POV OCTAVIAN

Agora estamos vendendo uma bela peça de prata cravejada com delicados diamantes azuis, é realmente uma linda joia, e olhem só o preço! Está muito barato, muito barato mesmo. Apenas R$1999,99, não deixem de conferir, pessoal. Com certeza é um ótimo presente para a sua namorada, se você quer agradá-la. Ou para a sua esposa, se ela está de chico e você não quer ficar mal na fita. Ou para a sua irmã que vai...

[n/Aut: Que droga é essa?]
[n/Octavian: Agora eu estou trabalhando em um canal que vende joias na televisão, dá pra parar de encher o saco?]

Tá, parei. Vocês estão lendo isso pra saber mais sobre mim e Rachel, eu sei. Não, ainda não nos casamos, mas eu pretendo. Não, nós não fomos tacar ragatanga no povinho do Acampamento Júpiter.

Não, eu não sou idiota e também não tenho nariz grande, agora querem parar de me olhar?

Beleza, melhorou. Já faz algumas semanas desde que o pai de Rachel veio até a minha casa, e ela anunciou pra nós dois que estava namorando comigo.

E ela descobriu que estávamos namorando antes de mim! Que menina inteligente, Febo.

(Como se eu fosse dizer não caso ela pedisse, e como se eu não fosse pedir no dia seguinte mesmo.)

Ainda estamos morando na casa da minha mãe, e eu estou fazendo o último ano do ensino médio. É só um ano de atraso, dá pra compensar.

E eu sei que a maioria de vocês está fazendo aquela carinha tarada e pensando "Hmmmmmmm, eles estão morando juntos, hmmmmmmmm".

Fiquem sabendo que eu sou uma pessoa decente. Bom, pelo menos a Rachel é. Ah, qual é, se tivesse uma riuva lindíssima de 1,68m e sorriso de tirar o fôlego morando no quarto do lado do seu, você saberia do que estou falando.

Bom, chega de mimimi sobre a minha vida amorosa. Não, pera... Essa história toda é um mimimi sobre a minha vida amorosa, querendo ou não. Chorem os fortes, chorem os fracos, porque a soberania aqui é romance e o resto é excremento de fauno.

[n/Aut: Octavian, quanto exatamente de álcool você bebeu?]
[n/Octavian: Talvez sete ou oito garrafinhas daquela de Askov, mas isso não vem ao caso. O Lula pode dirigir Brasília bêbado e eu não posso escrever minha vida um pouco mais alegre do que o normal? Me deixa ser feliz, Larissa.]
[n/Aut: Ok...]

Hoje, 24 de dezembro, véspera de natal, eu resolvi oficializar oficialmente a nossa união. O loiro aguado matador de ursinhos pediu a garota dos cabelos ruivos e sorriso hipnotizante em namoro.

Primeiro, acordei cedo e corri para uma joalheria no fim do bairro. Era uma das melhores da cidade, e uma das mais caras também, mas valia a pena. Lembram daquele anel que eu descrevi no começo do capítulo? (Se não lembram, provavelmente têm Alzheimer, então voltem e leiam de novo.) Foi esse que comprei. Achei que ela gostaria.

Então, sabendo da fixação de Rachel por uma Starbucks, eu reservei uma mesa na que fica perto do parque, em frente à janela que dá para o lago. Deixando as cortinas abertas, é um lugar muito bonito e confortável para se ficar.

Vocês podem estar dizendo: "Mas por que esse anti-romântico não coloca o anel num morango e o cobre de chocolate como gente decente?"

Porque a Rachel não gosta de morango e eu mandei colocar num bombom, tá?

Enfim, quando ela acordou, não tinha nenhum café esperando na mesa.

- Bom dia, Oc. - Ela sorriu.

- Dia. - Respondi, o mais seco que pude. Acho que ela percebeu isso, porque ficou meio abalada. Bebi um gole de refrigerante (ela odiava que eu bebesse refrigerante no café-da-manhã) e coloquei o copo na pia, me esforçando pra ser um perfeito cafajeste. - Tenho que ir até a cidade hoje.

- E-eu... - Ela gaguejou, triste. - Posso ir com você?

Assenti de leve com a cabeça e disse para ela se arrumar, porque era exatamente o que eu queria.