a fechou, deixando tudo para o meu pai.

– Não Kat, eu a amo muito. E eu preciso que você compreenda que isso...

– Não! – Eu gritei.

– Katherine! – Minha mãe me encarou – Por favor, se acalme...

– Não, eu não vou! – Voltei meus olhos para meu pai – Não pode decidir isso por mim, não pode... Eu não aguento mais, eu não quero receber ordens suas.

Maxon estreitou seus olhos.

– Você nunca recebeu ordens minhas Katherine, você tem o direito de fazer tudo que quiser, mas por favor, me compreenda, eu sou o seu pai, e sei o que é o certo...

– Não venha com isso, não jogue isso na minha cara – Sim, eu chorava – Você sabe o tipo de tratamento que vem me dado? Desde o dia em que nós discutimos sobre eu querer sair o palácio...

Maxon revirou seus olhos.

– Essa conversa novamente? Pensei que eu já havia dito a você.

Eu passei a mão no meu rosto encharcado.

– Dito o que?! – Eu perguntei.

– Katherine – Maxon elevou a voz – Você não sairá desse maldito palácio até eu decidir que você deve sair! Enquanto isso, você ficará aqui!

Antes de eu revidar, alguém bateu na porta.

– Maxon... – Tyler avançou um passo – Desculpe incomoda-lo senhor, mas parece que a população de Sota se juntou na praça central, estão fazendo uma manifestação em protesto do ocorrido com o selecionado falecido. A imprensa quer acesso a gravações, devemos impedir, ou devemos permitir?

Maxon assentiu.

– Deixe comigo, eu resolvo com a imprensa. America, pode se encontrar comigo daqui a dez minutos.

Minha mãe assentiu e sorriu para ele. Quando meu pai chegou perto de mim, ele tentou beijar o meu cabelo, mas eu recuei.

– Se é assim, então é esse tratamento que eu lhe darei. – Sussurrei para ele.

Maxon suspirou longamente.

– Pare de ser assim, Katherine... – Ele disse docilmente – Não aguento mais isso, por favor.

Eu neguei discretamente chorando e ele suspirou novamente.

– Bom, se você não se importa, pelo menos finja.

E então, ele saiu.

Aquela cena ficou, e ficará, eternamente em minha mente. Foi quando eu comecei a duvidar de Alex. Duvidar de meus pais, e claro, duvidar de mim mesma.

Eu sabia que Alexander Dupke não estava brincando quanto a isso. Diego era o seu nome verdadeiro? Então, ele estava falando sério. Meus olhos estavam encharcados, é claro. Não sabia o que fazer, como agir... Mas então, tudo que saiu foi isso.

– A Quanto tempo tem mentindo para mim? – Eu limpei as minhas lagrimas escorridas.

Ele fechou seus olhos brevemente.

– Desde o primeiro que cheguei aqui.

Agora sim, eu estava em prantos. Coloquei as minhas mãos entre as minhas mãos e chorei, enquanto Alex me observava angustiado. Senti que sua mão tocava a ponta dos meus cabelos, e isso, me reconfortava.

– Eu nunca quis magoa-la, Kat. Eu tenho observado você, desde os seus dezesseis anos de idade, e a credite em mim meu anjo, eu nunca, na minha vida, quis magoar você.

Eu fiquei assustada.

– É um r-rebelde então? – Perguntei com temor.

Ele negou com sofrimento.

– Não, Kat, não sou um rebelde.

Deixando meus olhos virarem para os seus, eu vi Alex tentando se levantar. Porém, ele não podia. Seu corpo doía tanto que ele gemia a cada tentativa falha. Ele tentava se arrumar na cama, mas tudo era em vão. Alexander Dupke, não era capaz de se levantar.

E então, eu fiz algo que nunca pensei que faria.

Coloquei a minha mão em sua nuca, e o puxei para mim. Alex soltou um baixo gemido de dor, mas logo, sentiu a minha pele. Eu o abracei o fazendo ficar sentado na cama. Estranhei o meu gesto, mas... Eu estava carente. Não carente por falta de afetividade. Mas carente em honestidade. Alex então, colocou a sua mão machucada, em minhas costas fazendo movimentos circulares nela. Seu rosto se enterrou em meu cabelo e eu, chorei seu ombro.

– Me desculpe Katherine, eu nunca quis deixa-la assim. Tudo o que eu queria era ficar livre, não participar da seleção e... Ser um homem de verdade.

– Me diga o que aconteceu hoje? Em quem você bateu? – Perguntei fracamente.

Ele respirou fortemente.

– Albert e Oscar pegaram Mark, acho que eles haviam pensado que Mark era... Hum... Eu apenas dei alguns socos nos dois. De advertência.

Me apertei ainda mais nele.

– Mark está bem? – Perguntei rapidamente.

– Sim, ele só ficou inconsciente, mas eu limpei o seu nariz ferido e o coloquei na cama. Está tudo bem agora... – Ele sussurrou.

E então, eu escutei um barulho...

Virando meus olhos para o meu vitral, eu escutei estrondos vindo do telhado. Alexander virou o seu rosto para o teto, fazendo assim, o meu corpo se deslocar do seu. Aflita, eu encarei o mesmo.

– O que está acontecendo? – Alexander perguntou fracamente.

Eu me soltei de seu corpo, e me levantei. Escutando os cautelosos sons, eu segui até a porta do meu quarto, e observei os olhos de Alexander. Era como se... Ele não soubesse o que estava acontecendo.

– Fique aqui – Eu disse. Ele virou seus olhos para mim e assentiu – Irei atrás do meu pai, voltou daqui a pouco, prometo.

Fechando a porta atrás de mim, eu me amaldiçoei.

♕••♛

Então era isso, não? Alexander Dupke era uma farsa. Era difícil acreditar em suas palavras, porém, aqueles olhos sinceros de pura honra – A sua honra – Eram o bastante para eu admitir que ele dissera a verdade. O meu coração estava destruído, afinal, descobrir que o homem que você ama vive em uma orbita onde ele interpreta um papel, é tecnicamente pensar que, todos os momentos compartilhados, eram mentiras engarrafadas.

Andando pelo o corredor, enquanto me culpava pela minha ingenuidade e burrice. Eu suspirava, e limpava as minhas malditas lágrimas escorridas. Podia chorar sangue agora. Na verdade, eu poderia desabar em lagrimas agora mesmo e ninguém descobriria. Apenas os guardas, é claro...

– Guardas? – Eu os chamei.

Não havia nenhum guarda entre os corredores. Normalmente, ficavam dois a três guardas nos corredores com ligamentos, e um a dois guardas em corredores com apenas duas entradas. Mas nesse corredor, esse corredor que me dava acesso a outras salas do palácio, o corredor que mais exigia a presença da segurança. Estava vazio.

E isso, me preocupou. Agora.

Olhei para as entradas das salas, e percebi que todas as portas se encontravam fechadas. E as portas, nunca se encontram fechadas. Afinal, a maioria delas só se trancava por dentro, e não por fora. Corri até a sala de música e tentei abrir a maçaneta. Trancada. Corri até a sala de descanso.Trancada. Corri até a porta que levava ao próximo andar. Trancada. Corri até a porta para o andar abaixo. Aberta.

Observei a escuridão das escadas. As luzes estavam apagadas, e as luzes das escadas nunca ficavam apagadas. Mesmo de noite, enquanto o palácio dormia. Elas sempre forneciam luz e companhia para os guardas. Mas agora, não.

– Sean... Onde está você? - Chamei pelo meu guarda favorito. Em baixo tom de voz.

Sean sempre ficava entre o meio da escada, assim, se o andar de cima precisasse de ajuda, ele viria imediatamente. Assim como fez com o homem que me encurralou, naquele dia. Mas ele não estava lá. Meu fiel guarda não estava em sua posição, e as luzes estavam apagadas.

Pensei em voltar para o meu quarto. Mas, alguém teria que avisar ao meu pai do que estava acontecendo. E a única pessoa que poderia fazê-lo, era eu. Afinal, Alexander...Hum... Diego, nem conseguia se mover com todos aqueles ferimentos.

Então, eu desci a escada escura. E segui para o andar de baixo.

Chegando ao andar – Não desejado – Percebi logo de cara, que a única porta aberta, era a dos jardins. As portas que faziam ligações para os outros corredores que no qual, me levariam até o quarto dos meus pais – Claro que, me levaria apenas para a escada, que assim, me levaria aos seus aposentos - Estavam trancadas. E então, o desespero me percorreu.

Caminhando pelo corredor sombrio, eu tentei abrir as suas portas, mas tudo estava no mesmo estado que as outras. Trancadas. O que concluía o ciclo misterioso que estava acontecendo naquele palácio. Apenas uma porta aberta. Apenas o sentido norte. Nada mais que isso. E então, segui rumo a um dos portões do jardim. Passei pela porta onde se encontrava a frente do portão de saída do... P-palácio...

Meu queixo caiu.

Nesse momento, eu quis fugir. Mas nesse momento, eu quis ficar também. O portão que me impedia de sair, estava escancarado. Sim, eu conseguia ver a linha da trilha, assim como conseguia ver as árvores selvagens nela. Dei um passo à frente, e percebi que o portão não estava apenas aberto. Mas estava me convidando para ultrapassa-lo.

Meus olhos foram fascinados por aquilo.

♚♔♚♔♚

Acordei assim que escutei passos.

Do meu sonho eu acordei, e passos eu escutei. Do telhado. Não era como se os guardas estivessem fazendo uma patrulha no terraço. Mas, aparentemente, algo estava acontecendo lá.

Levantei minha cabeça da mesa, e estralei o meu corpo. Estava dormindo na minha sala. Lembro que fiquei distraído assim que Katherine disse que precisava de remédios. Claro que eu suspeitei. Mas não quis contesta-la, afinal, eu não queria pressionar as coisas. Eu sabia que ela estava irritada comigo e com America. Nós erramos e admitimos o erro. Então, a deixei ir.

Passando a mão em meus cabelos, eu me levantei. Arrumei a minha cadeira e segui para a janela. Admirei a lua e suspirei. Sorri ao lembrar do dia em que eu e America havíamos nos beijado a luz do luar. Foi a coisa mais bela do muito, claro, a coisa mais bela depois da noite de núpcias. Virando meus olhos para baixo, eu avistei o portão principal aberto. Sorri e então fechei meus olhos.

Portão. Principal. Aberto.

Abri rapidamente os meus olhos e os arregalei. Não, não era verdade! Aquilo não podia estar aberto! O portão nunca fica aberto. Mas assim que vi Katherine a dez metros distancia dele. Meu mundo caiu.

– Katherine! Não vá para o portão. – Gritei, mesmo ela não conseguindo me ouvir.

Tentei abrir a janela, mas ela estava emperrada. Me amaldiçoei por não conserta-la naquele dia em que eu disse: “Eu vou conserta-la”. Então, deixei a janela e abri a minha porta. Corri pelos corredores na procura dos guardas.

– Tyler! Tyler! – Eu gritava – Onde estão todos?!

Nenhum guarda. Nenhuma luz. E isso, só significava uma coisa...

Rebeldes.

♚♔♚♔♚

Então estava lá, os portões abertos e a trilha me chamando para ela. Senti o meu corpo se aquecendo na noite fria e impiedosa. As luzes da trilha estavam acessas, já na intenção de me cativar em sua imensa orbita. Olhei para o portão, e percebi que ele estava sem o cadeado. Era como se alguém houvesse o pegado, e o escondido, na intenção de não fechar novamente.

Mas quem faria isso?

Escutei um assobio; me desesperando, virei o meu corpo e encarei as árvores. Elas se mexiam de acordo com que o vento as atingia. O aroma de outono e as folhas secas pelo chão deixavam o jardim um tanto sóbrio, na calada da noite. Era inquietante todo esse mistério. Sem guardas e sem luz... Havia apenas algo que me chamava atenção nisso tudo, e aposto, que você sabe o que é.

Me encolhi assim que uma rajada de vento tocou o meu corpo. Ela era forte, poderosa, e carregava medo. Não sei o porquê, mas assim que as árvores começaram a se mexer, a grama a se arrastar e as folhas a voarem. Senti uma enorme vontade de correr para dentro da floresta, e me esconder.

Então, eu fiz.

Corri para a grande árvore. Lembra-se? Onde eu e Alexander tivemos umas das nossas primeiras conversas melosas. Me senti satisfeita ao tocar a árvore, assim como, tenho que admitir, me senti segura ao colocar minhas mãos sobre ela.

Assim que acabava de me recompor. Eu escutei uma voz.

Me abaixe, e me escondi entre a árvore. Escutei aquela voz conhecida mais uma vez, e então, suspirei longamente enquanto tentava me concentrar naquela voz.

– Katherine! – A voz chamava baixinho.

Não ousei me levantar, muito menos colocar o meu rosto ao lado para tentar enxergar o indivíduo. Era um homem, eu tinha certeza. Um homem com sua voz grossa e muito viril. Senti o medo percorrer em meu corpo.

– Katherine? Por favor... Onde você está?

Escutei o som das folhas secas se quebrando, e isso, mostrava que o homem estava cada vez mais perto de mim. Suspirei baixo, porém, longamente. Meu coração batia rapidamente e o meu corpo estava imóvel, com medo que fosse um rebelde que tentasse fazer algo comigo.

E então, eu não escutei mais seus passos.

Esperando um pouco mais, eu comecei a pensar que o homem havia desistido de me encontrar. Virei minha cabeça de canto, e cautelosamente, fui a levando ao encontro da fenda. Assim que tive uma ampla visão das costas da árvore, uma enorme mão pousou em minha boca.

E eu gritei.

♚♔♚♔♚

Trancando. Tudo estava trancado.

As portas não estavam abertas de costume. Os guardas não estavam no palácio e as luzes estavam apagadas. Eu precisa encontrar Katherine e traze-la para mim. Se ela passasse do portão, era morte na certa.

– Vamos, vamos! – Gritei para a porta trancada a minha frente – Por que não abre?!

Corri por todo o corredor, tentei abrir todas suas portas, mas foi um fracasso. Todas elas estavam trancadas. Me desesperei ao lembrar que Katherine estava sozinha em meio do silêncio do jardim. Ela não era ingênua, não mais... Eu tinha total certeza que Katherine era muito prudente para tentar não se meter em roubadas. Mas quando o assunto era “fora” dos domínios do palácio, ela poderia sim, ser imprudente quanto a isso.

Eu estava no último andar. E isso, me impossibilitava de tudo. Mil ideias se passaram pela minha cabeça, e a primeira delas foi arrombar a porta. Não tinha experiência em arrombamentos. Porém, era a minha única escolha. Pular a janela? Claro, seria uma boa ideia suicida. Esperar tudo isso acabar?Vão se foder rebeldes desgraçados!

– Vamos, vamos... – Minha opção: Arrombar a porta.

Voltei alguns passos e avancei nela. A porta não se abriu, mas... Chegou a desencaixar levemente. Mais uma vez! Avancei na porta, e ela desencaixou moderadamente. Agora é pra valer!Avancei na porta, e ela desencaixou completamente. Assim que consegui passar para o outro corredor, percebi que a porta que levava aos andares anteriores estava aberta. Esse tipo de porta no qual as escadas são inclusas, só levam para uma direção, para o norte. O que, obviamente, me levaria ao grande portão. O lugar onde Katherine se encontrava.

Corri para as escadas, e me escondi na escuridão.

♛♕♛♕♛

Diego contou a ela...

Afinal, ela havia visto todo o seu corpo marcado. A tatuagem marcada em seu coração, o fazia lembrar a sua queria mãe. E as marcas sofridas o fazia lembrar de Dante, e Cian. Margo passou pela a sua cabeça naquela hora. E então, Diego se lembrou do dia em que ele descobriu que estaria sendo treinado para entrar na seleção.

– Terá que mudar de nome. Se entrar na seleção e descobrirem sobre o seu histórico familiar. Podem mata-lo. – Margo disse a ele.

– Clarkson não está mais vivo Margo. Se descobrirem o meu nome, estará tudo bem.

Ela negou.

– Não estará tudo bem para os outros rebeldes.

Diego teve que concordar com ela.

– Que nome me sugere, então? – Perguntou animado.

Ela sorriu.

– Se eu tivesse um filho, o chamaria de Alexander.

Sim, Margo... Diego se lembrava muito bem dela. Lembrava da forma que a sua pequena e rosada boca beijava a sua própria. Lembrava de seus olhos negros iguais a uma ameixa e de seus cabelos sedosos e escuros. Sua pele era claríssima, talvez, mais branca que a da própria Katherine.

Ele suspirou...

Então, se lembrou de Lorraine. Ela não gostava de Margo, talvez ela sentisse inveja dela, ou algo do tipo. Mas, nada mudava o fato de que Lorraine, também era bela. Olhos azuis com seus cabelos loiros dourados, sua pele era morena e ela tinha seios fartos. Junto, é claro, como uma finíssima cintura e um traseiro muito almofadado. Porém, ela não valia nada. Ela não valia nem mesmo a cocada de domingo que Diego comia nos festivais das estações.

Ele suspirou novamente...

Mas então, ele se lembrou de Katherine. Céus, Diego quase a corrompeu no dia em foi dada a notícia de que Bryan iria morrer. Ele poderia continuar, e amaria fazê-lo. Afinal, ninguém nunca o atrapalharia, já que... Todos estavam ocupados demais se desesperando.

Ele suspirou pela terceira vez... Mas parou, assim que escutou vozes.

~ Shiiii! Acho que é aqui, olhe bem, parece ser ele? ~ Aquela voz...

~ Cale a boca Kai, eu vou usar o seu corpo para quebrar a janela ~ Aquela voz...

~ Ninguém quebra a porcaria do vitral. Vamos achar outro lugar para entrar.

Diego arregalou os olhos quando escutou seus amigos. E isso, foi o suficiente para ele entender que algo estava acontecendo. Nathan, Kai e Lea eram aprendizes de Diego Dupke. Ou melhor, Kai e Lea, já que Nathan era mais aprendiz de Dante do que o seu próprio. Mas isso não importava agora.Rapidamente, Diego se levantou da cama. Gemeu por causa das fraturas, mas não desistiu de tentar.

Ele tinha que sair dali, agora!

♛♕♛♕♛

Com lagrimas nos olhos, eu olhava para aqueles olhos azuis que um dia já me encararam. Era o mesmo homem que estava dentro do palácio. O homem com a cicatriz na sobrancelha e com o mesmo sorriso irônico de Alex.

Tentei gritar entre a sua mão, mas não consegui...

Serei rápido. Preste atenção Katherine, pois se não prestar, não saberei o que fazer. – Ele estufou o peito rapidamente, e depois começou a falar – Esse palácio, nesse momento, está infestado de nortistas e sulistas renegados. São aliados. Uns querem a coroa, e outros querem matar a família real. A prioridade, agora, é a coroa. Preciso que venha comigo, porque se não vier, eles irão matá-la, entendeu?

Pisquei meus olhos em desentendimento.

– Mandei alguns de meus soldados buscarem Alexander. Temos que sair daqui antes que os rebeldes cheguem a essa parte do palácio. Está de acordo?

Não respondi, afinal...

– Oh, me desculpe. – Ele retirou a mão da minha boca – Está de acordo?

Neguei com a minha cabeça.

– Katherine, por favor, se não sair daqui agora, irá morrer. Alexander estará com você. Eu prometo, só... Pelo amor de Deus, deixe-me salva-la!

Eu resmunguei enquanto chorava.

– P-por que e-eu d-deveria...? – Perguntei chorando baixinho.

Ele passou sua mão pelo meu cabelo.

– Porque Illéa precisa de uma rainha. E o meu filho, precisa de uma esposa.

Boom! A verdade me atingiu como uma bomba.

Com os olhos cobertos de lagrimas, eu compreendi tudo. Aquilo não era apenas uma brincadeira entre rebeldes nortistas e sulistas, aquele era uma briga familiar entre pai e filho e talvez coisas a mais.

– Nick...É o padrasto do Alex...? – Perguntei sem falhar a voz.

Ele levantou o meu corpo e me pegou no colo.

– Não querida, eu sou o pai dele.

Encarei as grandes orbitas azuis.


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Notas finais do capítulo

Gatas, o Mark já acordou, passa bem, e irá participar do próximo capítulo HAHAHAHA. Talvez o próximo capítulo não seja tão grande, já que, eu estou pensando seriamente em começar uma fic da trilogia Legend. Mas enfim...
COMENTÁRIOS POR FAVOR! Vocês sabem que eu fico muito triste. Sério gente, me façam feliz!!!!
Um beijão para você minhas camélias!
Até o próximo ^.^
Leticia R.