Nothing Left To Say escrita por Rhiannon


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Qro dedicar esse cap a Child Of Death, apenas.



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Nico

– O seu italiano é...

– Péssimo.

– Razoável.

Jason fez uma careta.

– Vamos ser sinceros – disse ele – Eu sou uma negação nesse idioma.

– Não é tão ruim assim – observei, o que não era totalmente verdade.

Ele cruzou os braços e escondeu o rosto.

– Sou sim – sua voz saiu abafada, mas pude ouvir.

Ali estava Jason e eu estudando italiano. Ele deitado em cima da cama, de bruços, e eu sentado no chão com as costas apoiada do móvel. Folheei o livro de italiano dele até encontrar o que procurava.

– Vamos de novo – falei – Dessa vez com os verbos refle...

Jason gemeu.

– Isso não. Ai, meu Deus eu odeio esses malditos verbos.

Comecei a rodar o meu anel de caveira em meu dedo anelar. Um bufo saiu de meus lábios.

– Você precisa estudar isso. Qual é, não é tão chato assim. – tudo bem, é chato, muito chato, pra falar a verdade, mas eu nunca ia confessar isso. A verdade é que eu sou completamente apaixonado pela cultura italiana.

– Como você aprendeu tudo isso?

– Ah – sorri, nostálgico – Bianca tinha um método muito agradável.

Olhei para Jason que estava com as sobrancelhas arqueadas de modo interrogativo.

– Eu sempre quis aprender italiano. Então Bianca começou a me ensinar lá pelos meus oito anos – expliquei, me lembrando daqueles tempos. Nós eramos irmãos muito unidos, apesar de nossas brigas um tanto constantes – Ela me dava um “presente” cada vez que eu acertava alguma coisa.

– Que tipo de presentes? – Indagou.

Dei de ombros, voltando a olhar para o livro em meu colo.

– Ela queria ser professora, acho que eu fui o seu cobaia porque ela criava umas provas e me obrigava a faze-las. – me recordei – Às vezes, quando eu ia bem nas provas, Bianca me levava a algum lugar, tipo cinema, livraria, parque, ou simplesmente fazia bolo de chocolate.

– E por que não faz isso comigo? – disse com um sorriso um tanto quanto questionável.

– Quer que eu faça um bolo de chocolate para você? – perguntei.

– Aham.

Jason se levantou da cama e se sentou ao meu lado com as pernas cruzadas como um indígena.

– Ou você faz bolo de chocolate ou eu reprovo em italiano.

– Eu não sei fazer bolo.

– O que sabe fazer então?

– Água.

Ele revirou os olhos.

– Tive uma ideia! – falei alto – Cada vez que você acertar alguma pergunta minha, eu faço o que você pedir e, se você errar, faz o que eu pedir.

Ele me olhou de maneira questionável.

– Não vai me mandar fazer algo vergonhoso, vai?

– O quê, por exemplo? – perguntei.

– Tipo me fazer comer meleca do nariz, ou que eu tire a roupa.

– Ah – sorri – quanto a isso...

– Não vai valer.

– Claro que não – respondi, procurando os verbos no livro – Eu não faria uma coisa dessas com você.

– Aham.

– Vamos lá – estalei a língua – Conjugue o verbo Mangiare no indicativo presente.

Io Mangio – ele disse lentamente – Tu mangi. Lei mangi. – ele falava cada vez mais devagar, como se precisasse pensar bem no que responder – Noi man... mangíamo. Voi mangiano?

– Errou – falei rindo – Voi mangiate e loro mangiano.

Ele fez uma careta.

– Eu nunca vou acertar isso.

– É, melhor pra mim. Vai fazer muitas coisas vergonhosas.

Jason franziu o cenho.

– O que quer que eu faça? – Perguntou receoso.

– Conte-me algo vergonhoso que você fez algum dia, ou que aconteceu com você.

O loiro me olhou como se quisesse me bater e então mordeu o lábio inferior, pensativo.

– Quando eu tinha doze anos, fui ao shopping com a minha tia – suas bochechas coraram levemente – e quando fui descer da escada rolante, de algum jeito, minha calça, que era grande demais para mim, ficou presa. Eu tive que tira-la ali mesmo, com todo mundo me olhando. Minha tia me levou para uma loja e compramos uma calça nova, mas até hoje eu tenho pavor de escadas rolante.

Não me segurei, tive que rir.

Ele bufou.

– Prossiga, por favor.

– Idiota – falei, rindo.

Olhei novamente para o livro.

– Conjugue o verbo Studiare – mandei – Presente do indicativo.

Io Studio. Tu studi. Lei... studia. Noi studíamo. Voi studiate. Loro... loro studiano.

Ele sorriu, vitorioso.

– Surpreendente – resmunguei, pensando que ele me obrigaria a fazer algo realmente constrangedor – Então?

– Conte-me alguma coisa sobre você – pediu.

– Qualquer coisa?

– Qualquer coisa.

– Bem, eu odeio sorvete de chocolate e torta de morango, prefiro de limão.

– Isso não valeu.

– Tá, tá – murmurei – Tinha essa garota, Rachel, ela me beijou uma vez – Jason estreitou o olhar – A força, sem meu consentimento – completei – E eu a afastei, de uma forma, ugh, rude. Ela perguntou para mim, parecia que ninguém nunca tinha feito algo tão ofensivo para ela, e então perguntou “Porque fez isso?” E eu respondi, com uma cara, muito provavelmente, de nojo “Porque você tem peitos e eles são moles”. Eu tinha lá por treze anos, nunca vou me esquecer disso.

Depois de muitas risadas por parte do loiro, ele tornou a conjugar outro verbo, Sciare, acertando novamente, o que me pareceu trapaça.

– Tire a blusa – Ele disse, como uma forma de “recompensa” por ter acertado.

Eu ri.

– Tá brincando né? – questionei.

Foi vez dele rir.

– Isso não vale – falei.

– Não chegamos a um acordo sobre nada – respondeu de forma divertida.

– Se queria que eu tirasse a roupa – resmunguei – era só pedir.

Ele começou a enrubescer.

– Não precisa fazer isso, e-eu nã...

Tirei minha blusa preta com estampa de caveira que usava e a joguei no chão.

– Próxima – falei, meio nervoso, sem ousar tirar os olhos do livro. Eu podia sentir seu olhar em mim, em especial na minha tatuagem de três corvos pretos na clavícula e, é claro, em meu abdômen. Estremeci. Tudo bem, eu sou tímido quando se trata de alguém me olhando do jeito como ele me olhava. – Conjugue o verbo Giocare.

Jason conjugou de forma correta, lentamente, como se medisse suas palavras. Parece que eu era um estimulo e tanto.

– Parabéns. Quer que eu tire o resto da roupa agora? – murmurei, irritado.

Pelo que eu sabia, tirando os empregados, estávamos sozinhos na casa, podíamos fazer o que bem entendermos. E acho que pela cabeça dele passava ideias tão puras quanto na minha, o que me deixou um pouco nervoso.

Ele negou om a cabeça, corado.

– Então o que?

– Me beije – falou rapidamente, como se tivesse ganhado vinte segundos de coragem e resolveu aproveita-lo.

– Tudo bem, chega – praticamente gritei – Não conversamos sobre isso?

Era verdade. Depois daquele beijo no fundo do colégio, houve mais um e então Jason disse para eu parar de fazer aquilo, eu o obedeci, é claro. Porque se não teríamos ido mais longe.

– Tecnicamente, falamos sobre você me beijar de forma impertinente quando eu não quero. Tipo lá na escola. Então... isso não conta.

– Não foi você que disse que nos conhecemos há pouco tempo pra fazer essas coisas?

– Agora nos conhecemos há um mês e uma semana. – disse, franzindo o cenho – Não que eu esteja contando. – completou.

Apertei os lábios, estava começando a mexer novamente em meu anel de caveira.

– Tudo bem – resmunguei.

Ele sorriu.

– Mas é só um beijo – falei.

– É claro.

Eu o olhei nos olhos. Ele sorria timidamente.

Ah, sim, aqueles belos olhos azuis como o céu.

Jason era realmente muito bonito. Até mesmo aquela cicatriz no lábio inferior era irritantemente fofa. E o cabelo loiro cortado bem curtinho...

Pare de pensar nessas coisas, Nico. Se concentre.

Jason segurou meu rosto com as mãos, do mesmo jeito que eu fiz quando nos beijamos pela primeira vez. Mordi o lábio inferior e respirei fundo. Tentei não transparecer meu nervosismo. Lembrei do que Thalia disse. Jason realmente gosta de você. Não, claro que não. Isso não podia estar acontecendo, de jeito nenhum.

Quando finalmente nossos lábios se selaram em um beijo profundo, senti uma corrente elétrica percorrer o meu corpo.

Jason me beijou de forma lenta e delicada. Me senti como uma garotinha. O que eu não esperava é que ele prolongasse o beijo tanto tempo assim, e nem que eu não o impedisse. Então, quando notei, estávamos no deitados no chão, com ele em cima, o que de certo modo me irritou. Qual é, eu nunca fico por baixo. Mas, por mais estranho que pareça, eu não me importei tanto assim por ser ele. Ele começou a distribuir beijos pelo meu pescoço, um gemido baixinho escapou de meus lábios, aquele era meu ponto fraco.

Eu não sabia exatamente o que se pasava pela cabeça dele, mas havia uma parte de mim que estava gostando daquilo tudo. Jason interrompeu a caricia, pareceu querer dizer alguma coisa, mas selei novamente nossos lábios, o impedindo.

Minhas mãos desceram até o cós de sua calça e então para dentro de sua blusa. Arranhei de leve suas costas. Ele arfou, parando de me beijar por um momento.

– Não devia... – tentou dizer, mas o interrompi, o puxando pela nuca e tornando a beija-lo, como um gesto para que ele só calasse a maldita boca e continuasse a me beijar daquela forma.

Jason pareceu entender o recado e começou a me beijar ainda mais intensamente, e eu é claro que correspondi.

Estava pronto para tirar sua blusa quando alguém bateu a porta.

– Jason? Cara, abre a droga da porta – ouviu-se uma voz. – Annabeth quer me arrastar pra uma festa, mas eu com certeza não quero ir porque ela vai estar lá, preciso de uma desculpa boa. Dá pra você ficar doente? Tipo com câncer pra mim ir pro teu enterro?

Jason congelou no lugar.

– Posso entrar? – perguntou a voz.

Jason pareceu descongelar, levantando com um salto.

– NÃO. Quero dizer, s-sim. Não. Espere.

Coloquei minha blusa o mais rápido possível enquanto Jason ia até a porta. Peguei minha mochila no chão e a coloquei nas costas.

Ah, maravilha. Aquilo não podia estar acontecendo. Eu sou um idiota, um completo idiota.

– O que você estava fazendo?

Percy estava parado em frente a porta, com uma expressão intrigada e as sobrancelhas arqueadas.

– Estudando italiano – Jason balbuciou.

De repente, tive vontade de rir, era tudo tão insano.

– Hã, Oi... Nico? - falou Percy

– Eu preciso ir – avisei.

Jason me olhou, pareceu estar pensando em algo para dizer.

– Nico...

– Eu preciso mesmo ir. – falei, mexendo em meu cabelo, tentando tirar a atenção do meu resto, porque se eu estivesse apenas um pouco corado, seria bem visível. Maldita pele branca.

– O que vocês estavam fazendo? E porque você está tão vermelho assim? – Escutei Percy perguntar enquanto eu saia em direção a porta. Não tive tempo para ouvir Jason responder, mas só de pensar nele corando e resmungando qualquer coisa, tive vontade de rir.


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Notas finais do capítulo

EU NÃO SER ESCREVER LEMON SOS nem descrever um beijo. Me desculpem :x