Pompeii escrita por Liza Maia


Capítulo 5
Capítulo 4 - Dinâmica


Notas iniciais do capítulo

Ahoy!



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Josh tomou conta de meus pensamentos; na escola, em casa, na casa de Althea, na padaria, no posto de gasolina, na biblioteca. Até quando eu ia ao banheiro para escovar os dentes lembrava-me de seus lindos dentes brancos e retos, alinhados perfeitamente, formando seu sorriso encantador.

Tentei de várias maneiras parar de pensar nele. Saí com Althea várias vezes, mas ele sempre me vinha a cabeça!

Por falar nela, Al me contou que voltou a gostar de um garoto. Eles estudavam juntos desde o segundo ano do fundamental, que foi quando ela começou a gostar dele pela primeira vez. Ela voltava para casa toda apaixonada, com um sorriso bobo no rosto. Al não é uma menina de sorrir muito abertamente, mas sempre que falava no dito cujo a boca dela ficava tão grande quanto a do coringa. Muitos não percebem, mas Althea possui uma covinha na bochecha esquerda. Ela é bem funda, mas só aparece quando Al sorri de verdade.

E a cova poderia ser um cemitério inteiro quando ela tocava no nome do menino. Niall, era o nome dele. Um garoto irlandês que veio morar aqui na Inglaterra com sete anos. Muito tímido e reservado, no começo eles pensaram até que era uma criança anti-social. Mas depois que ele se soltou, até reclamações eram feitas sobre a baderna que ele causava.

De acordo com Althea, ele é a pessoa mais divertida que ela já conheceu. Conheceu assim, de longe, só de olhar mesmo, porque nem um oi direito ela troca com Niall.

Este garoto tinha voltado para a Irlanda ano passado, para estudar lá. Mas voltou este ano, e ela me contou que vai entrar em nossa sala. Fiquei animado por ela, claro. Mas Althea também é muito tímida; se ela realmente quiser ficar com esse garoto, precisava começar ater mais autoconfiança.

Já até perdi a conta de quantas vezes já disse isso para ela.

Agora nós dois estávamos entrando na sala de aula, prontos para mais um dia escutando professores chatos falarem sobre coisas entediantes e nos obrigando a ficar quietos sentados em nossas carteiras, sem nem respirar direito.

A primeira aula seria de Ciências Humanas. Depois duas aulas seguidas de História, as quais salvavam o dia, já que a professora Kim, mesmo aparentando ser fria e calculista, era a mulher mais acolhedora do mundo – pelo menos comigo –, e então mais duas aulas de Química. E só então nosso querido e amado recreio.

A aula começou até um pouco melhor do que o usual.

– Hoje nós iremos fazer algo diferente. – explicou o professor. – Quero que todos vocês fechem seus cadernos e arrastem as carteiras até o fundo da sala; vamos deixar um grande espaço aberto.

Fizemos o que ele pediu sem dar um pio sequer; todos estavam muito curiosos para saber o que estava havendo.

– Agora quero que abracem alguém que consideram seu melhor amigo ou amiga. – falou.

Althea olhou para mim, eu olhei para Althea. Sorrimos um para o outro e fizemos, sem nem questionar, o que ele mandou. Geralmente nos abraçávamos quando um estava triste e precisava de consolo, mas não ligávamos para demonstrações de afeto entre amigos em público.

– Agora que cada um de vocês me dê algum motivo de briga entre você e seu melhor amigo ou amiga. Por exemplo: você brigou ontem com sua amiga por causa de seus gostos musicais. Entenderam? Motivos assim.

Assentimos e começamos a falar o motivo de nossas brigas com nosso amigos. A maioria eram motivos como: gostos musicais, moda, qual cor é a mais bonita e, no meu caso e o da Althea, se Darth Vader era mais foda que o Duende Verde, o vilão do Homem-Aranha. Todos riram quando contamos o motivo, claro. Afinal, quem vai discutir sobre algo tão estúpido? Bem, nós fazemos isso. Da última vez ficamos dois dias sem nos falar porque nenhum queria dar o braço a torcer.

– Motivos bobos, como imaginei. Agora me respondam: por que Hitler criou o nazismo? – questionou.

Vários levantaram a mão. Ele escolheu Jude Rigby para responder á pergunta.

– Porque ele achava que o mundo não precisava de pessoas judias, negras ou homossexuais. Ele achava que apenas pessoas perfeitas deveriam morar aqui; pessoas de olhos, pele e cabelos claros. – falou rapidamente.

O professor assentiu.

– Um motivo muito bobo, concordam? – todos assentiram. – Entenderam agora? As maiores guerras humanas sempre acontecem por coisas bobas. Você e seu amigo podem achar que é ridículo brigar por gosto musical, mas mesmo assim sempre discutem quando tocam nesse assunto. Os maiores vilões da história não tinham alguém que discordavam com eles para poderem ter sempre discussões calorosas, de onde sempre saíam frases poéticas, ou não. Eles eram, na maioria das vezes, sozinhos. Por isso quando cresceram quiseram compartilhar sua ideia com o mundo a qualquer custo. E muitas pessoas loucas, infelizmente, concordavam com eles. Quero que daqui para frente vocês valorizem seus amigos mais ainda, pois se não fosse por eles, por esse contato humano, o mundo estaria mergulhado na miséria e na discórdia.

A aula acabou assim que ele acabou de falar, e todos foram conversar com seus amigos. O professor tinha razão; Hitler nunca tivera muitos amigos e, no final, acabou tendo menos ainda. Todos o odiavam, a não ser aqueles loucos que o apoiava, mas mesmo assim! Sua vida fora solitária, e por isso a tristeza cresceu de tal modo que ele não aguentou; precisava de qualquer jeito ser ouvido e ver que alguém concordava com ele. O que resultou em uma guerra não foi a mente louca dele, e sim sua solidão.

Agradeci mentalmente por ter Althea; se não fosse por ela, eu com certeza odiaria toda e qualquer pessoa que ouve e fala normalmente.

A professora de História entrou na sala de aula e mandou todos se sentarem. Professora Kim não era aquela geleira que todos descreviam; ela só não era muito de sorrir. Todos a interpretavam mal, apenas isso. Ela era minha professora favorita.

– Bom dia á todos. – acredite, este cumprimento soou mais sério do que parece. – Quero que vocês abram o livro na página cento e cinco do livro de vocês. Hoje nós começamos a estudar o Império Romano; primeiro estudaremos a cidade de Roma, depois Alexandria e por último Pompéia.

Ela então começou a explicar sobre um tal de Júlio César, sobre sua liderança, sobre guerras travadas com uma outra cidade chamada Troia, que ficava na Grécia, sobre a história do cavalo de Troia e várias outras coisas interessantes. Não, não estou sendo sarcástico. Era realmente incrível como o ser humano pôde pensar em tantas coisas maravilhosas como aquelas.

Por algumas horas, consegui esquecer de Josh. Mas foi só o recreio começar para eu voltar a repassar cada detalhe de seu rosto, cada palavra dita por ele em meu sonho, cada traço perfeito.

Fui chutado para fora de meus devaneios por uma Althea toda sorridente, pulando enquanto tomava seu Toddynho.

– Nick, Nicks, Nickizinho! – cantarolou.

Revirei os olhos.

– Eu só tenho três dólares Al, não dá pra comparar quase nada... – comecei a fazer meus gestos, já que toda vez em que ela vinha toda alegrinha assim era para me pedir dinheiro.

Althea começou a rir.

– Não é isso, seu babaca. – sentou-se ao meu lado. – Niall chega hoje de viagem, e amanhã já vem para a aula!

Observei-a pelo canto do olho.

– Althea você não anda perseguindo o garoto no Facebook não, né? – perguntei-a desconfiado.

– Claro que não Nick! Credo. – deu uma mordia em seu sanduíche. – Estou o perseguindo em seu Twitter.

Deu um sorrisinho cúmplice, me fazendo revirar os olhos.

– Sua maluca. Depois ele descobre e te acha a louca que sabe mais da vida dele do que o próprio. – comentei roubando um pedaço de seu lanche.

Ela me olhou feio. Althea odeia quando pegam um pedaço de algo que ela está comendo. Digamos que ela é tipo um palito, mas come mais que uma vaca.

– Como diz o Joey, do Friends: Althea não divide comida! – gritou e logo depois começou a rir.

Tive de acompanhá-la na gargalhada; foi realmente engraçado o jeito com que ela falou. Ficamos ali, que nem dois idiotas, rindo.

O sinal bateu, e nós voltamos para a sala. Eba! Mais duas aulas de Física, uma de Matemática e uma de Espanhol.

Estoy jodido*.


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Notas finais do capítulo

*Estou ferrado
Comentem!
Até o próximo :3