Os Guardiões escrita por Mariane, Amanda Ferreira


Capítulo 8
Tatuagem


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Fiquei de boca aberta o encarando. O que ele estava fazendo? Acho que a doida aqui não sou eu.

– Posso? - perguntou quando viu minha cara.

– Por quê? - perguntei a primeira coisa que veio na mente. Idiota! Idiota! Idiota!

– Bom... - ele olhou rapidamente na direção da Lunna que por sinal me encarava tão boquiaberta quanto eu. - Eu acho que... eu... nós... - ele parecia procurar as palavras certas. - Nós começamos de jeito errado.

– Muito errado. - resmunguei. Cala a boca! Cala a boca! Cala a boca!

– E também. - ele fez uma careta. - Ela fala mais do que você. - ele remexeu os olhos na direção da Lunna. - Então eu pensei... nós já somos parceiros em historia, mas uma, menos uma não faz diferença.

Tentei processar o que ele dizia, mas minha mente tinha mil coisas e só ai, me dei conta que a dor de cabeça tinha parado. Olhei em volta da sala e neste momento o professor entrou. Eu poderia jogar o caderno na cara do Nicolas ou chuta-lo para o outro lado, mas... Mas meu coração idiota palpitou só de ter consciência que ele queria se sentar comigo e estava sendo educado. EDUCADO.

– Você que sabe, tanto faz pra mim. - falei por fim. Mentira! mentira! Mentira!

– Obrigado! - ela deu um sorriso torto e eu me derreti, quase literalmente. Socorro!

Sentou-se colocando a mochila no chão e se virou pra mim. Fiquei petrificada.

– Posso te fazer uma pergunta? - falou me olhando com aqueles olhos azuis tão lindos e geometricamente perfei... Meu Deus o que esta acontecendo comigo?.

Assenti meio abobada. O que tinha de errado comigo? Ele tinha sido um imbecil e agora, do nada fica assim. Ele não tinha o direito de fazer isso com as pessoas, não tinha o direito de fazer isso comigo. Katherine Hankor não aceitaria nada disso porque não era uma idi...

– Katherine? - meu nome saiu tão delicioso dos lábios dele que o encarei perplexa.

– Você sabe meu nome? - falei sem pensar. Meu Deus eu sou uma imbecil completa! Meu Deus! Meu Deus!

Ela deu uma risadinha, mostrando dentes brancos e alinhados e lá estavam duas covinhas perfeitas.

– Claro que sei. - disse ainda sorrindo. - É meio impossível não saber por aqui. Todos conhecem a ruiva do macarrão... - abafou um riso. Seu imbecil! Babaca!

– Agora eu entendi! - me levantei falando alto demais. - Você só veio aqui para rir da minha cara e eu pensando que você estava tentando ser educado e...

– Srtª. Hankor! - o professor me repreendeu. Senti a cara ficar vermelha. - Sente-se.

Respirei fundo e me sentei contando ate três.

– Desculpe. - o Nicolas falou baixinho e eu o encarei de novo. Pensei que esse ser não seria capaz de pedir desculpas.

– Não é isso. - ele falou remexendo as mãos. - Não foi minha intenção rir da sua cara.

– A não? - perguntei irônica.

– Só queria saber se... Você é amiga do Lucas? - perguntou de repente mudando completamente de assunto.

– Hãm?

– O garoto do grêmio.

– Eu sei quem é. – falei meio travada - O "hãm" foi por causa da pergunta. Sou mais ou menos, por quê?

A expressão no seu rosto mudou tomando a forma que eu já conhecia. Ódio. Senti-me uma idiota. A fase "estou sendo legal" dele parece que passou.

– Quer um conselho? - perguntou com sua voz rouca.

Ergui a mão para responder, mas ele não deixou já se adiantando:

– Não seja amiga dele.

Não tive tempo de perguntar o porquê desse conselho. O Sr. Carlos nos chamou atenção pela conversa e então o Nicolas virou para frente e começou a copiar os mapas de conceitos que o professor passava no quadro negro.

Peguei o caderno e fiz o mesmo. Depois de longos minutos de aula e explicação tediosa o sinal bateu me assustando. Juntei minhas coisas com preguiça e quando ergui a cabeça o Nicolas havia sumido, simples assim, saiu tão rápido que nem vi.

Bati o pé de raiva e empurrei alguns dos idiotas para sair ouvindo protestos atrás de mim. Segui para o ginásio quase fugindo de perguntas de qualquer um. Por incrível que pareça minha dor de cabeça voltou imediatamente.

Tecnicamente odeio, ODEIO exercícios! Qualquer coisa que envolva correr, pular, tudo que eu tenha que me mover. Mas as regras da Kince Joyce eram claras: todos os alunos devem participar das aulas de Educação física, exercendo pelo menos um esporte. Como o melhor era vôlei, eu participava deste. Para minha sorte a Lunna cara de boi também fazia vôlei. Como minha rival! Mas quando iríamos pegar a bola para começar, a professora apitou.

– ALUNOS! – gritou a Chelsey, a única professora que permitia que chamássemos pelo seu primeiro nome. Todos ficaram em silencio. – Eu não permiti que pegassem à bola. DEIXEI?!

Ninguém respondeu.

– Iremos usar a piscina.

– Mas Chelsey esta no mínimo uns 8 graus lá fora. – gritou uma menina morena.

– Temos uma nova piscina no ginásio três, e a abasteci com água quente. – respondeu. Ah! Então foi para essa piscina que 10 anos de suborno foram pagos? Interessante.

– Espero que tenham trazido seus maiôs e shorts de banho, porque agora pelo menos uma aula a cada três semanas será de natação. ENTENDERAM? - falou – Vocês tem três minutos para trocarem de roupa! AGORA!

Segui como um zumbi ate o vestiário, para minha surpresa lá estava Yve e Leninha.

– O que vocês fazem nessa aula?

– É a única que fazemos juntas. – falou Yve sem emoção.

O que esta acontecendo com minhas amigas?

Despi-me e pus o maio preto. Esperei ate que Leninha e Yve estivessem prontas e saímos mudas.

– O que aconteceu? – perguntei – Não estão falando comigo, por quê?

– Por que não confia em nós? – perguntou Leninha verdadeiramente triste.

– Como assim?

– Você esta em uma condição péssima Kate. Está abatida, pálida que dói, você esta com olheiras terríveis. Você tem se olhado no espelho? – perguntou Leninha – Quando foi que você lavou o cabelo pela ultima vez? Você tem pesadelos desde que chegamos. E em nenhum momento você hesitou em nos contar o que você TANTO MENTE ULTIMAMENTE.

Eu fiquei completamente chocada. Nunca tinha pensado pelo lado delas.

– E-e-eu...

– Somos amigas Katherine! Deveríamos confiar uma nas outras – cortou-me Yve – Mas aparentemente não somos suficientemente dignas de seus assuntos, certo? Nunca escondemos nada de você! Porque esta fazendo isso? Não confia na gente?!

Minha voz se perdeu em alguma parte daquele discurso. E eu não conseguia encontra-la. Por fim respirei fundo e respondi.

– Eu irei contar. Mas agora não é a hora, mais tarde. – falei – Por favor.

Elas me olharam com uma tristeza que nunca vi antes, mas assentiram e seguimos ate o ginásio.

Todos já estavam prontos e sentados na arquibancada em quanto Chelsey fazia a chamada. Eu senti frio, muito frio. Minhas mãos estavam como de um defunto.

– Katherine, Yvana e Helen. – falou – Vocês são as ultimas?

– Não. Ainda faltam a Lunna e a Rita. – respondi automaticamente.

Acompanhei as meninas ate a borda da piscina, enquanto elas se alongavam a fim de se esquentar e eu me abraçava quase congelando. Chelsey lê a chamada e então grita.

– Nicolas Heenk? - ninguém responde e sem ter consciência começo a procurá-lo.

– Aqui. - falou uma voz rouca ao meu lado me fazendo ficar toda arrepiada.

O pior é que a proximidade comigo não melhora nada, eu posso sentir claramente seu calor emergindo e isso me deixa completamente desconcertada. O cheiro dele é mais forte do que eu esperava, é algo parecido com madeira depois da chuva ou grama recém aparada... e aos poucos minha mente fica estranhamente nebulosa.

– Katherine. – o Nicolas desviando meus pensamentos e mais uma vez senti meu nome sair delicioso da boca dele.

Olhei para ele e minha boca se abriu. Lá estava o homem do meus sonhos, numa bermuda preta e sem a camisa, SEM! Seu corpo não poderia ser melhor que isso. Ele parecia um atleta olímpico ali perto da piscina. Tinha músculos naturais como de alguém que malha as vezes ou que pratica algum esporte o tempo todo. Eu não posso definir com outra palavra a não ser GOSTOSO!

Senti meu corpo esquentar imediatamente e quando dei por mim, estava sorrindo e ele me encarava como se eu fosse doida.

– Vamos, a Chelsey está esperando – falou – Você aparentemente se desligou.

Sabe de quem é a culpa? Sua!

– Gostoso! - sussurrei, mas para minha sorte ele ouviu.

– O que? - perguntou se virando para me olhar de novo.

Corei um pouco e observei que todos já haviam saído menos eu, Nicolas, Yve e Leninha que me olhavam estranhamente.

– Nada! - falei. - Eu disse: Não é nem um pouco gostoso a gente ficar nesse frio pelados.

Ele deu uma risada e balançou a cabeça, vi pelo canto do olho as meninas fazerem uma careta de reprovação ao meu comentário.

Burra! Burra! Mil vezes burra!

Continuei andando cabisbaixa e de repente reparei na tatuagem no ombro dele que se estendia até o antebraço.

– É um dragão? – perguntei sem pensar.

– O que? – perguntou confuso me olhando estranho.

– Nada. - falei antes que tudo piorasse.

Percebi que ele me encarou por um longo tempo, mas logo continuou a andar sem falar nada.

– Doida. - ouvi-o resmungar, mas ignorei.

Por algum motivo me vi fascinada pela tatuagem e quando chegamos na entrada da segunda parte do ginásio parei Yve e Leninha.

– Vocês viram a tatuagem dele? – perguntei.

Elas me olharam confusas.

– Eu vi que ele é...demais, mas que tatuagem? - a Leninha se abanou e depois me fitou.

– No braço dele. - respondi.

– Kate, ele não tem tatuagem. – falou Yve.

– Claro que sim.

Mas elas apenas ficaram me olhando, como se eu houvesse enlouquecido. Suspirei e pensei que talvez eu realmente esteja precisando de ajuda psiquiátrica.

– Eu devo ter me enganado. – respondi, mas elas pareciam estranhamente em duvida.

Mas eu podia jurar de pé junto que tinha visto ou será que não? Não... sim... Não, eu não era louca!


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Notas finais do capítulo

;)



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