Pompeii escrita por Liza Maia


Capítulo 4
Capítulo 3 - Meu melhor sonho


Notas iniciais do capítulo

Ahoy! :)
Boa leitura!



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Eu estava em um espaço em branco. Literalmente, como se fosse uma grande sala toda branca, porém sem um fim. Eu me sentia dentro de uma caixa de papel sulfite, não sei por quê. Estava tudo silenciosos ali; nem um mínimo e baixo sussurro era ouvido. Não sei como, mas eu sentia que se tivesse, eu escutaria. Era como se ali eu pudesse ser normal novamente: ouvir os pássaros, as pessoas, as vozes de cada um. Mas o silêncio preenchia todo o espaço, e aquilo me doía, já que eu queria escutar alguma coisa!

– Olá? – gritei na tentativa de alguém me responder. – Parabéns, Nick. Até aqui ninguém aparece pra falar com você. – comentei ironicamente.

Espera... Eu estava falando! Eu não falo, de jeito nenhum, em hipótese alguma! Eu não posso estar falando, isto é impossível. Arregalei meus olhos e minha expressão virou um misto de susto com alegria com alívio. Susto porque eu não falo, obviamente; Alegria pelo mesmo motivo, e alívio porque não havia ninguém por perto para ouvir minha voz.

– Eu estou falando! – comemorei. Fui me virando para começar a pular loucamente, mas acabei gritando como uma mulherzinha pelo susto que tomei ao dar de cara com alguém parado, em pé, bem atrás de mim. – AH! Quem diabos é você? Como veio parar aqui?

Com uma mão no coração e a outra apoiando o peso de meu corpo no joelho, era assim que eu me encontrava. Após ter este mini ataque cardíaco, eu tentava me recuperar do susto.

– Olá Nick. Eu sou o Josh. – se apresentou estendendo sua mão.

Fitei-o por alguns segundos, um pouco desconfiado. Eu com certeza estava sonhando, não havia dúvida alguma quanto á isso. Mas eu nunca havia visto Josh em toda a minha vida! Como é que eu estava imaginando alguém que não existia?

– Ah... E aí, Josh. – tentei dar uma de “cara macho”, mas minha voz saiu meio falha, o que fez com que o garoto risse. – O que está fazendo aqui?

Ele soltou um sorriso sarcástico.

– Pergunte á si mesmo. Esta é a sua imaginação, e não a minha.

Ai.

Essa doeu, Nick. Tomou bem no meio da sua cara, seu idiota. Até seu ser imaginário sabe dar tiradas melhores que você. Parabéns, você merece o prêmio de retardado do ano, meu querido.

– Minha imaginação não fala muito comigo. Se falasse você não estaria aqui. – tentei devolver na mesma moeda, mas só me ferrei mais ainda.

– Nick, mesmo inconsciente, você é a sua imaginação. Seus desejos são recriados nela. Se estou aqui, é porque você quer. Não culpe sua cabeça. Admita seus erros. – ele sorriu. – Ou, no meu caso, acertos.

Olhei para os lados, não sei porque. Como assim um cara que nem existia sabia mais sobre meus próprios pensamentos do que eu mesmo? Como isso era sequer possível? Eu realmente precisava voltar a falar com a Dr. Phelps, minha psiquiatra.

Pisquei várias vezes, e pensei rápido.

– Neste caso, quero que você suma. – falei tentando imitar alguém possessivo.

Josh riu mais ainda.

– Se você realmente quisesse isso, eu não estaria mais aqui.

Poxa, que cara mais mal educado! Eu era praticamente o criador dele e o ser me tratava deste jeito? Que tipo de exemplo ele quer dar ás crianças? Ok, ok. Isso não tem nada a ver, mas mesmo assim! Ele não podia me tratar assim no meu próprio sonho! Era injustiça, calúnia.

Eu o processaria se soubesse como controlar minha cabeça direito para fazê-lo perder. Ou se no mínimo existisse um tribunal aqui.

Ficamos nos encarando por um tempo, assim, em silêncio. Um tentando ler a mente do outro. Ele com certeza lia a minha, mas eu não conseguia nem chegar perto do que poderia estar se passando em sua cabeça.

Observei bem seus traços, e seu jeito. Josh tinha cabelo castanho claro, olhos verdes, que em contato com muita luz poderiam ser facilmente confundidos com a cor azul. Sua pele era de uma cor morena bonita, nem muito clara, mas também não muito escura. As roupas que ele vestia eram simples: apenas uma blusa lisa e preta e uma calça da mesma cor. Seus pés estavam descalços. Ele deixava sempre os braços cruzados em frente ao peito, e em sua boca o sorriso era presente o tempo todo.

Josh era lindo.

Não, eu não sou hétero. Eu gosto de garotos, torço para o outro time, prefiro pepino a maçã. Interprete como quiser, mas eu sou gay.

Senti minhas bochechas queimarem um pouco e virei o rosto para o lado.

– Quer falar alguma coisa, Nick? – perguntou com seu sorriso.

Pigarreei um pouco.

– Claro que não. – que mentira mais lavada, Nick.

Diz logo que você acha ele lindo!, pensei.

– Pode dizer, Nick. – insistiu.

Tossi e coloquei as mãos atrás do corpo; eu faço isso quando fico com vergonha, ou nervoso.

– Você me acha lindo, não é? – continuou.

Neguei com a cabeça.

– Você é... normal. – foi a única palavra adequada que achei para disfarçar.

Josh riu alto.

– Mentindo para você mesmo? Que coisa feia, Nick. – brincou.

Observei-o pelo canto do olho. Ele tinha razão; se Josh fora criado por mim, ele era na verdade, eu mesmo. E mentir para ele, era mentir para mim. Deus, como sou idiota!

Balancei a cabeça para frente e para trás.

– Tudo bem, você venceu. Você é lindo. – admiti.

Ele chegou mais perto.

– Claro que sou. Foi você que me criou. – falou com toda a naturalidade do mundo.

Pigarreei mais uma vez; que ser mais atrevido! Eu deveria apagá-lo de minha mente, mas era tão difícil simplesmente querer isso. Josh era tão bonito, tão... Não sei! Ele tinha algo que me prendia á sua conversa, que me fazia querer falar e falar com ele. Ele me fazia nunca desejar o silêncio entre nós dois.

– Daqui a pouco você vai acordar, Nick. – foi se distanciando. – Até amanhã á noite!

Acenou com a mão direita.

Fiquei apenas com a boca entreaberta, como se fosse dizer algo, mas nada saiu. Tentei novamente, mas minha fala estava afetada. Droga, eu estava voltando ao normal! Meus ouvidos foram se fechando, e fechando, até eu não poder ouvir mais os passos de Josh ao longe.

Fiquei um pouco desesperado, admito. Era como se ele me fizesse querer não apenas ouvir, como também falar.

Tudo começou a rodar, e a ficar escuro. Fechei meus olhos por alguns segundos, e quando me dou conta, estou com eles abertos novamente. Mas desta vez o espaço não branco, e sim todo pintado de azul escuro. Pôsteres de bandas de rock como Rolling Stones, The Beatles e Guns N’ Roses estão espalhados por minhas paredes. Há um guarda roupa marrom no canto direito, e estou deitado em algo macio.

Aquele era meu quarto, e eu havia acabado de acordar.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Espero que sim.
Comentem!
Ah, e eu to, tipo, super carente porque luxei o joelho (de novo) e não tem ninguém pra conversar, então se alguém quiser falar comigo por MP, sintam-se á vontade.
Até õ/



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