Os Guardiões escrita por Mariane, Amanda Ferreira


Capítulo 9
Medo


Notas iniciais do capítulo

Oie!



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Olhei boquiaberta para Nicolas e lembrei sem entusiasmo que teria que nadar, sai rapidamente me encolhendo em uma toalha. Fiquei encarando-o enquanto ele se sentava na arquibancada e observava os outros alunos. O olhar dele de repente encontrou o meu e me limitei a dar um sorriso rápido e me virar tomando postura e pulando com elegância na água.

Tenho que admitir que sou boa nisso, sempre gostei de água e sempre fui boa nadadora. Assim que meu corpo tocou a água quente, senti uma onda eletrizante de adrenalina. Abri os olhos e comecei a nadar rapidamente vendo bolhas se formarem a minha volta. Meu corpo ficou leve, tudo se silenciou como um mundo paralelo na minha mente. Deixei a água me guiar em meio ao meu nado. Senti que estava afundando, talvez estivesse rápida demais, mas não, eu estava chegando à borda ou será que não?

Estava tudo tão tranqüilo, eu não precisava me esforçar, não precisava pensar, não precisava ter problemas. Estava tudo certo, tudo calmo. Eu poderia ficar nadando para sempre e...

– Katherine! – Chelsey falava meu nome desenfreado. - Katherine!

Parecia preocupada, mas por quê? Aqui era ótimo.

– Kate! Ai meu Deus! - outra voz feminina perto de mim, mas eu não via ninguém.

Então eu senti. Duas mãos fortes pressionaram o meu peito a fim de expulsar algo. De novo e de novo. Meu corpo reclamou e meu nariz ardeu. O "tudo muito calmo" se transformou em "estou sem ar". Tentei respirar, mas meu nariz e boca estavam fechados.

Meu corpo se contraiu e fechei as mãos em punho.

– Mas que droga! - ouvi uma voz rouca resmungar e mais uma fez meu peito foi pressionado. - Katherine!

Meu corpo explodiu e senti meus pulmões pesados. Por fim, o que estava tampando minha respiração saiu, um líquido quente me fazendo tossir freneticamente cuspindo tudo.

– Graças a deus! - era voz da Leninha aliviada.

Abri os olhos e no começo vi tudo embaçado, mas logo pude distinguir as formas que me rodeavam: a Yve e Leninha me olhando um tanto aliviadas, a professora de braços cruzados e a testa enrugada e o Nicolas com uma expressão preocupada.

– Dêem espaço para ela respirar. - ele falou fazendo um movimento com os braços para elas se afastassem, e pude ver vários alunos cochichando e se afastando. Ele olhou para minhas amigas e assentiu. Hesitantes elas se afastaram. Ele se levantou e falou alguma coisa com a professora Chelsey e ela também saiu.

Me sentei sentindo-me tonta e as narinas ardiam ao respirar. Olhei me volta sem saber como fui parar ali. Estava um pouco afastada da borda da piscina, no chão.

– Tudo bem? - ele perguntou se agachando na minha frente.

Assenti sem forças para falar. Olhei-o vendo os cabelos pingando e o corpo molhado e quase, QUASE pude ter certeza de que seus olhos estavam mais escuros.

– O que houve lá? - perguntou. - Você pulou tão bem e quando eu vi, não tinha voltado depois de cinco minutos. Afundou e em poucos segundos ficou boiando.

– Não me lembro de ter me afogado. - falei com uma voz esquisita.

– Não se debateu nem nada. Foi como se você quisesse ficar no fundo para... Sei lá o que queria.

Tossi mais uma vez e meu corpo começou a tremer, me dei conta de que estava frio demais.

– Aqui. - ele colocou uma toalha branca a minha volta.

– Obrigado. - resmunguei.

Ele balançou o cabelo lançando gotículas de água nas minhas pernas e depois estendeu a mão.

– Vem. - falou.

Olhei sua mão estendida e depois vi a tatuagem se erguendo pelo braço. Parecia um dragão, mas eu não tinha certeza se não era loucura minha. Respirei fundo ainda sentindo dor e segurei sua mão vendo como estava quente. Tentei me levantar, mas estava cansada demais, estendi a outra mão e segurei no seu braço, bem em cima da tatuagem de dragão e neste instante meu corpo congelou.

Acordei sentindo uma espécie de grama roçando na minha pele. Ao adaptar meus olhos com a claridade, contestei. Eu estava em uma clareira.

Segui um pouco perdida ate uma macieira. Tudo parecia normal. O céu estava azul, a grama verde e fresca, foi quando reparei em uma forma embaixo da arvore. Ao me aproximar vi que era uma mulher. Não uma mulher qualquer. Ela era linda como uma rosa, a pele pálida e lisa semelhante à porcelana, as bochechas coradas como pequenos morangos com corpo esbelto e curvinho. Estava apenas coberto por um fino vestido de cetim branco. Os cabelos louro-prateados presos em um elaborado coque onde pequenos cachos escapavam, os olhos eram cinzentos e tempestuosos. Ela exalava poder, claro e nítido poder, o que me fez parar. Admito que me senti aterrorizada, não como se estivesse fugindo de algo assustador, mas de forma intimidadora. Parei em frente à mulher cabisbaixa e esperei-a falar.

– Você cresceu tanto. – murmurou, como se estivesse satisfeita consigo mesma.

– Hmm, me desculpe senhora, mas, se me permite... Como à senhora se chama? – perguntei hesitante

Ela sorriu tão radiante que fiquei deslumbrada. Então lentamente ergueu a mão e tocou meu rosto. O toque me saiu familiar, agradável, como o toque de uma mãe. A pele macia acalmou de vez a aflição no meu peito.

– Não se lembra de mim criança?

– Me desculpe. – falei novamente negando com a cabeça. E ela me chamou para sentar ao seu lado, hesitante, obedeci.

– Meu nome é Kira.

Aquele nome fez meu corpo revirar, eu conhecia aquele nome de algum lugar. Como se já tivesse ouvido muitas vezes porem não pude associá-lo a ninguém.

– Eu ainda não entendo porque estou aqui?

– Não tenha pressa. – falou – Eu vim para lhe ajudar.

– Ajudar? Em que? Estou muito bem.

– Esta mesmo, Kate?- perguntou – Não tem visto nada estranho, sentido calafrios à toa, você não tem pesadelos constantes?

Fiquei boquiaberta, não pude responder, eu queria falar sim, queria explicações, mas eu estava muda. Foi quando a expressão dela mudou, como se pressentisse problema ela falou um pouco mais urgente.

– Esta tudo bem, porém, preciso que você acorde, não é, mas seguro, eu juro que em breve lhe explicarei tudo.

– Não. – gritei quase chorando.

– Kate, por favor, acorde! – falou – Você tem que acordar.

Neguei firmemente com a cabeça, entrei em pânico e comecei a chorar. E foi nesse estante que tudo mudou, como se eu tivesse piscado por um segundo e tudo fora transformado, sem que eu me desse conta.

Eu permanecia na clareira, porém, antes ela brilhava prosperidade e vigor, agora, estava completamente morta. Senti imediatamente um imenso frio, e comecei a tremer, no céu, as nuvens estavam cinza chumbo como se a qualquer momento fosse chover granizo.

Tentei me orientar, mas não consegui então por fim percebi uma sombra perto da macieira, agora completamente seca.

– Kira? – chamei

Aproximei-me o suficiente pra decifrara pessoa. Porem, aquela mulher não era Kira. Ela era linda tinha um cabelo preto, cacheado e espesso, que caia solto e balançava de acordo com o vento, olhos negros como de um corvo lustrado, estava vestida em um manto de veludo pesado que acentuava as curvas em seu corpo, e a deixava incrivelmente alta, então voltei ao seu rosto mais uma vez, e ao examina-lo tive vontade de fugir. Sua expressão era de uma mistura de ódio e diversão. Os olhos exalavam veneno e o sorriso era diabólico.

Igual a Kira ela exalava poder, forca, porem também algo a mais, arrogância, aversão... Sem perceber eu estava tremendo, não de frio, mas de medo, eu estava apavorada com a imagem daquela mulher a minha frente, a áurea dela exalava... Morte.

– Causo esse efeito nas pessoas. – falou tranquila e ao mesmo tempo satisfeita.

Permaneci muda.

– Ai ai ai, o gato comeu sua língua? – perguntou – Tudo bem se você não fala, eu falo. Meu nome é Kora, cara Katherine.

Gelei, alem de este ser saber meu nome ele pronunciou com nojo.

– É querida é fácil saber seu nome, quando se é o que eu sou.

– Quem é você? – perguntei no automático. E logo tapei minha boca me encolhendo de medo.

– Achou a língua? – perguntou desprezando minha pergunta. Então se aproximou tocando lentamente na minha pele. Comecei a tremer desesperadamente e sem que eu me desse conta estava chorando.

– Awn, coitadinha, você está com medo Katherine? – perguntou

Não respondi apenas a encarei sentindo um bebê perto dela.

– Acho extremante bom, que fique, pois de agora em diante sua vida, esta nas minhas mãos. – falou sorrindo – E eu não vou deixá-la escapar.


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