Talvez o erro tenha sido meu. Sim, talvez tenha sido por eu não ter falado aquilo que eu estava sentindo desde o início. De ter tido medo de te magoar ou atrapalhar a sua jornada se eu falasse. Mas quem diria que, talvez, se eu tivesse falado, não chegaríamos aonde chegamos. Quer dizer, chegaríamos a algum lugar, pois onde estamos agora é lugar nenhum, coisa alguma.

Eu ainda ouso sentir a sua falta todo dia. Sim, meu amor, eu sinto. E não é aquela saudade normal, tipo a saudade do Natal ou de um final de semana depois de uma semana de provas. É uma saudade tão grande que ás vezes eu penso que estou prestes a morrer. E depois te acuso. Te acuso por ter me deixado ir. Por não estar aqui para me salvar.

Então eu lembro do que você me fez. Lembro de todas aquelas vezes que eu tentei enquanto você nem se movia. Você nunca tentava. Sempre com a desculpa de estar muito ocupado, cansado, doente, viajando, com visita. E eu sempre caía nessas desculpas ai, só pelo simples fato que talvez eu tenha te amado demais. Talvez.

E o pior de tudo é que eu te avisei. Não uma, duas, mas sim três vezes. Três vezes, sabe? Três vezes que a mãe conta até finalmente deixar de castigo. Três vezes que a professora chama a atenção até tirar da sala. Três vezes que eu aviso até ir embora. E eu fui. E você não veio atrás de mim. Em vez disso, você jogou a culpa na pessoa mais propícia de aceitar ela em suas costas. Em mim.

Então sim, talvez o erro tenha sido meu. Tenha sido meu por ter aceitado a culpa. Por não ter mandado você para fora da minha vida enquanto havia tempo. Mas talvez, só talvez, o erro também possa ter sido seu.