Os Guardiões escrita por Mariane, Amanda Ferreira


Capítulo 7
Coisas Estranhas


Notas iniciais do capítulo

Oláaa! A inspiração surgiu e mas um capítulo saiu. espero que curtam.
Obs: Não teremos dia certo para postar, só quando o capítulo sair legal e estivermos inspiradas. Ook



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/479772/chapter/7

Sim, eu era uma louca. Completamente.

Depois de me sentir uma imbecil ali, parada, sozinha no meio do corredor ainda tonta depois da "visão" que tive ao tocar no idiota do Nicolas, que por acaso não se importou ou fingiu que não se importou, eu fui embora completamente frustrada. Enfim, o que eu poderia fazer afinal? Dizer a ele? Claro que não.

Tudo o que eu tinha que fazer era ignorar isso e ficaria tudo certo. Ou pelo menos eu acho que sim. Minha vida estava mais para um livro de terror que antes de ficar realmente assustador manda um recadinho no rodapé da página: Isso é apenas o começo. Se quiser um bom conselho, eu darei: se está gostando do que leu até aqui, ótimo! Mas agora, saia. Procure algo menos aterrorizante para ler, de verdade. Agora, caso esteja curioso continue, eu terei o prazer de detalhar cada minuto dessa estressante e louca vida. Coisas ruins acontecerão... Resolveu ficar? Tudo bem! Só não diga que não te avisei.

Voltei à biblioteca para pegar minhas coisas e ainda ouvi um sermão da Srª. Cooper por correr por ali, gritar nos corredores e coisas e tal. Eu segui para o refeitório, peguei um sanduíche de peito de peru, um suco de uva e segui comendo ate o meu quarto. Extremamente cansada e confusa. Entrei recebendo um olhar curioso das meninas, mas quando elas viram minha cara logo deram um suspiro.

– Tudo bem Kate? - Yve perguntou vindo na minha direção e pegando o livro e o notebook das minhas mãos.

Eu não sabia se era certo mentir e esconder o que houve, mas também não sabia como elas reagiriam. Poderia pensar: "Meu deus! Ela ficou doida!" E então me mandaria para um hospício. Acabei concluindo que era melhor ficar calada e guardar minha loucura para mim, pelo menos por enquanto.

– Tudo bem. Só estou cansada. - falei me jogando na cama e enfiando a cara no travesseiro.

– Tem certeza? Aquele garoto não fez nada, fez? - a Leninha se sentou na beirada da minha cama.

– Não. Ele é só um idiota e me trata como se eu fosse uma criança. - suspirei. - Mas tudo bem, meu ódio por ele é maior do que o dele por mim.

Elas trocaram um olhar preocupado.

– É só isso mesmo ruiva? – Leninha perguntou.

– Uhum. - resmunguei.

– Tudo bem então, mas sabe que pode nos contar o que quiser Kate. - ouvi a Yve dizer do banheiro.

Assenti e depois disso fui para um banho que me fez relaxar um pouco, mas não o suficiente. Coloquei meu pijama e deitei-me, me sentindo mais cansada do que nunca e pude ver por uma fresta do cobertor as meninas trocando cadernos e depois irem se deitar.

Não me lembro bem de quando adormeci, mas me lembro do sonho.

Eu estava em algo que mais parecia um corredor, o ar era opressor e exigia muito de mim, o que sem nenhuma surpresa me deixou completamente cansada mesmo que eu estivesse parada.

Do nada um vento passou cortante me deixando com um enorme calafrio na nuca. Ouvi alguém sussurrar meu nome e percebi que era uma voz seca. Ao invés de eu ir atender minhas pernas começaram a me levar para adiante, então eu reparei tardiamente que estava correndo. Por quê? Eu não sabia, mas algo pegajoso e pesado me seguia. Comecei a ofegar e minha cabeça latejava tão forte que eu poderia desmaiar a qualquer momento. "Não desmaie, por favor!" Implorei a mim mesma.

Cada vez que a voz me chamava parecia mais perto. Quando dei por mim lagrimas escorriam pelo meu rosto, eu chorava tão desesperadamente que apenas dificultava mais.

Tentei olhar para trás, mas meu corpo não obedecia, apenas corria. Senti as mãos geladas e tive certeza de que o que me seguia não vinha para um abraço amigável.

– Katherine...

Eu queria gritar como nuca tinha feito antes, mas nada saia da minha garganta.

– Deixe me provar seu sangue... - a voz sussurrava.

Quase não reparei na arquitetura do lugar. O muro de pedra estava com musgo e o caminho mal iluminado. Algumas arvorem surgiam das paredes de onde uma seiva esquisita brotava. Hipnotizada pela paisagem me esqueci repentinamente de quem me seguia. Então eu o vi no fim do corredor, um homem, não conseguia ver seu rosto coberto pelo capuz, mas sentia uma conexão entre nós. Não era o que estava atrás de mim.

– Katherine. - falou com sua voz rouca e familiar estendendo a mão como que para me ajudar.

Meu choro estava descontrolado, meu corpo ficou franco e cedeu. Cai de joelhos.

– Estou aqui. - o homem do fim do corredor falou puxando o capuz, mas deixando seu rosto nas sombras. A única coisa que vi foram seus olhos azuis cintilarem.

Estendi a mão na esperança, mas então.

– Quebrarei seus ossos... Mas antes provarei seu sangue.. – algo sussurra em meu pescoço uma voz rouca e arranhada.

Quando me virei eu vi a pessoa, ou melhor, a coisa...

– Ahhhh. – Pulei da cama ofegando. Estava suando frio. Esfreguei os olhos molhados e senti formando-se pequenos soluços na minha garganta.

– Kate, você ta bem? – perguntou Yve um pouco bêbada de sono, aparentemente meu grito as acordou.

Abracei meus joelhos e comecei a balançar para frente e para tras.

– Kate? - Yve me olhava preocupada.

– Es-to-to-tou be-bem. – respondi mesmo sabendo que era mentira. Ainda soluçando muito alto e chorando cada vez mais. Minha garganta estava começando a se fechar e eu não conseguia parar.

– Kate você esta horrível. Para de mentir. Vem cá e conta tudo. – falou Leninha mais desperta levantando e parando na minha frente com os braços abertos.

– Nã-nã-o é nada. Foi ape-penas um pesadelo. – falei abraçando ela tão forte que acho que retirei seu direito de respirar. – São só pe-pe-pesadelos...

Mas alguma coisa dentro de mim sabia que não era. Parecia real demais para ser da minha imaginação. Eu nunca fui criativa nem mesmo para sonhar. E não sei por que tinha a sensação de que o homem era o... Nicolas. Ridículo? Eu sei. Por que ele me ajudaria? Mas...

Meu coração batia tão forte que doía.

– Cara você ta péssima. – falou Yve se acomodando no abraço. E eu continuando a chorar. Acho que ficamos mais de quarenta e cinco minutos assim ate que eu finalmente me acalmei e com os olhos inchados fui pro banho. Já eram mesmo seis horas.

Quando sai do banheiro senti um enorme frio. Fui ate a janela e reparei que estava chovendo o suficiente para criar um segundo Tâmisa. Sai da janela segui para o closet. Peguei minha blusa-vestido, um cinto prata, uma meia calça preta, uma bota de salto e minha mochila dos Estados Unidos. Quando sai Yve já tinha saído do banheiro e estava indo pro closet.

Prendi meu cabelo com uma trança embutida e amarrei com um laço. Sentei na cama e esperei as meninas. Leninha saiu do banheiro de lingerie preta e foi direto pegar sua roupa Depois de uns trinta minutos as duas saíram juntas com cara de peixe morto que deveria ser a mesma cara que a minha.

Yve estava vestida com uma calça preta, uma blusa de botões branca, sua bolsa de franja e por fim uma sapatilha de zebra. A Leninha estava vestida com uma blusa justa branca, um blazer azul escuro, um short jeans, uma bota cano alto marrom, uma meia calça de bolinha e por fim uma bolsa de franja.

Juntas, por incrível que pareça saímos caladas e cada uma foi para sua aula. Foi a pior coisa que já aconteceu. Nunca fizemos isso, o que me fez estremecer.

A minha próxima aula seria de Biologia. Eu teria dois tempos, um agora e o ultimo, depois da Educação Física.

Entrei na sala e me sentei no mesmo lugar de ontem. Minha cabeça latejava e tentei ignorar as vozes a minha volta colocando as mãos nos ouvidos. Fechei os olhos com força, ouvia um tum tum frenético tinindo, o que não melhorava as coisas.

Katherine...

Uma voz masculina ecoou na minha cabeça. Ergui os olhos e olhei em volta, mas ninguém prestava atenção em mim. Instintivamente olhei para o outro lado da sala e me surpreendi. Lá estava a Lunna com uma saia jeans, blusa de moletom azul, meia calça preta e um salto também preto. No chão uma bolsa marrom. Os cabelos castanhos caindo sobre os ombros. Estava sozinha na sua dupla que deveria ser o Nicolas. Se eu estivesse me sentindo bem ate iria rir, mas minha cabeça voltou a latejar e deitei de cara na mesa.

Venha Katherine... Estou aqui...

Dei um pulo da mesa quando ouvi a cadeira ao meu lado se arrastar. Olhei atônita para quem havia feito aquilo e senti minha cara virar um ovo. Ele baixou os olhos como se pedisse desculpas em silencio e depois deu um meio sorriso pela primeira vez em todos esses dias, deixando brotar duas covinhas no rosto perfeito.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentários? :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Os Guardiões" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.