CAPÍTULO DEDICADO A LINDA DA Duda Evellark Grey Salvatore! OBRIGADA PELA PRIMEIRA RECOMENDAÇÃO DA FIC, LINDA! ❤ ❤ ❤

 Peeta Mellark P.O.V ON

Meus dedos travam segurando o zíper. Eu olho envolta sem saber o que fazer.

Só consigo pensar em uma coisa.

Babou.

"Pobre, Cinderella! O que vai fazer agora? Certeza absoluta que seus amigos imbecis vão pensar merda, e a Katniss não vai gostar nada, nada disso... Tenho três palavras pra você: SE FERROU, TROUXA!" Será possível que eu sou o único ser humano NO MUNDO que é obrigado a conviver com a sua presença insuportável na minha cabeça? "Com a minha presença única e exclusiva? Sim. E sinta-se feliz com isso, porque sem mim sua vida seria um completo e profundo vazio!" CONSCIÊNCIA! Você não tem um pingo de senso ou noção? Não 'tá vendo minha situação aqui, não? "E você não consegue ser menos grosso? Estava mais legal comigo hoje de manhã..." Você ainda não percebeu que não é bem-vinda aqui? "E você ainda não percebeu que não preciso da sua aprovação pra estar aqui?" Insuportável! "Grosso!" Intrometida! "Abestado!"

— Peeta! - Katniss chia entre dentes, com desespero evidente.

— Madrasta Má? - Cato bate na porta do provador logo em seguida e nós dois paralizamos feito duas estátuas.

— Cato! -  consigo reconhecer a voz do Finnick. — Seu empata foda! Não 'tá vendo que 'tá atrapalhando a transformação do Peeta em homem? - ele acrescenta e os dois do lado de fora riem alto.

'Pera aí... Como é que é?!

— Eu ouvi isso! - grito revoltado. "Olha, pelo visto eu não sou a única com dúvidas sobre você." Dúvidas?! "Sérias dúvidas..." COMO É? "Se não entendeu, não sou eu quem vai te explicar." Que tipo de consciência é você?! "Modéstia à parte, a melhor."

— Vocês sabiam que o provador é individual? - Cato ironiza.

— Mas o que eles estão fazendo tem que ser em dupla, cara. - Finnick diz em tom malicioso e os dois riem outra vez.

— Vai com mais força, Peeta! - Cato força uma voz feminina. — Mais rápido, mais rápido!

— Isso, isso, assim!— Finnick o imita.

— Vocês sabiam que o que a gente faz ou deixa de fazer não é da conta de voc... AIIII! - paro de falar no momento em que sinto um tapa forte de Kat. Olho-a sem entender e ela semicerra seus olhos pra mim.

— Não estamos fazendo nada, seus retardados! - ela resmunga para eles. — Eu pedi ao Peeta pra me ajudar com o zíper e ele acabou prendendo na camisa dele. - adiciona e eu olho-a confuso.

— Mas o seu zíper não prendeu na minh..AIIIII! - dessa vez ela pisa em meu pé com força.

— Esperem quietos ai! Já vamos sair! - ela diz e me olha através do espelho, como se me perguntasse o que fazer.

Noto que, do lado de fora do provador, os dois patetas que eu chamo de amigos discutem sobre o Cato ter atrapalhado tudo. Faço sinal pra Kat ficar calada enquanto reviro os olhos e, com um último puxão, solto o vestido de seu sutiã. Bom, o vestido acaba intacto, mas já o sutiã...

Automaticamente a morena cruza os braços sobre o busto, na intenção de segurar suas roupas, já que o fecho de seu sutiã não existe mais, e o mesmo não tem alças.

Recapitulando os fatos:

Estou em um provador.

Com uma garota que nesse exato momento está com as costas nuas pra mim.

Ela é linda.

Muito linda.

Suas costas nuas...

O vestido folgado ameaçando cair a qualquer momento...

E se descer um pouco o olhar e prestar bastante atenção, eu consigo ver um pedacinho de sua calcinha...

Rapidamente levanto o olhar buscando o teto.

Mas só uma olhadinha a mais, até que não é tão ruim assim... "Peeta, seu porco sujo e lamprenho! RESPEITA A MENINA!" Ah, consciência! Não me venha com lição de moral! "Imundo! Sujo! Pervertido!"

Meus olhos sorrateiramente buscam seu corpo, mas eu hesito quando Katniss sussurra um "soltou..." e sorri abobalhada, antes de me olhar com a expressão de quem precisa de mais um favor.

— Ér... Peeta, será que... Que você pode... Ér... Amarrar meu sutiã? - diz, enquanto tenta ver o estrago em suas costas através do espelho. Mas eu não estou verdadeiramente prestando atenção.

Quando ela se vira para olhar suas costas, fica automaticamente de frente pra mim. E o provador não é tão grande, o que a deixa muito, muito próxima. Suas mãos inquietas tentando manter seus seios cobertos atraem meus olhos como um ímã e eu nunca desejei tanto poder enxergar através de um tecido. "DING! DING! DING! E o prêmio de pervertido do ano vai paraaaaa... PEETA MELLARK! YEEEEEEEAH!"

Consciência me traz de volta a realidade e eu ergo meus olhos, encontrando a expressão de expectativa da Kat, o que significa que ela espera por alguma coisa que eu deveria saber o que é. Mas não sei.

— O quê? - franzo o cenho vendo-a revirar os olhos. "Peeta, eu vivo me perguntando se você se faz, ou se realmente é um idiota." É incrível como você surge do nada e acaba com a minha alegria. "Ótimo! Cumpri meu papel no dia e nem precisei me esforçar!" Deixa eu adivinhar, seu papel é acabar com a minha alegria? "Exatamente!" Morra, consciência! "Já conversamos sobre isso..." ENTÃO SUMA!

— Peeta, você prestou atenção no que eu disse? - ela estreita os olhos desconfiada.

— Amarrar... - eu digo a única coisa que me lembro.

— Isso! Sabe, laçar uma ponta na outra; dar um nó em algo... Mais precisamente, no meu sutiã.

— Eu sei o que é amarrar. - digo recuperando a compostura com um sorriso de canto. "Pateta." O que eu fiz de errado agora? "Eu já expressei o quanto eu acho o nome Peeta extremamente feminino?" CONSCIÊNCIA..."Troca o disco, Cinderela." EU JURO QUE ASSIM QUE EU SAIR DESSE SHOPPING, VOU PRA UMA SESSÃO DE DESCARREGO ME LIVRAR DE VOCÊ! "Aquela tentativa extremamente patética já não foi o suficiente?"

— Ótimo! Então amarra. - diz, ajeitando o corpo em uma postura ereta. Reviro os olhos antes de fazer o que ela diz.

Assim que puxo as duas pontas soltas do sutiã e amarro-as uma na outra, vejo os seios da Kat saltarem como dois balões infláveis. Ela rapidamente se vira pra mim com a expressão de quem não consegue respirar e, meus olhos rapidamente me traem mais uma vez, como se tivessem vida própria. "Mellark, seu tarado! Era só pra amarrar! Não matar a garota sufocada!"

— Peeta! Você amarrou forte demais! - Katniss gesticula exageradamente com uma mão, enquanto com a outra, tenta usar o vestido para se cobrir. — E para de olhar pra mim desse jeito! - ela acerta um tapa em meu peito, antes de virar-se novamente de costas pra mim.

— Eiiiiii! Você gosta de me machucar! - resmungo, passando a mão no lugar do tapa, acordando do meu pseudo transe. "Sua mente é uma privada suja de cenas obscenas e nojentas como você!" O quê?! "Pervertido!"

— Desfaz esse nó! - me olha exasperada, através do espelho. Passo as mãos pelo rosto, tentando ganhar foco. "Tsc, tsc, tsc...Eu sei o que você 'tá pensando, Cinderela..." Consciência, você não 'tá me ajudando em nada. "Eu sei! Isso é ótimo, não?" Não... Não é!

Solto um muxuxo fraco, e, assim que faço menção de tocar o nó, uma batida na porta atrai nossa atenção.

— Aí, ô casalzinho vinte! Dá pra apressar a rapidinha aí dentro? A Furmanh me causa alergia. - a voz de Cato soa como pura provocação, e eu posso apostar que ele está com o mesmo sorrisinho idiota de sempre.

— Será que dá pra esperar? - Katniss se pronuncia rapidamente, parecendo irritada.

Antes que eu possa dizer qualquer coisa, Kat destranca o provador, me empurrando pra fora do mesmo e fechando-o novamente.

— Espera, mas e o seu...

Paro de falar, assim que me lembro dos outros seres que nos acompanham, me virando lentamente e dando de cara com expressões maliciosas dos meninos e sorrisos contidos das meninas, menos Clove, que me olha com uma da sobrancelhas arqueadas.

— Não sabia que era tão rápido, Cinderela. - Finnick comenta, arrancando risadas dos outros.

— Pelo visto ela não gostou muito do contato com o nosso garotinho. Achei que tinha te ensinado certinho, Cinderela. Tsc...Tsc... - Cato diz, balançando a cabeça negativamente, sem esconder seu sorriso debochado.

Antes que eu possa manda-los pro inferno, a porta da cabine se abre novamente e Katniss aparece, devidamente vestida com o uniforme e com o bendito vestido em mãos.

— Vocês são seres humanos desnecessários, sabiam? - ela bufa, revirando os olhos. "Finalmente alguém falou algo de útil!" Você de novo? "Querido, você nunca vai se livrar de mim." Obrigado por me lembrar desse fatídico fato da minha vida. "Por nada, Cinderela."

— Que esses dois são desnecessários, isso é um fato. Agora, não me lembro do seu cabelo estar tão bagunçado, Catnip... - Gale comenta em um tom casual, estalando a língua nos dentes.

— GENTE, deixem-os EM PAZ! Não tem nada de ERRADO em ter um SÚBITO desejo sexual DENTRO DO PROVADOR. - Annie diz brincalhona, arrancando risadas dos outros e um resmungo da Kat.

Me limito em revirar os olhos, dando um pequeno sorriso contido. A mente deles é pior do que a minha! "Sua mente é suja. Eu sou a única coisa proveitosa dessa sua caixa craniana inútil." Respire, Peeta. Não grite mentalmente. "Enlouqueceu de vez!" SUMA! "O que aconteceu com a história de não gritar?" Consciência...

— Eu e Annie que dissemos que eles formariam um belo casal! Se bem que eu acho que... - paro de prestar atenção ao que Madge fala, com a vibração repentina no meu bolso.

— Fala, mãe! - digo, me afastando da discussão imbecil dos outros. Se os três patetas me ouvirem, é capaz de começarem a gritar coisas pervertidas e idiotas. Como sempre. "Você faz isso quando é o contrário." Shiu!

— Está em casa, querido?

— Nope, estou no shopping fazendo compras com...

— Shopping? Compras?— ela me interrompe horrorizada. — Peeta, se você estiver tentando me dizer alguma coisa saiba que eu sempre vou te apoiar e...

— Mãe, eu não sou gay! - interrompo-a entediado. — As meninas pediram companhia e eu e os caras aproveitamos pra comprar nossos ternos para o baile também.

— Ah, que bom! - ela parece aliviada.

Eu massageio minha têmpora buscando paciência.

— Mãe, a senhora ligou por quê...?

— Oh, sim... Bom, eu só estou ligando pra avisar que eu vou sair mais cedo do trabalho hoje. Chegarei em casa as sete! E eu espero chegar e não encontrar nada quebrado dessa vez! Ainda não me esqueci da minha coleção de perfumes franceses que seus amigos trogloditas quebraram. Seria um bem a humanidade se eles fossem trancados em calabouços e... — ela mesma se interrompe, soltando um longo suspiro. — Enfim, você vai demorar no shopping?

— Não, não... Daqui a pouco eu vou...

— Então nos vemos daqui a pouco. E não se esqueça, se eu encontrar mais alguma coisa quebrada, você vai estar bem encrencado, mocinho! Ah, e caso seus queridos amigos resolvam aparecer aí em casa,— o sarcasmo em sua voz é palpável. — mantenha-os longe do meu novo vaso de cerâmica laranja que está na mesinha ao lado do sofá! Ele é um vaso com um enorme valor sentimental.  Bom, é só isso. Beijo, querido.

— Beijo, mãe... - me despeço, ouvindo o barulho em sinal de que ela acabou de desligar o celular, sem ter forças pra concordar ou discordar de qualquer coisa que ela diz.

Eu. Estou. MUITO. Ferrado.

Essa frase pisca incessantemente e em luzes fortes, na minha mente, que trabalha rapidamente, pensando em formas de torturas lentas e dolorosas para Gale, Cato e Finnick. A lembrança do vaso quebrado ao lado do sofá repassa pela minha cabeça, enquanto eu ando rapidamente de volta para perto das melhores pessoas do mundo. Que todos sintam meu sarcasmo e deboche. "Relaxa, Cinderela. Sua mãe só vai chegar as sete, você ainda tem tempo." Tempo? O único tempo que eu tenho é de me preparar para minha lenta e dolorosa morte! "Dramático! Se bem que eu estou adorando ver o seu desespero repentino... Continue assim, Mellark!" Eu não estou com tempo, consciência! "Bom, estamos prestes a morrer, então..." Socorro!

— Cato, Finnick e Gale, EU VOU MATAR VOCÊS! Nós temos que ir pra casa! AGORA! - digo, assim que chego mais perto do povo, interrompendo a conversa, fazendo-os me olharem confusos.

— Mas ainda faltam os sapatos e...

— Você não tá entendendo... A menos que eu queira morrer, e eu NÃO quero, eu NECESSITO ir pra casa, A-G-O-R-A! - arregalo levemente os olhos, segurando Madge pelos ombros, sacudindo seu corpo.

De repente, sou puxado pelo colarinho e sinto meu corpo ser chocado a outro. Ou melhor, ser chocado ao corpo da Katniss.

— Ótimo! Vamos pra casa! - Katniss faz suas bochechas sumirem, assim que abre um sorriso maior que o do Coringa.

Medo.

— Espera um pouco... Qual é a do surto repentino, Mellark? - Clove me olha confusa, franzindo o cenho.

— Bom, é o seguinte, ESSES TRÊS, - aponto acusadoramente pra Cato, Finnick e Gale, aumentando um pouco meu tom de voz. — Já quebraram coisas demais da minha mãe. E, ela acabou de dizer que vai chegar mais cedo hoje e que se encontrasse mais alguma coisa quebrada, eu iria estar ferrado. E adivinhem só? VOCÊS QUEBRARAM UM VASO DELA HOJE! E, eu tenho certeza absoluta que aquele vaso é o tal vaso de cerâmica com valor sentimental de não sei das quantas! - gesticulo exasperado, olhando-os ameaçadoramente.

Meu olhar parece não afeta-los, já que eles apenas se entreolham e dão de ombros.

— Sinto muito. - Cato fingi lamentar.

— Sentiremos sua falta. - Gale entra na onda.

— Lembre-se de nós quando estiver no céu. - e Finnick completa.

Eu tenho amigos cativantes, não tenho?

— Por que nós somos amigos mesmo? - franzo o cenho, fingindo refletir por um momento.

— Meninos! VOCÊS tem QUE AJUDAR o Peets! - Annie diz de forma repreensiva, e eu lhe lanço um sorriso agradecendo a cumplicidade. Mas, logo volto a minha expressão irritada.

— Aah, mas eles vão, Annie! Eu não vou levar a culpa sozinho dessa vez! Vocês vem comigo!

— Espera que a gente compre um vaso novo pra sua mãe? - Cato arqueia uma das sobrancelhas. "Isso! Faça eles comprarem um vaso novo e, de quebra, peça uma jacuzzi." Jacuzzi? "É, jacuzzi, uma banheira com jatos de..." EU SEI O QUE É UMA JACUZZI!

— Acontece, gênio, que todos os vasos que minha mãe compra são importados e caríssimos. É praticamente impossível achar um vaso desses por aqui. - inflo as bochechas, soltando todo o ar lentamente.

Estamos mortos. EU estou morto!

— Bom, foi legal te conhecer. - Gale diz com um falso tom pesaroso, se aproximando e passando um dos braços em torno do meu ombro.

— Veja pelo lado bom, vocês vão morrer comigo. - digo debochado, abrindo um largo sorriso falso. — Um por todos e todos por um.