Price Tag escrita por Gael Donald Castellan


Capítulo 3
Surpresas


Notas iniciais do capítulo

Oi oi turma! Desculpa a demora, foi difícil postar semana passada e também queria fazer um capítulo maior. Beijos e boa leitura! Dedico esse capítulo á AmericaxonAseleçao!



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Chegando em casa minha mãe mandou May e Gerad subirem para que pudéssemos conversar e um pouco relutantes e chocados eles foram. Logo que os passos deles pararam ela começou:

–Hoje foi o dia em que você mais me decepcionou, nunca imaginei que faria isso. –Ela suspirou. –A partir de hoje nosso combinado está desfeito, você não poderá mais trabalhar sozinha nem ficará com a metade do dinheiro, não poderá se encontrar em hipótese alguma com algum seis ou casta inferior, não ira sair de casa nem tão cedo e só poderá treinar ou arrumar a casa enquanto estiver de castigo. – Ela suspirou e me olhou ainda com raiva e ressentimento. – Desde pequenas eu fiz o possível para dar o melhor a vocês, Kenna conseguiu um Quatro, ela sempre foi obediente, e me ouviu, por isso conseguiu algo melhor, pergunte para ela, pergunte se ela acha melhor ser uma quatro ou uma cinco. Se fosse um cinco, eu até entenderia, ficaria decepcionada, claro que ficaria, mas é compreensivo que você se interesse por alguém com os mesmos interesses e rotina, mas por que um seis? Eles são incultos, nem sequer tem ouvidos para musica, levam uma vida suja.- Fez uma rápida pausa dramática.-Oh ,Meri! Por que justo esse seis? Aquele que tirou seu irmão de nós?- Percebi em seus olhos indícios de que ela iria chorar e certa tristeza que ela sempre tentava esconder quando falava de Kota.

–Mãe, Aspen nunca influenciou Kota, Kota é mais velho e mais ardiloso, ele que persuadiu Aspen à o ajudar. Aspen é muito mais que isso, ele é meu único amigo, o único que me entende!- disse de forma bem rápida.

–América não seja boba! Eu, seu pai e seus irmãos somos seus amigos, nós, sua família, nós somos seus amigos e te entendemos, só queremos o seu bem! Não se engane ele cresceu nas ruas, no meio de tudo quanto é maldade e aprendeu a se virar sozinho, á enganar e a se aproveitar das pessoas, ele persuadiu seu irmão está tentando fazer o mesmo com você, mas creio eu que seus interesses com você sejam diferentes. –Ela respondeu impaciente banindo qualquer outro sentimento que não fosse raiva contida de sua voz.

–Não insinue esse tipo de coisa de Aspen, ele não é burro de pensar que ganharia algum dinheiro comigo, se nos casássemos eu viraria uma seis e não ele um cinco! Ele não é um alpinista social medíocre como você e Kota! -Esbravejei com muita raiva e sem pensar.

Senti meu rosto arder e levei a mão ao local e percebi oque havia acontecido. Eu tinha levado um tapa, um tapa no rosto de minha mãe, minha própria mãe me bateu, a olhei chocada, ela nunca havia me batido, não no rosto, nunca passou de algumas palmadas por malcriação quando era pequena.

–Mãe... –sussurrei ainda atônita, olhando para ela que ainda mantinha o olhar de raiva, não consegui ler algum remorso em seu olhar.

–Suba! Já para o seu quarto! Não saia de lá até eu dizer que pode! Vá antes que eu mude de ideia, agora! – disse com raiva enquanto massageava as têmporas de forma rápida.

– Agora!- Ela disse novamente, vendo que eu não me movera, e, em passos lentos eu fui até escada, onde comecei a correr e a chorar.

No quarto, bati a porta com força e deixei as lágrimas me levarem física e psicologicamente até o chão, me encostando-se à porta. Enquanto as lágrimas corriam livremente pelo meu rosto, lavando minha alma minha cabeça se encheu de perguntas, se encheu de “porquês”. Por que a lei era tão cruel? Por que as castas existiam? Por que Aspen era de outra casta? Por que ele não era um quatro ou cinco? Por que o amor era tão bom e tão ruim ao mesmo tempo? Por que minha mãe não nos aceitava? Como ela pode me bater? Oque iria acontecer? Aspen me realmente me amava ao ponto de enfrentar tudo isso? Será só imaginação? Iriamos ter que responder por nossos antepassados? Será que é tudo isso em vão? Quem é vai nos proteger? Quem é que vai me proteger? Será que vamos conseguir vencer?

Enquanto mais e mais perguntas se formavam em minha mente, fui interrompida pelo barulho da porta se abrindo, mas continuei de costas com o rosto no travesseiro, fingindo que estava dormindo. Não queria ver minha mãe, não queria levar outra bronca, não queria ver ninguém, e, nem fazer nada.

–Meri! Vai Meri acorda! – disse May me fazendo cocegas. Virei-me bem rápido e subi em May, prendendo suas mãos em cima da cabeça enquanto fazia cosquinha nela. Ficamos assim até ela não ter nenhum folego, logo o espaço foi preenchido por um silêncio constrangedor.

–Trouxe um lanche pra você, eu sei que é pouco, mas foi tudo que eu consegui pegar sem que a mamãe percebesse. Estou muito impressionada por ela te deixar até essa hora sem comer. – Quando ela disse isso percebi a fome que estava sentindo, estava tão nervosa que não havia reparado. Olhei para a janela aberta e vi que o sol já tinha se posto e que as estrelas brilhavam cada vez mais, a cada nova estrela que aparecia a lua se movia mais em direção ao centro do céu.

–Obrigada meu anjo. Que horas são?- perguntei enquanto saboreava o meio sanduíche de mortadela, que parecia ser a melhor coisa que já comerá.

–São sete e quinze. – Nesse momento soube que não estava nos planos de minha mãe que eu estivesse no jantar, eu sempre a ajudava a preparar o jantar.

–Me desculpe Meri. Eu ... eu ... eu deveria ter te apoiado, ter te defendido, mas eu fiquei tão ... tão nervosa que não tive reação... –May disse tentando conter as lágrimas.

–May não se desculpe, você não teve culpa, foi até bom que você não se metesse nisso, não quero que tenha problemas com nossa mãe por minha causa.- respondi e limpei as lágrimas que caíram.

–Meri eu...

–Você nada. Sei que há outras coisas que você quer me dizer, ou melhor, perguntar. - a interrompi.

–Desde quando você e o Aspen ... Hm... Namoram? – Ela perguntou sem perder tempo, quando queria May não tinha papas na língua.

–Dois anos. – respondi.

–Nossa, e como vocês esconderam isso por tanto tempo?

–Nos encontrávamos em um lugar secreto que Aspen descobriu.

–Ownnnn, é tão romântico. – May tinha um olhar sonhador. –Como é beijar? Como ele beija? Ele tem pegada? –May disparou e eu corei, nunca havia falado sobre isso com May, nunca havia falado sobre isso com ninguém.

–É bom, bem e sim. – Respondi e ri da expressão de May, que pedia por mais.

Depois de responder as trocentas perguntas de May, ela foi para a cozinha ajudar nossa mãe a preparar o jantar. Aquela conversa havia me feito bem, em nenhum momento tive que falar sobre meus problemas. Éramos apenas eu e May, duas irmãs, conversando sobre garotos e nossas experiências, que por incrível que pareça May também tinha as suas, foi algo único, espero fazer isso mais vezes. Fiquei pensando em tudo que estava acontecendo, me forçando a me manter acordada, pois não queria perder nada enquanto dormia. Meus olhos me traíram, senti minhas pálpebras se fechando cada vez mais até que peguei no sono...

Estava correndo, correndo em algum lugar onde a grama com orvalho batia contra meus pés, havia lírios brancos por todo canto, e quando olhei vi que havia um rio, um rio que desaguava no mar. Olhei para o céu e vi que ele estava da minha cor favorita, um tom de azul perfeito, azul claro forte celeste como costumava dizer quando era pequena meu azul favorito. Olhei o sol forte e reparei em como estava calor. Decidi ir me refrescar no rio.

Comecei a beber água como se estivesse em um oásis no meio do deserto assim que cheguei ao rio, continuei bebendo por muito tempo até que olhei para frente e ele estava lá, Aspen estava lá. Fui correndo de braços abertos em sua direção e ele na minha, tudo estava perfeito, até que de repente a água que antes corria livremente foi se tornando espessa e eu não consegui avançar na direção de meu amado, o céu estava cheio de nuvens negras que trovejavam e relampeavam. Ouvi um trovão e a minha esquerda estavam minha mãe, meu pai, a mãe de Aspen e as irmãs e irmãos deles também, Kota, Kena, May e Gerad estavam lá também.

O mar se agitou e foi recuando, recuando e recuando até que estava há vários quilômetros e só um pequeno trecho de água desaguava no mar. Todos começaram a dizer palavras em reprovação, que só iam piorando, se transforam em ofensas e mais ofensas. Eles disputavam quem nos ofenderia mais ou mais alto.

Começaram a fazer propostas tentando nos comprar, ou melhor, comprar a Aspen. Ele parecia bem firme no inicio, como quem não está disposto a aceitar nada, até que ele começou a se mover na direção deles, ele estava me abandonando, queria gritar, queria implorar para que ficasse comigo, mas não conseguia fazer nada por mais que tentasse, só conseguia ficar olhando, sem ter reação. Senti lágrimas frias como o inverno tocarem minha pele e escorrerem por todo meu rosto, sempre percorrendo o mesmo caminho, saindo dos meus olhos e escorrendo pelas minhas bochechas e indo devagar até meu queixo e caindo no rio fazendo “ploft ploft ploft” sempre que batiam.

As vozes foram se silenciando aos poucos exceto duas que eu conhecia muito bem. Minha mãe e meu pai brigavam apenas entre si, aos berros.

–Isso é inadmissível! Ela me envergonhou, envergonhou nossa família!

–Não teria sido assim se você não tivesse feito escândalo!

–Eu não estou errada, não fuja do assunto!

As vozes se misturavam me deixando muito confusa e com uma dor na fonte do nariz. O barulho, a gritaria e tudo aquilo me estressaram tanto que eu simplesmente explodi! Com um grito quase ensurdecedor, que libertei do fundo de minha alma uma voz que não sabia que tinha, dei inicio à um tsunami que vinha com tudo na direção deles, que tentavam se proteger. No último instante a onda gigante desviou deles e me atingiu em cheio.

Fui me debatendo nas margens do rio, sendo levada para longe pelo tsunami. Tentava de todas as formas ir para a superfície, já estava sem ar e inconscientemente abri a boca em busca do ar, a água salgada entrava nos meus pulmões sufocando me e me fazendo engasgar quando engolia. Tentava chegar a superfície, mas para cada centímetro que avançava em direção a superfície avançava outros cinco em direção ao fundo do rio, parecia que algo me puxava, que algo não queria que eu subisse

Acordei completamente suada, se pode se chamar aquilo se suor, parecia que tinham jogado um balde de água em minha cama. Os gritos de meus pais me acordaram. Eles estavam discutindo, era como no sonho, ou melhor, pesadelo. Ainda sonolenta comecei a distinguir as palavras que eram berradas.

–ELE ESTÁ ABUSANDO DELA, ABUSANDO DA INOCÊNCIA DELA, COMO ELE FEZ COM KOTA!-Gritou minha mãe.

–ELE NUNCA OBRIGOU KOTA A NADA!ELE FEZ OQUE FEZ PORQUE NÓS FALHAMOS. –Disse meu pai.

–ELE QUER FAZER O MESMO COM A AMERICA, QUER TIRA LA DE NÓS! NÃO FALHAMOS! NUNCA FALHAMOS! -Respondeu minha mãe.

–OH CÉUS, MAGDA! ENTENDA, ELES SE AMAM, ELE É UM BOM RAPAZ, NUNCA FEZ NADA ERRADO E NEM PODERIA TER INTERESSES FINANCEIROS COM ELA!

–ELE É UM SEIS! UM SEIS SHALOM! ELA JAMAIS SERIA FELIZ COM ELE. IMAGINE AMERICA, NOSSA PRINCESINHA, SUPERCULTA, INTELIGENTE, FAZENDO O TRABALHO MEDIOCRE DE LIMPAR DIA E NOITE, QUASE MORRENDO DE EXAUSTÃO, MORANDO NUMA POSSILGA COM TREZENTOS FILHOS DAQUELE BASTARDO! CONSEGUE? CONSEGUE IMAGINAR SHALOM?

–É ASSIM QUE ME VOCÊ ME VÊ? ASSIM QUE ENXERGA NOSSA CASAMENTO? SE É ASSIM SAIBA QUE É ESCOLHA SUA!PODERIA TER SE CASADO COM AQUELE QUATRO SE QUIZESSE! SABE QUE PODERIA!

–EU A QUERO FORA DE CASA!JÁ NOS FEZ PASSAR VERGONHA! É ISSO OU O SEU SEGREDO!- Quando minha mãe disse isso meu coração gelou. Do que eles estavam falando? Qual era o segredo de meu pai? E como assim “fora de casa”? Estava estupefata. Era muita informação, ainda estava tentando assimilar. Estava completamente chocada! Estava perdida!


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Não gostaram? Comentem! Obrigada por ler!



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