6 Life Time escrita por IaGGo


Capítulo 2
Salgado




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E com isso, fico quase todo dia, mais ou menos 20 minutos vendo a Hikari indo pra escola observando a todo custo, o menino que gostava... Ele se chamava Kuro... Só fiquei sabendo por que tem escrito grande na contracapa do caderno da Hikari (mais medo ainda).

Nesses vinte minutos, em vez de ficar vendo repetidas vezes ela correndo pra frente um pouco e depois se escondendo para Kuro não percebê-la, fui observar outros cantos do mundo.

Por enquanto, nada interessante. Roubos e assassinatos sem serem julgados corretamente como sempre. Estudantes, alguns indo para a escola, outros só matando aula... E ainda reclamam que o sistema do País não presta... Humanos, sempre reclamando de algo. Querendo que o tempo passe rápido para que chegue algo que almejam tanto e ao mesmo tempo querendo que o tempo passe mais devagar quando conseguirem esse algo. Pode ser uma data especial, um objeto, uma vida. Nunca satisfeito com o que o tempo lhe proporciona.

E depois desses devaneios que só me fazem mal quando vejo que só isso que posso fazer, volto á Hikari. Ela já havia chegado à escola. E por sorte, dela e não do Kuro, eles estavam na mesma sala, então não precisava ela chegar e sair mais cedo da sala pra ir espioná-lo como em alguns outros anos. A aula dela foi tranquila, só teve Química, Física e biologia... Matérias que eu amo por abrangerem boa parte das ciências...

Mais isso não vem ao caso.

Voltou para casa e, como de costume, pegou seu almoço e foi para o quarto comer enquanto mexia no computador, onde era uma das coisas que ela mais gostava de perder seu tempo assistindo Doramas, lendo mangás e ouvindo música americana, sempre com a letra para tentar acompanhar... A voz dela era... Digamos não tão de bom agrado. Acho que não dava para saber o que ela iria fazer a seguir... Hikari é sim, a menina mais imprevisível do mundo. E eu sei disso após observar as outras meninas... Muito tempo sobrando dá nisso.

Bem, o portal continuava no seu quarto, do lado da cama, flutuando no ar como se não tivesse massa e ao mesmo tempo tivesse, sempre no mesmo lugar e estático. Bem... Não tão estático já que suas bordas giravam em relação ao meio do círculo. E como se não fosse estabanada, ela deixa o prato de comida cair dentro do portal quando passava por ele nem se lembrando de sua existência.

– Que merd... – Antes que pudesse terminar de praguejar, ela ainda não havia percebido o portal, só a comida desapareceu de sua mão de repente. Até que ela olhou para sua mão, metade dela estava para dentro do portal. Saltou para o canto do quarto em que dormiu com medo na noite anterior e ficou olhando espantada para o portal, de novo.

– Então não era um sonho... Que droga é essa? – Disse quase chorando desesperada.

Até que de súbito, reuniu coragem para checar o que havia além dele. Primeiro passou seu braço, só isso fez com que um calafrio percorresse seu corpo. Não sabia se devia continuar ou não. Então continuou por não ter nada a perder pelo segundo em que pensou. Logo depois, passou o resto do tronco com a cabeça e por fim, as pernas. Finalmente havia atravessado o portal para outro lugar, um lugar que não sabia onde era. Um novo mundo se estendeu aos seus olhos, onde água era o principal foco por estar em maior evidência ali. O cheiro de sal tomou de conta de seu olfato enquanto o sol ofuscava seus olhos com tamanha grandeza e brilho. Demorou um pouco para sua vista se acostumar com o brilho intenso e então se descobrir em uma praia, pelo que via em fotos de revistas e sites, era idêntico. Areia perto de onde estava e logo mais a frente, água que parecia infinita por desaparecer no horizonte em todos os lados por onde olhava.

Após um tempo adorou a ideia de que podia ir qualquer hora para uma bela praia á apenas um passo dentro de seu quarto literalmente. Podia ficar sozinha. Pensar e repensar nas coisas que havia feito, e como não podia faltar... Pensar em como raptaria Kuro para trazê-lo até a praia e ficar sozinha com ele (Não estou falando que ela é louca?). E até com tamanha estranheza, demorou um pouco para acostumar com a água do mar já que tinha repulsa por seres vivos fazerem de tudo nela (E é isso que torna a minha observação nesse planeta hilária). Depois de percorrer a praia um pouco percebeu que não havia rastros de outros humanos ali, deveria estar em alguma ilhota deserta. Nem preciso dizer que ela amou o lugar.

Ia para lá todos os dias sem exceção. Corria para casa depois de perseguir Kuro até a dele, pegava seu almoço, e logo depois de almoçar, ficava até de madrugada na praia. Nisso, ficou mais de uma semana mais ou menos apenas para mapear seu novo lar e descobrir que tipo de plantas havia ali. Era o único lugar que gostava de estar, o único lugar que lhe trazia paz. Aquela minúscula ilhota sem humanos, sem poluição, sem nada que a impedisse de ser qualquer coisa que quisesse. Mais ainda tinha uma coisa que a prendia naquele lugar que chamava de terra natal, Kuro. Ela sempre gostou dele, mas não sabia como se confessar. Bem, ela não era aquele tipo de menina que todo mundo nota, gosta e acha atraente. Mas tinha suas qualidades.

E assim passou muitos dias, mesmo que para apenas observar a natureza em sua forma mais pura, sempre ficava na praia quando podia. Sentada em baixo de uma barraca que havia improvisado com folhas de palmeiras achadas ali perto. Até que algo fez com que lá se tornasse seu mundo.

Certo dia indo para a escola, mais ou menos um mês depois de descobrir a ilha, estava perseguindo Kuro até em casa, ela adorava fazer isso, mas agora não. Só continuava a fazer isso pra ver no que daria. Mas agora que ela mais queria era ir para a ilha e ficar lá até o amanhecer do outro dia. Mas queria fazer isso com Kuro custe o que custar. Só que isso saiu de certo modo caro de mais para nada. Continuando... Enquanto caminhava furtivamente atrás de Kuro para que não a percebesse, ela deixou escapar um risinho quando pensou nos dois juntos morando na ilha (doooooooida) e ele a descobriu.

– Ou! O que você está fazendo aqui?? – Ele gritou com o susto.

Hikari não disse nada para tentar contornar a situação, só se virou e correu para casa. Estava desesperada agora que sua rotina havia sido quebrada drasticamente. Não podia mais seguir Kuro até em casa. A não ser que conseguisse falar com ele, o que não ia ser fácil.

Chegou em casa e com o susto, nem pensou em nada mais. Se jogou para a praia. E literalmente ela se jogou, afinal, não tinha com o que se preocupar, o lugar em que caiu era areia limpa e macia. Apenas sua roupa se sujou. Isso é o que menos importa. Ficou ali, estática, pensando no que iria fazer, a areia já começara a entrar em seu ouvido esquerdo e seu rosto á afundar quando tentou reprimir um choro.

O dia passou e ela ficou na praia só pensando sobre o que iria acontecer a seguir, estava com medo do que iria acontecer. Não queria mais sair daquele lugar que trazia paz para sua mente, mas logo teve que sair contra a sua vontade. A fome começara a corroer seu estômago.


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Notas finais do capítulo

Bem... desculpa a demora mas acho que por enquanto a hist´ria vai demorar m pouco assim mesmo. .-.



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