— N. G. — disse Amy —só pode ser Nellie Gomez!

Dan e Amy estavam tomando café da manhã e ainda pensando no que descobriram na biblioteca na noite passada.

— Mas por que a Grace mandaria Fiske se livrar dela? E afinal, o que ela quer dizer com “se livrar”? — disse Dan.

— Eu não sei, mas precisamos descobrir. E se a Nellie estiver encrencada? Vou tentar ligar para ela de novo.

Eles então foram ao quarto de Amy. Na noite anterior eles ligaram duas vezes para Nellie, mas ela não atendeu as ligações. Amy pegou o celular e ligou para Nellie, porém ela não atendeu. Eles tentaram novamente mas a ligação deu caixa postal novamente.

— Dan não acho que Grace faria mal a Nellie. — Dan concordou com a cabeça. — Ela deve estar dormindo ainda. São nove da manhã agora.

Dan concordou e foi para o seu quarto. Amy ficou pensando em tudo o que descobrira na noite anterior. Seria por causa do tal remédio que Sinead estava sendo tão legal com ela? Que os irmãos Kabra haviam lhes dado presentes? Que Hamilton havia sido tão legal com Dan? Parece que sim. Por que será que Grace não queria que eles descobrissem sobre o remédio? O que aconteceria com a Nellie? A Grace era má? Amy ficou pensando nisso. Eles pensaram nisso o dia todo, e ficavam cada vez mais preocupados pelo fato de não conseguirem falar com Nellie.

No dia seguinte de manhã Dan estava tomando café junto com Grace e Amy. Ele tinha vontade de pressionar Grace contra a parede e fazê-la contar toda a verdade. Mas é claro que isso não daria certo, pois Grace contaria uma mentira boa o suficiente para não ser argumentada. Ele e Amy precisariam descobrir tudo escondido.

— Bem meninos — disse Grace — já vou indo. Tenho que tratar de uns assuntos com o Sr. Mclntyre. Vejo vocês mais tarde.

Dan e Amy se entreolharam e se despediram de Grace. Quando ela saiu, Amy disse:

— A Nellie ainda não atende o celular. Agora estou desesperada. Eu mandei várias mensagens pedindo para ela retornar assim que possível.

— Nós precisamos fazer alguma coisa. — disse Dan colocando a caneca na pia. — Só que eu não consigo pensar sem comer uns doces. Eu vou ao supermercado comprar chocolate.

Dan foi sozinho ao supermercado, que ficava há uns dez minutos de onde eles moravam. Ao entrar no corredor das guloseimas, Dan passou por uma mulher alta, de casaco preto que estava guiando um carrinho vazio. Enquanto escolhia o chocolate numa prateleira, ele teve a sensação de estar sendo observado. Mas não pela câmera do supermercado, e sim por aquela mulher. Sua suspeita foi confirmada quando ele se virou e viu quem era a mulher. Era Isabel Kabra.

A última vez que a vira foi na festa e os dois praticamente nem conversaram. Agora ela estava bem ali parada com aquele olhar sombrio.

— Não vou machucar você Daniel Cahill. — disse Isabel vendo o olhar de pânico no rosto de Dan.

— O que você está fazendo aqui? — perguntou Dan meio trêmulo.

— Quero saber o que Grace está tramando. Sei que vocês devem saber de algo.

— Não sei do que você está falando.

— Ora não minta para mim. Acho bom você cooperar, senão aquela sua babá não vai gostar.

Dan arregalou os olhos. Por isso Nellie não atendia às ligações de Amy?

— O que você fez com a Nellie? — Dan estava assustado.

— Nada. Por enquanto. O que a Grace está tramando com o remédio?

— Só sei que o remédio torna as pessoas mais boazinhas. — disse Dan rápido. — Todos vocês tomaram.

— E o que mais?

—Tem efeitos colaterais... Eu não sei... A Grace está fazendo tudo escondido, eu não sei o que ela quer!

Isabel olhou Dan nos olhos e viu que ele estava falando a verdade.

— Por isso a Natalie desmaiou esses dias... Está bem. — disse depois de uma pausa. — Você já pode ir. E não conte a ninguém que falou comigo.

— Espera, o que você vai fazer?

— Nada. Até que estou gostando da nova versão cem por cento obediente dos meus filhos. Nunca teria descobrido se não tivesse visto a empregada colocar um pó roxo misterioso no bolo. Eu a pressionei e ela me contou a mesma coisa que você.

Dan estremeceu. Ian e Natalie estavam bonzinhos até demais? O remédio precisava ser ajustado?

— Agora pode soltar a Nellie. — disse Dan.

— Não sei onde ela está.

— Mas você disse que se eu...

— Eu joguei verde e colhi maduro! — disse Isabel com um sorriso nos lábios. — Você tem muito o que aprender Daniel Cahill.

Assim, Isabel desapareceu pelos corredores, e Dan voltou correndo para casa, se odiando por ter caído no truque dela.

Dan foi até onde Amy estava ansioso por contar o encontro que teve com Isabel. Mas antes de falar alguma coisa, Amy tomou a palavra. Ela contou ao irmão que Nellie havia ligado, que dissera que havia esquecido o celular no carro, só que ela não conseguia encontrar as chaves do carro.

— Ela só encontrou as chaves hoje de manhã! — disse Amy — E o celular ainda estava sem bateria!

Amy também disse que contou a Nellie sobre o bilhete e sobre o tal Benzarol, mas Nellie não sabia de nada, e até ficou preocupada se seria demitida.

— Agora a Nellie sabe de tudo, — continuou Amy — mas eu fiz ela jurar que não contaria a ninguém, principalmente para Grace.

Dan só estava pensando: se N.G. não era a Nellie Gomez então quem era? E o que essa pessoa fez para Grace mandar Fiske se livrar dela? Mas afinal, o que ela quis dizer com ‘se livrar’?

— Você não vai acreditar — disse Dan por fim — quem encontrei no mercado. Isabel Kabra.

Amy olhou assustada para o irmão, e ouviu atentamente o que ele estava lhe dizendo.

Um tempo depois, Dan se deparou com Grace na cozinha chorando. É o que acontece quando se corta cebolas.

— Oi Grace. Achei que você só voltaria mais tarde!

— Também achei mas nossa conversa foi rápida. Aonde você estava?

— Fui comprar chocolate. — disse Dan mostrando o pedaço do que antes era uma barra de chocolate. — Cheguei já há um tempo.

— Ah... O Hamilton ligou agora pouco. Falou sobre um passeio de helicóptero. Eu disse que você iria. Você vai não é mesmo?

— Claro! Obrigado Grace.