Jogo de sedução escrita por Karollin


Capítulo 7
Capítulo 6 - Preparação


Notas iniciais do capítulo

Me desculpem. Eu deveria ser uma autora mais prestativa, que atualiza sempre no dia programado e responde os comentários dos leitores na hora que os recebe. Mas não sou assim. Desta vez o motivo para tanto atraso é que meu avô está internado, estou indo mal na escola, vou viajar para o exterior nas férias e estou louca resolvendo tudo que preciso, dentre outros. Espero que não tenham me abandonado.

♥ Sentenced, suas palavras me tocaram de um jeito incrível ♥ Fico realmente muito feliz mesmo que esteja gostando tanto da fic :3 '' Engulam suas vidas'' UASHUASHAS Essa foi a melhor frase de efeito que eu já vi xD

♥ Esse capítulo é meio pacato, mas importante ;)

♥ Já irei responder aos maravilhosos reviews ^-^

♥ Boa leitura, espero que gostem! Não revisei, então deve ter alguns erros.



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– O Logan falou o quê?! – exclamou Bryan incrédulo.

– Disse que vai me pegar em casa para me levar à festa. – respondi sem tirar os olhos do livro de economia que estava lendo – Droga de mercado árabe.

– Lolita, não sei se você notou, mas... Você mora no dormitório da mesma faculdade que ele! Achei que quisesse manter o disfarce, não está preocupada? – falou estralando os dedos, o que sempre ocorria quando ficava ansioso.

– Esse continua sendo o plano. Ainda estou tentando ver o que farei quanto a esse problema. – afirmei olhando esperançosamente para meu lindo e maravilhoso amigo a espera de uma ajuda.

A verdade é que estava prestes a arrancar os cabelos andando em círculos no quarto e batendo a cabeça na parede a fim de achar uma resposta para aquele grande problema. Entretanto, só não estava nesse nível de desespero porque tinha que ler – e aprender! –aqueles sete livros grossos de economia, negócios e direito em menos de seis horas.

– Sabe o que está faltando nesse momento? A música Eye of Tiger tocando ao fundo, igual o que acontece nos filmes. – disse Alexander.

– Cale a boca, você está me desconcentrando. – resmunguei.

– Pare de resmungar, Lolita, isso a faz parecer uma velha decrépita. Fique estudando, eu e Alexander te esperamos na cantina às oito, até lá já deveremos ter um plano. – pediu o moreno levantando-se do puff.

– Boa sorte com os estudos Lola, não se atrase amanhã, temos muitas surpresinhas ótimas para você. – despediu-se o francês com um sorriso de quem está aprontando.

– Isso, vão embora mesmo e deixem uma garota desesperada sem companhia. Não me culpem se, ao entrarem aqui depois, me encontrarem louca ou morta. – ironizei tentando fazê-los sentir pena de mim.

– Quem mandou aceitar a proposta? Agora aguente. – brincou Alexander.

Dizendo isso, os dois saíram de meu quarto deixando-me sozinha com aquela montanha de livros para estudar. Que belos amigos eles são. Largaram-me às traças. Concentrei-me no capítulo de negociação intercalando esse assunto à dicas da bolsa de valores e à constituição. Essa seria uma longa noite.

Quando finalmente centrei-me completamente naquele assunto, perdi a noção das horas. Tudo passava rápido enquanto meu cérebro começava a decorar tudo de uma maneira geral. Sabia que após a festa não me lembraria de mais nenhuma frase daquela matéria, já que só estava aprendendo-a graças ao famoso desespero de estudar um dia antes de uma prova importante.

Tinha percebido o motivo de não querer cursar advocacia ou administração, aquilo tudo era um saco. Linguagem cansativa, muita necessidade de decorar tudo ao pé da letra, ambiguidade, especulação... Nada disso era o meu forte. Em determinado ponto, a exaustão venceu e parei de tentar me imaginando colando durex em minhas pálpebras para tentar me manter acordada.

Estava tendo um sonho muito legal, mas assim que uma música começou a tocar perto de mim o esqueci. Notei que meu celular estava tocando e comecei a murmurar xingamentos para quem quer que fosse do outro lado da linha. Para mim, ainda eram sete da manhã, mas quando fui olhar o relógio já se passava das nove.

Dolores Maxwell se você não aparecer na cantina em CINCO MINUTOS pode desistir da minha ajuda PARA SEMPRE. – berrou Bryan no celular desligando sem esperar uma resposta.

Ai meu Deus. Ele vai me matar! Se tinha algo que meu amigo odiava mais do que calças boca de sino florais junto a blusa de listras era que o deixassem esperando. E eu acabei de fazer isso. Por uma hora ele deve ter ficado planejando um meio de me torturar da pior forma possível.

Levantei-me em um pulo e corri para pegar a primeira roupa que eu vi na minha frente, que no caso foi um short e uma blusa de listras lilás. Destino, você é a coisa mais irônica que já vi em toda minha vida. Ir com essa regata mesmo ou dar mais tempo para Bryan planejar minha morte, eis a questão. Peguei minha bolsa, passei os dedos pelo meu cabelo enquanto calçava uma sapatilha branca que estava debaixo da cama e saí correndo do quarto igual a uma desesperada após trancá-lo.

Graças a todo meu desespero, eu bati em uma parede. Opa. Não é uma parede. É um cara.

– Desculpe-me. Sinto muito mesmo, não vi você. – falei um pouco tonta por causa do impacto. Pelo menos não caí igual a uma jaca podre, já é um bom começo. Estava com tanta vergonha que nem mesmo olhei para a cara dele.

– Olhe por onde anda, garota estúpida. – resmungou uma voz conhecida.

Era Logan, o garoto de duzentos dólares. Quem ele pensava que era para me chamar de estúpida? Mal trocamos uma frase sem que e fosse a Lira. Bem, já que agora estou normal não preciso ficar aturando ele.

– Educação mandou lembranças, otário. – disse cruzando os braços diante do corpo.

– Pelo menos não sou eu que saio correndo feito louco pelo dormitório com a uma impressão de frase na bochecha. – retrucou dando um sorriso irônico.

– Vai à... – Espera. Ele disse o quê?

Peguei meu celular e, com a câmera frontal, analisei minha bochecha direita que tinha duas frases fracas em tinta preta. Eu havia dormido com a cara no livro aberto e isso fez com que aquele trecho ficasse marcado na minha cara. Que vergonha. Queria ser um avestruz para poder enfiar minha cabeça em um buraco pelo resto da vida. Comecei a esfregar furiosamente o local sentindo-o arder e ficar vermelho.

– Droga, mil vezes droga. – resmunguei.

– Bem, eu tenho que ir pro meu dormitório, se a inspetora me pegar esse horário aqui na área feminina ela me castra. – riu – Isso se não tiver nenhuma maluca correndo feito louco pelo corredor tentando me matar.

Olhei melhor para ele. Seu cabelo estava desarrumado, suas roupas amassadas e um chupão estava parcialmente escondido por sua gola. Se eu não tivesse o analisando tão bem nem o teria notado. Mas depois que o vi, não pude perceber como aquilo passava despercebido. Fala sério, ele fez sexo selvagem a noite inteira com alguma vadia enquanto eu estava estudando loucamente. A justiça passou longe aqui. Precisarei me esforçar mais para fazê-lo largar essas mulheres a fim de ganhar a aposta. Por que você não facilita meu trabalho, Logan?

– Sabe que eu tenho mais chances de tirar isso da cara do que você encontrar outra desesperada pelo corredor né? – perguntei sorrindo, mas logo a preocupação invadiu meu corpo.

Bryan. Refeitório. Cinco minutos. Ai meu Deus! Ele definitivamente irá me matar, já consigo até vê-lo espalhando meus membros por todo o campus com um sorriso cruel e vitorioso nos lábios.

– Preciso ir. Xau! – despedi-me voltando a correr com todas as forças.

Assim que vi os dois no refeitório sorri aliviada, mas logo fiquei com medo ao ver a expressão de meu amigo. Enquanto Alexander dormia debruçado na mesa, Bryan lançava um olhar mortal para o relógio enquanto estralava os dedos freneticamente. Oh-ou. Mau sinal.

– Que prazer encontrar meus lindos e maravilhosos amigos nessa belíssima manhã ensolarada! – exclamei tentando bajulá-los, o que não funcionou já que Bryan me olhou como se eu tivesse rasgado seu precioso pôster da Lady Gaga edição de colecionador.

– Corra enquanto pode Lola. – falou Alexander rindo.

Espera, ele não estava dormindo?

– Dolores Maxwell você me deixou esperando por quase DUAS HORAS! Minha vontade é jogar... O que é isso na sua cara? – disse no começo furioso, mas depois ficou incrédulo.

– Dormi em cima de um livro e ficaram umas frases na minha bochecha. Tentei tirá-las esfregando minha mão, mas não funcionou muito bem como podem ver. – expliquei sorrindo sem graça.

Então os dois começaram a rir como loucos enquanto eu os olhava de modo zangado.

– Legal ver que você se divertem com minha falta de sorte. – resmunguei.

– Pare de drama, Lolita, vamos logo cumprir nosso cronograma. – falou Bryan com um sorriso maligno que me faz engolir em seco.

~ ♥ ~

Nota mental: nunca confie no Bryan para cuidar da minha arrumação antes de alguma festa. Como fui tola ao pensar que ele não iria se vingar da espera. Eu até merecia um castigo ou um de seus longos sermões, mas aquilo era demais. Ele e Alexander me levaram em uma clínica de estética, até aí tudo bem. Mas então quando fui sentar na cadeira do cabeleireiro pensando que eles haviam marcado algo relacionado com meu cabelo, uma mulher jovem e loira me guiou até uma salinha com os dois logo atrás de mim segurando o riso. Quando vi o catre compreendi. Eles marcaram uma depilação. E nem mesmo eu sabia como eles haviam descoberto uma depiladora que trabalhava aos domingos.

Como eu dançava à noite com roupas mínimas, tinha que adotar a política ‘‘zero pelos’’, mas preferia raspar com gilete a depilar-me com cera quente. Fala sério, aquilo doía demais! Aposto que pegou essa ideia de alguma tortura medieval e transformaram-na em algo corriqueiro para as mulheres. Felizmente só iria ser a perna e dei graças por ser pequena. Em minha opinião não precisava, mas Bryan não iria perder uma chance de me fazer sofrer.

– Eu vou matar vocês! – falei alto sabendo que ambos poderiam me ouvir já que o biombo do quartinho era fino.

Enquanto me controlava para não dar um soco na cara da pobre mulher toda vez que ela puxava com vontade as faixas de cera, podia ouvir a risadinha dos meninos toda vez que xingava de dor.

– Malditos! Eu vou castrar vocês! – exclamei com um grunhido de dor no final.

Eu sempre me assustava quando a mulher puxava e logo a ardência me incomodava. Acho que ela já estava ficando com medo das minhas reações, pois quando terminou pude ouvir seu suspiro de alívio junto com o meu.

Após ela ter passado creme em minhas pernas, vesti meu short e abri brutalmente a porta, quase retirando-a das dobradiças. Meus amigos levaram um grande susto com o barulho e saíram correndo de minha fúria. Pelo menos eles tiveram a decência de pagar, porque eu não iria dar um dólar sequer por aquela tortura que aconteceu contra a minha vontade.

– Viu como é bom me deixar esperando? – perguntou Bryan ironicamente.

– Isso foi crueldade!– exclamei indignada.

– Senhorita Maxwell? Acompanhe-me, por favor. – pediu uma mulher encarando os dois que estavam comigo.

Segui-a pelo lugar. Por incrível que pareça a fachada simples e relativamente pequena escondia um grande espaço. O lugar era muito bem iluminado, a luz clara do sol entrava por várias e amplas janelas limpíssimas, o chão era de cerâmica negra polida perfeitamente e a pintura de todas as paredes eram brancas com algumas poucas e amareladas infiltrações. Para decorá-las havia vários quadros modernos mostrando mulheres com cabelo fabuloso e homens com expressões sexy’s acompanhando-as. Como se aquelas pessoas realmente tivessem feitos seus penteados ali.

– Olá querida! Sente-se, não seja tímida. Minhas mãozinhas irão fazer maravilhas no seu cabelo. – falou o cabelereiro balançando animadamente nos dedos uma tesoura de ponta.

Ele possuía o cabelo castanho em um topete muito bem cuidado, óculos de grau e uma tatuagem de um pássaro pequeno era visível em seu pulso. Será que ela tinha algum significado? Além de tudo ele se vestia muito bem: calça jeans, regata branca embaixo e uma camisa xadrez que realçava seus braços definidos. E era gay. Quanto será uma cirurgia de mudança de sexo? Todos esses deuses gregos trocando de lado não está fácil. A concorrência já estava difícil antes disso acontecer, agora então está acirradíssima.

– Ok. – Mas por favor mantenha essa tesoura afiada longe do meu rosto, completei mentalmente.

Para ser sincera eu não entendi o que Bryan e Alexander estavam tentando fazer comigo. Para que esse cara iria arrumar meu cabelo sendo que eu usaria a peruca à noite? Além disso, eu estava muito mais preocupada em pensar onde Logan me buscaria para dar atenção a qualquer outra coisa.

– Ponha a peruca Lolita, como ela é feita de fios naturais pode fazer uns penteados bem legais sem estragá-la. – falou Bryan – Acho que li isso em algum lugar. Não que eu me importe com essas coisas e tudo mais.

–Tudo bem querido. – falou o homem dando uma piscadela em sua direção – Agora vamos deixar a mágica acontecer.

Coloquei a peruca que Alexander havia trazido e coloquei-a. Discretamente eu tentava me afastar do cosplay versão homossexual de Edward mãos de tesoura.

~ ♥ ~

As celebridades que ficam horas nos salões merecem palmas. Sério. Eu estava sentada na cadeira com o Hugo – esse era o nome do cabelereiro – a pouco mais de meia hora e já estava quase dormindo. Por diversas vezes ele teve que dar leves puxões ou cutucadas em meus ombros para me despertar.

– Lolita, se você não parar de dormir sentada eu vou tacar um balde de água gelada na sua cara. – falou Bryan sem paciência.

– Ah não querido, não faça isso! Já estou na metade do penteado, se molhá-lo ele irá ser destruído. – pediu Hugo alarmado.

– Não é minha culpa! Fiquei quase a madrugada toda estudando. – expliquei – O que faremos em relação a minha casa? Logan tem que me buscar em algum lugar e eu não estou a fim de ficar parada igual a um poste na rua com aquele incrível vestido e com os saltos cansando meus lindos pezinhos.

Vous êtes un idiot, obtient juste dans la confusion. – murmurou Alexander.

– Pare de resmungar em francês e me ajude idiota! – exclamei.

– Querida esse Logan deve ser um bofe escândalo do jeito que você está tão empenhada em impressioná-lo! – disse Hugo balançando uma tesoura fazendo-me afastar o rosto de perto dele.

– Não quero impressioná-lo, só quero ganhar a aposta. – respondi e olhei na direção de meu melhor amigo tentando buscar ajuda.

– Eu moro no dormitório também, nem precise buscar abrigo comigo. – afirmou Bryan.

– Bem, como sou intercambista não posso morar na faculdade, estou em uma casa relativamente próximo a ela. Nela vive uma mulher com sua irmã, talvez se eu conversar com ela o Logan te busca lá e você dorme em um dos quartos. – sugeriu Alexander surpreendendo-me.

– Quem diria que seu cérebro funcionava para fazer algo além de irritar a Lolita. – disse Bryan rindo.

– Há, há, muito engraçado. Alexander você acabou de se tornar um pouco menos intragável. – falei contente.

Para mim existem três tipos de amigos: os principais, que são os que você confia seus segredos mais sórdidos e que confia quase cegamente – que é o caso de Bryan –, já os secundários você conta de vez em quando e os terciários, que enquadram as pessoas que converso por conveniência, em que ainda estou me decidindo se é digno de confiança ou não – que é o caso de Alexander. Porém, já que o francês estava me ajudando e não havia contado meu disfarce para ninguém, o promoverei para o secundário. Sinta-se honrado, pensei sorrindo.

– Eu sou demais, você que ainda não percebeu isso. – retrucou presunçoso.

– Não se pode nem fazer um elogio que a pessoa já se acha. – disse Bryan.

Relaxei na cadeira sentindo um peso sair de minhas costas. Menos uma coisa para me preocupar. Após mais vinte minutos com Hugo arrumando meu cabelo fui levada até uma mulher que iria fazer minhas unhas. Ainda bem que não seria eu a pagar porque eu posso muito bem passar um esmalte em minhas unhas sozinha, e não preciso vir a um salão gastar doze dólares para isso.

Quando finalmente saí daquele lugar estava irritada e morrendo de fome. Pelo menos estávamos de carro e não demoraríamos a voltar para a faculdade. Nem acredito que fiquei naquele lugar duas horas. Pelo menos poderei dormir até meu despertador tocar para me avisar que deveria me arrumar. Assim que entrei no automóvel estiquei-me no banco de trás e cochilei. Porém, logo ouvi meu celular tocando. O que será que as pessoas têm contra meu tempo de dormir? Bufei de raiva e o atendi.

– O que foi? – resmunguei com raiva.

Uou! Parece que alguém está de mau-humor.

– Quem está falando? – perguntei, mas logo meu cérebro o reconheceu – Ah, Logan, não é?

Isso. Vou te pegar às seis da tarde. – afirmou – Qual seu endereço?

Olhei para Alexander que me fitava tentando ouvir a conversa e torci para ele entender de leitura labial. ‘‘Qual é o endereço?’’ Ele fez um sinal para que eu esperasse um minutinho enquanto digitava em seu celular. Mostrou-me a tela sorrindo.

– 540, W 28th St. – falei.

Ok, anotado. Nos vemos à noite.

– Até daqui a pouco. – resmunguei encerrando a ligação.

Deitei-me novamente no banco fitando o céu parcialmente nublado. Enquanto encarava as nuvens se movendo conforme o carro andava tentei bolar um plano. Eu estaria rodeada de pessoas que não conhecia, que ganham em um dia o que talvez eu ganhe em um ano inteiro e para piorar eles dominavam tudo sobre negócios, sendo que eu havia aprendido bastante coisa teórica.

Logan deve estar acostumado com acompanhantes belas que não abrem a boca e só servem para ele se mostrar. Mas se eu quisesse conquistá-lo não poderia agir assim, teria que ficar atenta a tudo que ocorreria ao meu redor prestando atenção nas conversas e só falar quando tiver certeza do que diria. Não sairia tagarelando coisas a esmo, isso só me prejudicaria. É, estou perdida.

– Lolita, chegamos. Vá direto para seu quarto tomar um banho, irei te arrumar. – falou Bryan.

– Me arrumar? São treze horas! Recuso-me a vestir aquele vestido antes de comer, já que tenho certeza que depois que colocá-lo você não irá me deixar chegar a menos de três metros de algo gostoso. – retruquei irritada.

Na última vez que tinha aceitado que ele me arrumasse antes de comer fiquei passando fome por horas sobrevivendo com nada além de água e carne seca. Foi um dia traumatizante para quem detesta todo aquele sal que aquele alimento continha.

– Você é muito dramática. Empanturre-se o quanto quiser, quem vai ter que lutar para entrar no vestido é você mesmo. Enquanto isso, ligarei para Anna e Camila para ver se elas topam meu plano. Souhaiter moi bonne chance. – falou Alexander indo diretamente para seu quarto.

Fiquei encarando sua figura desaparecer e seguei Bryan a meu dormitório.

– O que ele disse por último? – perguntei destrancando a porta.

– Algo a ver com sorte, não sei. Só o que sei é que aquele sotaque dele é de matar! – exclamou empolgado.

– Também acho! Acho que irei para a França assim que me formar. – comentei rindo e jogando-me na cama.

Levantei-me e peguei no armário um saco de salgadinhos e um refrigerante no frigobar. Não era uma dieta saudável, mas era fim de semana, eu merecia um descanso dos legumes. Tomara que aquelas estranhas concordem que eu durma lá, se elas dissessem não estaria tudo perdido. Será que eu preciso de um plano B?

Enquanto Bryan separava as maquiagens que usaria, aproveitei para tomar banho. Coloquei a peruca em seu apoio tomando cuidado para não desfazer os maravilhosos e sedosos cachos que Hugo havia conseguido fazer. Banhei-me com a água fria para minimizar o calor que sentia e vesti o vestido.

– Lolita, finalmente você acertou em alguma roupa sem minhas dicas de moda! Que orgulho de você. Quando se formar quero um discurso que comece assim: ‘‘Devo tudo o que sou hoje ao lindo e gostosão Bryan, que me fez ter consciência para poder escolher o vestido que usei na festa em que conquistei um bofe escândalo dos grandes.’’ – tagarelou começando a me maquiar.

– Vai nessa, meu amor. O máximo que você vai ganhar é um beijo bem gostoso na boca. – provoquei-o.

– Eca! Nem vem, querida. Mas se você conseguisse para mim um beijo do Guilhermo que está no terceiro período de física eu agradeceria. Não precisa ser de língua, só uma bitoquinha já me levaria às nuvens! – retrucou animado.

Guilhermo era a paixonite platônica de Bryan há quase um ano. Ele era alto, um pouco magro e possuía os olhos mais lindos que eu já havia visto em toda minha vida. Eles eram grandes, azuis cristalinos e seu cabelo dourado todo cacheado era uma perdição. Parecia ser inocente, mas quando o vi em uma festa ele estava exalando malícia por todos os poros. Posso afirmar com 99,6% de certeza que meu amigo, ao soprar as velas de seu aniversário, havia desejado que o Gui fosse gay. Apesar de torcer por ele, não queria que o pedido se realizasse, já que todo deus grego estavam mudando de lado. Fala sério, será que tinha alguma cláusula contratual que esses homens lindos assinavam que dizia: ‘‘ Você vai ser o cara mais gostoso e maravilhoso do mundo com uma condição: terá que ser homossexual.’’?

– Prontinho Lolita. – falou colocando a peruca em mim e ajeitando-a.

Olhei-me no espelho e me assustei. Meus olhos estavam com uma sombra cinza brilhante e o lápis preto junto ao delineador e ao rímel davam um destaque incrível em minhas orbes castanhas. Ele havia passado um blush clarinho em minhas bochechas para deixa-las mais vivas e meus lábios estavam com um batom cor nude.

– Uau. – suspirei.

Tive vontade de pular nos braços dele, mas se o fizesse acabaria tropeçando na barra do vestido e cairia de cara no chão. A única coisa que poderia acontecer para aquele momento ser ainda mais completo era Alexander entrando pela porta anunciando que as mulheres haviam aceitado aquele plano maluco. E, para minha surpresa, foi o que aconteceu.

– Elas não viram problema? Sabe, há pessoas que concordam em receber um estranho na casa só para depois envenená-los no jantar. – falei retendo minha vontade de sair pulando pelo quarto enquanto preparava uma mochila com algumas roupas que precisaria para dormir lá.

– Lola, as duas são legais, não tentarão te matar! Pare de ser tão dramática! – exclamou sem paciência – Vamos logo?

– Mas já? Que horas são? – perguntei franzindo o cenho.

– São quatro da tarde. – respondeu Bryan.

Arregalei os olhos assustada com o modo que o tempo havia passado rápido. Calcei um salto alto prateado que combinava com o azul marinho do vestido e ajeitei minha franja, jogando-a de lado. Senti um enorme frio na barriga a medida que andava pelos corredores com os braços dados com meus dois amigos. Por sorte não havia ninguém ali, talvez por ser domingo e os alunos ou estavam com muita ressaca para saírem de seus quartos ou estavam ainda na casa de parentes.

Chegamos ao carro de Bryan e entrei rapidamente após ouvir uma pequena lista de avisos que eu tinha que seguir caso não quisesse amassar o vestido. O moreno tratava aquela vestimenta como se fosse uma criança, credo. Minhas mãos suavam enquanto segurava a alça da pequena mochila.

Após dez minutos, estávamos parados em frente a uma pequena e bem cuidada casa de dois andares. Havia uma pequena área com gramado e uma delicada rodeira com flores desabrochadas. Alexander bateu na porta de madeira e engoli em seco. Quando ela foi aberta, deparei-me com uma mulher que não tinha mais do que vinte e três anos. Seu cabelo loiro possuía corte estilo chanel repicado nas pontas, seus olhos eram castanhos e muito expressivos e seus lábios finos estavam estendidos em um sorriso ansioso. Tive a impressão de que a conhecia. Sua expressão foi tomada pela surpresa e então percebi que eu realmente a conhecia. Essa não!

– Você?! – exclamamos juntas.


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Notas finais do capítulo

♥ Quem será essa conhecida da Lola? Tan tan taaaan~ Façam suas especulações! :D

♥ O prox cap será repleto de emoção! E, como estarei de férias a partir do dia 12 não irá demorar tanto quanto esse ;)

♥ Mereço recomendações ou comentários? Deixem um review para eu saber quem ainda está por aqui ♥