— Vocês são uns inúteis! — disse Isabel tentando controlar o nervosismo. — Como não conseguem lidar com crianças mimadas?

— Eu já te expliquei! — disse um dos ajudantes de Isabel. — Não tinha como pega-los por causa daqueles dois outros intrometidos dos seus filhos.

Isabel estava em seu escritório tendo uma reunião com seus ajudantes.

— Nayara, dê um jeito nisso. — disse Isabel. — Não deixe que Ian e Natalie atrapalhem nossos planos.

Uma das ajudantes de Isabel, Nayara Gonzales, foi rapidamente fazendo uma ligação para outra pessoa que antes, era informante de Grace.

— Agora quando Irina Spasky chegar — continuou Isabel — quero que vocês mostrem a ela o que já conseguimos. E é melhor vocês pegarem Dan e Amy, senão meu sócio não vai gostar nada!

— Não se preocupe. — disse um dos ajudantes. — Já estamos tomando conta disso.

* * *

— Vocês estão correndo perigo se ficarem aqui. — disse Nellie — Eles virão atrás de vocês dois.

É claro que Dan e Amy estavam com medo. Mas não sabiam o que fazer. Não sabiam nem se podiam confiar na Nellie.

— Que tal vocês passarem a noite lá em casa? Vai até ser mais fácil para eu vigiar vocês.

— Vigiar? — perguntou Dan franzindo a testa.

— Sim. Eu vou ficar de olho para que nada de mal aconteça com vocês.

— Ah!.. Mas não sei se queremos meter você em perigo Nellie.

— Mas eu já estou envolvida de qualquer forma. Provavelmente eles estão atrás de mim também. Portanto é melhor ficarmos nós três juntos.

Dan e Amy concordaram, ainda que sem muita certeza, mas com Nellie por perto eles poderiam vigia-la também. Assim, eles pegaram algumas roupas e pertences, e estavam a caminho da casa de Nellie quando o celular de Amy tocou, exibindo na tela “desconhecido” ao invés de um nome ou número.

— São eles. — disse Amy olhando para o celular. — Atendo?

— Atende. — respondeu Dan.

— Alô? — quando Amy disse “alô”, aquela mesma voz grossa que Amy já ouvira disse:

— Seus espertinhos! Eu disse que não era para aprontarem! Agora aqueles dois idiotas vão pagar! E nem pensem que vocês vão escapar, vou achar vocês aonde quer que estejam!...

Então o homem deu uma risada amedrontadora e desligou. Nem foi preciso contar o que ele disse pois Amy deixara o celular no viva voz. Os três seguiram o caminho calados. Até que Dan rompeu o silêncio.

— O Ian e a Natalie também correm perigo. — disse Dan — Acho que isso significa que eles não mentiram quando disseram que iam nos ajudar. Mas será que Isabel sabe disso?

— Acho que não. — disse Amy — Eles devem estar agindo escondido. Ou então estão tentando nos enganar.

Nellie seguia dirigindo sem falar uma palavra.

— Temos que avisar a eles. — disse Amy. — Vou enviar uma mensagem para Ian.

Amy enviou a mensagem dizendo para que ele a irmã tomassem cuidado, e qualquer novidade a avisasse. Eles chegaram à casa de Nellie que não era tão grande quanto a casa deles. Havia uma cozinha, sala, e três quartos. Os pais de Nellie tinham ido a um jantar, e avisaram que dormiriam na casa de parentes, portanto não haveria problemas de Dan e Amy dormirem ali naquela noite. Eles se instalaram e decidiram que dormiriam no quarto de hóspedes, que ficava em frente ao quarto de Nellie. Depois eles foram jantar.

* * *

— Será que estamos em perigo? — perguntou Natalie ao irmão. Os dois estavam na ala dos Kabra, tentando encontrar algo que pudesse ajudar Dan e Amy.

— Não sei. — disse Ian folheando um bloco de notas. — Mamãe não fará nada de mal com a gente, Natalie. Eu tenho certeza. — Ian olhou o relógio. — Acho melhor irmos jantar, eu estou morrendo de fome.

Chegando na cozinha, a empregada dos Kabra, Nayara, já estava terminando com a comida, e logo serviria os pratos. Antes faltava um ingrediente a mais que seria servido apenas para Ian e Natalie. Um ingrediente a mando de Isabel. O Esquecerol. Nayara engoliu em seco. Da última vez ela não seguiu as ordens de Fiske, e acabou se tornando uma traidora, com uma promessa de ganhar duzentos mil dólares. Mas agora ela já estava decidida a quem obedecer. Ela salpicou um pouco do remédio nos pratos, e em seguida os colocou nas bandejas.

— Aproveite a comida. — disse Nayara a Ian com um leve sorriso no rosto, observando-o mexer na comida. Ela saiu da sala de jantar passando por Natalie, com o sorriso aumentando. Ela só não contava que Natalie vira tudo o que ela tinha feito.

— Larga essa comida! — disse Natalie entrando na sala de jantar. Ian ficou sem entender nada. Natalie aproximou dele e sussurrou. — Nayara colocou um tempero a mais.

— E daí? — disse Ian — Qual o problema?

— Todo. Olha só o tempero que ela pôs. — Natalie mostrou um sachê rasgado que continha o nome escrito Esquecerol e leu as indicações do tal tempero, ou no caso, do remédio. Ian afastou o prato.

— Estamos em perigo. — disse ele. — Não podemos confiar na Nayara.

* * *

Dan e Amy demoraram muito para dormir. Os dois ficaram deitados na cama olhando para o teto por horas até conseguirem adormecer. No dia seguinte, quando acordaram, eles se sentiam um pouquinho mais revigorados e determinados a descobrir onde Grace e Fiske estavam, e o que Isabel e sua turma pretendia fazer com o Benzarol. Os dois junto com Nellie decidiram ir tomar um bom café da manhã na padaria mais famosa do bairro, onde serviam o melhor chocolate, o melhor café expresso e o melhor pão de queijo da região.

Os três saíram andando pela rua em direção a padaria, mas nem chegaram a andar muito. No final da esquina, havia um táxi estacionado. Nellie viu, pegou a mão de Amy e depois a de Dan, deu meia volta e saiu andando rápido puxando os dois.

— Nellie o que você... — Dan começou a dizer, mas foi interrompido.

— O táxi. — disse Nellie.

Não era um táxi qualquer. Nellie nunca teria reconhecido o táxi em que Nayara havia fugido do parque, se não fosse pelo pequeno adesivo colado próximo a placa.