Pompeii escrita por Liza Maia


Capítulo 8
Epílogo - Tchau, Josh


Notas iniciais do capítulo

Ahoy!
Acaboooou :(
Poxa, foi bem rápido, né? Espero que tenham gostado. De verdade.
Boa leitura!



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Niall e Althea pareciam melhores amigos desde a infância. Admito que estava com um pouco de ciúmes, mas eu sabia que era só questão de tempo até passar. Além do mais, eu também tinha um novo melhor amigo: Josh. Assim que eu chegava da escola ia direito para o quarto. Tomava banho, fazia as tarefas e dormia. Minha mãe estranhou no começo, e reclamou muito sobre o fato de eu só estar comendo de manhã e na escola, mas ao ver que aquilo não me afetava em nada, parou com as brigas.

Como Niall morava na primeira rua que cortava a nossa, ele sempre nos encontrava na esquina. Íamos os três juntos, e os dois conversavam entre si animadamente. Althea muitas vezes tentava me incluir na conversa, assim como Niall, mas eu sempre acabava devaneando e voltando minha atenção para meus sonhos.

Havia se passado apenas dois meses, e eu me sentia acima das nuvens de tão feliz. Sentia-me no espaço, flutuando na gravidade zero enquanto pensava em Josh. Meus sonhos eram tão felizes, calmos e divertidos. Ele me fazia querer poder dormir o dia inteiro, e eu estava até começando a invejar as pessoas que ficavam em coma durante anos. Sei que é algo maldoso de se pensar, mas que pessoas sortudas elas devem ser! Já imaginou poder sonhar com ele durante anos, sem interrupções? Seria o paraíso.

Mais uma vez, voltei da escola e fui direto dormir. Enquanto tomava banho, repassei toda a matéria que aprendi em História hoje, não sei por quê.

Gostei tanto que quis gravar para contar ao Josh. Tínhamos aprendido sobre Pompeia, uma cidade linda que fora destruída pelo vulcão que se encontrava bem no meio da mesma. Devastando tudo, ele encobriu a cidade por várias décadas, até ela ser encontrada por um explorador. A partir daí, durante anos e anos, sua restauração foi feita, e hoje ela parece tão real quanto era naquela época.

Saí do banheiro e, como sempre, coloquei uma roupa quentinha e joguei-me nos tantos cobertores da cama. Fechei os olhos e nem precisei de música “mental” para adormecer.

Quando dei por conta já estava no espaço branco, avistando Josh se aproximar. Nem deixei ele a um metro de distância no mínimo, e corri para abraçá-lo.

– Oi pra você também, Nick. – cumprimentou-me.

Sorri enquanto sentia seus braços se envolverem em meu corpo, abraçando-me também. Esmaguei meu nariz em seu peitoral e fiquei ali por alguns segundos, até me soltar e coçar a nuca.

– E aí. – falei ficando vermelho e olhando para o outro lado.

Ouvi sua risada.

– Tudo bem com você, Nick? – perguntou-me.

Assenti, ainda sem encará-lo.

– Estava ansioso para te ver, só isso. – falei.

– Claro. Só isso. – falou dando seu famoso sorriso de lado.

Rimos juntos e eu finalmente fitei seus olhos.

– Queria te falar sobre...

– ... Pompeia. – completou o que eu ia falar.

Ás vezes ainda me esqueço que Josh é minha consciência, portanto sabe o que eu vou dizer. Ri novamente, e ele pediu-me para lhe contar sobre Pompeia. Falei sobre tudo; desde o estilo de vida das pessoas que moravam na cidade, até a grande catástrofe que destruiu tudo.

Josh ouvia à tudo atentamente, sem nem piscar os olhos direito. Quando acabei, ele se levantou e virou de costas.

– O que foi? – perguntei.

Ele voltou a me olhar, e se aproximou.

– Sabe Josh, acho que está na hora. – falou.

– Na hora? – perguntei receoso.

– Na hora de te falar porque eu existo na sua imaginação. – engoli em seco. – Na hora de partir.

Balancei a cabeça para os lados, sentindo meus olhos queimarem e se encherem de lágrimas que teimavam e não cair.

– Não! Eu não quero saber! Não fale nada, Josh. Vamos apenas continuar conversando, e jogando e rindo. Por favor. – implorei.

Ele negou com a cabeça e acariciou meus cabelos.

– Sente-se, Nick. – pediu-me. Fiz o que me mandou, e ele se agachou em frente à mim, bem pertinho. – Você aprendeu sobre Pompeia hoje, não foi?

Assenti, fechando os olhos e começando a soluçar.

– Shhh... – tentou me acalmar. – Bom, deixe-me explicar uma coisa. Sabe como Pompeia, que era uma grande cidade do Império Romano, foi destruída? – assenti. – Não, não sabe. Ela foi destruída não por causa de um desastre natural, e sim porque era para ser assim. Não estou falando que Deus quis, ou algo do tipo. Mas Pompeia estava destinada a ser construída a beira da morte; à beira de um vulcão ativo. E, quando a catástrofe finalmente ocorreu, ninguém estava preparado. Mas após alguns anos, ela se reergueu. Com a ajuda de pessoas diferentes, de jeitos diferentes, e de um modo diferente, mas se reergueu. Ela voltou a ser uma linda cidade.

Minhas lágrimas agora caíam, e ele limpava-as com suas mãos.

– Você é Pompeia, Nick. Você foi feito para sofrer este acidente. Seus ouvidos já foram curados devidos ás cirurgias, e sua mudez não é mais psicológica. Você pode ouvir novamente, e pode falar também. É uma questão de escolha. – sorriu para mim. – Você fora construído à beira de uma catástrofe e, quando ela aconteceu, não havia ninguém por perto para avisá-lo disso. Suas lindas ruas e casas foram destruídas e devastadas pela lava quente, e escondidas pela lama e pelas cinzas. Mas agora que eu descobri você, finalmente será restaurada toda a sua beleza. Nick, você tem potencial para ser normal novamente. E não será Althea, ou Niall ou sua professora de História que lhe ajudará. Será eu.

Levantou-se e me ofereceu a mão para eu acompanha-lo e ficar em pé também. Peguei nela e em um puxão fiquei bem em frente à Josh.

– Mas... – comecei a falar. – Você disse que vai embora. Como vai poder me ajudar?

Ele sorriu. Suspirou e, por uma última vez, abraçou-me.

– Eu te encontrei, Nick. – falou apenas, e começou a sumir.

Fiquei desesperado, e gritei o mais alto que pude.

– NÃO! NÃO! JOSH, NÃO! VOLTE AQUI, POR FAVOR! – eu implorava, e ao cair no chão, percebi que não havia mais chão.

Eu estava caindo em um buraco completamente negro, sem fundo. Sem nada, sem Josh.

Acordei em um sobressalto, ofegante. Passei a mão na testa e olhei freneticamente para os lados; eu estava novamente em meu quarto. Deitei-me novamente e tentei dormir, mas o sono não vinha. Comecei a chorar desesperado, e a balbuciar palavras como:

– Por favor, Josh. Por favor, deixei-me vê-lo novamente... – sussurrei.

De olhos ainda fechados, solucei algumas vezes e limpei o rosto nas cobertas. Levantei-me, lavei o rosto, escovei os dentes e me vesti para a escola.

Eu tinha a expressão vazia ao me fitar no espelho, e fome era a última coisa que eu sentia. Desci as escadas lentamente e peguei a mochila em cima do sofá. Coloquei-a no ombro e, antes de sair, olhei o horário: seis horas em ponto.

Decidi ir antes de Althea e Niall para a escola, e fui caminhando sozinho. Antes de sair, deixei um bilhete para minha mãe, avisando que eu já estava indo.

Chutei pedras pelo caminho, como se estivesse descontando minha raiva no mundo ao redor. Vi um passarinho ser atropelado por um carro e o motorista nem se deu ao trabalho de socorrer o coitadinho; apenas ativou seus para brisas e o corpo dele voou para longe. Uma lágrima caiu de meus olhos, e não apenas pelo pobre animal.

Eu estava com saudade de Josh, e haviam se passado apenas algumas horas desde nosso último encontro. Porém sabia que, ao dormir esta noite, ele não estaria mais lá. Sabia que, ao estar em um espaço em branco novamente, estaria sozinho. E, por fim, sabia que nas noites mais geladas e tristes, eu não teria o conforto de seus braços para me consolar.

O estranho era que antes, sem ele, eu conseguia viver. Eu sobrevivia a todos os dias sem dor alguma, sem reclamações. E agora parece que tudo perdeu o sentido, sabe? O mundo não é mais colorido, e sim preto e branco.

Algo clichê de se dizer, mas eu não ligo muito para isso. Apenas quero voltar para ele. Voltar para meus sonhos felizes.

Cheguei a escola e ela estava vazia. Algumas poucas pessoas estavam andando pelos corredores, mas a maioria solitária, ouvindo música ou lendo.

Então ao longe, em um armário azul escuro todo enferrujado, eu vi alguém. De costas seus cabelos castanhos eram lisos e curtos; suas roupas coloridas combinavam com ele. A mochila pendia em um de seus ombros, e ele parecia guardar algo no armário.

Andei até ele como um zumbi atrás de alguém vivo para comer, todo desengonçado.

Cutuquei-o, e, ao seu virar, eu quase desmaiei. Ela ele. Era Josh.

Tomei coragem, fôlego e vergonha na cara. Naquele momento, apenas uma palavra bastava. Naquele momento, eu tinha certeza de que, mesmo não sendo o garoto – literalmente – dos meus sonhos, era o mesmo. Eu sabia que era Louis, e que eu tinha chance de poder conhecê-lo de verdade.

Ele era o escavador que me descobriria, Pompeia.

– Oi. – foi o que saiu de sua boca.

E eu o ouvi. Eu ouvi o que ele disse. Vou repetir: EU REALMENTE ESCUTEI O QUE ELE FALOU! Eu ouvi sua voz, as cordas vocais do garoto.

– Oi. – respondi, não acreditando que eu estava ouvindo e falando.

Ele sorriu e, pela primeira vez no dia, eu sorri de volta. Pela primeira vez em anos, eu me senti feliz. Eu me senti alguém.

Pompeia seria restaurada novamente, e não haveria vulcão algum que a destruiria novamente contanto que cada pedaço seu fosse escavado pelo mesmo escavador.

Nick estava de volta. Eu era normal novamente. E tudo graças à um garoto baixinho, de olhos claros, cabelos lisos e curtos e um sorriso encantador.

Tudo graças à Josh.


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Notas finais do capítulo

Bom... É isso.
Até minhas outras fanfics (se alguém for ler).
Não se esqueçam de comentar!
Tchau