Lembranças escrita por Natalia Beckett


Capítulo 43
Valentine's Day


Notas iniciais do capítulo

Meus amorecos e amorecas! Tudo bem?
Esse capítulo ficou meio gigantinho. Mas é por uma boa causa. Ele tá vindo para matar a curiosidade de muitas leitoras que comentaram o capítulo anterior. ;)
Agradecer aqui os comentários lindinhos! Florzinhas do meu coração! :D
Dizer novamente BEM VINDOS o pessoal novo que tá acompanhando a fic. Tenho visto o número de acompanhantes crescer a cada dia. Sou muito grata por isso gente! De verdade. Obrigada!
Bom, agora chega! Vão logo descobrir o que tem dentro dessa caixinha criançada! Bjks.



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Eu estava estática. Sentia meu coração doer de tão rápido que batia. Algo começava a aquecer minhas pálpebras diante o meu desespero. Se fosse um anel de noivado... Céus! Como eu poderia dizer “não” sem magoá-lo? Sem romper nossa relação? Em meio a toda a adrenalina tive uma atitude impulsiva.

– RICK! – Eu fiquei de pé de repente. Ele se assustou. – Antes eu preciso falar uma coisa.

– Tá tudo bem? – Ele perguntou sem entender.

– Sobre as universidades...

– Kate, vamos conversar sobre isso depois, agora eu preciso...

– Não! Tem que ser agora. – Eu estava à beira de um ataque de pânico.

– Tudo bem! Tudo bem! Pode falar. – Ele falou calmo e rendendo-se. Respirei o mais profundo que pude.

– Rick... Eu estava semana passada distante de você e por causa disso a gente chegou a discutir. Fizemos um acordo. E eu prometi não esconder mais nada de você. Rick... – Passei as mãos no meu cabelo. Procurei respirar fundo enquanto fixava o olhar para outra direção. – Eu estava em conflito comigo mesma. Estava com medo do que minhas escolhas realmente irão acarretar para minha vida. Para o meu futuro. Eu e você. E eu... Eu... – Respirei mais uma vez. – Eu estava com medo que qualquer escolha que eu fizesse, seja ela ficar aqui ou escolher Stanford , fosse afetar de alguma forma o que nós temos. Eu estava sofrendo comigo mesma Rick. E toda vez que eu pensava em você, ou encontrava você, ou ouvia sua voz no telefone, eu tentava não prolongar o momento. Eu precisava tomar uma decisão. Precisava seguir meu coração.

– Kate... – Pus meu dedo indicador entre os lábios dele o silenciando.

– Deixe-me terminar ok? – Ele assentiu silenciosamente com a cabeça. Eu suspirei novamente. – Rick, não há ninguém, nenhum outro garoto que eu vá amar mais do que eu amo você. Minha mãe me disse da importância de se ouvir o coração. Mas não ir pela voz que grita mais alto... E de todas as vozes e frases que ouvi meu coração chamar a sua voz e o seu nome eram os que gritavam mais alto e mais forte. E Rick... Amor... Você talvez não vá me entender. Talvez não vá compreender o quanto eu sofri e sacrifiquei de mim e de nós com essa decisão. – Ele me encarava assustado. O olhar ainda questionador. Um tempo muito curto de silêncio e eu prossegui. – Eu escolhi Stanford... E eu sei que isso vai doer muito mais que agora Rick, vai doer muito mais. Mas eu preciso ir. E preciso que nós sejamos fortes juntos, porque eu também preciso de você. – Pus seu rosto entre minhas mãos. Passei a encará-lo com olhar pidonho de compreensão e afeto. – Eu te amo Rick. Mas por favor, me entenda. Não faça uma besteira. – O olhar dele era triste, mas compreensível. Porém ainda questionador. – Eu vou te amar sempre. Mas ainda vamos ter nosso tempo para viver tudo que devemos viver. Eu lutarei por isso. Prometo de todo meu coração que irei.

– Eu não estou surpreso, Kate. Por mais que eu tentasse negar para mim mesmo, no fundo eu sabia qual seria sua escolha depois daquela nossa conversa no estacionamento da escola. E Kate... – Ele pôs uma mecha do meu cabelo para trás da minha orelha. – Não vá pensando que você será a única a lutar pelo que temos. Eu também irei. E eu te amo, meu amor. Nunca faria uma besteira que pudesse te magoar. Eu também preciso de você para ser forte, para sustentar nosso relacionamento.

Ele roubou um selinho úmido. Pausou por um momento e ficamos olhando um o olhar do outro. Um pequeno sorriso saltou em nossos rostos. Ele então se afastou novamente, mas dessa vez não foi tão longe. Pôs a mão de volta no bolso e retirou a caixinha.

– Sei que pelas circunstâncias algo me diz que você não imagina o que seja...

– Rick, não.

–... Mas acho que pela sua cara, o que eu tenho para te dar vai ser melhor do que você possa imaginar... – Ele então abriu a caixinha e ofereceu-me sorridente. Meu coração acelerado.

– UMA BÚSSOLA?! – Perguntei assustada.

– Sim! Mas não é uma bússola qualquer. – Ele então retirou a pequena joia da caixa. – É uma bússola pingente. – Ele sorriu mais uma vez. Minha respiração finalmente voltou a caber em meu peito. Suspirei aliviada.

– Oh Rick! – Finalmente eu estava sorrindo. Ele suspendeu o colar que vinha junto ao pingente e pediu para que eu levantasse o cabelo e ele pudesse colocar o colar em mim. Assim que Rick fechou o fecho, peguei o pingente a fim de observá-lo de perto. – É lindo... – Ele então parou na minha frente novamente e ficou admirando minha reação.

– Você realmente gostou? Porque há dois minutos eu pensei que você estava esperando outra coisa...

– Rick, me desculpa...

– Você pensou que fosse um anel de noivado?! – Suspirei envergonhada.

– Ai Rick, me desculpa mesmo. Foi idiotice da minha parte. Eu fiquei assustada...

– Você queria que eu te pedisse em casamento você indo para Califórnia?

– Não. Não é isso...

– Você não pensa em casar comigo?

– Claro que sim... Entenda...

– Você não quer casar?

– Rick! Deixe-me explicar!

– Oh sim. Desculpa.

– Eu fiquei assustada porque eu pensei que fosse sim um anel de noivado. Lanie insinuou para mim isso a semana inteira porque ela te viu na Rua 47. Eu fiquei com isso me torturando... Eu ainda não havia te contado sobre a escolha de Stanford. E se é difícil manter um namoro à distância, imagina um noivado? Um casamento? Eu não queria isso para a gente agora. Mas isso não significa que eu não queira casar com você daqui a alguns anos. – Sorri.

– Ufa! Ainda bem que eu resisti aquele anel que vi na vitrine... – Cerrei os olhos o encarando. – Brincadeira! Mas já tenho uma pequena ideia do quanto vou ter que desembolsar para te pedir em casamento daqui a alguns anos... Preciso escrever uns três best-sellers se eu quiser realmente te dar um anel digno.

– Rick... Não vamos pensar mais nisso agora ok?

– Tudo bem. – Ele envolveu minha cintura e beijou-me de forma amorosa.

– Babe... – O chamei durante a pausa. – Mas porque uma bússola? – Ele sorriu, pegou o pingente do meu colo em suas mãos e explicou.

– Com a bússola você sempre saberá como se encontrar, como voltar para sua cidade, como voltar para mim! – Eu sorri romanticamente para ele. – Sei que é algo apenas simbólico, Kate. Mas espero que a faça lembrar-se de mim. Não importa onde você esteja a bússola sempre apontará para o Norte, assim como meu coração apontará para você. – Como ele conseguia isso? Como ele conseguia me fazer tão dele com pequenos atos?

– Eu te amo! – O beijei intensamente.

Conforme ele ia correspondendo aos meus estímulos, as carícias se intensificavam. No andar mais alto de um dos prédios mais altos do Upper East Side, eu e Rick consumamos mais uma vez todo sentimento que tínhamos. Dessa vez contemplada por um Sol tímido, porém não menos quente. Era como se a sensação que nos levara ao céu não fosse mera imaginação. Nós estávamos realmente no céu. Experimentamos a sensação de pertencer ao universo por alguns minutos intensos. Um céu de sensação tangível e intangível.

Ainda permanecemos naquele lugar por mais um tempo. Era tão lindo poder admirar toda aquela paisagem ao lado dele. Tiramos algumas fotos e selfies. Por volta de 11h30min decidimos arrumar tudo e sair. De lá estendemos o dia, aproveitando o Sol que agora aparecia mais destemido, numa volta de mãos dadas, risadas e carinhos pelo Central Park.

Enquanto Rick se distanciou por alguns minutos para ir até um banheiro, eu liguei para minha mãe.

– Oi filha!

– Oi mãe!

– Tudo bem? Está cedo pra você ligar... Aconteceu alguma coisa?

– Rick me fez uma linda surpresa. Foi lindo mãe. Estamos no Central Park agora.

– Vocês mataram aula?

– Sim. Mas não se preocupe. Eu transferi a aula de maior interesse para segunda-feira.

– Olha lá em Kate! Não gosto disso.

– Eu sei mãe. Mas tenho certeza que eu e o Rick não fomos o único casal a matar aula hoje.

– Mesmo assim. Não vá repetir isso.

– Tá ok. Mãe, eu liguei para saber se o Rick pode almoçar lá em casa hoje? É que ele me pegou de surpresa. Deixei o presente dele em casa. Como já está quase na hora do almoço...

– Tudo bem. Eu vou passar em algum lugar e levar algo gostoso. Seu pai é que não vai poder ir. Vai resolver coisas durante toda à tarde para a noite estarmos livres para jantar.

– Hun... Vamos ter jantar hoje senhora Beckett?

– Eu e seu pai somos casados, mas ainda somos namorados. – Ouvi um riso baixo do outro lado da linha. – Vejo vocês daqui a pouco.

– Ok mãe. Até! Beijos! – Vi Rick se aproximar caminhando em minha direção.

– Beijos... Juízo mocinha!

Desliguei o celular e Rick me questionou:

– Quem era?

– Minha mãe. Vamos almoçar lá em casa. Assim te entrego seu presente. – Sorri e roubei-lhe um beijo rápido o segurando pelo colarinho.

– Beleza! Estou curioso. O que você comprou para mim? – Ele me questionava enquanto caminhávamos até o carro de mãos dadas.

– Quer tentar adivinhar?

– Você sabe os milhares de ideias pervertidas que surgem em minha mente quanto você me dá esse olhar e me pede para adivinhar?

– Minha mãe vai levar o almoço Rick. Esqueça suas ideias pervertidas. – Ele dobrou o lábio como uma criança decepcionada. Eu sorri balançando a cabeça.

– Tenho pensando como serão as férias de verão... Você e eu na universidade. Muitos meses sem se ver... Algo me diz que essa parte será a melhor; nosso reencontro. Isso me soa explosivo.

– Richard Alexander Rodgers! Será que você não consegue ocupar a mente com outras coisas a meu respeito?

– Às vezes. – Ele dobrou os lábios dando ar pensativo e abriu a porta do carro.

– Bobo! – Sorri. Entramos no carro e ele seguiu para meu apartamento.

– Falando em pensar em outras coisas a seu respeito... O dinheiro da Harley. Quando vai precisar?

– Acho que só no outono mesmo. Quando estivermos indo para universidade.

– Ok.

– Você vai comigo para visitar Stanford agora na primavera?

– Pode ser. É uma ideia legal. Só não sei se vai ser tão legal para sua sogra.

– Acha que ela pode se incomodar?

– Sabe como é né? Ela pode me abandonar à vontade, mas eu não posso abandoná-la e o drama televisivo na vida real começa. – Esse relato me arrancou uma risada sincera.

– Quer que eu fale com ela?

– Acha que consegue?

– Tentaremos...

Rick estacionou o carro na entrada do meu prédio. Mal entramos na portaria e ouvi mamãe chamar meu nome. Subimos juntos no elevador. Enquanto eu ajudei mamãe a organizar a mesa, a dona Johanna deu um pequeno sermão no Rick por ele ter me raptado. Mas só eu a conhecia o suficiente para saber que ela se importava muito pouco com isso.

Almoçamos tranquilamente e entre risadas e conversas sobre nossas vidas cotidianas. Assim que terminamos o almoço convidei Rick para me esperar na sala enquanto eu ia até o meu quarto buscar o presente. Mamãe de canto de olho observava com um sorriso nos lábios nossas reações.

A caixa do presente não me deixaria enrolar muito sobre o que se tratava. O entreguei sorrindo e logo em seguida o beijando de forma leve e doce.

– Happy Valentine’s Day!

– Uma caneta... SHEAFFER?! UAU! Kate... É incrível!

– Não é uma MontBlanc, mas acho que escreve bem. – Pisquei com ar de cínica e mordi os lábios inferiores.

– Oh, Kate! – Ele sorriu de forma boba. – Muito obrigada. É uma bela caneta.

– Para você lembrar-se de mim durante sua carreira de escritor.

– Lembrar? Como não lembrar? Você é quem me inspira. – Sorri timidamente.

– Então acertei?

– Claro que acertou. – Ele abraçou-me e sussurrando em meu ouvido falou: – Quem sabe a primeira coisa que irei escrever será uma carta para você quando estiver em Stanford?

– Que bom que gostou. – Nos beijamos romanticamente, mas sem esquecer-se da minha mãe na cozinha.

Logo depois Rick se despediu. Ele precisava ir até a revista literária da escola terminar o artigo que se comprometera. Aproveitei para rever conteúdos e terminar o projeto de ciência.

De noite mamãe e papai estavam deslumbrantes. Dignos de um casal de cinema. O sorriso no rosto dos dois me fazia ter certeza de como era bom ser filha feita de amor. Mamãe antes de sair deixou um milhão de recomendações. Senti-me como quando criança e as primeiras vezes que fiquei sozinha em casa. Papai já esperava impaciente ao lado da porta. Ainda, antes de sair, recomendaram que eu não os esperasse para dormir. Concentrei-me para manter a seriedade até eles cruzarem a porta e eu rir daquele casal que meus pais formavam. Tão jovens em mente que chegava a esquecer da idade deles realmente.

Esse realmente foi o melhor Valentine’s Day que eu já tive.


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Notas finais do capítulo

Posso dormir tranquilamente imaginando que todas/todos vocês me amam né? ;)

Caso eu esteja enganada, ou haja concordância com o que eu disse acima, comentem! :D



SPOILER: Califórnia, Califórnia... Seu cheiro se aproxima...