Pompeii escrita por Liza Maia


Capítulo 7
Capítulo 6 - Althea e Niall


Notas iniciais do capítulo

Ahoy!
Este é o penúltimo capítulo :(



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/482151/chapter/7

Fui para a escola normalmente. Althea ficava tagarelando, e foi aí que eu me dei conta de uma das vantagens de ser surdo: você não ouve. Se a pessoa reclamar de você não a escutar, ela será meio idiota, vamos combinar.

Acho que ela tagarelava algo sobre o menino que ela gosta, Niall. Ele chegaria hoje, se não me engano. Nem prestei muita atenção; minha mente não parava de repassar o momento em que Josh me deu um beijo na bochecha.

Foi um caminho tranquilo, como sempre. Ninguém tropeçou e caiu, ninguém foi atingido por um carro ou encontrou alguém que conhece.

Assim que chegamos na escola, Althea paralisou. Agarrou em meu braço, entrelaçando nossos braços, e ficou grudada como um bicho preguiça ao galho da árvore. Sim, eu me senti uma árvore. Franzi as sobrancelhas e saí de meus devaneios; olhei-a pelo canto dos olhos, e percebi que ela suava. De verdade, Althea estava suando em plenos menos 3°C.

Seu olhar mantinha-se fixo em um ponto à sua frente. Para ser mais específico, um ponto loiro e de olhos azuis, branquelo e com um sorriso de dentes tortos enfeitados por um aparelho transparente.

E, com mais detalhes ainda, podia-se dizer que aquele era o tal Niall. Fiquei aliviado por ele ser mais baixo que eu, admito. Ser um cara mudo e surdo em plena adolescência, a fase maldita, não ajuda muito. Agora, ter um metro e setenta e oito, isso sim ajuda, e pra caramba. Se alguém vem mexer comigo, eu apenas estufo o peito, ergo a cabeça, faço cara de mal e a pessoa já quer sair correndo. Ser uma girafa tem suas vantagens.

Althea, ainda parada e suando, tinha a expressão assustada. Ela realmente precisava ter mais autoconfiança.

Puxei-a, e ela apenas deixou ser levada. Passamos pelo garoto, e ele se virou para olhá-la. Um ponto para a beleza de Althea, mesmo escondida. De verdade, Al precisava se abrir mais. Suas roupas eram todas em tom pastel, só com o cachecol colorido para destacar.

Niall deu um sorrisinho de lado, e logo voltou a conversar com seus amigos. Althea se retesou mais ainda; parecia estar tendo um ataque cardíaco bem ali, no meio do pátio. Fui quase correndo para a sala, arrastando-a logo para bem longe daquele garoto.

Ele tinha algum poder mental para deixá-la assim, só podia ser! A menina nem se movia direito.

Assim que entramos na sala, ela se sentou largada na carteira de sempre e eu comecei a rir.

– Você precisa relaxar. Al. – fiz sinais com minha mão.

Ela revirou os olhos, e respondeu do mesmo jeito. Talvez não quisesse que os outros soubessem do que estávamos falando, por isso finalmente decidiu utilizar o que aprendeu durante um ano no ICASM (Instituto de Crianças e Adolescentes Surdos e Mudos).

– É o Niall, Nick! Como posso relaxar? – perguntou-me de olhos arregalados.

Suspirei e respondi-a monossilabamente:

– Autoconfiança.

Ela pareceu entender, porque se encolheu na cadeira, puxou a touca verde musgo para cobrir mais sua testa e cruzou os braços. Althea faz isso quando se sente menor que o mundo, ou envergonhada. Eu sempre acredito nas duas opções, já que ela se senta na cadeira deste mesmo jeito.

Virei-me para frente e acabei por ver Niall e seus amigos entrarem. Ele procurava um lugar para se sentar, e eu vi que a carteira ao lado de Althea estava vazia. Aqui nós nos sentamos de dupla, mas como sou surdo e mudo, posso escolher ficar sozinho, para “prestar mais atenção na aula” (é o que minha mãe me diz). Althea fica sozinha por escolha, já que não se dá muito bem com o pessoal de nossa sala. Sua única amiga é uma menina chamada Nina, e ela tem sete anos. Estuda na mesma escola que nós, mas claro, em salas diferentes.

Niall viu que estava vago o lugar ao lado de minha amiga e foi até lá sem pestanejar.

– Oi. – cumprimentou-a.

Ela engoliu em seco, e, acho que por causa do nervosismo, não conseguiu respondê-lo de forma adequada.

– Fale com ele! – sinalizei com as mãos.

– O que ele disse? – perguntou Niall para Althea.

– Responda-o, por favor. Por mim! – implorei.

Ela suspirou e se virou para Niall.

– Ele disse “oi”. – respondeu.

Lancei-a um olhar furioso. Não foi o que eu disse! Mas mesmo assim fiquei feliz; já era um começo, afinal, ela havia falado com o garoto.

– Ah, oi. – falou para mim sorrindo com seus dentes tortos.

Althea só faltou derreter como manteiga quando ele abriu os lábios, e eu revirei meus olhos. Acenei minha mão para Niall em sinal de educação, apenas, e voltei a mexer as mãos para Al.

– Diga meu nome, e diga o seu também. – falei para Al.

– Ele falou que o nome dele é Harry. – começou, e não terminou. Fiquei muito puto com ela, e mudei minha expressão para uma cara emburrada.

– Só isso? – Niall, como você é esperto! Obrigado, Deuses, por Althea gostar de um menino inteligente!

– Ele disse para falar meu nome também. – completou envergonhada e abaixando seus olhos.

Niall sorriu.

– E qual é seu nome?

Ela pigarreou antes de respondê-lo.

– Althea.

– Nome bonito. Se não me engano, é grego. Não é?

E eu sou mesmo um gênio! Ponto para você, Nick! Depois dessa frase de Niall, Althea se soltou mais e começou a explicar sobre seu nome, engatando uma conversa calorosa com o menino. Niall parecia estar interessadíssimo em cada palavra que saía de sua boca, e eu não podia estar mais feliz naquele momento.

Althea finalmente estava se soltando mais! Comemorei em silêncio, já que a aula já havia começado.

E os dois ainda conversavam.

E, por alguns minutos, consegui parar de pensar no beijo. Mas foi só eu me lembrar disso, que a cena voltou a tomar conta de minha mente. É, eu não iria esquecer daquilo muito rápido.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Não se esqueçam de comentar!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Pompeii" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.